Ação: Projeto Viver Bem da Unesp alerta sobre riscos do abuso de álcool e drogas

Pesquisa com 916 alunos, constatou que de cada quatro estudantes um consome bebidas alcoólicas em excesso

qui, 17/07/2003 - 18h16 | Do Portal do Governo

Há seis anos, a Universida Estadual Paulista (Unesp) desenvolve trabalho preventivo de orientação aos universitários e alerta sobre os perigos do uso abusivo de álcool, tabaco e drogas. A proposta do projeto Viver Bem é que os estudantes consumam com moderação essas substâncias para diminuir os inúmeros problemas decorrentes de seu uso excessivo.

Entre eles, baixo rendimento escolar, envolvimento em acidentes e atos violentos, doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada.

‘O método se baseia na estratégia de redução de danos. Sabemos por pesquisas e observação que não adianta proibir, fazer sanções e pregar abstinência. O melhor caminho é o trabalho preventivo e de esclarecimento para que o jovem aprenda a usar as substâncias químicas com prudência, evitando os riscos à saúde’, afirma a psiquiatra da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu e coordenadora do projeto, Florence Kerr-Corrêa.

Reconhecida por seus trabalhos dedicados à diminuição do consumo de álcool e drogas nas universidades, Florence foi uma das contempladas com o Diploma de Mérito de Valorização da Vida, concedido, dia 30 de junho, pela Secretaria Nacional Antidrogas.

Álcool em excesso

Levantamento feito pela universidade, em 2000 e 2001, com 916 alunos, constatou que de cada quatro estudantes um consome bebidas alcoólicas em excesso. E pior: boa parte deles não tinha noção do abuso, achando que bebiam com moderação. Outra descoberta é que o álcool, além de ser a substância mais consumida na comunidade universitária, abre as portas para outras drogas e comportamentos de risco.

Considerada eficiente e econômica, a estratégia de redução de danos da Unesp, adotada também pela USP e Unicamp desde o ano passado, baseia-se no método de triagem e intervenção breve para bebedores de alto risco (Basics, na sigla em inglês) criado pelo grupo dirigido pelo professor Alan Marlatt, da Universidade de Washington (Seattle, EUA).

O modelo foi desenvolvido para universitários que bebem muito e consomem álcool de maneira nociva, ou seja, para aqueles que não bebem todos os dias, mas quando o fazem se embriagam a ponto de perder o controle. Seu objetivo inicial é reduzir o uso excessivo das bebidas alcoólicas e evitar a embriaguez e suas conseqüências negativas para diminuir o hábito de beber sem limites.

Testado em estudantes americanos, apresentou bons resultados. Difere de programas que têm como único objetivo a abstinência da substância. Esses não têm sido bem-sucedidos.

Qualidade de vida

A proposta de trabalho da redução de danos é conseguir mudanças de estilo de vida gradualmente. Incentiva primeiro as metas mais próximas e só depois busca as mais distantes ou difíceis de serem atingidas. Assim, usar bebidas com menor teor alcoólico, ficando menos alcoolizado, seria uma boa estratégia. Outra lição é beber menos, mais devagar, com o estômago cheio e com menos embriaguez.

A redução dos riscos é conquistada aos poucos, por etapas.
Florence explica que não é fácil obter resultados rápidos. Mas é possível melhorar a qualidade de vida dentro das universidades, ajudar no ingresso ao mercado de trabalho e encaminhar os casos complexos para tratamento. O projeto oferece ainda cursos para que profissionais de saúde, docentes e funcionários universitários, aprendam não só a identificar futuros dependentes, mas também a auxiliá-los no tratamento do alcoolismo.

Além de campanhas, distribuição de informativos e cursos para alertar a comunidade universitária para os efeitos relacionados ao uso excessivo de substâncias químicas, o projeto promove o Dia de Alerta ao Uso indevido de Álcool e Drogas uma vez por ano. O próximo será no dia 24 de setembro.

Mais detalhes sobre o projeto estão no site: www.viverbem.fmb.unesp.br.

Claudeci Martins da Agência Imprensa Oficial
C.A