Serra discursa na inauguração do Espaço Catavento

Governador: Queria dar o meu boa tarde a todos e a todas. Cumprimentar a Mônica, presidente do Fundo de Solidariedade. O Alberto Goldman, nosso vice-governador. O governador do Distrito Federal, […]

qui, 26/03/2009 - 23h00 | Do Portal do Governo

Governador: Queria dar o meu boa tarde a todos e a todas. Cumprimentar a Mônica, presidente do Fundo de Solidariedade. O Alberto Goldman, nosso vice-governador. O governador do Distrito Federal, de Brasília, nosso amigo José Arruda, que dá a grande honra da sua presença. Ele veio a São Paulo especialmente para esta inauguração – eu quero agradecer de coração. A Alda Marco Antonio, vice-prefeita da nossa cidade. José Aníbal, líder do PSDB na Câmara Federal. Os deputados estaduais Samuel Moreira, Célia Leão e Said Murad, os secretários de Estado aqui presentes… O da Cultura, o João Sayad, que falou uma coisa certa: eu tenho as prioridades e, dentro das prioridades, tem as prioridades obsessivas. E esta era a primeira prioridade obsessiva, que está agora abrindo caminho para as outras prioridades obsessivas, entre as quais – e isso tem a ver com o João – a mudança do MAC para o Detran, o prédio do antigo Detran, que precisa acontecer logo. A secretária Maria Helena, da Educação, que colaborou muito, não só para fazer o Catavento, como para o seu funcionamento daqui em diante. O secretário da Casa Civil, o Aloysio Nunes Ferreira – a Casa Civil também foi uma parceira fundamental para que os obstáculos múltiplos, dezenas, fossem sendo vencidos. O secretário Luna, do Planejamento, o secretário das Relações Institucionais, José Henrique Reis Lobo, o de Comunicação, Bruno Caetano, o da Gestão Pública, Sidney Beraldo, o do Ensino Superior, Carlos Vogt, e o da Casa Militar, coronel Kita. Quero também, através do Clóvis Carvalho, saudar todos os secretários municipais aqui presentes. E saudar, de maneira muito especial, o Sergio de Freitas, que é presidente do Conselho de Administração do Catavento Cultural e Educacional.

Eu me tornei amigo do Sergio há aproximadamente 24 anos, ou pouco mais, quando eu fui convidado pelo Tancredo Neves para coordenar o plano de governo dele, antes que ele, inclusive, vencesse a eleição no Colégio Eleitoral. Naquela oportunidade, houve uma comissão que eu presidi e o Sergio fazia parte – ficamos amigos desde então. Eu sempre fiquei na marcação dele, para trazê-lo para a vida pública. Quando entrei na Prefeitura, tivemos a idéia do museu ou do Catavento – não chamava assim – que foi dada pela minha filha, Verônica, que infelizmente está viajando e não conseguiu chegar a tempo – mas foi idéia dela. E ocorreu que o Sergio estava deixando o Itaú, a vice-presidência, e eu o chamei para que pudesse se dedicar de corpo e alma a este museu – e ele topou. Ele aceitou na hora. Isso significou o início do nosso trabalho. Nós fomos juntos visitar o Papalote, do México, que é muito menor do que este museu. E depois o Sergio, por conta própria, visitou os principais museus de criança do mundo. Impropriamente, o Catavento é chamado de Museu da Criança. Não é um termo muito próprio, mas é um nome consagrado. Ele recolheu experiências de muitos lugares, de muitos países. Inclusive, chegou à conclusão de que nós poderíamos fazer todo o material aqui no Brasil, nas nossas universidades. E, a partir de então, se dedicou de corpo e alma a este museu.

