Agricultura: IAC realiza seminário sobre utilização do girassol na pequena propriedade

Evento será na próxima quinta-feira, dia 21

seg, 18/08/2003 - 14h26 | Do Portal do Governo

Com o objetivo de mostrar a importância do girassol, como ele pode ser utilizado e as possibilidades de ampliação de renda da propriedade familiar rural por meio dos derivados dessa oleaginosa, o Instituto Agronômico (IAC) irá realizar o evento com o tema ‘Utilizações do Girassol na Pequena Propriedade Rural’, na próxima quinta-feira, dia 21 de agosto, das 13 às 17h, em Monte Alegre do Sul.

Os pesquisadores irão expor, por meio de palestras e demonstração prática, no campo quais as possibilidades oferecidas por essa cultura e como o produtor pode explorá-la. Na realidade, o girassol oferece pelo menos três vantagens: produtos derivados, boa opção para a safrinha e melhoria do solo.

Entre os derivados estão o óleo para consumo humano e medicinal, mel de excelente qualidade, produção de silagem e forragem para alimentação animal, grãos para pássaros, tortas para compor rações em geral e ainda produz bom adubo verde. O IAC tem variedades adequadas para todas essas finalidades: a IAC-Iarama, exclusiva para produção de óleo e mel, e a IAC-Uruguai, que além de excelente para silagem também pode ser usada na geração dos demais derivados. Além disso, a possibilidade de utilização do óleo bruto filtrado em motores diesel está em estudo no IAC.

Outro aspecto positivo é o fato de o girassol ser mais rentável que outras opções de safrinha, porque o custo de produção é mais baixo. Dessa forma, o girassol é uma alternativa em um momento em que o produtor normalmente não sabe o que plantar de fevereiro a março, período da safrinha. Na verdade, essa cultura vem preencher um período ocioso na propriedade. ‘O girassol é uma renda a mais na propriedade. Na safrinha, é um complemento à renda porque não desloca nenhuma outra cultura’, afirma a pesquisadora do IAC, Maria Regina Gonçalves Ungaro, que durante o evento irá falar sobre as
possibilidades de utilização do girassol.

De acordo com a pesquisadora, somente com a torta para compor rações é possível cobrir cerca de 70% do custo de produção, o que faz da torta um sub-produto do girassol com preço muito bom. O óleo para consumo humano é vendido a R$ 4,00 o litro, o grão para pássaro sai a R$ 2,00 o quilo. Se o produtor vender para o mercado de óleo industrial, vai obter entre R$ 0,60 e R$ 0,70 o quilo do grão. Com relação às despesas para o produtor, cada hectare custa US$ 160,00, aproximadamente.

Outro resultado bem interessante do girassol são as melhorias causadas no campo, controla ervas daninhas, recicla os nutrientes e melhora o solo. Esse conjunto de benefícios resulta no aumento da produção da cultura seguinte- o milho apresenta aumento médio de 30% na produção, conforme verificação em ensaios realizados pelo IAC durante 10 anos. A soja tem aumento de 15%. De acordo com Regina Ungaro, provavelmente outras culturas também se beneficiam com o plantio do girassol, mas não há levantamento científico acerca de outras plantas. Há, porém, depoimento de produtores a
respeito do aumento de produção de algodão, por exemplo. ‘As raízes do girassol soltam substâncias tóxicas para as ervas daninhas, mas que não prejudicam outras cultivares’, explica a pesquisadora.

Quanto à rotação de culturas, Regina Ungaro afirma que apesar do girassol não apresentar incompatibilidade com as principais culturas em uso no Brasil, é preciso ter cuidado com o herbicida usado na cultura anterior ao girassol pois, dependendo do tipo usado, o tempo não é suficiente para ocorrer a degradação, permanecendo resíduos tóxicos.

Se há dúvida sobre as regiões adequadas ao cultivo, é bom saber que a planta vai bem em todo o Estado de São Paulo, com exceção do litoral. A produção paulista, que ainda não é grande, gira em torno de 10 mil hectares. Goiás, o maior produtor, soma 60 mil hectares, aproximadamente.

Conhecimento é fundamental para o produtor, que pode contar com a orientação do IAC. O primeiro fator a ser observado é a região onde está a propriedade, qual o melhor mercado e qual derivado da planta tem maior aceitação na região. Com essas respostas, faz-se a escolha da variedade adequada e então as adequações de solo, adubação e outros procedimentos técnicos.

Na opinião de Regina Ungaro, o ideal para o pequeno produtor é que ele se associe a outros para adquirir uma mini-prensa e poder extrair óleo para alimentação humana e animal e também produzir a torta. O equipamento processa 40 quilos de grãos por hora e cada hectare rende cerca de duas toneladas de grãos. Daí a necessidade de que os agricultores façam o cálculo do uso da mini-prensa e avaliem qual o tamanho do grupo de produtores que o equipamento de extração pode atender. Para saber sobre tudo isso, os interessados podem participar do evento no próximo dia 21 de agosto e procurar informações no Instituto Agronômico, órgão da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Carla Gomes
Assessoria de Imprensa do IAC

(AM)