Visita do presidente de Moçambique

O governador jantou com Guebuza no Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera

ter, 04/09/2007 - 12h31 | Do Portal do Governo

Queria dar o meu boa noite a todos e a todas. Cumprimentar sua Excelência Armando Emílio Guebuza, presidente da República do Moçambique e a senhora Maria da Luz Guebuza. Queria cumprimentar deputado Vaz de Lima, presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo e sua esposa; senhores embaixadores de Moçambique e do Brasil; senhores ministros da comitiva moçambicana; o vice-almirante Berenildo de Sousa Santos, comandante do 8º Distrito Naval, e senhora.

Queria cumprimentar também o representante aqui dos empresários brasileiros, Carlos Antonio Rossi Rosa, presidente do Conselho de Engenharia e Construção da Camargo Correa; cumprimentar o criador deste museu, o diretor do museu, além de criador e curador atualmente, o Emanuel Araújo; os membros da comitiva moçambicana, representantes do corpo diplomático consular; secretários do Estado e do Município de São Paulo; parlamentares, lideranças empresariais, senhoras e senhores.

O ano de 1500 assinala uma coincidência para a futura comunidade da língua portuguesa: a descoberta do Brasil e também o estabelecimento dos portugueses em Moçambique. A partir de então, por cerca de 300 anos seguimos uma trajetória comum, trajetória marcada pelo sofrimento dos povos cruelmente exilados da África para este lado do planeta e que aqui ajudaram a construir um novo mundo. Muito da cultura nacional tem as raízes fincadas em Moçambique, porque em muitos dos brasileiros circula sangue moçambicano. A contribuição da sua gente está na nossa música, na nossa culinária, nas nossas artes, em muitos termos que usamos cotidianamente, sem que nos lembremos da sua etimologia, da sua história – de tão incorporados que estão ao português falado em nosso País.

Uma das mais antigas manifestações de cultura popular paulista é o Moçambique, um bailado guerreiro de origem negra, dançado nas festas do Interior do Estado de São Paulo. Ao longo dos séculos, alimentamos uma mesma aspiração: nos constituir como nações independentes.

Por este sonho, Tomás Antônio Gonzaga, o mais lírico dos nossos revolucionários inconfidentes, o Dirceu de Marília, da Inconfidência Mineira, foi desterrado para a ilha de Moçambique, lá morrendo 12 anos antes da Independência do Brasil. Pelo mesmo ideal, Moçambique enfrentou uma luta árdua, afirmando-se finalmente como país soberano.

Ao nosso presidente, há pouco eu perguntei a ele qual era a formação profissional. E ele disse: Sou militar, mas não militar de academia de guerra, de militares. Mas foi guerrilheiro na luta pela independência de Moçambique.

Eu disse a ele: Olha, quando eu era líder estudantil aqui, fiz muitos comícios a favor da independência de Moçambique e de Angola e contra o Oliveira Salazar. Em seguida ele disse: “Aqui fomos dois anti-salazaristas”.

Mas enfim, é nessa condição que se reencontram hoje aqui moçambicanos e brasileiros de São Paulo. Não apenas para resgatar todo um legado comum, mas sobretudo para trabalhar por um futuro conjunto de prosperidade.

Moçambique me impressiona sempre pelo seu objetivo prioritário de erradicar a pobreza e de conquistar um desenvolvimento sustentável e equilibrado.

Com uma economia recentemente dinâmica – que faz inveja inclusive ao Brasil em matéria de crescimento econômico – ele tem apresentado um dos melhores índices de desempenho da África.

Entre 2000 e 2005 – vejam vocês todos aqui – o país cresceu 7,7% em média ao ano. No ano passado, esse crescimento foi de 8,5%. É uma economia que oferece muitas oportunidades de investimento e que deve ser apoiada.

Moçambique se destaca também por ser, hoje, uma democracia consolidada. Vou até perguntar para o presidente; me lembrei da Frelimo, a Frente de Libertação Nacional, que era uma organização que fazia luta armada. Hoje, a Frelimo é um partido político e as forças armadas – me dizia o presidente – são profissionalizadas, como corresponde ao seu papel numa democracia. E isto aumenta o apoio, o suporte e a simpatia que o Brasil tem por Moçambique.

Ele tem, inclusive, esse país Moçambique, uma participação em organismos e em instâncias multilaterais importante, detendo a secretaria geral da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral e a diretoria geral do Nepad, que é uma organização para o desenvolvimento da África – The New Partnership for Africa’s Development.

Quero dizer também que quando eu era ministro da Saúde, encabecei um movimento mundial para que o presidente da Organização Mundial da Saúde fosse um moçambicano, um médico importante de Moçambique. Infelizmente, na época não conseguimos vencer, mas conseguimos – isso sim – levantar, colocar o nome de Moçambique no contexto das estratégias do desenvolvimento e o atendimento da saúde mundial.

Como chefe de uma nação atuante no cenário internacional, preocupada em mobilizar-se em promover a justiça e o bem-estar da sua população, o senhor Armando Emílio Guebuza, presidente de Moçambique, vem nos visitar e nos honra com sua visita, acompanhado de sua excelentíssima esposa, Maria da Luz Guebuza. Desejamos a ambos que tenham uma ótima estadia entre nós.

Muito obrigado.