Serra discursa na posse do novo secretário da Educação

Governador: Queria dar o meu boa tarde a todos e a todas nesta posse mais do que ministerial, pela representatividade das pessoas presentes. Queria saudar nosso vice-governador, Alberto Goldman. O […]

seg, 13/04/2009 - 23h00 | Do Portal do Governo

Governador: Queria dar o meu boa tarde a todos e a todas nesta posse mais do que ministerial, pela representatividade das pessoas presentes. Queria saudar nosso vice-governador, Alberto Goldman. O deputado Barros Munhoz, presidente da Assembleia Legislativa (do Estado de São Paulo).

O prefeito (de São Paulo), nosso companheiro Gilberto Kassab. Os reitores da Universidade de São Paulo (USP), Suely Vilela; da Anhembi Morumbi (Universidade Anhembi Morumbi), Gabriel Mário Rodrigues; e Mackenzie (Universidade Presbiteriana Mackenzie), Manassés Fonteles.

Queria saudar também o senador Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB. Os deputados federais Carlos Brandão, do Maranhão; Emanuel Fernandes (de São Paulo); João Almeida, da Bahia; Renato Amary (de São Paulo); Bruno Araújo, de Pernambuco, que é vice-líder do PSDB na Câmara Federal; Edson Aparecido (de São Paulo); Antônio Carlos Pannunzio (de São Paulo); Arnaldo Madeira (de São Paulo); Julio Semeghini (de São Paulo); Sílvio Torres (de São Paulo); Jutahy Magalhães Júnior, da Bahia; Mendes Thame (de São Paulo); Vanderlei Macris (de São Paulo); Duarte Nogueira (de São Paulo); e também o deputado líder do DEM na Câmara Federal, Rodrigo Maia (do Rio de Janeiro).

Os deputados estaduais (de São Paulo) Mauro Bragato, João Caramês, Samuel Moreira, Said Murad, Luciano Batista, Davi Zaia e Célia Leão. Queria saudar muito especialmente o nosso grande prefeito de Imperatriz (MA), Sebastião Madeira. O Luiz Antonio Marrey, secretário da Justiça e Defesa da Cidadania, a quem vai caber, desde logo, implantar a lei dos não-fumantes em lugares fechados. O secretário Aloysio Nunes, da Casa Civil. Claury, do Esporte. Beraldo, de Gestão Pública. Coronel Kita, da Casa Militar. O Vogt, de Ensino Superior. O Luna, de Economia e Planejamento. O Xico Graziano, do Meio Ambiente A Linamara Batistella, do Direito da Pessoa com Deficiência. Geraldo Alckmin, nosso secretário de Desenvolvimento. O Mauro Ricardo (Fazenda). O Rogério Amato (Assistência e Desenvolvimento Social). Dilma Pena, de Energia. O Bruno Caetano, de Comunicação. A Maria Helena, secretária de Estado da Educação, que hoje deixa o cargo. E Paulo Renato, secretário da Educação, que hoje assume o cargo.

Gostaria também de cumprimentar os secretários municipais aqui presentes, através do Alexandre Schneider, nosso secretário municipal da Educação. Os vereadores presentes, os presidentes de sindicatos, instituições, fundações… A todos e a todas.

Eu acho que a Maria Helena, no seu discurso, resumiu bem a tarefa que fica para a frente, a partir do trabalho que ela e sua equipe desenvolveram na Secretaria da Educação. Persistência no trabalho, transparência, paciência – muita, especialmente porque o governador não é paciente, e então o secretário tem que ter paciência acima da média – flexibilidade e continuidade. São esses termos. Ela definiu bem o que vem pela frente, o que é necessário daqui em diante.

O trabalho feito pela Maria Helena e sua equipe, na minha opinião, vai marcar época na história do ensino em São Paulo. Pelo desdobramento de todas aquelas dez metas fixadas e que vêm sendo perseguidas ao longo desses meses, desses praticamente dois anos, e serão até o final do próximo governo. As contribuições que ela fez – ela e a equipe – quanto à avaliação, ao Ler e Escrever (Programa Ler e Escrever), ao bônus, à recuperação dos alunos, formação de professores, diversificação das possibilidades de aprendizagem… Enfim, são coisas que realmente vão marcar época. Até porque algumas, realmente, quebram um pensamento reacionário que existe em Educação no Brasil.

