Serra participa do seminário Rios de São Paulo

Governador: Queria dar aqui o meu bom dia a todos e a todas. Vou cumprimentar o prefeito Kassab (Gilberto Kassab, de São Paulo). O vice-presidente das Organizações Globo, José Roberto […]

ter, 14/04/2009 - 23h00 | Do Portal do Governo

Governador: Queria dar aqui o meu bom dia a todos e a todas. Vou cumprimentar o prefeito Kassab (Gilberto Kassab, de São Paulo). O vice-presidente das Organizações Globo, José Roberto Marinho. A Dilma Pena, secretária de Saneamento e Energia. In-Keun Lee, prefeito-adjunto de Seul (do Departamento de Infraestrutura Urbana da Prefeitura de Seul, na Coreia do Sul). Ivan Sandoval, diretor da Escola Politécnica (da USP – Universidade de São Paulo), demais secretários, professores e palestrantes aqui presentes. Queria cumprimentar também os estudantes aqui da Escola Politécnica, escola onde eu estudei.

Volto hoje aqui com muita alegria, muita satisfação. Quero dizer que a disciplina de Hidráulica era uma das que eu mais gostava. Provavelmente, se tivesse concluído o curso – que eu não conclui, mas cheguei até o último ano – teria me especializado precisamente nessa área.

Uma poesia do Mário de Andrade, feita pouco antes de ele morrer, tem um trecho muito interessante. Ele diz: “Debaixo do arco admirável / da Ponte das Bandeiras o rio / murmura num banzeiro de água pesada e oleosa”. Isto é de 1945. Portanto, a poluição do Tietê já era registrada desde essa época. Embora, no final dos anos 50, eu cheguei a não só andar de barco – não posso dizer remar, porque não era um esportista – mas também a mergulhar no rio Tietê. Isto em 1958, 1959, quando ainda era possível entrar dentro do rio sem pegar alguma doença.

Na verdade, no passado se dizia que governar era abrir estradas. Isso não é da década de 20? Não é do Juscelino… (A frase, do ex-presidente Washington Luiz, foi o mote da sua campanha em 1920). Eu diria, hoje, que governar, em grande medida, é despoluir rios, pelo menos nas grandes regiões metropolitanas. Temos feito um esforço muito grande nessa direção. Não apenas diretamente nas obras que envolvem o rio Tietê e o rio Pinheiros, mas também nas áreas dos afluentes, através do programa Córrego Limpo, feito junto com a Prefeitura, em que pequenos córregos são despoluídos.

Nós temos em torno de 50 já despoluídos – e são eles que antes iam levando a água poluída e os detritos para os grandes rios. Quero lembrar também que, no caso de São Paulo, nós temos mais de um quinto da população brasileira. Mas temos apenas 1,6% da disponibilidade de água. A disponibilidade de água no Brasil é uma das maiores do mundo – mas a distribuição desta disponibilidade no nosso território é extremamente desigual. O que sublinha uma outra questão crucial, que é não apenas ambiental, do ponto de vista das condições de respiração, do ponto de vista das condições de saúde, mas é também do ponto de vista do abastecimento de água, cada vez mais comprometida por esta poluição.

E este é um trabalho não apenas de um Governo, da Prefeitura ou do Governo Federal, que praticamente não atua nesta área. É um trabalho também da comunidade, porque grande parte dos problemas que envolvem nossos rios vem do despejo de lixo nos seus leitos. Inclusive nos córregos. É um trabalho de natureza educacional, mas também disciplinar – e que envolve até ações na área da segurança.

As nossas ações também se desdobram para os mananciais. Tem muito a ver com os rios e com a água. É o caso do projeto da Billings. E do projeto da Guarapiranga, que nós aprovamos na Assembleia Legislativa, e que envolve centenas de milhões de reais – da mesma maneira que o projeto da Billings, que está sendo discutido para ser aprovado.

E a despoluição dessas grandes represas significa despoluir os rios e córregos que levam a água na direção delas. Nós estamos comprometendo boa parte da capacidade de endividamento do Estado com projetos nessa área – dos grandes mananciais – tentando atrair, o que não tem sido fácil, o Governo Federal para esse tipo de investimento.

Eu já conhecia a experiência diretamente da Coréia, de Seul. Quero dizer que há um ingrediente básico, fora todos os aspectos de natureza hídrica, de engenharia, de criatividade que os coreanos usaram, que é o montante dos recursos empregados. Porque são obras caríssimas, essas obras de recuperação.

Há um aspecto em relação ao Pinheiros – que está experimentando um tipo de ação que é o da flotação. Ela pode, se bem sucedida, levar à despoluição do rio e, ao mesmo tempo, ao aproveitamento da usina Henry Borden, cujos recursos – se estiver funcionando plenamente, e hoje ela não está, exatamente em função do problema da água poluída – podem pagar as próprias obras de despoluição do Pinheiros.

E eu sei que, no caso do Rio Pinheiros, a TV Globo presta uma atenção especial, porque é vizinha do rio. Todo dia, da janela, o pessoal pode sentir e,l das janelas abertas, não apenas contemplar, como também cheirar as condições do rio.

Nós estamos obsessivamente voltados a esse assunto. A experiência de flotação estava parada desde o começo de 2000, por causa de um promotor que não queria deixar fazer a experiência. Mas nós conseguimos resolver isso, inclusive envolvendo diretamente o Poder Judiciário. Enfim, é uma causa com a qual eu me sinto pessoalmente comprometido, porque me considero um ecologista e um ambientalista convicto, para não dizer fanático. E o Governo também está envolvido.
Quero cumprimentar a TV Globo, pela iniciativa deste seminário, pela iniciativa de tratar esta questão, que é uma questão de médio e longo prazo. E não é uma questão jornalística, de um dia para o outro. É uma questão de maior profundidade e, portanto, o mérito da Globo, de desenvolver esta iniciativa, se duplica – no sentido de que não é matéria de grandes anúncios a cada dia. Por isso, merece parabéns em dobro.

Muito obrigado!