Serra homenageia artistas com Ordem do Ipiranga

São Paulo, 16 de novembro de 2009

seg, 16/11/2009 - 23h00 | Do Portal do Governo

Governador José Serra: Para mim, essa cerimônia é motivo de um prazer pessoal muito especial. Nós homenageamos aqui pessoas que têm muito a ver com o mundo cultural do nosso País. Duas, uma na ponta dos pés, que é a Ana Botafogo, e outro no teclado de um piano – (são) homenageados que têm percorrido os mais importantes teatros do mundo. E, por outro lado, duas das novas – e desculpem, não dá para mudar o dicionário – comendadeiras têm dado contribuições marcantes à dramaturgia brasileira: a Maria Adelaide e a Gloria Perez, na televisão e no palco. A maioria dos outros, tem dado uma contribuição, tem tido uma talentosa participação no teatro, na televisão e no cinema. Com exceção do Silvio Lancelotti, que é de outro ramo das artes, a arte da culinária, além de escritor.

Essa solenidade, na verdade, nada mais faz do que tornar pública, em termos oficiais, a admiração que nós temos pela criatividade, a sensibilidade e o talento de todos os nossos homenageados – e o carinho que a população, o povo brasileiro tem por eles. E eu tenho, de alguma maneira, relações diferentes com todos os homenageados, algumas de natureza pessoal, algumas que já percorrem muitas décadas. Particularmente, com a (dramaturga) Maria Adelaide, que é a primeira que eu conheci aqui, na adolescência. Eu nem era político, nem ela autora de teatro. Nós morávamos praticamente vizinhos, na Mooca.
A Ana Botafogo aprendi a admirar pelo seu talento e pelo fato de que eu sou até familiarmente sensibilizado com a arte do balé, eu casei com uma bailarina.

A Eva Wilma é que eu conheci pelos programas de televisão. Na época – nossa diferença de idade é pequena, e ela muito precoce – mas eu me lembro até hoje de um dia, que ela não recorda, evidentemente, eu era fascinado por ela, e que eu a conheci pessoalmente, graças a ter fechado o tempo no Aeroporto de Congonhas. Eu era presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), ia pegar a ponte aérea, ficamos lá aguardando e acabamos sentando em uma mesa. Tinha mais pessoas, mas eu não me lembro quem eram, eu só me lembro dela.

A Glória Perez, de quem me tornei muito amigo desde 2002, cujo trabalho eu já admirava, e passei a admirar mais, concentrar mais a atenção em todo valor que ela tem – e pelo papel que tem em nosso País a sua literatura, a sua escrita.

O Juca de Oliveira, que por pouco não cruzou comigo na Bolívia. Eu fui exilado na Bolívia em 1964 e o Juca andou por lá, em uma trajetória meio estranha, que eu até hoje não entendi – quem sabe no coquetel ele me conta – mas de quem sou um grande admirador como ator, como autor, como um homem de grande talento.

O Mauro Mendonça, que eu me lembro da peça -, não sei se o título em português era esse: “Um Bonde Chamado Desejo”, do Tennessee Williams – antes do golpe de 64. A minha vida se divide sempre em antes e depois, porque eu passei 14 anos fora. Então eu divido muito bem o que aconteceu antes e o que aconteceu depois.

O Nelson Freire, que dentro das minhas possibilidades de conhecimento da música, considero o melhor pianista brasileiro. E imaginamos até uma forma de torturá-lo, que inicialmente era pedir que ele falasse em nome dos homenageados. E ele chegou aqui aterrorizado por essa hipótese.

A Regina Duarte, que é a segunda que eu conheci aqui, há mais tempo, e que é testemunha – por sorte já faz tanto tempo que ela não lembra – da minha incursão também no teatro, em um festival em Porto Alegre. Eu não vou nem dizer o ano em que ela foi… “O Auto da Compadecida”, era uma peça do Zé Celso (José Celso Martinez Corrêa). Naquela época eu estava na (Escola) Politécnica (da Universidade de São Paulo) e era diretor do grupo de teatro. Na Poli não tinha mulheres, tinha duas alunas só. Uma, nós a obrigamos a virar atriz e, na falta de mulheres atrizes, nós convencemos a Ana Maria, que era secretária do grêmio, também que virasse atriz. Ela está aqui, só que ela que ganhou o prêmio em Porto Alegre.