Aliás, na Educação nós temos progressistas e reacionários. Reacionário é aquele que se despreocupa com a sala de aula, só pensa na corporação, é contra a avaliação, faz fogueira com o material docente e discente, e tudo o mais. E progressistas são aqueles que se preocupam com o aprendizado. Se preocupam com a qualidade do aprendizado. Se preocupam com a sala de aula. E se preocupam com a atividade fim da educação, que é educar as pessoas. Como disse muito bem o Paulo (Paulo Renato), hoje o desafio da Educação é muito diferente do que era no passado, quando nós fomos alfabetizados e estudamos. Porque agora nós entramos na época do aprendizado permanente. Do ensino que tem que ser renovado sempre, ao longo da vida. Esse é um requisito da vida moderna.

Eu, pessoalmente, me lembro que meu avô era analfabeto… o meu avô materno… o que não o impediu de organizar toda a sua família. Antigamente, não era tão complicado, e o serviço de formação de mão-de-obra do Sistema S acabava resolvendo o assunto da mão-de-obra qualificada. O mundo de hoje é diferente. O mundo de hoje exige das pessoas um grau de formação mínima, infinitamente maior do que era no passado. E mais ainda: de renovação desse conhecimento que, aliás, a gente está experimentando ao vivo. Cada um de nós, por exemplo, em relação à informática. Eu mesmo tive que aprender, apesar da minha resistência, a mexer em computador. Depois da eleição de 2002 eu ia passar um ano nos Estados Unidos – não tinha outra opção para ter noticias e me corresponder se não fossem os e-mails. Só por causa disso eu aprendi. Por isso que eu insisto com o Aloysio Nunes a aprender antes de ser obrigado. Mas é um exemplo que pode parecer trivial, de como a gente tem que se reciclar em matéria de conhecimento e em matéria de treinamento.

Eu me lembro de quando era ministro da Saúde. Todas as manhãs, o Marcondes, que era um rapaz que trabalhava comigo, levava uma caixa, literalmente um caixão, com recados, 30, 40 recados que eu mandava para lá e para cá. Eu os fazia durante a noite e, às 8 da manhã, ele deixava na mesa das pessoas. Isso acabou na era do e-mail. Se tem um problema, não está andando, basta mandar (um e-mail) para o secretario: “E aí, como é que está tal assunto?” Isso é uma demonstração de como, na verdade, é necessário esse aprendizado permanente, que se renova constantemente. É um grande desafio.

Para mim, a questão fundamental do ensino está na sala de aula. Eu dizia para o Paulo Renato, ontem, e comentava várias vezes com a Maria Helena e toda a equipe dela: em matéria de prédio, merenda, transporte escolar, uniforme e material escolar, a situação no Estado de São Paulo é de boa para excelente. Claro, o Governo do Estado tem 5.200 escolas. Se meio por cento tiver problema, são 26 escolas – 26 escolas dá uma matéria escandalosa a cada duas semanas. Um dia falta água em uma escola, e vem a manchete: “Escola São Paulo não tem água, por isso o aprendizado é baixo”. Porque um dia quebrou o cano da Sabesp não sei onde…. Mas é, do ponto de vista estatístico, desprezível. Tudo aquilo que é de fora da sala de aula está em excelente situação.

Por outro lado, as professoras são simpáticas, esforçadas e os alunos têm muita vontade de aprender. Só que não acontece o aprendizado. Essa é a questão fundamental. Então, nós temos que nos focar na sala de aula. A maioria dos que estão aqui sabem que eu costumo ir dar aulas na quarta série,. Fazia isso na Prefeitura e faço isso no Governo do Estado. Dou aula para a quarta serie, que são alunos de 10 anos, sempre mudando as escolas, nunca na mesma, e acabo ensinado a fazer gráfico e tabela – que é uma coisa que tem começo, meio e fim, e pode ser explicada em uma aula. Aproveito a aula para testar conhecimentos de Aritmética, principalmente tabuada, de leitura de Português e também converso com os alunos.

