Agricultura: IAC realiza o II Simpósio Brasileiro de Óleos Essenciais

Após 18 anos da primeira edição, profissionais se reúnem para trocar conhecimentos

seg, 03/11/2003 - 9h20 | Do Portal do Governo

Carla Gomes, da Assesoria de Imprensa do IAC


A sociedade tem buscado hábitos mais saudáveis, valorizando produtos naturais e a preservação ambiental. Nessa mesma sociedade, em que há maior preocupação com a saúde humana e ambiental, também ganham espaço os cuidados com o corpo e a procura pelo bem-estar. Valem, dentre vários recursos, o banho ofurô e a aromatização de ambientes. O fato é que as pessoas recorrem a diversos meios no anseio de tornar a vida mais agradável.

Todos os esses comportamentos têm reflexos em um setor: o de plantas aromáticas e medicinais, mais especificamente a área de óleos essenciais. Como? É que enquanto o comportamento reflete no consumo, este se liga à produção e então tem-se a cadeia produtiva movimentada. A mudança de postura do consumidor mexe com o mercado de óleos essenciais desde os pontos de venda até as instituições de pesquisa. Para abordar esse tema e dinamizar os integrantes de toda a cadeia produtiva, o Instituto Agronômico (IAC) realizará o II Simpósio Brasileiro de Óleos Essenciais, de 3 a 5 de novembro de 2003, em Campinas.

Produtores, pesquisadores, empresários e outros profissionais do setor irão se reunir no evento para discutir assuntos relacionados ao cultivo e uso sustentável de plantas aromáticas e medicinais, mercado, controle de qualidade, extração e obtenção de derivados e biodiversidade. Os interessados podem obter informações pelo telefone (19) 3241-5188, ramal 418, e-mail: sboe@iac.sp.gov.br ou www.iac.sp.gov.br

Os óleos essenciais são importantes matérias-primas para as indústrias de higiene, limpeza, alimentos, medicamentos, cosméticos e de perfumes. À medida que crescem esses segmentos a área científica percebe o nicho de mercado, o que resulta na mobilização nacional do setor. Daí a realização desse Simpósio, dezoito anos após a primeira edição do evento. Segundo a pesquisadora do IAC e presidente da Comissão Organizadora do evento, Márcia Ortiz Mayo Marques, o II Simpósio tem o propósito de avaliar as pesquisas em andamento no País e o que o mercado necessita, a fim de promover o intercâmbio entre a pesquisa e o mercado. ‘Toda a cadeia produtiva estará presente no evento para discutir onde estamos e para onde devemos caminhar’, afirma a pesquisadora.

Aproximar produtores e indústrias é uma tarefa árdua, independente da cultura em questão. Isso vale também para o mercado de óleos essenciais, em que a pesquisa existe, mas poucos produtores conhecem os meios de utilizá-la para produzir com maior rentabilidade. Para integrar todo esse conhecimento gerado pelas pesquisas e pelas indústrias, com o intuito de elaborar um diagnóstico do setor, o Simpósio contará com trabalhos científicos, conferências e mesas-redondas apresentados por especialistas, envolvendo diversos aspectos do setor de plantas aromáticas e medicinais. Além do IAC, participam também da organização do evento a Faculdade de Ciências Agronômicas – UNESP de Botucatu, o Instituto de Química, Faculdade de Engenharia de Alimentos e Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas e Biológicas da UNICAMP, a Embrapa Meio Ambiente, Dierberger Óleos Essenciais Ltda e Universidade São Francisco.

Na avaliação de Márcia Marques, nesse evento serão debatidos vários temas de interesse dos diversos segmentos da cadeia produtiva dos óleos essenciais, dentre eles a agricultura, como fonte alternativa de agregar valor à área agrícola do pequeno e médio produtor. Em um país com dimensões enormes como o Brasil, com clima e solos diversificados é viável a produção de diversos óleos essenciais. ‘A composição dos óleos está ligada à genética e também a fatores ambientais, como solo, clima e luminosidade. Por isso o Brasil tem condições de produção de forma diferenciada, além de poder oferecer ao mercado novos óleos essenciais a partir da exploração sustentável da flora aromática nacional, uma vez que, o Brasil detêm a maior diversidade genética vegetal do mundo ‘, afirma a pesquisadora.

IAC

Órgão da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, o Instituto Agronômico (IAC) aplica sua experiência de mais de meio século nas pesquisas com plantas aromáticas e medicinais para agora mobilizar o setor.

A pesquisa com essa cultura iniciou-se no IAC em meados de 1942. Dez anos mais tarde, foi construída a unidade de laboratório dotada de um destilador capaz de extrair os óleos essenciais. Os primeiros estudos foram no sentido de desenvolver variedades cultiváveis e mais resistentes a pragas e doenças. As espécies pioneiras foram o eucalipto e a menta, tornando o Brasil maior produtor mundial de mentol e óleo desmentolado na década de 50. Esse desempenho foi devido, principalmente, à variedade IAC-701, resistente à ferrugem que atacou as plantações nas décadas de 60 e 70.

