Serra homenageia artistas com Ordem do Ipiranga

São Paulo, 22 de junho de 2009

seg, 22/06/2009 - 20h37 | Do Portal do Governo

Queria dar o meu boa noite a todos e a todas. Cumprimentar o nosso vice-governador, Alberto Goldman; o nosso prefeito (de São Paulo) Gilberto Kassab; o secretário da Casa Civil e chanceler da Ordem do Ipiranga, Aloysio Nunes (Ferreira). Os secretários aqui presentes: o que nos falou, José Henrique Reis Lobo (de Relações Institucionais); o secretário dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella; da Justiça e Defesa da Cidadania, Luiz Antonio Marrey; do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin; de Economia e Planejamento, Francisco Vidal Luna; da Casa Militar, coronel (Luiz Massao) Kita; e da Cultura, João Sayad. Saúdo também o dr. Fernando Grella Vieira, que é procurador-geral de Justiça de São Paulo; o deputado federal (Antonio Adolpho) Lobbe Neto. Estão aqui também prefeitos, como (José) Geraldo Garcia, de Salto.

Queria saudar o presidente da Imprensa Oficial do Estado, Hubert Alquéres. Eu creio que, dos homenageados, cinco têm livro na nossa Coleção Aplauso, feita pela Imesp (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo S/A). A Imesp tem um papel cultural aqui em São Paulo muito importante, em diferentes faces. E essa é uma delas – que é a biografia bastante acessível ao grande público de muitos dos nossos homens e mulheres da arte.

Saúdo o Caio Luiz de Carvalho, presidente da SPTuris (São Paulo Turismo). Queria também cumprimentar o dr. Adilson Cesar, presidente do Conselho Estadual de Honraria e Mérito. Os agraciados: a Inezita Barroso, Isaac Karabtchevsky, Beatriz Segall, Emanoel Araújo, Fernanda Montenegro, Lygia Fagundes Telles, Anselmo Duarte, Cauby Peixoto e Franz Krajcberg. Queria também cumprimentar os membros do Corpo Consular, os familiares e amigos dos homenageados, diretores de museus… e a todos e todas.

Bem, eu faço questão de ressaltar inicialmente que todos os homenageados aqui presentes se destacam em sua arte, por marcas individuais de genialidade e de muita contribuição para a arte e a cultura do nosso País. E têm também algumas características em comum, que vale a pena destacar: a sensibilidade aguçada, a criatividade, a capacidade de expressar sentimentos, de expressar preocupações e valores que são compartilhados pela nossa população. Ao longo das suas carreiras, eles acumularam muitos prêmios aqui e lá fora – mas o maior galardão que eles têm hoje, e eu não tenho dúvida, é o reconhecimento, a admiração e o carinho do público em casa. Não há galardão que substitua isso. Em casa, quero dizer no Brasil; em casa, quero dizer entre nós.

E hoje essa admiração, esse carinho e esse reconhecimento se traduzem na outorga da Ordem do Ipiranga, que está sendo feita como homenagem do povo de São Paulo a eles. A Ordem é a mais elevada honraria do Estado de São Paulo, sendo reservada a cidadãs e cidadãos, mesmo estrangeiros, que pelos seus méritos pessoais e serviços de relevância prestados a São Paulo merecem a gratidão dos paulistas. Eu juraria que a Inezita tinha nascido no interior. Não, mas eu fiquei feliz por dois motivos. Primeiro, porque isso é uma forma de mostrar como São Paulo é um Estado integrado e, segundo, pra mostrar que paulistano também tem sensibilidade.

Mas eu queria aproveitar essa ocasião, pelas pessoas que estão reunidas aqui, para dizer o seguinte: para o nosso Governo, a área da Cultura é considerada uma área essencial. (Ela) não aparece tanto. Em geral o Governo está associado a obras, e as obras são fundamentais – e nós estamos fazendo algumas obras como nunca se fez em São Paulo. Mas eu queria sublinhar também a importância das ações que nós temos tido na área da Cultura, seja como continuidade daquilo que recebemos de Governos anteriores, seja como inovação.

Vou me permitir inclusive citar… Mas antes queria sugerir ao Hubert (presidente da Imprensa Oficial do Estado)… Como pauta, Hubert… Tem que fazer um livro sobre o (Franz) Krajcberg, outro sobre o (Isaac) Karabtchevsky, outro sobre o Cauby (Peixoto), outro sobre a Inezita (Barroso) – esse eu não perdôo você já não ter feito -, outro sobre a Tomie (Ohtake) e outro sobre a Lygia (Fagundes Telles), na Coleção Aplauso.

Essa Coleção Aplauso é muito boa. E eu, modestia à parte, pois não tenho nada a ver com a criação – …quando foi criada a coleção? Em 2004, no Governo Alckmin… – eu queria parabenizar o ex-governador por isso. Eu tive uma idéia, que foi a de fazer alguns exemplares com capa dura, para poderem ficar nas bibliotecas das escolas, para terem uma duração maior. O Anselmo Duarte não vai lembrar, mas ele mandou uma carta para mim, que eu tenho guardada, cumprimentando pela iniciativa. Os livros já vão encadernados, já são feitos encadernados, e com isso a garotada tem uma possibilidade de uso muito maior ao longo do tempo, porque o livro (sem capa dura) se deteriora rapidamente.