Mas, chega na hora da tabuada, é raríssimo ter um rendimento razoável nesta matéria. A leitura, com dificuldade… Inclusive porque eu me lembro que quando ia à escola, no primeiro, segundo ano do grupo escolar, todo mundo lia em voz alta, para começar. Havia um hábito que foi se deixando de lado. Havia um programa, mais ou menos organizado. Quando eu cheguei à Prefeitura, verifiquei que uma professora poderia dar o que quisesse. Em vez de dar a história do Brasil, podia dar a história da Mongólia no lugar, que não aconteceria nada. Tudo isso em nome da liberdade, da autonomia…. Por isso, o nosso foco tem que ser o aprendizado, tem que ser a sala de aula.
As melhores coisas feitas na gestão da Maria Helena – e que nós também começamos a fazer na Prefeitura – foram os materiais docentes e discentes, para o professor, para a professora e para os alunos.

Material este, diga-se de passagem, que o Sindicato queimou em praça pública. E queimou de verdade, com fogueira, com tudo. Por quê? Porque isso permite organizar melhor o esquema de aprendizado, sem tirar liberdade nenhuma – até porque outros livros podem ser utilizados, e o material docente e discente pode ser bastante diversificado. Este, realmente, é o nosso foco. Essa é a questão essencial.

Agora, nós temos trabalhado muito, e vamos trabalhar bastante na mudança. No caso da Educação, ela é sempre gradual. Não é uma mudança brusca. O importante, que nós temos feito e vamos continuar fazendo, é inverter o rumo, é fixar um caminho a partir do qual a boa educação possa se desenvolver. Isso nós estamos fazendo no Estado, como fizemos e está sendo feito na Prefeitura da capital, onde, inclusive, alguns indicadores tiveram uma evolução.

O Paulo Renato tem atributos que o qualificam muito, especialmente daquelas premissas que a Maria Helena citou aqui, e que eu repeti, a respeito da persistência, transparência, paciência, flexibilidade e continuidade. Ele lembrou muito bem, foi nomeado pelo Montoro (ex-governador Franco Montoro) exatamente em abril, em 1984 – portanto, há exatamente 25 anos. O Paulo tinha vindo para o Governo como coordenador de Planejamento e Avaliação da Secretaria do Planejamento – eu era o secretário. Posteriormente, foi para a Prodesp, que é a Empresa de Processamento de Dados do Estado, que na época era vinculada ao Planejamento.

Quando ele foi indicado secretário, a imprensa, muitos disseram: “O Serra fez mais um secretário”. Na época eu tinha fama, injusta, de fazer secretário… Fulano caiu, fui eu que derrubei; fulano foi, fui eu que botei… E, na verdade, a idéia de convidar o Paulo para secretário de Educação não foi minha, foi do Montoro, espontaneamente. Ele havia conhecido o Paulo em reuniões que nós fazíamos para discutir questões salariais, porque o Paulo se ocupava delas. Foi idéia do Montoro, muito bem sucedida, diga-se de passagem, e que deu muito certo em São Paulo, no sistema educacional. Foi uma gestão que até hoje é lembrada, a do Montoro.

Depois o Paulo foi para a Unicamp, como reitor da Universidade de Campinas, onde também fez uma gestão brilhante. E, depois, para o Banco Interamericano, onde foi gerente de operações para toda a América Latina, acumulando uma experiência em escala internacional, de natureza administrativa, ligada a projetos de primeira. Posteriormente, foi o coordenador do Programa de Governo do Fernando Henrique, na campanha de 94, e foi o ministro, como ele próprio lembrou – na verdade fui eu que tinha lembrado a ele antes – o ministro mais longevo da Educação que o Brasil já teve. Oito anos. O único que passou na frente foi o Capanema (Gustavo Capanema, ministro da Educação e Saúde Pública de 1934 a 1945). Mas o Capanema foi durante o Estado Novo. Portanto, na fase dos períodos democráticos no Brasil, o Paulo foi o ministro que mais permaneceu à frente da pasta da Educação. Isso já é uma credencial, que se reforça muito com tudo aquilo que ele conquistou na época do governo Fernando Henrique em matéria educacional.

Entre as conquistas, a expansão do ensino médio. Quanto aumentou, Paulo e Maria Helena? Vocês têm de cabeça?. Foi espantoso o crescimento da taxa de participação dos adolescentes no ensino médio… 100%… quer dizer, mais do que duplicou naquele período. Sem falar de todos os avanços naqueles sistemas de avaliação em matéria de sistemas quantitativos, em relação a toda área educacional do nosso País. Portanto, é homem qualificadíssimo, quanto à sua experiência. É um bom executivo. E o Paulo tem uma outra característica que é muito importante: a paciência e a frieza diante de dificuldades, diante de problemas, diante de obstáculos. É um homem sereno – não é que ele seja sereno com tudo na vida – mas ele é sereno no enfrentamento das dificuldades administrativas e políticas que se apresentam no trabalho do governo.

