Serra inaugura 1º hospital da Rede Lucy Montoro

São Paulo, 03 de setembro de 2009

qui, 03/09/2009 - 20h47 | Do Portal do Governo

Governador José Serra: Queria dar o meu boa tarde a todos e a todas. Cumprimentar a Linamara (Battistella), nossa secretária (de Estado dos Direitos) da Pessoa com Deficiência e o dr. (Luiz Roberto) Barradas, secretário (de Estado) da Saúde, parceiro dessa iniciativa; o secretário-chefe da Casa Civil, que coordena todas as nossas ações, Aloysio Nunes Ferreira; o secretário Francisco Luna, de Economia e Planejamento (do Estado), que se empenhou muito para viabilizar a compra desse hospital; e o secretário de Comunicação (do Estado), Bruno Caetano. Queria cumprimentar também nosso queridíssimo ex-secretário da Segurança, Ronaldo Marzagão que, por ironia do destino, vai ser um dos primeiros atendidos aqui. Queria saudar o Ricardo Montoro, que é secretário municipal de Participação e Parceria (da Prefeitura de São Paulo) e, através dele, cumprimentar toda a família Montoro – aqui estão a Malu, o André, o Paulo, o Eugênio, o Fernando e outros. Queria também cumprimentar o secretário municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Marcos Belizário; o deputado federal José Anibal, que nos falou aqui; a Célia Leão, deputada estadual, também que nos falou; os prefeitos de Jaú, Bariri, Sorocaba, Fernandópolis; os vereadores (paulistanos) Mara Gabrilli, que nos falou, e Agnaldo Timóteo; a vereadora Silvana Mesquita, de Guarulhos; o nosso amigo querido Dom Fernando Figueiredo, bispo da Diocese de Santo Amaro; o superintendente do HC (Hospital das Clínicas), José Manoel de Camargo Teixeira. Queria também cumprimentar o subprefeito de Campo Limpo, Luiz Santoro; e o José Justino, presidente do Conselho Estadual para Assuntos de Pessoas com Deficiência. Queria saudar também o corpo clínico e administrativo deste Instituto (Lucy Montoro), todo o pessoal que vai trabalhar aqui, daqui em diante, porque na verdade é deles que vai depender a qualidade desse Centro de Reabilitação; os representantes de entidades assistenciais… Enfim, a todos e a todas.

Eu estou muito contente com esta inauguração. Eu acho que hoje é um dia histórico. No futuro, nós vamos ter consciência disso. Estamos dando início a uma Rede de Reabilitação que vai se espalhar por todo o Estado de São Paulo. Ela vai incorporar algumas das unidades existentes, como é o caso da Unidade da Lapa, sem prejuízo de que esta unidade seja ampliada e seja melhorada – e vai trazer muitas unidades novas. Não será apenas este centro. Já há um em construção na (avenida) Vergueiro, na Vila Mariana (em São Paulo). E há mais dois na Capital – um é lá no Jardim Umarizal (e o outro na Lapa). Já há uma unidade em construção em Campinas. Já há uma unidade em São José do Rio Preto. Nós temos a expectativa de tê-las (em funcionamento) ainda no primeiro semestre do ano que vem. (Temos ainda) outra unidade em Santos, outra em Marília e outra em Ribeirão Preto, que também serão entregues no ano que vem, um pouco mais no segundo semestre.

Isto configura já a Rede (de Reabilitação Lucy Montoro), sem também prejuízo de outras iniciativas. Há várias cidades candidatas a abrigarem outros centros, e algumas com unidades menores, mas unidades com muita eficácia, com muita eficiência. Eu não vou citar aqui quais são as principais candidatas, porque isso vai despertar uma epidemia de reivindicações a respeito de futuras unidades, e nós não vamos poder fazer tudo com tanta rapidez.

No caso deste hospital aqui, nós tivemos a sorte de ter identificado uma possibilidade e comprado uma unidade pronta. Quanto tempo demoraria para fazer isto? Nós, que somos rápidos, aqui em São Paulo, não faríamos em menos de um ano e meio, dois anos, com todo o ritual, o calvário de uma obra, projeto, licenças… Enfim, compra de equipamento, um calvário.

Aqui já encontramos praticamente tudo pronto. Então, isso também tem um valor, não é? Tem um valor a gente fazer as coisas depressa. Encurta os prazos de retorno, porque não tem nada pior do que ficar investindo, investindo, investindo e não ter retorno. Portanto, este foi um excelente negócio. E, como todo mundo pode ver, o hospital está como novo, é algo pronto, já para começar a funcionar. Mas nós não vamos mantê-lo do jeito que está. Aqui haverá investimentos em novas tecnologias. Ele vai ser a unidade mais moderna e avançada em reabilitação do País. Até o final do ano nós teremos importado equipamentos de tecnologias inglesa, israelense, norte-americana ainda inéditos no Brasil, num total de 10 milhões de reais.

