Serra participa da inauguração do centro de pesquisa Cristália

Itapira, 22 de setembro de 2009

ter, 22/09/2009 - 23h00 | Do Portal do Governo

Governador José Serra: Queria dar meu boa tarde a todos e a todas. Queria saudar o nosso presidente da Assembléia (Legislativa do Estado de São Paulo), o Barros Munhoz, que é aqui de Itapira e é um grande parceiro do Governo do Estado. Como líder do Governo, e agora presidente da Assembléia Legislativa, tem dado uma colaboração fundamental para viabilizar uma gestão eficiente e uma gestão governamental que impulsiona o desenvolvimento de São Paulo. Ele falou agora que a Assembléia está votando medidas que vão dar mais recursos para o Estado, mas sem aumento de carga tributária. Muito pelo contrário, nós diminuímos a carga tributária em muitos setores, ao longo desse tempo, mas procuramos muitas formas de obter receita – e aí sempre tendo a colaboração da Assembléia, dos deputados porque sem isso é impossível. E não teríamos conseguido fazer isso não fosse o trabalho do deputado Barros Munhoz.

Queria também cumprimentar o Ogari de Castro Pacheco, presidente do (Conselho do Laboratório) Cristália; o prefeito de Itapira, Toninho Bellini; o vereador Paulo Roberto Andrade, que é presidente da Câmara Municipal aqui (em Itapira); doutor (Luiz Roberto) Barradas, que é o nosso secretário (de Estado) da Saúde. Queria saudar também a Kátia Sampaio, que é vice-presidente executiva do Laboratório (Cristália) e o prefeito Carlos Nelson Bueno, aqui de Mogi Mirim.

Eu acho que este laboratório aqui não é apenas um motivo de orgulho para Itapira, mas é também para São Paulo e é também para o Brasil. É uma empresa que foi criada, na origem, para atender à demanda local de medicamentos psiquiátricos, por três ou quatro médicos. Isso faz 37 anos e hoje é uma empresa líder em matéria de inovação. Quando eu era ministro da Saúde, nós fizemos uma política muito agressiva de internalização da produção dos medicamentos da aids (síndrome da imunodeficiência adquirida). Nós temos no Brasil, a partir do que nós fizemos, a melhor campanha contra aids do mundo. E um dos ingredientes dessa campanha, um dos fatores, foi precisamente produzir no Brasil tudo o que podia ser produzido, para reduzir preço, para não ficar na mão de fornecedores estrangeiros de produtos de muita complexidade.

Muitos laboratórios aqui no Brasil passaram a fornecer para o Governo. Mas o Cristália é o único que passou a fornecer o medicamento inteiramente fabricado aqui, sem importação da matéria-prima, em geral vinda da Índia. Ou seja: a integração vertical completa da produção. Nesse sentido, é o único que conseguiu fazer isso, porque hoje a indústria brasileira de medicamentos é uma indústria de montagem. É muito raro – não é Pacheco? – se produzir matéria-prima aqui no atacado. A maioria das empresas, na verdade o que fazem é importar matéria-prima e aí é manufatura, fazem a manufatura para chegar ao medicamento final. O Brasil não vinha nesse caminho, mas a partir do Governo (do ex-presidente Fernando) Collor praticamente abdicou de uma indústria farmacêutica integrada – e é muito difícil essa recuperação. Mas o Cristália é talvez o exemplo mais bem sucedido no Brasil nesta matéria.

É um laboratório cuja qualidade de produtos é atestada pela farmacopéia dos Estados Unidos. É um laboratório cujo sucesso, aliás, é muito claramente demonstrado pelo fato de que responde por 8% da receita do Município de Itapira. Se o prefeito deu os números certos, eu fiz as contas: dá 8% da receita total, porque se o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) é 40%, e o Cristália é 20% do ICMS, isso dá mais ou menos um número de que a cada 12 reais que a Prefeitura arrecada, 1 (real) vem aqui do Cristália. E não é dele não, vem de vocês que estão agregando valor, no caso, na área de medicamentos – e esta agregação de valor paga um imposto, que é o ICMS.

E eu não tenho nada contra investimentos estrangeiros, mas fico muito especialmente satisfeito de saber que esta empresa tem 100% de capital nacional, que tem uma trajetória brilhante, tem visão estratégica, tem capacidade de gestão e investe em uma área que é crucial, que é de pesquisa e de desenvolvimento. Se eu não me engano o Cristália já somou 117 pedidos de patente, um número recorde na indústria farmacêutica nacional. Emprega mais de 100 cientistas, técnicos, além, naturalmente, de mais de 2 mil empregados diretos. Sabe fazer parcerias com a USP (Universidade de São Paulo), UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), UNESP (Universidade Estadual Paulista), o Instituto Butantan, que é um motivo de orgulho para São Paulo.