E a Maitê Proença, que eu conheci muito definidamente na campanha eleitoral, em 1985. Era a campanha da Prefeitura. Eu acompanhei, ao longo dos anos, não apenas o seu trabalho na televisão e no teatro, mas também suas incursões na literatura e na dramaturgia.

Como governador, e como parceiro e apoio às iniciativas do nosso secretário João Sayad, com a compreensão do Luna, que é o secretário do Planejamento, que cuida da despesa no Estado de São Paulo, nós materializamos uma concepção de que atuar na cultura é tão prioritário quanto atuar em outras áreas. Para nós, cultura é educação, é saúde mental, é lazer, é estímulo à visão crítica da realidade e até mesmo um fator geração de empregos – por que não? – seja na atividade artística, seja nas que lhe dão apoio e até no turismo, relacionados com a cultura.
Esse atuar, para nós, não é limitar ou tentar enquadrar, mas é tomar iniciativas, apoiar, incentivar. Propiciar condições para que ela se expresse e se funda com liberdade. Essa tem sido a nossa política e a nossa prática aqui em São Paulo. E eu vou aqui, muito brevemente, citar todas as iniciativas que nós tomamos, ou as principais.

Em consideração à Ana Botafogo, eu começo pela dança. Nós criamos uma companhia de dança em São Paulo, e de boa qualidade, que é a São Paulo Companhia de Dança. Outro dia eu fui a Joinville (Santa Catarina), no Festival Nacional de Ballet, e vi o prestígio e a importância que a nossa companhia adquiriu com 2 anos de existência, entre todas as companhias de dança no Brasil. E logo vamos iniciar a obra – está em fase de projeto – da construção do Teatro da Dança, em frente à Sala São Paulo, na antiga rodoviária. Um complexo com 3 grandes auditórios e muitas salas de aula para balé e de música, e que vai ter cerca de 4 mil alunos por dia, voltados à dança e à música. Cursos gratuitos, fora as atividades que se vai poder abrigar na área da dança, da música, da ópera. Esta é uma iniciativa que não vai ficar materializada no nosso Governo, mas eu considero talvez a que mais vai ter impacto no futuro da dança e da música em São Paulo e, por que não?, impacto importante no nosso País.

No campo do teatro, na próxima semana vai ser lançada a São Paulo Escola de Teatro, voltada à formação de técnicos na área de teatro, não apenas interpretação, mas sonoplastia, cenografia e todas as atividades de apoio. Não há uma escola estadual voltada a isso, vai funcionar na Praça Roosevelt, nós já desapropriamos o prédio. Provisoriamente, a escola vai funcionar lá no Brás ou no Belém, lá pelo Pari, naquela região, provisoriamente, até que a reforma do prédio seja feita. Na verdade, nós descobrimos que o prédio estava vazio, e o pessoal do (grupo teatral) Satyros me disse que ia ser vendido para fazer um hotel. Eu achei que era pouco apropriado um hotel lá, e nós desapropriamos, mesmo porque o dono devia mais da metade do valor do prédio em IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). Então falei com o (prefeito Gilberto) Kassab, que fez a desapropriação. O (Governo do) Estado está fazendo a reforma e vai bancar o funcionamento da escola, que vai ter 500 alunos por ano com bolsas de manutenção, extraídos dos setores mais pobres da populção.

Na semana passada nós lançamos a Escola de Circo do Estado de São Paulo, que funcionará em uma área da antiga FEBEM (Fundação do Bem Estar do Menor), entre Tatuapé e Belém, que vai virar um grande parque. É uma área imensa, e nós reservamos 11 mil metros quadrados lá para fazer a nossa Escola de Circo, em uma parceria com o Centro Nacional de Artes de Circo da França. Essa Escola de Circo na verdade integra uma outra iniciativa nossa, que é a Fábrica de Cultura, voltada aos jovens entre 7 e 19 anos, moradores de regiões de alta vulnerabilidade social. É um programa que contempla 9 unidades de Fábricas de Cultura, onde esses jovens já estão desenvolvendo – pois algumas já estão funcionando – atividades artísticas e culturais. E dá gosto de ver, pelo menos as apresentações que eu vi, já de dança e de canto, etc. Realmente dá gosto de ver, e a gente vê gente com muito talento. Se não fosse essa iniciativa, (muita gente) passaria a vida sem sequer saber que tinha talento para a arte, para a cultura, para a dança, para o canto, para a representação.

