Agricultura: Força-tarefa de combate à ‘morte súbita’ dos laranjais faz primeira reunião hoje

Ações terão a participação conjunta dos três Estados produtores: SP, MG e PR

qui, 13/02/2003 - 9h07 | Do Portal do Governo

Da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento


A reunião começa às 10 horas no Salão Nobre da sede da Secretaria de Agricultura e Abastecimento e terá a presença de técnicos das secretarias de estado de Agricultura de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, mais o corpo técnico da Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária e representantes da Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) e da cadeia produtiva do setor. Os secretários estaduais Duarte Nogueira (SP) e Odelmo Leão Carneiro (MG) confirmaram presença.

O objetivo é estabelecer ações específicas dos três Estados na área de defesa sanitária, pesquisa e futura erradicação da doença. Um dos primeiros passos da força-tarefa será definir os recursos financeiros e humanos no imediato levantamento das áreas infestadas. Os focos da doença se concentram nos laranjais do norte do estado de São Paulo e sul do Triângulo mineiro. Calcula-se que cerca de 1 milhão de pés possam estar contaminados.

Outra linha de ação já foi deflagrada pela secretaria estadual paulista na criação de barreiras sanitárias. Na terça-feira, dia 11, por meio da Agência de Defesa Agropecuária (Adaesp), a Secretaria publicou três portarias sobre o assunto. A primeira portaria regulamenta a produção de mudas certificadas, sendo o agente certificador a própria Secretaria. “Com a certificação, estas mudas estarão seguindo todos os requisitos exigidos para sua sanidade e qualidade, agregando valor por possuir mais garantias”, explica Nogueira. A segunda portaria regulamenta a produção de mudas fiscalizadas, são aquelas que devem ser produzidas sob orientação do corpo técnico da Secretaria.

A terceira portaria é uma norma a respeito da sanidade vegetal de mudas cítricas, criando os requisitos mínimos para a entrada de material vegetativo proveniente de outros estados. “Só entra no estado de São Paulo as mudas que sigam as normas já existentes aqui. Por exemplo, as mudas devem vir de viveiros telados, seguindo portaria em vigor desde 1º de janeiro de 2003 em São Paulo”, afirma o secretário.

Para se ter uma idéia da importância do setor, o Brasil é o maior exportador de suco de laranja concentrado do mundo e São Paulo é responsável pela exportação de 97% do suco de laranja. O Brasil produz 29% da laranja mundial e São Paulo isoladamente produz 21% da laranja mundial, portanto detém o maior parque citrícola do mundo. Só em São Paulo e Minas Gerais, a citricultura emprega diretamente 400 mil pessoas e compõe uma cadeia produtiva que movimenta por ano US$ 5 bilhões.

* A reunião deve durar cerca de quatro horas e dividirá as tarefas para os vários grupos de trabalho, que produzirão um plano de ação.

Entenda a Morte Súbita

A doença leva este nome pela velocidade com que destrói a planta. Os sintomas são: perda do brilho da planta, amarelecimento e murcha de folhas, redução do volume e morte do sistema radicular, com amarelecimento da região interna da casca do porta-enxerto e morte da planta. Ainda não foi identificado o agente causal, aponta-se para um vírus, com caraterísticas semelhantes ao vírus da tristeza, que destruiu 9 milhões de pés de laranja, de um total de 11 milhões, na década de 40.

A morte súbita tem se apresentado de forma mais consistente nos pomares onde o porta-enxerto utilizado é o limão-cravo, que representa 80% das plantas paulistas. Minas Gerais tem 93% das plantas com a doença concentrados nos municípios de Frutal, Comendador Gomes e Uberlândia. Em São Paulo, a situação mais grave está no município de Colômbia com 70,9% dos seus talhões infectados. No levantamento feito ano passado, a Secretaria, com o apoio da Fundecitrus fez a inspeção de todos os talhões suspeitos e/ou infectados pela doença nas regiões do norte de São Paulo e sudoeste de Minas Gerais. Em 4,5 mil talhões mineiros e paulistas, numa área de 11,5 mil quilômetros quadrados foram analisadas 13,2 milhões de árvores enxertadas sobre limão-cravo, e foram encontradas 327,5 mil plantas com sintomas da doença.

(RK)