O Sergio é o principal autor. Alguém a quem eu devo muito, o Governo deve muito, a Prefeitura deve muito mas, acima de tudo, o povo de São Paulo deve muito. O Sergio foi o grande realizador material e intelectual deste museu. E como um bom dirigente na área pública – e ele teve a experiência, foi secretário de Finanças do Olavo Setúbal, na Prefeitura – soube formar uma equipe. Um talento que nenhum grande homem público pode não ter é o de não saber formar uma equipe. Formar equipe na área de governo é 50% do trabalho. E o Sergio soube fazer uma equipe, que eu não vou citar aqui, uma equipe ampla, mas a quem também eu agradeço de coração por todo o trabalho feito. E pelo trabalho que será feito ainda, porque nós estamos inaugurando, mas isso não significa que o trabalho terminou. Muito pelo contrário, há muita coisa ainda para arredondar e muita coisa para ser feita nos próximos anos ,para aprimorar o funcionamento do Catavento.

Queria também cumprimentar o Caio Carvalho, presidente da SPTuris, nossos parceiros permanentes, seja na época da Prefeitura, seja agora no Estado. Grandes parceiros para todas as nossas atividades culturais e de lazer na cidade de São Paulo. Queria saudar os profissionais das áreas de Ciência, Educação e Cultura – e os empresários apoiadores do projeto. Quero dizer também que tudo o que foi feito aqui foi feito basicamente com recursos do governo, recursos públicos. A contribuição privada, se existiu, foi muito pequena. Isso não significa que no futuro não vamos abrir para ela. Vamos abrir. Mas preferimos o caminho mais curto, mais rápido, mais prático, de investir recursos governamentais. Ao contrário do que se pensa, ás vezes, quando se faz algo com a iniciativa privada, termina demorando muito mais. Com todas as exigências, com todos os obstáculos legais ou não legais que se colocam no caminho…

Gostaria de começar a minha fala propriamente dita com uma pergunta: será que é possível existir uma espécie de escola das escolas, na qual desse vontade de se comparecer até nos finais de semana? Essa é a pergunta. E a resposta é: sim. Agora existe aqui no Parque D. Pedro. O que eu quero dizer, de passagem, marcou muito a minha infância. Porque bem aqui ao lado eu freqüentava um imenso parque infantil, enorme, não dava nem para percorrer depressa num dia. Criado pelo Mário de Andrade, era uma maravilha, uma maravilha destruída impiedosamente pelas obras do Minhocão. Foi destruída sem mais… E por aqui eu passava muitas vezes, a pé, me dirigindo ao Mercado Municipal, onde meu pai trabalhava. Algumas vezes com ele e, aí, de madrugada, vínhamos andando aqui pelo parque e passávamos ao lado do que era então a Assembleia Legislativa de São Paulo. A Assembleia, no meu tempo de juventude, funcionava aqui nesse prédio. Foi aqui que ouvi… a primeira vez que eu ouvi os deputados fazerem discursos e tudo mais. Naquela época, discurso tinha importância, porque hoje se faz política com notinha em jornal. Naquela época se fazia com discursos e debates no Legislativo.

Pois bem… o Catavento nós podemos dizer que é uma espécie de escola das escolas. O nome, que foi escolhido pelo Sérgio, é muito apropriado. O Catavento faz girar idéias, emoções, onde tudo aquilo que a humanidade criou, percebeu, sentiu, pode ser percebido, sentido, feito e refeito por professores, por alunos e por toda a família.

Quando visitou o Museu do Futebol, há algumas semanas, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse a mim – e creio que disse à imprensa, em alto e bom som – “este aqui é um museu onde se vive”. Ele disse a respeito do futebol, do Museu do Futebol, que é uma maravilha. Agora, essas palavras, por incrível que pareça, já vinham sendo ditas, já tinham sido ditas pelo grande educador brasileiro, na minha opinião o maior educador que o Brasil já teve, o Anísio Teixeira.

Desde a década de 30, ele dizia: “a escola deve se transformar num centro onde se vive, e não num centro onde se prepara para viver”. A escola é o centro da vida. A vida dentro dela é que é o fator fundamental. E este Palácio das Indústrias, que nos abriga aqui hoje, também passará a ser um lugar onde se vive. E esse aí é o êxito educacional, diga-se de passagem, em alguns museus que nós já conhecemos pelo mundo afora, inclusive, repito, o nosso Museu do Futebol, museu este e o do futebol, interativos, livres e aconchegantes, que venta aprendizado.