E no Brasil nós temos um problema que é sério, que vem sendo feito muito pouco para resolver. É que nós temos institutos e universidades de pesquisa muito bons, que fazem pesquisa de ponta, quer dizer, a mais avançada. Mas as empresas não sabem utilizar o potencial de inovação propiciado por estas pesquisas. Desta maneira, o avanço da Ciência não tem tido efeito sobre o aumento da riqueza nacional que poderia ter, inclusive com a criação de novos postos de trabalho. A Ciência no Brasil, o avanço da Ciência no Brasil não vira PIB (Produto Interno Bruto), esta que é a verdade. Mas no Laboratório Cristália vira PIB e vira também imposto para o Estado e para o Município. Esta é uma questão vital par ao desenvolvimento do Brasil: fazer a Ciência virar pesquisa.

Agora, eu queria sublinhar de maneira sistematizada por quê o laboratório é importante para nós. É importante, desde logo, pelos produtos que fabrica. É importante porque mostra, enfatiza a relevância da pesquisa. Importante porque incentiva a pesquisa. Importante porque afirma no mercado internacional a eficiência e a qualidade da indústria brasileira, no caso, relacionada a medicamentos. E, evidentemente, fortalece ainda mais aquela que é a região mais desenvolvida do Brasil, que é a região do interior de São Paulo. Eu vou dar aqui alguns indicadores disso que realmente são impressionantes.

Sozinhas, São Carlos, Campinas, Piracicaba, Bauru e Ribeirão Preto têm, comparativamente à sua população, mais mestres e doutores universitários do que a Capital de São Paulo. Só essas cidades têm proporcionalmente mais. Três em cada quatro projetos de inovação aprovados pela FAPESP – que é o Fundo de Amparo à Pesquisa (do Estado), mantido pelo Governo de São Paulo, que é o melhor do Brasil e um exemplo internacional inclusive – três em cada quatro projetos são de fábricas localizadas no interior. É impressionante isso: 75% no interior de São Paulo. É um potencial que nos orgulha, e um potencial que nós queremos inclusive ampliar, porque ele faz bem ao interior, faz bem aos Municípios, faz bem ao Estado e faz bem ao Brasil.

Por isso, aliás, é que nós temos um programa de investimentos aqui no interior muito especial. Basta dizer, nesta área, que é uma área relevante, a área da tecnologia, a área da inovação, que nós estamos fazendo no Estado o maior investimento que já se fez no ensino técnico e no ensino tecnológico, através das Escolas Técnicas (ETECs) e das Faculdades de Tecnologia (FATECs). Pois bem, aqui na região de Itapira, que é a Região (Metropolitana) de Campinas ampliada, nós já temos 28 Escolas Técnicas e até o final do Governo chegaremos a 34, inclusive uma aqui em Itapira. Eu até cobrei o prefeito da outra vez, porque estava faltando ele entregar um prédio – e agora já resolveu a questão da entrega do prédio, porque o Estado mantém (a escola), que é o mais caro, mas a gente sempre quer parcerias com as Prefeituras para instalar pelo menos as escolas e a faculdade.

Então nós vamos ter aqui em Itapira uma Escola Técnica e fizemos uma FATEC (Faculdade de Tecnologia) que é um orgulho para todos nós, a maior faculdade da região, em Mogi Mirim, que eu vou inaugurar no final do ano. É que ela já está funcionando, por isso que eu achei que já tinha inaugurado mas às vezes a gente inaugura depois de funcionar. Mas é melhor assim do que o contrário, não é? Inaugurar e não funcionar… melhor funcionar e depois inaugurar.

E temos 7 FATECS aqui na região, 7 faculdades, que é o que nós vamos ter de tecnologia. É uma demonstração, Pacheco, da nossa preocupação inclusive com o treinamento e a qualificação da mão-de-obra. Há países, como por exemplo a Finlândia, que nem fazem muita inovação e, no entanto, estão na ponta em matéria de desenvolvimento. Por quê? Porque o treinamento da mão-de-obra, o treinamento, a qualificação fazem com que a tecnologia que outros produzem seja absorvida com muita mais facilidade também. Um país deve produzir tecnologia, mas deve também ter o talento de conseguir absorver rapidamente a tecnologia que outros produzem. Este é o nosso pensamento e esta é a nossa prática no Governo de São Paulo.

Bem, mas eu queria aqui me congratular. Congratular com os dirigentes do Cristália e me congratular especialmente com todos vocês que trabalham aqui nesse laboratório. Fiquem orgulhosos, porque vocês estão fazendo um bom trabalho.

Meus parabéns!