Por sinal, hoje, como a Eva Wilma mencionou, a Prefeitura (de São Paulo) inaugurou o Centro de Memória do Circo, que nasce da reunião do acervo de dois dos maiores circos brasileiros: o Nerino, que funcionou de 1913 a (19)64; e o Garcia, que funcionou de 1928 a 2002. E por falar também em memória, a Imprensa Oficial do Estado (de São Paulo) – e todos sabem – edita uma grande coleção para a preservação da memória do cinema, teatro e televisão, a Coleção Aplauso, que lançou o seu 200º exemplar na semana retrasada. Entre os semibiografados, porque não é uma biografia ortodoxa – (entre eles estão) dos nossos homenageados a Eva Wilma, a Maria Adelaide Amaral e o Mauro Mendonça, cujas biografias já foram publicadas na coleção. E, como se vê pelos presentes, ainda está faltando muita gente para participar dessa coleção.
No âmbito das letras, nós criamos uma iniciativa muito boa – permanece clandestina, exceto para o pessoal da área, mas muito boa. Neste ano eu compareci, e fiquei encantado. Essa é uma ideia do (secretário de Estado da Cultura) João Sayad mesmo – que foi a criação, primeiro, do Prêmio São Paulo de Literatura, que dá 2 prêmios no valor de R$ 200 mil cada um. O João acha, e o Lula concordou, que se é para dar prêmio, tem que dar um prêmio que tenha significado. E é ao melhor livro do ano e ao melhor livro de autor estreante. Portanto, são dois prêmios – e o prêmio já foi concedido pela segunda vez. Paralelamente, nós criamos o Festival da Mantiqueira, dirigido à divulgação de obras e autores literários e à formação de escritores. Eu estive agora em São Francisco Xavier, que na verdade é um distrito de São José dos Campos (onde se realiza o festival, que é) um encontro encantador, produtivo, interessante, que veio para ficar como grande festival de São Paulo nessa área.

No campo da música, nós expandimos o Projeto Guri, que foi iniciado no Governo (Mário) Covas, de iniciação musical e formação de orquestra de jovens. As nossas parceiras, agora, nessa atividade, que foi muito expandida, do Projeto Guri, hoje são 60 mil alunos – como diria Nelson Freire: “Imagine o impacto que isso tem” – também grande parte proveniente das áreas mais carentes… E a nossa parceria agora é com a Congregação das Irmãs Marcelinas, que eram nossas parceiras na área da saúde – desde que eu era ministro da Saúde intensificamos muito. Elas tocam vários hospitais aqui em São Paulo, diversas unidades de saúde. Elas são muito talentosas na área da música e (vamos) expandir e fortalecer tremendamente essa parceria. Aliás, o Festival de Campos de Jordão agora são as Irmãs Marcelinas as responsáveis – e no lançamento do próprio festival veio lá uma das irmãs falar junto com as outras personalidades que abriram o festival.

Na área de museus, nós estamos reformando um prédio do (arquiteto) Oscar Niemeyer, no Parque do Ibirapuera, antigo DETRAN (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo). É um dos prédios que tem mais visibilidade em São Paulo. Na verdade, originalmente, era um museu e, na hora de nomear o secretário da Segurança (Pública), estabeleci com clareza que o DETRAN ia sair de lá, porque senão não sairia, sempre há resistências corporativas a isso. E finalmente conseguimos que saísse, e estamos reformando, sem alterar questões básicas, porque os órgãos de preservação do patrimônio, que são absolutamente necessários, essenciais, mas às vezes, são muito chatos – desculpe, João, dizer isso; e desculpe, Kassab, porque o da Prefeitura é mais chato do que o do Estado… E para lá nós vamos levar o Museu de Arte Contemporânea (MAC), que tem o acervo do Ciccillo Matarazzo (o industrial e mecenas Francisco Matarazzo Sobrinho), e é pouco visto na USP (Universidade de São Paulo), inclusive fecha no fim de semana, porque o regime trabalhista é o da universidade, E vai (então) para o prédio do antigo DETRAN, que é o lugar onde deveria realmente o MAC estar e vai estar lá.

