Agricultura: IAC apresenta nova variedade de arroz na Agrishow 2003

Variedade selecionada para cultivo em SP é específica para a culinária japonesa

ter, 29/04/2003 - 14h45 | Do Portal do Governo

Da Assessoria de Imprensa do IAC


O público da Agrishow 2003 terá ótima oportunidade para conhecer a nova variedade de arroz do IAC – Instituto Agronômico. A novidade é o tipo especial para a culinária japonesa — a primeira desse tipo selecionada para o cultivo em São Paulo. O IAC adotou um sistema de apresentar as variedades na feira para os produtores conhecerem e, depois, lançar oficialmente a variedade.

A nova variedade foi selecionada para atender ao nicho específico de mercado — a culinária japonesa, especialmente para produção de sushi. Esse tipo de arroz é o que apresenta maior demanda dentre os tipos especiais de arroz. Os demais são o arroz aromático, o exótico e o arbóreo (utilizado no preparo de risoto).

Apesar da grande demanda, até então, não havia nenhuma variedade especial selecionada para o cultivo em São Paulo. O Estado tem condições de clima favoráveis para esse tipo de arroz, com padrão compatível com a produção da melhor região do Japão. Por enquanto, as variedades cultivadas em campos paulistas vêm de outros Estados ou importadas de outros países. Esse fator, além de encarecer o produto, tem outra agravante: as variedades importadas não são adequadas para as características de solo e clima paulistas, além de serem suscetíveis a doenças.

O objetivo da pesquisa, iniciada no IAC em 1992, foi desenvolver uma variedade com características culinares de padrão internacional, tipo Koshihikari, com qualidade agronômica, e com aspectos de resistência e produtividade adequadas às condições edafoclimáticas de São Paulo. As sementes dessa nova variedade devem estar disponíveis para o produtor a partir de 2004.

Qualidade excelente, com padrão internacional

Segundo o pesquisador Cândido Ricardo Bastos, a nova variedade IAC tem qualidade excelente, comparada aos melhores materiais importados, especialmente para sushi. Em termos de resistência, a variedade é moderadamente suscetível a brusone, principal doença que ataca o arroz. Os materiais importados são altamente suscetíveis a essa doença.

A variedade apresentou produtividade média de 5.200 kg por hectare, equivalente aos tipos tradicionais. Para o tipo especial essa produtividade é considerada excelente. De acordo com o pesquisador do IAC, Luiz Ernesto Azzini, os materiais importados não ultrapassam 2000kg/ha. Os testes de qualidade e produtividade foram feitos, durante três anos, no Vale do Ribeira, Vale do Paraíba e Mococa. Outras características dessa variedade são ciclo intermediário, de 120 a 130 dias do plantio à colheita, porte baixo, com 97 cm em média, e grão médio, com 5 ou 6 milímetros de comprimento.

A forma de cultivo é o plantio tradicional de arroz irrigado por inundação, chamado arroz de várzea. ‘O produtor de arroz irrigado não precisa mudar nada, não precisa investir em nada — é uma simples troca de uma variedade por outra’, afirma Bastos.

A produção dessa nova variedade traz outras vantagens para o produtor: primeiramente, o fato de ser um tipo especial e superar em muito os padrões nacionais destinados à culinária japonesa. O agricultor passará a ter nova opção para produzir e negociar arroz dentro da cadeia produtiva, com expectativa de ter um ganho superior ao obtido com o arroz tradicional, que chega a ser cinco vezes mais barato que o arroz do tipo especial.

Um dos reflexos no agronegócio esperado por essa nova variedade — e que merece destaque — é a garantia de continuidade no mercado já conquistado. Isso porque o produtor e a indústria não ficarão na dependência de material importado, cuja estabilidade de fornecimento depende da variação cambial e de políticas de importação.

Para o consumidor, as vantagens da nova variedade estão na qualidade de padrão internacional e no preço, que deve baixar por ser material nacional. ‘O consumidor vai levar para casa a qualidade de um produto que outros materiais não teriam’, diz Bastos. A qualidade da nova variedade IAC foi testada por integrantes da colônia japonesa. A exigência de qualidade no mercado para arroz tipo especial é maior que no arroz tradicional.

Programa de Melhoramento de Arroz

O Programa de Melhoramento de Arroz do Instituto Agronômico funciona desde 1935. Na última década, tornou-se mais eclético em atendimento às exigências de mercado e visando à cadeia produtiva. Nos últimos dez anos, seis novas variedades foram selecionadas, sendo cinco do tipo tradicional e uma do especial. A última variedade lançada, em 2001, é a IAC 500, arroz aromático também é tipo especial.

(LRK)