Que equipamentos são esses, Linamara (Battistella, secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência)? Fala aqui, porque eu tenho curiosidade também…

Linamara Battistella: O sistema de robótica para fazer o treinamento motor e cognitivo. São robôs que fazem as pessoas andarem e se movimentarem.

Governador José Serra: Aqui nós temos uma unidade que vai custar 5 milhões (de reais) por mês. São 60 milhões (de reais) por ano. Para a gente ver como é na Saúde: 60 milhões (de reais) por ano é 50% a mais… Quanto nós pagamos aqui (pelo prédio)? 50 milhões. Pois bem, em um ano nós vamos gastar 10 milhões (de reais) a mais do que nós pagamos para ter o prédio já equipado, com 80 quartos, não é? Para os quais vão ter prioridade as pessoas que venham do interior, que estão longe das suas casas. Isso, para se ver como é a questão na Saúde. Investimento em Saúde não é o prédio, não é o equipamento. Investimento em Saúde é basicamente custeio, é a manutenção. Às vezes, a oposição, muitas vezes, ou tem má fé ou realmente não tem ideia do que se trata – a diferença entre investimento e custeio – e a imprensa, muitas vezes, adora isso. Não é nem o problema do volume. É, realmente, que o investimento básico é feito nas pessoas que vão ser contratadas, nos remédios, nos aparelhos que vão ser distribuídos e tudo o mais.

Portanto, é um investimento significativo, mas em compensação vai atender 12 mil pessoas por mês. Não é brincadeira. Eu não sei qual é o índice de repetição, mas… não sei se uma pessoa que vem no mês vai vir no outro, sempre, durante muito tempo… mas, por ano, provavelmente, serão 20, 30 mil pessoas, que passarão por aqui repetidas vezes. Isso mostra a importância. Para onde ia essa gente antes deste hospital? Nós temos uma demanda muito reprimida no Estado de São Paulo, as estatísticas mostram que 10% da nossa população tem problemas de mobilidade. Isso, em São Paulo, daria mais de 4 milhões de pessoas. E nós estimamos que devam passar pelos Centros de Reabilitação, uma vez que a rede esteja pronta, cerca de 2 milhões de pessoas. Isto é significativo. Isso mostra a importância deste assunto e também, por que não dizer, do pioneirismo do Estado de São Paulo. A única rede existente no Brasil, nessa matéria, é a rede Sarah Kubitschek (sediada em Brasília), que é uma boa rede também. O fato é que tem uma rede que é boa, a Rede Sarah, que não tem unidade em São Paulo.

E nós estamos criando agora uma rede estadual, com o nosso dinheiro, porque o dinheiro do SUS (Sistema Único de Saúde), que vem do Ministério da Saúde, não é suficiente para a gente fazer a organização e manter essa rede funcionando. E o deputado José Anibal disse uma coisa correta: para a prioridade nós conseguimos recursos. Nós perdemos, neste ano, 1 bilhão e 300 milhões (de reais) em termos de arrecadação, com relação ao ano passado. Apesar disso, nós conseguimos manter (os investimentos), apertando os cintos, e com políticas claras de prioridade – de saber onde concentrar e (também) por ter todos os nossos projetos relevantes para o Estado de São Paulo.

Agora, aqui é uma… uma localização boa. Eu mandei até averiguar – e o Aloysio Nunes me passou agora – nós vamos ter uma estação de metrô a 2 quilômetros, na (avenida) Giovanni Gronchi. Isso é ouro puro em São Paulo hoje: ter metrô a 2 quilômetros de onde se vai é um privilégio, por incrível que pareça. E aí a Linamara (Battistella) vai organizar um sistema de transporte do metrô, não é isso Linamara? Já está na porta – então o acesso vai ser fácil. Com toda a expansão da rede de metrô, nós vamos ter uma teia de aranha em São Paulo, no subsolo ou na superfície, de transporte, de trilhos. Então, se alguém quiser vir de Itaquera para cá… claro, sempre demora o tempo que o trem fica rolando… mas, poderá vir com conforto significativo, até porque os novos trens que nós estamos comprando estão absolutamente adaptados para deficientes físicos. A Mara (Gabrilli) sabe disso, já esteve lá quando nós inauguramos um desses trens, não é? Fizemos questão. Tem de tudo, até para a pessoa deficiente visual saber quando chega numa estação, para a pessoa deficiente auditiva saber também quando chega na estação.

Nós estamos investindo no metrô, na acessibilidade, mais de 30 milhões de reais. Isso nas linhas pré-existentes, porque nas linhas novas já está saindo tudo direito. E aí sai muito barato, (porque) sai caro é botar um elevador na estação da avenida Paulista – isso sai caríssimo, porque não foi feito originalmente assim. Isso mostra também como era o Brasil e como era o mundo há algumas décadas, e que deficiente físico era sinônimo de marginalização – encarada da maneira mais natural. Ninguém fazia por maldade, não. Nem havia essa questão posta, digamos, como uma questão relevante. Isso hoje acabou, porque em tudo o que o Estado faz todos os requisitos para a acessibilidade são obedecidos.

