SP terá programa de ensino pela TV e internet

Decreto assinado por José Serra cria curso de pós-graduação a distância em SP

qui, 09/10/2008 - 20h27 | Do Portal do Governo

Uma parceria entre a Secretaria de Ensino Superior, USP, Unicamp, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Fundação Padre Anchieta e Fundação para o Desenvolvimento Administrativo Paulista (Fundap) vai possibilitar a criação de 6,6 mil vagas de nível superior e 110 mil de pós-graduação, em todo o Estado de São Paulo.

Essa ampliação do sistema de ensino é o objeto do decreto que institui o Programa de Expansão do Ensino Superior Paulista “Universidade Virtual do Estado e São Paulo”, o Univesp, assinado por José Serra, nesta quinta-feira, 9, no Palácio dos Bandeirantes. Na ocasião, o governador fez o seguinte pronunciamento

Queria dar o meu boa tarde a todos e a todas. Cumprimentar o Carlos Vogt, nosso secretário de Ensino Superior. Queria cumprimentar os três reitores das universidades estaduais aqui presentes. Marcos Macari, que é também presidente do Conselho dos Reitores e reitor da UNESP. A professora Suely Vilela, da USP. O professor Tadeu Jorge, da Unicamp.

Queria saudar também os deputados estaduais aqui presentes: Uebe Reseck e Said Murad. A nossa secretária da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro. O nosso secretário da Justiça, Luiz Antonio Marrey. O da Gestão Pública, Sidney Beraldo. A nossa secretária especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Battistella. Fisioterapia não dá para ensinar à distância, dá? Mas tem que ficar mexendo na mão. Dá para fazer?

Paulo Markun, presidente da Fundação Padre Anchieta. O procurador Mário Papaterra Limongi, diretor da Escola Superior do Ministério Público de São Paulo. Aqui também vai dar para dar curso? É uma maravilha isso. Hubert Alqueres, presidente da Imesp, instituição que, para variar, colabora com mais esta atividade do Estado. A Laura Laganá, que devia estar à Mesa, superintendente do Centro Paula Souza. Cadê a Laura?

Geraldo Biazotto, diretor executivo da Fundap. Dr. Pedro Kassab, presidente do Conselho Estadual de Educação. Cadê o Dr. Pedro? Parabéns pelo Ibope do seu filho ontem, pela Folha. Paulo Sérgio Pinheiro, membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Cadê o Paulo? Os pró-reitores, diretores e parceiros dos programas.

Queria também saudar o embaixador Celso Lafer, presidente da FAPESP, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, que está colaborando muito proximamente com esta atividade. E também os secretários de Comunicação, Bruno Caetano, e Luna, do Planejamento. 

Bem, creio que o essencial já foi exposto aqui pelo Carlos Vogt. Eu queria dizer da prioridade que este programa tem para o Governo do Estado. Considero das coisas mais importantes a serem feitas no governo. É uma idéia que nós tínhamos há algum tempo que o Vogt conseguiu montar uma equipe para desenvolver. É pioneira, não há nada neste tamanho no Brasil, feito até hoje. E vocês têm uma responsabilidade muito grande, que é fazer dar certo. Porque sempre dá uma preocupação. Eu mesmo fico com o pé atrás, pensando: Mas o sujeito vendo televisão, será que vai aprender? Muitos aqui não têm essa dúvida? Ou sou só eu? Não tem nenhuma pessoa que tenha dúvida mais? A gente fica, mas temos que acreditar em novas tecnologias.

Eu mesmo era um cético com os computadores e com a Internet. Continuo sendo, porque acho que não é muito científico. Às vezes, quando estou com dificuldade porque o computador não anda, vem alguém muito entendido e diz: Desliga e liga de novo. Muito científico. Acaba dando certo. Eu, pelo menos, sempre tive essa reação: como é que vai aprender vendo, apenas? Mas não é assim. Tem monitoramento, tem um lugar, como é que chama? Os pólos, controle presencial, provas. E as Universidades vão caprichar, porque não é possível que as três melhores Universidades do País possam dar atestados de cursos sem que tenham qualidade. Então elas vão ter que se empenhar muito nessa direção.                 

Estamos concentrando, inicialmente, na Pedagogia porque, pelas estatísticas – eu até desconfio, porque se for um pouco menos ainda é muito – há 60 mil professores na rede estadual e municipais de São Paulo que não têm curso superior. Tanto no ensino fundamental quanto no infantil. Provavelmente, uma parte é herança do ensino Normal. Eu, por exemplo, quando estudei, as minhas professoras eram do ensino Normal. Presumo que já não estejam em atividade. Mas deve ter muita gente ainda em atividade que vem dessa época.

Por isso, vão ser cinco mil vagas diretamente no curso de graduação em Pedagogia. Setecentas em Biologia e novecentas em Ciências. O que nós mais temos falta, no Estado, é no ensino médio. Mesmo nos quatro anos recentes do Ensino Fundamental. Mas principalmente no Ensino Médio. Professores por especialização. Isso tem uma carência brutal, uma enorme carência. Quem sabe ou com certeza, a Univesp vai ajudar a preencher essa carência: falta mesmo professor e professora nas áreas de disciplinas, embora eu ache que as Universidades são melhores para formar gente nessas áreas. Formam gente mais apta para o ensino.