Atualmente, o IAC trabalha em rede com outras instituições. As pesquisas abordam a influência das técnicas de cultivo de plantas aromáticas e medicinais na produção e qualidade dos óleos essenciais, metodologias alternativas de extração de óleos, influência da pós-colheita na qualidade dos óleos essenciais, atividade biológica dos óleos e prospecção de espécies nativas com potencial de uso.

Projetos desenvolvidos no IAC envolvem o cultivo de espécies aromáticas, como manjericão, manjerona e tomilho em cultivo protegido – hidroponia, substrato e solo -, visando o estabelecimento de sistemas de produção para pequenas propriedades com utilização de mão-de-obra familiar. A caracterização química dos óleos essenciais de 14 variedades de limão (Citrus limom Burm.) e dez de tangerina (Citrus reticulata Blanco) é outro projeto. Essas variedades são parte do banco de germoplasma do Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de de Citros, do IAC, que possui cerca de 300 acessos de tangerinas e híbridos e 150 de limão, constituindo um patrimônio genético.

Mercado

O Brasil é o maior produtor de óleo essencial de laranja, atualmente. Esse subproduto da indústria do suco lidera as exportações, uma vez que o País produziu cerca de 20 mil toneladas de suco na safra 2001/02. Eucalipto, limão e citronela não poderiam ficar de fora e figuram em boa parte das exportações brasileiras de óleos essenciais. Enquanto o óleo essencial de laranja é um subproduto da indústria de suco, o óleo essencial de limão é o principal produto. A variedade limão siciliano é a mais utilizada para extração do óleo essencial, sendo também empregado o tahiti. O Brasil é o maior produtor mundial de óleo essencial de laranja e o quinto em óleo essencial de limão, sendo este é mais valorizado.

Os óleos essenciais de citros são amplamente utilizados em perfumaria e na indústria alimentícia como aromatizante de bolos, refrigerantes, sorvetes, balas, etc. De maneira geral, a importância dos óleos essenciais não se restringe ao uso na forma bruta, mas também ao fato de os mesmos serem fontes de substância ou permitirem, através da química fina, a obtenção de outros compostos com maior valor agregado. Os óleos cítricos, por exemplo, possuem limoneno utilizado em produtos industriais, como, tintas, resinas e
plásticos.

De acordo com informações da Indústria Brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), a demanda nacional e internacional mostra que esse é um mercado promissor e a produção apresentou um crescimento de 25% nos últimos cinco anos.

Para o ano de 2003, a previsão de crescimento é de 15% em relação ao ano anterior. Tais resultados refletem diretamente em empregos. Em comparação aos demais setores da indústria, segundo a Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), os empregos no setor aumentaram cerca de 10% nos últimos anos, enquanto que em outros segmentos analisados houve queda de 20%.

Com tantos aspectos favoráveis, o mercado de óleos essenciais tem despertado o interesse não só das empresas que já atuam na área, como daquelas produtoras de matérias-primas, transformadoras, embaladoras e também do setor agrícola, oferecendo uma alternativa de ganho econômico em relação às culturas tradicionais.

Serviço:
Data: 3 a 5 de novembro de 2003
Local: Instituto Agronômico – Aditório ‘Otávio Tisselli Filho’
Av. Barão de Itapura, 1481 – Bairro Guanabara – Campinas/SP
Tel.: (19) 3241-5188 – ramal 418
E-mail: sboe@iac.sp.gov.br

Programa:

  • 3/11/2003 – Segunda-feira

    8h – 10h30min – Inscrição/Entrega Material.

    10h30min – 11h – Solenidade de Abertura.

    11h – 12h – Conferência de Abertura.

    Diversidade da Flora Odorífera Brasileira.

    Prof. Dr. Otto R. Gottlieb – Universidade Federal Fluminense

    Prof.a Dr.a Maria Renata de M. B. Borin – Universidade Federal Fluminense

    12h – 14h – Almoço.

    14h – 15h30min – Miniconferência.

    14h – 14h30min – Mercado de Óleos Essenciais: Importação x Exportação.

    Dr. Marcos Roberto Perotto – Dierberger Óleos Essenciais S.A.

    14h30min – 15h – Aplicações dos Óleos Essenciais e Derivados na
    Agricultura.

    Dra. Maria Lúcia Saito – EMBRAPA Meio Ambiente

    15h – 15h30min – Aplicação de Óleos Essenciais em Alimentos.

    Prof. Dr. Carlos R. F. Grosso – FEA/UNICAMP

    15h30min – 16h – Intervalo para Café.

    16h – 18h – Mesa-Redonda.

    Tema: Óleos Essenciais: Diagnóstico da P&D e Inovação Tecnológica no
    Brasil.