Nós fomos buscar o que há de mais atual nesses espaços educacionais do mundo inteiro para construir aqui o Catavento, um local que vai permitir aos professores reinventar o seu trabalho e alunos reiventar o seu talento individual. Pulando de um assunto ao outro, ousando pensar e ousando fazer. A Universidade Cornell, no interior de Nova Iorque, onde aliás eu fiz o meu doutorado em economia… está, como eu disse, no interior de Nova Iorque. Mas possui um campus avançado em Firenze, Florença, na Itália, onde os alunos de economia aprendem a arte do renascimento. Infelizmente, não tinha isso no meu tempo em Cornell. Não vou dizer quando foi para não ficarem mau impressionados com a minha idade. Mas, por quê a universidade fez isso? Um campus em Firenze, para alunos de economia, para arte? Por quê isso? Porque quando o pensamento migra de uma verticalidade de idéias para uma abrangência mais horizontal, mais ele se torna flexível, mais ele se torna criativo diante dos desafios da vida.

Nós não estamos em Florença, apesar da influência obvia arquitetônica neste prédio – e sim num ambiente mais voltado ao ensino básico e fundamental, e que também vale a integração flexível de todos os conhecimentos. Aqui se conta um pouco de tudo, de astronomia a química. Do estudo do corpo humano aos ecossistemas. Isso nos permite voltar a reaprender os sentidos, e não apenas o sentido do olhar – tão presente na nossa sociedade o sentido de olhar… Mas aprender a utilizar também a audição, o tato, o olfato, plenamente, e, principalmente, a força da tradição oral. Transmitir de perto, com palavras, as percepções da vida. O Catavento treinou uma equipe, uma imensa equipe, de monitores, educadores, dezenas deles, para acompanhar professores, pais e alunos neste divertido passeio pelo conhecimento, oferecido nas mais diversas formas de apresentação, para visitantes de qualquer idade, diga-se de passagem.

A gente diz que é para criança, de dois até 17 anos, variando, mas na verdade é para todo mundo. E num país que é dividido entre poucos ricos e muitos pobres, a forma de distribuição de justiça social não pode ser apenas a do assistencialismo. Uma das formas de enriquecimento real que existe é do acesso à educação e à cultura, aos bens da cultura. Digamos assim: bens da cultura educacionalmente burilados. O que permite que as populações marginalizadas possam expandir, de fato, o seu campo de conhecimento, o seu campo de formação, para que então tenham acesso ao mercado de trabalho e à riqueza. Este, aliás, é o sentido de todo nosso trabalho na área educacional, que está revolucionando o sistema educacional no Estado de São Paulo.

O Catavento nasce, na verdade, de uma colheita realizada em diferentes campos do conhecimento. Como eu disse: universo, vida, ciência, sociedade, criando narrativas entre eles, ajudando a desenvolver o talento, despertando cacidades adormecidas, integrando professores, pais e alunos. Essa tem sido a força motriz, aliás, das novas economias: o treinamento, a educação permanente, a ampliação do conhecimento global e, ao mesmo tempo, a revitalização das raízes da nossa cultura.
Com essa realização, São Paulo amplia a forma de promover uma educação pública de qualidade. Este é o nosso propósito fundamental. É um Catavento que gira ao sabor do vento, que se destina a determinar sua velocidade e a sua direção. Entretanto, esse nome, a meu ver, é inseparável do trabalho. Afinal, não é nas novas formas de utilização de energia eólica, produzida pelo vento, que se produz energia? E aqui, nesse espaço cultural das ciências, nós temos tudo para viver as oportunidades que soam ao nosso redor, e pedem para serem transformadas em conhecimento, com energia de sobra. De uma sala a outra, de uma atividade a outra, um local para ver e para rever. Uma escola das escolas, aberta sete dias por semana, para dar gosto de aprender. Uma escola onde nossas cabeças estarão em permanente movimento, ao sabor das novas idéias e das paixões. E, agora, vamos fazer girar o nosso Catavento!

Muito obrigado!