Nós conseguimos também criar um outro espaço, no zoológico do Ibirapuera, mas aí é rotativo, no antigo prédio da Prodam, Empresa de Processamento de Dados do Município de São Paulo, que também estava em um prédio construído para ser museu. Quando eu nomeei, quando prefeito, o secretário de Gestão da Prefeitura, que cuida da Prodam, eu disse: “A condição de você ser nomeado é que vai esvaziar aquele prédio. Vocês vão sair de lá para algum lugar”. Eu nem sei direito para onde foram – agora estão construindo um prédio na antiga Cracolândia (região da Estação da Luz, agora denominada Nova Luz) – mas nós ganhamos lá um outro espaço.

Além disso, no ano passado nós incorporamos o Museu AfroBrasil, criado pelo único, indivisível e inimitável Emanoel Araújo, que foi meu secretário, também de Cultura, na Prefeitura (de São Paulo). É um museu que tem o maior acervo sobre arte e cultura negra do mundo. Nos Estados Unidos, que é um país que também teve uma escravatura grande, e tem muitos negros na população, não tem nada semelhante. Esse museu, evidentemente, vivia sempre às vésperas do seu fechamento, por questões financeiras e porque foi criado de uma forma muita voluntarista, e que também se não fosse assim acabaria não saindo. E nós trouxemos para o Estado, passou a ser um museu estadual, portanto, com garantia para o sempre. Sem falar que o próprio Emanoel está doando grande parte do acervo ao Estado, de maneira que aquele acervo será um acervo público.É um museu de grande qualidade, que nós temos muito orgulho. Inclusive, por vezes, quando eu recebo chefes de estado estrangeiros, nós fazemos um coquetel ou uma recepção no próprio Museu AfroBrasil.

No que tange à atividade de fomento, propriamente dita, nós elevamos o montante em dinheiro que fomenta a cultura, de R$ 20 (milhões) para R$ 80 milhões por ano. É um aumento considerável, evidentemente muito aquém daquilo que seria desejável e necessário – mas fizemos um esforço muito grande nessa área. Aliás, não é um critério, mas o orçamento da Secretaria da Cultura está tendo a sua maior participação no orçamento do Estado na história, desde que ela foi criada. Repicamos ainda uma iniciativa que eu comecei quando fui prefeito de São Paulo e que, na verdade, o Gilberto Kassab é que consolidou, que, enfim, deu a forma definitiva, que foi a Virada Cultural. A Virada Cultural aqui da capital foi uma idéia que eu tive. Inicialmente baseado no que eu ouvi falar de coisas de outros países, nós criamos uma única, de 24 horas, que passa toda a noite, que me permite assistir tudo durante a noite, e que leva mais de 3 milhões de pessoas às ruas. Com espetáculos de todo o tipo, de muita qualidade, diga-se de passagem, e mobilizando muita gente do setor.

No Estado, nós levamos a Virada Cultural para o interior, ou melhor, para Municípios do interior, bancando, na verdade, o Estado, financeiramente. Para 20 Municípios para que a atividade, a Virada, possa se consolidar nesses Municípios, de maneira que acabou tendo dois tipos de Virada – a da capital e a do interior, que é feita naturalmente em época diferente, para poder ter a disponibilidade dos artistas.

Ainda na área de museus, nós estamos implantando o Museu da História de São Paulo. São Paulo tem um problema, a meu ver, que é o da falta de memória. (O Estado) cresceu muito depressa, demograficamente teve muitas mudanças e tem outros fenômenos de natureza sociológica. Mas o fato é que há pouca memória a respeito de São Paulo – por isso, inclusive, é que nós começamos a patrocinar livros didáticos, inclusive sobre a história de São Paulo: a Revolução de (19)32, que já foi publicado, a Revolução de (19)24, que o (historiador) José de Souza Martins está fazendo, a republicação de outras obras, memória, depoimentos… Estimo que a FGV (Fundação Getúlio Vargas) faz um vínculo com o Brasil, para São Paulo, número de pessoas a respeito de nossa história, e de suas biografias, e também criando o Museu da História, que vai ser instalado na Casa das Retortas, lá no Parque Dom Pedro.