Começando pela Literatura. Nós criamos um prêmio, que é o Prêmio São Paulo de Literatura em um Festival que é lá na (Serra da) Mantiqueira, em São Francisco Xavier (distrito de São José dos Campos), onde eu estive este ano. É uma iniciativa que veio para ficar, virou um evento cultural até precocemente, porque (este 2009) foi o segundo ano – e já virou um encontro de natureza cultural importante, inclusive, aparentemente, com o maior prêmio que se dá em dinheiro para a Literatura. Não que o Estado seja rico, é que se dá muito pouco prêmio para a Literatura.

Outra iniciativa importante, ainda na área da Cultura, é a nova Biblioteca no Parque da Juventude, que nós estamos instalando. Até na área de circo estamos organizando um festival em Limeira (interior do Estado) e no Parque Tatuapé, no Belenzinho (bairro da Capital). Demos continuidade, e finalmente materializamos, os projetos das Fábricas de Cultura – (no total) nove em áreas da Grande São Paulo de alta vulnerabilidade juvenil. É comovente, além de agradável, ver os espetáculos que têm sido montados por essa garotada a partir do pessoal da Secretaria da Cultura. Elevamos o fomento, de R$ 20 milhões para mais R$ 50 milhões do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), na área cultural.

Na área de museus, estamos nos finalmentes para (o início das) obras que abrigarão (as novas instalações do) Museu de Arte Contemporânea, que (atualmente) está na USP, (onde) é pouco visto. (Ficará) no prédio do antigo Detran, no Ibirapuera, que é (um) prédio (desenhado pelo Oscar) Niemeyer. O prédio vai ser levemente reformado, adaptado, e vai ser um marco cultural na Cidade (de São Paulo), no Estado e no País. Ao mesmo tempo, também estamos trabalhando na organização do Museu de História de São Paulo, que vai ser feito lá na Casa das Retortas – também o projeto está em pleno andamento. É muito importante, num Estado como o nosso, a recuperação da memória É um Estado feito de migrantes e imigrantes. Mas, nas últimas décadas, a aceleração desse processo, e as mudanças de natureza urbana que aconteceram, deixaram um pouco a nossa memória para traz. E a recuperação dessa memória, como fator de identidade, de catalisação, de esforços, de desenvolvimento, é muito importante. E o Museu, sem dúvida nenhuma, vai cumprir esse papel.

E (temos) também o Pavilhão do (Franz) Krajcberg, no Parque do Carmo. É um pavilhão… O Krajcberg fez uma doação enorme de obras, na época, para a Prefeitura ou para o próprio Estado – e, na verdade, as obras (agora) estão à espera do museu. Tivemos problemas incríveis, porque (esse museu) era para ser instalado no Ibirapuera, na (antiga) serraria. É uma coisa… Eu tenho impressão até que… Eu não sei de quem foi a idéia, pode até ter sido minha, mas foi da equipe (de) quando (eu) estava na Prefeitura. E, no entanto, a associação de amigos entre aspas do parque não deixou – e aí (ocorreram) problemas jurídicos, disputas judiciais etc.. Mas finalmente definimos o espaço no Parque do Carmo. Vai ser um ponto de encontro ao mesmo tempo cultural e ambientalista, porque uma parte das obras dele (Krajcberg), a partir de uma fase da vida dele, estão identificadas com o meio ambiente.
E (há ainda) o Museu Afro Brasil, que está passando para o Estado, mediante doação do Emanoel (Araujo). E o Estado fará a manutenção e, enfim, cuidará da parte econômico-financeira do museu. Nós estamos agora em plena transição, é um museu de altíssima qualidade. É um privilégio para o Governo do Estado poder tê-lo como uma de suas peças na área cultural mais importantes.

Na área da dança nós criamos a São Paulo Companhia de Dança, que vai ser abrigada, no futuro, no Teatro da Dança, no (mesmo) lugar da antiga rodoviária (na avenida Duque de Caxias), lá em frente a Sala São Paulo, num prédio que vai receber quatro, cinco mil alunos por dia, não apenas na área da dança, mas também na área da música. Vai ter três auditórios para apresentações, fora as diversas salas e salões para ensaios, para reuniões. Esta vai ser, sem dúvida nenhuma, uma grande marca no futuro das nossas ações na área da cultura.

