Governador José Serra: Queria dar meu boa noite a todos e a todas. Quero saudar em primeiro lugar o nosso prefeito da capital, Gilberto Kassab, e o nosso homenageado, Nelson Sirotsky. Queria cumprimentar também a presidente da ANJ (Associação nacional de Jornais), Judith Brito. Saudar o ex-colega do Ministério, Pedro Parente, o Antônio Carlos Valente, presidente do Grupo Telefônica, o Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, o Mateus Bandeira, secretário de Planejamento do Rio Grande do Sul, que representa aqui a nossa amiga, a governadora Yeda Crusius. Queria saudar também o Eduardo Ribeiro e o Marco Rossi, que são sócios-diretores da Mega Brasil Comunicação, que concede este prêmio. Cumprimentar todos os executivos, jornalistas e profissionais de comunicação e aos familiares do homenageado.
Bem, eu creio que a cerimônia de hoje tem algo de especial, em primeiro lugar por ser o 10º aniversário da criação deste prêmio que, ao longo dos anos, homenageou personalidades muito relevantes da área da imprensa. Eu mesmo estive aqui algumas vezes, na homenagem ao Ruy Mesquita (do Grupo O Estado de S.Paulo) e ao Octavio Frias (do Grupo Folha), com quem, aliás, tive a oportunidade de trabalhar junto. Poucos sabem que eu tive a honra de trabalhar como jornalista durante quatro anos, quando voltei ao Brasil depois de quatorze anos de exílio, vim para a universidade e tornei-me também editorialista da Folha (de S.Paulo) durante esse período. Então, tive a oportunidade de conviver de maneira muito proveitosa com o Octavio Frias, que sem dúvida foi um dos meus melhores amigos; eu me lembro muito bem da homenagem feita a ele aqui.
Em segundo lugar, é um evento também especial porque é primeira vez que ele se realiza tendo sido derrubada a Lei de Imprensa do regime autoritário, e isso tem um caráter simbólico muito importante. Quero dizer que compartilho em gênero, número e grau com a análise feita aqui pelo Nelson, no sentido de que nós precisamos de uma lei. Aquela lei foi derrubada, mas é indiscutível que é necessário ainda uma legislação no caso da imprensa, que focalize exatamente os pontos que o Nelson focalizou aqui, ou seja, direito de resposta e de reparação dentro do razoável.
Se eu pudesse resumir a idéia, que (a lei) inclua não apenas a mídia tradicional, me refiro a rádio, televisão, jornal e revista, mas também a internet. Esse é um dos grandes desafios legislativos que se apresentam pela complexidade – não apenas todas as questões ideológicas e conceituais que envolve, mas também pela complexidade tecnológica.
Em terceiro lugar é um evento especial também pelo homenageado, uma pessoa amena, e com conteúdo. Como seu discurso: claro, discreto e instrutivo, ao mesmo tempo em que revela princípios e posições. Não sei dizer agora a idade dele e não vou repetir aqui, mas é um homem que nasceu com a mídia, não apenas vendo a circulação e as rotativas dos jornais, mas também no sangue, porque o fundador do grupo foi seu pai, idos de 1962. Eu me lembro também que a rádio Farroupilha foi integrante da cadeia da legalidade em 1961, que foi quando a minha geração conheceu, tomou conhecimento do que significava essa rádio.
É um homem identificado com a mídia desde outras épocas, apesar de bastante jovem. Eu fiquei impressionado: tinha pedido que levantassem todas as atividades do grupo, e tem um balanço aqui que eu quero repetir porque me impressiona. São oito jornais, inclusive o Zero Hora, que é o mais conhecido e influente. Vinte e seis emissoras de rádio e televisão, entre elas a Farroupilha. Quatro portais de internet, 18 emissoras de TV em 790 municípios gaúchos e catarinenses, dois canais de TVs comunitárias, Florianópolis e Porto Alegre, um canal voltado ao agronegócio, com estúdios descentralizados aqui em São Paulo, no Rio Grande, em Brasília e sucursais em vários lugares. E isso mostra o peso dessa atividade e, ao mesmo tempo, o peso da empresa, a responsabilidade pública, porque é através da mídia que a informação chega às pessoas. E realmente é algo extremamente relevante.
Às vezes alguns me perguntam ‘por que você se preocupa tanto com a precisão das notícias de imprensa?’. Eu me preocupo porque aquilo que eu faço na vida pública é sabido, pelas pessoas, através da imprensa. Eu não me refiro apenas aos jornais, mas todas as formas de imprensa. Isso mostra a responsabilidade pública da mídia e a necessidade, como disse o Nelson, de que ela seja coerente, lute sempre pela coerência, pela verdade, além da qualidade daquilo que transmite.
E realmente este grupo tem uma grande responsabilidade. É uma sorte que um grupo com esse peso, com essa abrangência esteja em mãos, a meu ver, bastante responsáveis, além de competentes do ponto de vista empresarial e profissional. O Nelson começou trabalhando com o pai dele, é formado em administração de empresas, em administração pública, o que favorece o olhar sobre a gestão de ambas as esferas e não se limitou às atividades gerenciais, porque sempre teve uma atuação importante na corporação da imprensa e nos órgãos representativos do setor, como é o caso da ANJ, a qual presidiu e da qual hoje é vice-presidente. E como ele mesmo lembrou aqui, ele chega a ser conselheiro do Grêmio de Porto Alegre, que como todos os times de futebol – principalmente o Grêmio – dá muita alegria aos seus torcedores e um pouco de exasperação aos seus adversários, principalmente os adversários locais. Os adversários distantes são mais condescendentes e fico grato a ele por ter previsto que disputaremos a final, o que significa prever que o Palmeiras chegue a final. Então, o bom agouro está combinado. E você me receberá lá e me protegerá lá, evidentemente… (risos)
Bem, por tudo isso e particularmente pela conquista do prêmio Personalidade da Comunicação, eu quero transmitir ao Nelson, ao Grupo RBS, em nome do governo de São Paulo e em meu nome pessoal, os meus parabéns e o meu abraço.
