Agricultura: Cigarras-da-raiz atacam canaviais

Controle biológico mata inseto que virou praga com o corte mecanizado da cana

qui, 14/11/2002 - 20h20 | Do Portal do Governo

A restrição gradativa à queima da palha da cana-de-açúcar durante a colheita, determinada por lei estadual, teve como efeito imediato a redução do monóxido de carbono liberado na atmosfera, um alívio considerável para o ambiente e para a saúde das pessoas que vivem nos 350 municípios canavieiros do Estado de São Paulo.

Mas a mudança no sistema de colheita, com a conseqüente adoção da mecanização do corte, permitiu a proliferação de novas pragas para essa cultura, como a cigarrinha-da-raiz (Mahanarva fimbriola).

Sem a queima, que também mata os insetos, essas cigarrinhas encontram um ambiente favorável para viver no material orgânico acumulado no solo. Os estragos causados por esse pequeno inseto, que mede cerca de 1 centímetro, são devastadores para a maior e mais importante cultura agroindustrial do Estado, responsável pela produção anual de 148 milhões de toneladas de matéria-prima, transformadas em 9,6 milhões de toneladas de açúcar e 6,4 milhões de metros cúbicos de álcool.

Para controlar essa praga e outros inimigos naturais da cana e também avaliar a persistência de herbicidas utilizados nessa cultura, um grupo composto por 12 pesquisadores está trabalhando, desde maio de 2000, em um projeto temático, financiado pela FAPESP, que já apresenta resultados promissores.

Coordenado pelo professor Antonio Batista Filho, diretor do Centro Experimental do Instituto Biológico, órgão vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, localizado em Campinas, o grupo trabalha com um bioinseticida à base do fungo Metarhizium anisopliae , patógeno para a cigarrinha, que apresenta grande eficácia na eliminação desse inseto.

A tecnologia já foi repassada para quatro laboratórios paulistas, criados e instalados em municípios produtores de cana: Biocana (Pontal), Biocontrol (Sertãozinho), MethaVida (Catiguá) e Usina Univalem (Valparaíso). O inseticida natural também será fabricado pela Usina Delta, na cidade de mesmo nome, em Minas Gerais. Todos terão o apoio do Centro Experimental do Instituto Biológico.

‘A ação desse bioinseticida se mostrou bastante eficaz contra as ninfas (que são as formas jovens das cigarrinhas), principalmente após aplicações sucessivas’, relata Batista. ‘Boa parte da população dos insetos é eliminada nessa fase, considerada estratégica para o controle.’

Batista ressalta que os inseticidas químicos têm desempenho semelhante, ou até maior em alguns casos, mas custam cerca de dez vezes mais e causam prejuízos ambientais. Os gastos por hectare com defensivos agrícolas ficam em torno de R$ 150,00, enquanto o controle com o fungo custa R$ 15,00.

Leia a matéria completa no site do Instituto Biológico

Dinorah Ereno do Instituto Biológico

C.A