Eu dou sempre como dois exemplos imediatos, que todo mundo pode constatar, o Museu do Futebol, que foi feito no Pacaembu, que é um estádio antigo, mas partiu como se fosse do zero – porque era um espaço vazio, que tinha embaixo da arquibancada – e o Catavento, museu de ciência e tecnologia para a garotada, que é um espetáculo – quem não foi lá devia ir, no Parque D. Pedro, no antigo Palácio das Indústrias, antiga sede da Prefeitura, da Assembléia Legislativa – um prédio da década de 20, que foi inteiramente adaptado. Para subir a escada dá para engatar lá o carrinho e sobe. E o custo, sinceramente, é desprezível. Porque na hora em que está fazendo, na hora da quebradeira, quando está reformando, é muito fácil se fazer isso.
Agora, nós estamos também tentando, com sucesso, envolver as Prefeituras. Porque esta causa da cidadania para deficiente físico é uma causa que só vai vingar mesmo, de verdade, quando ela virar consciência social. Quando for tranquilo para todo mundo que essas demandas têm que ser preenchidas, têm que ser atendidas. Então, nós estamos estimulando as Prefeituras a entrarem nisso, a criarem… Não Secretarias, porque a maioria não tem tamanho para isso, mas que criem uma Coordenaria, um Departamento, que ponham uma pessoa (para cuidar dos deficientes), dependendo do tamanho da Prefeitura. Porque este centro, a Rede Lucy Montoro, vai ser uma rede de referência, vai treinar gente… Olha, em matéria de emprego é muita gente – porque é fisioterapeuta, é psicólogo, é enfermeiro, enfermeiras especializadas, fonoaudiólogos, assistentes sociais, nutricionistas e… tudo mulher, a grande maioria. Não estou discriminando aqui os homens. Técnico de órtese e prótese, aí sempre é homem, engenheiro de reabilitação… isso mostra o efeito sobre o emprego. Aliás, Saúde e Educação são duas grandes fontes de emprego.

E nós vamos ter aqui administração da Universidade de São Paulo (USP), através de uma OS, Organização Social, Modelo que, em São Paulo, está funcionando espetacularmente bem. E aqui vai ser esse regime, levado pela Fundação da Faculdade de Medicina, o que dá flexibilidade, o que dá agilidade para o atendimento, o que permite controlar melhor a frequência dos profissionais, poder avaliar melhor – e tudo o mais. Tem tudo para dar certo e vai dar certo. Vai dar certo este hospital, este centro, vai dar certo a nossa rede e vai dar certo a causa do deficiente físico, no Brasil e em São Paulo.

Quero dizer que nós temos muitas outras ações, eu não posso deixar de registrar aqui… que inclusive extrapolam a secretaria da Linamara. Além do metrô, tem um programa de apoio à pessoa com deficiência no âmbito da Secretaria do (Emprego e Relações do) Trabalho, de emprego nessa área para pessoas que sejam portadoras de deficiência, que podem desempenhar (atividades) num grande número de funções, na área privada ou pública. (Temos também) o Centro de Apoio Pedagógico Especializado, na Secretaria da Educação, temos 57 mil alunos nessas condições. Um programa da Secretaria do Trabalho ligado também ao Programa da Empregabilidade. O Centro de Referência em Medicina de Reabilitação e o Instituto de Reabilitação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

O programa, como eu dizia, com relação aos Municípios, de orientação das políticas públicas Municipais, foi feito junto com o Cepam (Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal da Fundação Prefeito Faria Lima). (E se destacam ainda) o Comitê de Apoio ao Esporte, a vacinação das pessoas com Síndrome de Down, o programa Sinal Verde – que é informação sobre lesão medular – a qualificação dos profissionais, finalmente, na Rede Básica de Saúde. Quer dizer… nós estamos, realmente, estamos atuando em todas as frentes.

Por último, o significado desta homenagem. Olha, eu não tive a menor… nem cheguei a pensar sobre o assunto… a Linamara sabe disso… Quando (me) falou (do nome) da rede, eu falei: põe Lucy Montoro. Por quê? Porque foi algo natural, na hora. Algo natural, em homenagem que eu tenho certeza que a dona Lucy vibraria, porque eu tenho certeza que ela estaria vibrando com esse tipo de iniciativa que nós estamos tomando. E é uma homenagem justa àquela que foi uma grande mulher. Não atrás do (marido, o ex-governador Franco) Montoro, mas, como o (filho) Ricardo disse: ao lado do Montoro.

Então, eu tenho uma satisfação muito especial de fazer esta homenagem. Mais ainda de ter tido a ideia. Quando a gente está no Governo, 90% das ideias são de outros. Mas, neste caso, eu tive o prazer de eu mesmo ter tido a ideia, o que me dá uma satisfação muito especial.

Muito obrigado!