    16h – 16h20min – Óleos Essenciais: P&D e Inovação Tecnológica na Região
    Norte.

    Prof. Dr. José Guilherme S. Maia – Museu Emílio Goeldi

    16h20min – 16h40min – Óleos Essenciais: P&D e Inovação Tecnológica na
    Região Nordeste.

    Prof. Dr. Afrânio Aragão Craveiro – PADETEC/UFC

    16h40min – 17h – Óleos Essenciais: P&D e Inovação Tecnológica na Região
    Sudeste.

    Prof.a Dr.a Anita J. Marsaioli – IQ/UNICAMP

    17h – 17h20min – Óleos Essenciais: P&D e Inovação Tecnológica na Região
    Centro-Oeste.

    Dr. Roberto Fontes Vieira – CENARGEN – EMBRAPA

    17h20min – 17h40min – Óleos Essenciais: P&D e Inovação Tecnológica na
    Região Sul.

    Prof. Dr. Ademir F. Morel – UFSM

    17h40min – 18h – Discussão.

    18h – 20h30min – Coquetel.

  • 4/11/2003 – Terça-feira

    9h – 10h – Conferência Plenária.

    Aspectos Ecológicos dos Óleos Essenciais.

    Prof. Dr. Keith S. Brown Junior – IB/UNICAMP

    10h – 10h30min – Miniconferência.

    Programa CYTED para o Desenvolvimento do Setor de Plantas Aromáticas da
    América Latina.

    Prof. Dr. Eduardo Dellacassa – Facultad Química – Uruguai

    10h30min – 11h – Intervalo para Café.

    11h – 11h30min – Miniconferência.

    Visão Natura da Biodiversidade: Tecnologia e Sociedade.

    Dr. José Renato Cagnon – Natura Cosméticos

    11h30min – 12h – Papel Institucional da ABIFRA, Diagnóstico e Perspectivas
    do Setor de Óleos Essenciais.

    Dr. Alfred Fogel – ABIFRA

    12h – 13h30min – Almoço.

    13h30min – 14h – Palestra.

    Recentes Avanços em GC/MS/MS e LC/MS/MS.

    José Felipe Lugão – Nova Analítica Imp. Exp. Ltda

    14h – 15h – Conferência Plenária.

    Políticas Públicas para o Desenvolvimento Sustentável do Setor de Óleos
    Essenciais no Brasil.

    Prof. Dr. Paulo Y. Kageyama – Ministério do Meio Ambiente

    15h – 15h30min – Intervalo para Café.

    15h30min – 16h – Mesa-Redonda.

    Tema: Desenvolvimento Agroindustrial do Setor de Óleos Essenciais.

    15h30min – 15h50min – Manejo e Uso Sustentável de Plantas Aromáticas
    Nativas da Mata Atlântica.

    Prof. Dr. Maurício Sedrez dos Reis – UFSC

    15h50min – 16h10min – Cultivo de Plantas Aromáticas no Brasil.

    Prof. Dr. Renato Innecco – UFC

    16h10min – 16h30min – Extração Industrial de Óleos Essenciais e Derivados.

    Dr. Murilo Abreu – Riken Química Ind. e Com. Ltda

    16h30min – 17h – Discussão.

    17h – 18h30min – Sessão de pôsteres (Resumos: números pares).

  • 5/11/2003 – Quarta-feira

    9h – 10h – Conferência Plenária.

    Técnicas de Análise de Óleos Essenciais.

    Prof. Dr. Ademir F. Morel – UFSM

    10h – 10h30min – Miniconferência.

    Óleos Essenciais Cítricos: Obtenção e Aplicações.

    Dr. Paulo Celso Biasioli – Sucorrico S.A.

    10h30min – 11h – Intervalo para Café.

    11h – 11h30min – Miniconferência.

    Controle de Qualidade de Óleos Essenciais.

    Dr. Rodney Roberto L. Dias – Givaudan do Brasil Ltda

    11h30min – 12h – Atividade Farmacológica e Toxicológica de Óleos
    Essenciais.

    Prof. Dr. João Ernesto de Carvalho – CPQBA/UNICAMP

    12h – 13h30min – Almoço.

    13h30min – 14h – Palestra.

    Novo GC/MS para Análise de Cromatografia Rápida (fast GC).

    Grace Kelli Pereira – Sinc. do Brasil Instr. Científica Ltda

    14h – 15h30min – Sessão de pôsteres: (Resumos : números ímpares).

    15h30min – 16h – Intervalo para Café.

    16h – 17h30min – Painel.

    Tema: Diagnóstico e Perspectivas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva
    dos Óleos Essenciais.

    Prof.a Dr.a Rosane L. Chicarelli Alcântara – UFSCAR

    Dr. João Carlos Basílio da Silva – ABIHPEC

    Prof.a Dr.a Marcia Ortiz M. Marques – Instituto Agronômico – IAC

    17h – 17h30min – Discussão.

    17h30min – 18h – Encerramento.