Vamos usar também nessa interação, além da TV, a Internet, que é um instrumento importantíssimo. Tem até um 0800. Temos aí a total colaboração – eu queria sublinhar – da TV Cultura. Sem a TV Cultura, nós não poderíamos caminhar nesse projeto. A TV cuja ação básica vai ser via TV Digital. Nós vamos ter um canal 24 horas. É que ainda não há TV Digital. Não sei quem tem TV Digital já pronta. Só a Maria Helena. Tem mais alguém? Isso aí implica aquela caixinha do lado, implica uma série de coisas que virão com o tempo. Claro que, nos pólos, haverá a TV Digital. Mas a TV Cultura estuda como e o que apresentar no horário ainda na programação da TV aberta, para aproveitarmos uma programação bastante mais ocupada. E a idéia é que não seja por aí, no médio e longo prazo. Mas eu acho que, no curto prazo, pode também funcionar como instrumento até de animação e de introdução, digamos, mais ampla dessa perspectiva de ensino à população.

É importante dizer que é um curso de graça. Hoje, muita gente que não consegue entrar numa universidade – às vezes não tem recursos para se preparar para isso, ou tem problemas de horários compatíveis com o trabalho – vai poder fazer agora de graça esse curso. É de graça, não é, Vogt? Aqui não está escrito, mas acho bom dizer que é um curso gratuito.

Temos também a cooperação da FAPESP, que será exatamente qual? A ferramenta e a plataforma. A Fundap, certamente na docência a respeito de administração pública. Além da TV Cultura, o Centro Paula Souza, no que se refere ao ensino técnico e tecnológico. E a Imesp, que também se prepara para entrar – aqui está o Hubert também – na parte de documentação, de material didático a ser entregue aos alunos. Que tem um papel essencial. O material didático complementa de forma extraordinária, sendo um material bem feito. Eu acredito que o curso anda quando tem bom material didático. O bom material didático é que dá a estrutura, a espinha dorsal do curso que permite que o aluno consolide, sistematize seu conhecimento a partir da leitura em papel.

Portanto, vocês vêem que o programa está muito bem estruturado. Custa, nada é de graça. Vai custar um bom dinheiro por ano. Quanto é, Carlos? Vinte e cinco milhões por ano. Devíamos, mas não estamos tirando da verba das Universidades, é ensino superior público. Mas não estamos tirando. Estou enfatizando para mostrar a importância que isso tem para nós. Para adotar o caminho mais rápido. Eu realmente queria, quando concluísse o mandato, que isso estivesse caminhando a pleno vapor.

Acho que hoje é um dia histórico. Estamos começando uma atividade que eu poderia dizer – sem pretensão – pioneira no Brasil, pelo volume. Já houve outras experiências. Pelo volume, pelo alcance, pela qualidade das instituições envolvidas, é, sem dúvida, uma atividade, uma ação pioneira que vai ajudar a melhorar a educação, o conteúdo, o aprendizado – que é o que mais importa – em São Paulo.

A educação tem sido objeto de muitas ações externas a ela. A Escola da Família, que foi feita pelo Governo Alckmin, é uma coisa positiva. O que todas essas ONGs de empresários gostam de fazer também, de complementação. Nós mesmos temos atividades, eu esqueci o nome, Cultura é Currículo. Toda atividade fora de aula. Sem falar da parte material: merenda, uniforme, transporte, material escolar, boas escolas. Dos prédios da rede, 95% são bons. Como tem 5.500, se 95% sãos bons, vai haver aí uns 500 em má situação. São, em geral, os que aparecem na imprensa. Mas a grande maioria, boas escolas, boas instalações, professoras com muito boa vontade.

Eu sempre vou dar aula. Na semana passada, fui dar aula para a quarta série. Professores muito simpáticos, todo mundo com a maior boa vontade e os alunos não aprendem. Pelo menos um mínimo que seria necessário. Por quê?  Porque se deu menos ênfase à sala de aula. Ao aprendizado lá dentro, que é a questão fundamental.

Nós vamos reforçar aquele que é o instrumento crucial do aprendizado: a professora. De fato, eu nunca fui dar aula numa escola que tivesse um homem dando aula. Quantos homens e mulheres são na rede? Vocês só escolheram para eu dar aula com mulher. Por isso que eu costumo dizer no feminino. Todo mundo com boa vontade, os alunos não aprendem. Então, todo o trabalho da Secretaria da Educação está voltado a isso. Temos um programa vasto que começa pelo ler e escrever, recuperação, enfim uma série de ações. São dez ações simultâneas muito importantes para melhorar o aprendizado.

Acho que estamos dando aqui a décima primeira, que vai ter efeito não imediato. Mas o importante é que a gente trabalhe olhando o médio e o longo prazo também. E não apenas o curto prazo, que é essencial. Mas uma coisa dar certo significa dar certo por muito tempo.

Eu tenho certeza de que essa Univesp vai ser assim.

Muito obrigado.