Adotamos duas iniciativas que foram completadas. Começaram quando eu era prefeito e terminaram quando eu já era governador, em uma obra conjunta com a Prefeitura da Capital, com o (prefeito Gilberto) Kassab. O Museu do Futebol que, sem qualquer oba-oba, é o melhor museu que existe – isso os estrangeiros têm dito. Não há outro no mundo parecido, é um museu que identifica o futebol com a história do nosso País. É algo diferente e ao mesmo tempo muito acessível, não só aos que amam o futebol, como também aos que amam a cultura. E, por outro lado, o Catavento, que é uma espécie… como é chamado internacionalmente, embora o nome seja impróprio… que é o museu da criança. O Catavento, na verdade, é um espaço de ciência e tecnologia interativo para crianças, até adolescentes, que funciona lá no Parque Dom Pedro, no antigo Palácio das Indústrias, antiga Assembleia Legislativa e antiga sede da Prefeitura da Capital.

Isto sem falar da ampliação do Projeto Guri na Grande São Paulo, uma vez que enfatizava mais o trabalho no interior. São mais 15 mil alunos aqui na região da Grande São Paulo tocados, por surpreendente que possa parecer, pelas Irmãs Marcelinas (Congregação das Irmãs de Santa Marcelina), aquelas do mesmo Hospital Santa Marcelina. Elas têm uma bagagem importante na área da música e estão tocando o Projeto Guri por idéia do nosso secretário (da Cultura, João) Sayad. Hoje temos (um total de) 60 mil alunos no Projeto Guri. (E, além disso, temos) a organização do Festival da Canção Brasileira… Enfim, há muitas coisas mais, que eu tenho certeza que estou esquecendo aqui.

Estou esquecendo do peso do elefante… Vocês conhecem a piada do peso do elefante, é para ironizar os economistas. Uma vez chegou um navio com um elefante dentro, em um porto. Ninguém conseguia tirar, fizeram um circo, ninguém conseguia tirar o elefante, e vieram ilusionistas, médicos, de tudo. O elefante não saía do lugar. Aí alguém teve a ideia de chamar um economista. Chamaram o economista e falaram: “Não tem problema nenhum, isso dá para resolver etc”. “Mas como?”. E disse: “Naturalmente, temos que partir de premissas, de hipóteses”. “Mas, quais são as hipóteses?”. “Bem… a primeira é que um elefante não tem peso”.

Ninguém acha mais graça em ironizar economista. Mas o peso do elefante foi a Virada Cultural, na Capital, quando eu era prefeito. Na verdade, a Virada se materializou, se consolidou a partir da segunda, da terceira, na gestão do Kassab – e (fizemos também) a extensão da Virada Cultural para o Estado de São Paulo. Nós já, neste ano, fizemos (a Virada Cultural Paulista) em cerca de vinte cidades, em parceria com as Prefeituras.

Em suma, eu estou aproveitando esta oportunidade para falar de algo que, em geral, costuma ficar de lado. E nós estamos fazendo isso porque a questão da cultura é fundamental. Eu não vou me alongar a respeito da importância (da cultura) para lazer, para formação, para ter mais felicidade. Não precisa também ter um propósito específico. Quem é capaz de absorver produções culturais, e curti-las, fica mais feliz. É uma coisa boa.

Mas também devo dizer que, na verdade, marca de governo que fica é muito mais forte na área da cultura do que nas outras. Porque Metrô, estradas, isso mais ou menos faz parte da obrigação que vai se repetindo ao longo do tempo. Mas as iniciativas na área da cultura dão uma marca maior, quer dizer, se fixam muito mais na memória, representam sinais importantes da nossa história que foram marcados em determinado momento. Porque não dizer que têm também significado político essas iniciativas que nós tomamos. Por si só, (o caráter político) não se justificaria, mas sem dúvida é um complemento importante dessas ações.

Eu estava comentando agora com o Kassab, quando a Inezita (Barroso, cantora, compositora, apresentadora de TV e folclorista homenageada com a Ordem do Ipiranga) disse que nasceu na Barra Funda (bairro de São Paulo), não é Inezita? Você disse que nasceu ou morou na Barra Funda?

Inezita Barroso: Nasci.

Governador José Serra: Nasceu…

Eu vejo no exterior, às vezes em Paris, em Nova Iorque, em Roma, em outras cidades menores… Sempre a gente encontra casas com uma placa dizendo: aqui nasceu fulano, aqui viveu fulano. Desde que comecei na Prefeitura eu quero fazer isso. Na época, com o (Carlos Augusto) Calil, com o Andrea Matarazzo, com o Walter Feldman. Depois eu saí da Prefeitura… e o fato é o seguinte: é que isso até hoje não se fez. Agora eu estava dizendo para o Kassab, e ele nem sabia da ideia. Então, nós combinamos agora, vamos obrigar o pessoal (das nossas administrações) a fazer. Não porque sejam contra, mas porque sempre tem um mas-mas, tem uma dificuldade, uma expectativa, tem que fazer melhor assim, melhor assado…

E nós vamos pegar o endereço de todos os homenageados aqui, que nasceram ou moraram em São Paulo para botar lá a placa. E vai começar pela Inezita, lá na Barra Funda. Portanto, o dia de hoje, aqui, é uma homenagem justa, que vai ser responsável por mais uma iniciativa nossa na área cultural. E, mais uma vez, em parceria com a Prefeitura.