Agricultura: IAC sedia o XXVII Congresso Paulista de Fitopatologia

Evento será realizado de 10 a 12 de fevereiro em Campinas

sex, 06/02/2004 - 12h15 | Do Portal do Governo

Doenças em produtos agrícolas afetam organismos, abalam estruturas sociais e prejudicam mercados nacionais e internacionais. Um exemplo atual é a “gripe do frango”, detectada em países asiáticos e que, além de causar mortes, já atingiu os mercados de avicultura. Patógenos, de maneira geral, preocupam autoridades e profissionais do agronegócio, pois o menor indício pode colocar em risco grandes investimentos, empregos e mercados conquistados a duras penas. Para manter o bom desempenho do agronegócio brasileiro e evitar perda de mercados e conseqüente baixa nos lucros, as doenças devem estar na mira dos profissionais do setor.

Para contribuir nesse sentido, o Instituto Agronômico (IAC) irá sediar o XXVII Congresso Paulista de Fitopatologia, de 10 a 12 de fevereiro de 2004, em Campinas. O objetivo é integrar a comunidade de fitopatologistas, pesquisadores, professores e extensionistas e discutir importantes temas que envolvem essa ciência.

Promover o debate sobre temas de fitopatologia — estudo de doenças das culturas — é importante para estimular o conhecimento e a prevenção de doenças, a fim de mantê-las afastadas dos campos para que não sejam criados impedimentos aos produtos brasileiros. As barreiras fitossanitárias impostas impedem a entrada de produtos nos mercados consumidores. O resultado para o país que sofre a restrição é a perda de espaço para os concorrentes.

O evento dará relevante contribuição para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável, em que informações sobre o manejo correto de doenças de plantas estarão à disposição dos produtores nacionais, com estratégias viáveis economicamente e de fácil uso pelos interessados.

De acordo com o diretor do evento e pesquisador do IAC, José Alberto Caram de Souza Dias, este será o primeiro Congresso brasileiro a tratar do assunto bioterrorismo. A idéia é estar alerta para as doenças que atacam as principais culturas do mundo de forma a evitar que esses patógenos cheguem às lavouras brasileiras. O sucesso da agricultura do Brasil incomoda outros países produtores e a ocorrência de doenças por aqui criaria uma oportunidade para a concorrência amenizar a competitividade do Brasil. Por essa razão, prevenção e alerta devem fazer parte da agricultura assim como solo e maquinário.

O campo doente provoca perdas para todos os elos da cadeia produtiva. Além do mal causado no próprio ciclo da planta, a doença leva a outros prejuízos já que o produto de qualidade inferior não encontra mercado, em razão de o consumidor brasileiro ser um dos mais exigentes do mundo. O resultado é o descarte e a queda no lucro do produtor, que ainda tem seus custos de produção elevados em razão do maior uso de defensivos.

Para o consumidor, as conseqüências das doenças são preço em alta e qualidade em baixa, isso quando não ocorre o desaparecimento do produto. Cada vez mais a sociedade busca informações sobre o produto usado na alimentação e a fitopatologia atua nesse contexto. O controle de doenças reflete em ambiente mais saudável, além de maior segurança para o trabalhador do campo e para o consumidor, pois reduz a aplicação de defensivos agrícolas.

As pesquisas e trabalhos na área de fitopatologia resultam na proteção do agronegócio regional, nacional e internacional. Segundo o pesquisador Caram, os estados produtores são vigilantes pois é necessário manter as exportações. Quando uma área rural é afetada por alguma doença, toda a região padece de restrições à comercialização e as proporções do problema podem afetar a credibilidade de todo o país. Os produtores também vigiam porque qualquer controle de doença encarece a produção e reduz o lucro.

Ferrugem asiática da soja, morte súbita dos citros, mancha anelar do café ou amarelos da cana – essas são algumas das doenças que no momento perturbam o sossego no campo. Nos últimos cinco ou seis anos, três novos vírus de batata entraram no Brasil, pois o país importa tubérculos (batata-semente). O Instituto Agronômico, órgão da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, tem pesquisas que envolvem todas essas culturas. Na pesquisa com batata, o IAC estuda a importação apenas dos brotos, o que reduz o potencial de introduzir patógenos, além de baixar os custos com importação.

Palestras

Em três dias de evento serão apresentados mais de 260 trabalhos inéditos e debatidos diversos assuntos da área, como impacto da fitopatologia no agronegócio. Para se ter uma idéia da importância desse setor, de acordo com o diretor do evento e pesquisador do IAC, José Alberto Caram de Souza Dias, no Brasil, o valor do agronegócio em torno da fitossanidade é de dois bilhões e 700 mil dólares por ano. Essa é a demanda gerada pelas doenças das plantas.

A solarização – uso de energia solar no controle de patógenos do solo – será outro tema do Congresso, pois muitas doenças estão relacionadas ao solo. Os problemas fitopatológicos em plantas oleráceas e ornamentais também serão abordados. As oleráceas compõem as saladas do brasileiro e, em geral, são cultivadas por pequenos e médios produtores, importante setor na geração de empregos. Quanto às ornamentais, estas têm mercado crescente e as doenças são um desafio para os interessados.

No Congresso também estará presente a discussão do controle de doenças com vistas para o aspecto agroecológico, a fim de que o combate às doenças tenha harmonia com o controle biológico da natureza, preservando os micro-organismos. A prevenção é o primeiro passo para não deixar entrar no Brasil doenças de outros países. Outra importante ferramenta é a conscientização sobre a responsabilidade de transporte de materiais agrícolas, que carregam organismos com potencial de gerar doenças.

Foram escolhidos temas que estão demandando conhecimentos da fitopatologia para o agronegócio. “Aproveitamos para enfocar a importância do estudo de doença em plantas na proteção do agronegócio, mostrando as contribuições do passado, do presente e do futuro”, afirma Caram. Os debates dos temas irão contar com renomados participantes de instituições públicas e privadas ligadas à pesquisa, ao ensino e à extensão.

XXVII Congresso Paulista de Fitopatologia
Local: Instituto Agronômico, auditório “Otávio Tisseli Filho”
Av. Barão de Itapura, 1481, Guanabara, Campinas/SP
Telefone (19) 3231-5422, ramal 159

Carla Gomes, da Assessoria de Imprensa do IAC

(LRK)