Agricultura: IAC contribui para que assentados passem de ‘bóia-fria’ a agroindustriais

Grupo já implantou destilaria e está na expectativa de exportar óleos essenciais

qui, 18/03/2004 - 15h30 | Do Portal do Governo

‘Ontem eu era bóia-fria, hoje sou microempresário. Isso me dá esperança.’ A frase de um senhor de 64 anos revela a satisfação de quem pratica a agricultura familiar, gera emprego e renda e melhora a qualidade da própria vida e da família. O depoimento é de um dos cerca de 400 moradores do assentamento Horto do Vergel, em Mogi Mirim. O solo ruim foi recuperado por meio de tecnologias pesquisadas no Instituto Agronômico (IAC). Variedades IAC de arroz, plantas aromáticas, girassol e outras têm crescido no campo e elevado a auto-estima de pessoas que querem progredir na agricultura.

O projeto de pesquisa que leva tecnologias e variedades IAC para o assentamento de terra resulta de uma parceria entre o Instituto Agronômico, a Prefeitura de Mogi Mirim, o Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo), a Associação de Pequenos Produtores Rurais ’12 de Outubro’ e o CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

Com sustentabilidade econômica, ambiental e social, o projeto tem apresentado bons resultados, como o cultivo de espécies de plantas aromáticas e a instalação de uma destilaria para extração de óleo essencial. Funcionando há cerca de um mês, a destilaria será oficialmente inaugurada nesta sexta-feira, 19 de março, durante o II Simpósio Técnico e Dia de Campo: Manejo e Novas Opções do Agronegócio para a Agricultura Familiar. Durante o evento, que será realizado no Assentamento do Horto do Vergel, em Mogi Mirim, seis pesquisadores do IAC e um da Esalq irão levar conhecimentos sobre diversos aspectos das atividades agrícolas praticadas no assentamento.

As ações do IAC junto aos agricultores envolveram todas as etapas do campo: primeiramente foram ouvidos os agricultores para saber o que eles pretendiam plantar. Depois foram feitas análises física e química do solo, testes de variedades IAC, orientações para práticas industriais e demonstrações práticas no campo, mostrando, por exemplo, que a cultura não produz quando plantada fora da época adequada ou em solo ruim.

Do campo para o mercado

O Assentamento do Horto do Vergel, em Mogi Mirim, abriga cerca de 100 famílias que ocupam 600 hectares de terra cultivável. Dessas famílias, 26 estão organizadas em associações e praticando o agronegócio familiar. As demais famílias também plantam, mas não estão associadas. O grupo que se dedica à atividade com plantas aromáticas adquiriu a destilaria por meio de financiamento do Governo do Estado. Com a destilaria vieram 36 empregos diretos e a expectativa de exportar os óleos essenciais que já estão produzindo. Para abastecer a destilaria – resultante da associação de seis famílias do assentamento – serão necessários plantar 200 hectares de capim-limão. Para se ter uma idéia, um litro de óleo de eucalipto custa em torno de seis dólares e um dia de serviço para quem corta folha de eucalipto é remunerado por R$ 45,00. Resultado: esse trabalho tem colaborado para manter o homem no campo pois tem sustentabilidade econômica e social.

Segundo o coordenador do projeto e pesquisador do IAC, José Guilherme de Freitas, o grupo produtor de mandioca se organizou e adquiriu, também por meio de financiamento, um caminhão para levar o produto diretamente para o Ceasa. Ao retirar o intermediário do negócio, que antes levava as mandiocas para o mercado, o valor alcançado com a caixa de mandioca passou de R$ 2,00 para R$ 5,00.

O projeto vai completar três anos em junho e já mostra resultados reais: a parceria tem resolvido problemas. De acordo com o pesquisador, o trabalho realizado junto ao Assentamento tem viabilizado o agronegócio, capacitado o agricultor e despertado para a valorização do campo. Na avaliação do pesquisador Freitas, além de os agricultores estarem interagindo no campo, eles se organizaram em associações e estão se sentindo dignos, por melhorar a vida pelo próprio trabalho.

Da Assessoria de Comunicação e Imprensa do Instituto Agronômico – IAC

(LRK)