Em frente à Casa das Retortas, nós criamos – digamos assim, em um sentido amplo – um novo museu, porque no mundo é chamado Museu da Criança. Mas na verdade não é bem um museu, é um espaço de ciência e tecnologia para crianças e adolescentes, embora os adultos se divirtam muito mais – e que é um primor de museu. É muito conhecido pelos que vão, mas ainda não é de conhecimento geral. Eu diria que é dos melhores do mundo para o seu tamanho. É um museu chamado Catavento, no Parque Dom Pedro.

E, finalmente, o Museu do Futebol, que começou quando eu era prefeito.
Eu mesmo, aí no caso, tive a idéia – e tive a ideia, na verdade, mais importante, não foi só do museu, foi de procurar a parceria da Fundação Roberto Marinho. Porque eu havia visto o Museu da Língua Portuguesa, que a fundação fez com o Governo do Estado, e me ocorreu que eles poderiam ser parceiros também no Museu do Futebol, que foi bancado pela Prefeitura e, em parte, pelo Estado. O Gilberto Kassab deu continuidade. Na verdade, ele materializou, e, no final, o Governo do Estado assumiu o Museu do Futebol, que é lá no Pacaembu, e que é uma maravilha. Não é museu para quem não conhece, não é museu que tem bandeirolas e flâmulas – isso daí também tem – ou taças e prêmios, não. É um museu da história social do Brasil e de São Paulo à luz do futebol. É com a última tecnologia em matéria de informática, e que vale a pena, muito, se conhecer.

Até parece que eu estou fazendo uma pregação política, mas na verdade eu fico aflito, porque eu acho que é importante que as pessoas saibam disso tudo, até para conhecer, e até para levar gente para conhecer, até para sugerir e tudo mais. Quero dizer que nós temos isso muito claro: cultura é fundamental, agora não é área para voto. Cultura é área para o futuro. É inútil pensar que isso entra no esquema político eleitoral. É zero, o impacto. Mas no governo nós temos sempre que atuar, eu diria, com um certo estrabismo: um olho no presente, no imediato; e um olho no futuro, sempre. Trabalhar, expandir a cultura – e o apoio do governo à expansão da cultura significa este olho no futuro. Isso, para nós, se desdobra até em outras áreas.

Por exemplo, na área universitária, através da Secretaria de Ensino Superior e da Fundação Padre Anchieta, com o Markun, nós estamos criando uma Universidade Virtual, que já vai começar no ano que vem. Bem feita, não é um negócio que você liga a televisão de vez em quando para ver, não. É uma coisa com materiais, com monitoramento, com tudo. Isso não é na fronteira entre aquilo que é considerado habitualmente cultura e o que é considerado academia. Na verdade, se fundem, são integrantes do mesmo espaço. Mas todas essas coisas, elas fazem bem para São Paulo, fazem bem para o Brasil, e por todos aqueles fatores que eu apontei como positivos, no caso da cultura.

E também eu compartilho com o João Sayad uma tese sobre educação e sobre cultura. Não precisa ter uma finalidade, a pessoa estudar… Eu sou economista, então, eu não tenho nenhuma dificuldade de dissertar a esse respeito: a importância da educação para a economia, etc. e tal. Agora, mas não é isso que justifica. A educação é importante em si, porque o conhecimento é uma condição para a liberdade das pessoas. Quem não conhece é prisioneiro. Essa é a realidade. Isso vale também para a cultura. A cultura, vale a pena tê-la como atividade em si também. Não é só porque desperta a consciência crítica, porque gera emprego, por isso e por aquilo. É também tudo isso, mas também porque é o elemento fundamental da liberdade das pessoas, dos indivíduos, da sociedade. E para essa liberdade que todos nossos homenageados de hoje contribuíram bastante, e por isso, aliás, que merecem a nossa reverência.

Muito obrigado!