Eu tenho experiência nessa matéria pela convivência na mesma equipe, primeiro como secretário e depois como ministro, no governo do Fernando Henrique. No qual também houve um avanço imenso em matéria de ênfase ao Ensino Fundamental, com a criação do Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério). Eu sou testemunha, porque acompanhei e ajudei, na época, no trabalho que o Paulo fez nessa direção, que melhorou as condições materiais de ensino, do Ensino Fundamental em todo o nosso País. Portanto, é um homem qualificadíssimo para o trabalho que tem pela frente. À paciência, à experiência e às características de bom executivo, ele soma também a lucidez, o que é muito importante. A lucidez, na política, às vezes é um castigo, porque a gente fica antecipando aquilo que vai acontecer, mesmo de ruim. Mas, ao mesmo tempo, é um ingrediente importante, especialmente no quadro de dificuldades. A pior coisa que pode acontecer para quem está na vida pública, para quem está na direção em cargo executivo, é a falta de direção, é a falta de lucidez, a incapacidade de vislumbrar as coisas que estão a caminho, inclusive as dificuldades que estão presentes e que virão.

Portanto, eu tenho certeza de que o Paulo terá um desempenho brilhante à frente da Secretaria da Educação, como teve a Maria Helena, que passa, digamos assim, a tocha no meio da corrida – e continuará nos ajudando com toda sua experiência, com toda a qualificação que ela tem. Quero lembrar que a Maria Helena estreou na vida pública como secretária do José Roberto Magalhães Teixeira em Campinas (Magalhães Teixeira foi prefeito de Campinas em duas gestões). A primeira experiência do Bolsa Escola no Brasil foi criada pela Maria Helena, na época do José Roberto. Em geral, o pessoal fala: Bolsa Escola… a origem foi o José Roberto e o Cristovam Buarque. Só que o Cristovam Buarque foi eleito governador em 95 e… não estou tirando nenhum mérito… mas essa experiência começou em Campinas, se eu não me engano em 93, 94, quando o “Grama” (apelido de José Roberto Magalhães Teixeira) estava na Prefeitura. Portanto, já se podia vislumbrar as características de alguém que enxergava a importância do fortalecimento da família em relação à Educação – porque a questão familiar é crucial no aproveitamento das crianças.

Na verdade, boa parte das pré-condições para uma criança aproveitar bem a escola vem da família. Essa realidade, aliás, é uma das principais dificuldades que nós temos para a melhoria do sistema de ensino, no caso do papel da família, que é vital. Eu me lembro de uma vez em que a Guiomar (Guiomar Namo de Mello, educadora), que está aqui presente, falava sobre isso: a importância de nós trabalharmos especificamente as famílias, para que elas tenham uma performance, um desempenho pró-educação.

Educação, falando uma frase já bastante batida, mas absolutamente verdadeira, começa em casa. Nós temos o dever de estimular para que a casa realmente comece bem nessa matéria. Portanto, hoje é um dia bom para nós. É uma cerimônia muito agradável – pela quantidade de amigos e pela representatividade política que têm – muito boa para São Paulo, muito boa para a educação das nossas crianças.

O Paulo já está, desde o momento que soube que ia ser secretário, se enfronhando em todo o trabalho da Secretaria. Não sei nem se conseguiu, até agora, já ver tudo que vinha sendo encaminhado – que é muita coisa boa e muita coisa difícil, que vinha sendo feita e vai continuar nos próximos dois anos, se Deus quiser, e por muito tempo. Porque são mudanças que vêm para ficar.

Aquilo que ele dizia a respeito do sistema de avaliação, na época foi super combatido. Mesmo aqueles que combatiam, depois não tiveram remédio senão abortar e, aliás, se apresentar como fundadores do sistema. O que não é ruim, não. Mostra, pelo menos, a consolidação de outros procedimentos, e procedimentos novos nessa área.

Muito obrigado de coração a todos e a todas aqui pela presença e boa sorte para a equipe do Paulo Renato – que é a equipe que vinha, que vai continuar e que vai, se Deus quiser, mais adiante poder fazer um balanço tão bom quanto o a Maria Helena apresentou no dia de hoje.