Serra discursa em entrega de clínica para dependentes de álcool e drogas

Modelo será voltado à desintoxicação, mas fora do ambiente de enfermaria hospitalar para o qual essas pessoas costumam ser encaminhadas

sex, 18/12/2009 - 22h34 | Do Portal do Governo

Governador José Serra: Queria dar o meu boa tarde a todos e a todas. Nós viemos hoje aqui para dar início simbólico – porque na verdade já começou – a um convênio da Secretaria (de Estado) da Saúde com o Instituto Bairral de Psiquiatria que abre 105 leitos de internação para dependentes de álcool e de outras drogas. Este é um convênio muito expressivo da prioridade que nós temos dado a isso. Prioridade, além do mais, que aparece em todas as pesquisas como uma das mais caras para toda a população brasileira. É a recuperação daqueles que se tornaram dependentes, um trabalho muito difícil.

Nós temos tomado várias iniciativas:

• um centro de referência para álcool, que inclui também tabaco, no centro da cidade (de São Paulo), no Parque da Luz;

• uma unidade de internação, em Cotia, para adolescentes de 14 a 18 anos, com 30 vagas, com acompanhamento da família e um tempo de tratamento em torno de um ano;

• um convênio com o nosso querido Frei Hans, da Fazenda Esperança, que tem 350 pessoas – jovens, homens, mulheres – sendo tratados com um tempo de tratamento de até dois anos;

• o Hospital Lacan, em São Bernardo do Campo, onde temos 40 homens e mulheres acima de 18 anos;

• o Bairral, de Itapira, onde estamos abrindo 106 leitos;

• as unidades de álcool e drogas de hospitais de vários Municípios do interior de São Paulo, somando 120 leitos;

• no semestre que vem nós vamos inaugurar, em Presidente Prudente, uma unidade com 30 leitos;

• em Campos de Jordão, no Vale do Paraíba, 40 leitos;

• e vamos abrir dois AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades) em São Paulo, para atendimento ambulatorial de natureza psiquiátrica, muito efetivos. Em janeiro, na Vila Maria e, em março, na Lapa.

Isto mostra uma grande prioridade que a gente tem dado à área da Saúde – não é só o tratamento psiquiátrico, mas a recuperação. Eu estava conversando… pena que imprensa não pôde entrar… eu estava conversando com uma menina, que está um ano e meio aqui. Ela disse que já estava a mais tempo, anterior inclusive a este convênio, viciada em crack – e continua ainda internada. Boa parte daqueles para quem eu perguntei, tem o crack ou a cocaína (como dependência), foi praticamente a totalidade.

É um trabalho extraordinário que é feito. E nós dependemos… no Estado e no Brasil se depende, para esse trabalho, de parceiros na sociedade, porque a experiência mostra que a gente não consegue fazer um trabalho efetivo, de recuperação, sem parceiros da sociedade – no caso, os espíritas aqui do Bairral. Além do mais, têm tido os espíritas uma dedicação muito especial com essa área. É preciso ter um plus a mais, não é um trabalho que pode ser feito de maneira impessoal, rotineira. É um trabalho que exige dedicação muito especial, exige muita gente. Aqui são 800 leitos, em geral de psiquiatria. Tem 770 funcionários, é quase um funcionário por leito – isso dá uma ideia do peso que tem a relação humana, e da importância que tem a dedicação.

Nós estamos certos, vamos ter aqui umas das nossas melhores, senão a melhor unidade de recuperação – por isso que eu fiz questão absoluta de aqui comparecer. Aqui também tem uma cooperação técnica com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e com o Dr. Ronaldo Laranjeira (especialista em dependência química), que é responsável pela orientação terapêutica, que é uma grande autoridade, é um parceiro nosso no Estado de São Paulo. Portanto, eu queria aqui me congratular também com a Secretaria (da Saúde) pela iniciativa. Essa é uma orientação que eu dei desde o início do Governo e que, pouco a pouco, a gente vai conseguindo cumprir – e ainda tem que se avançar.

Eu diria o seguinte: nós estamos no fim do começo desse trabalho. Não estamos no começo do começo. Estamos no fim do começo. Ainda há muita coisa a ser feita no Estado de São Paulo que, apesar de tudo, é o Estado que mais desenvolveu este atendimento de recuperação, que é algo que deveria se desdobrar para o conjunto do País. Essa é uma questão… A gente vê vidas desperdiçadas, quantos talentos, quantas pessoas talentosas, jovens que teriam tido sucesso na vida, que têm o seu caminho cortado pela droga. E no caso do crack, então, é devastador, como estavam me explicando, porque o crack provoca, com muita frequência, danos irreversíveis. Ou seja: a recuperação se torna impossível a partir de um certo momento, é pior ainda do que a cocaína. Só sei que também pode provocar danos irreversíveis, mas demora um pouco mais, exige mais tempo e doses maiores.

Portanto, esse trabalho, ele vai ter uma importância específica, mas também como exemplo para que a gente possa multiplicar. E eu queria dizer a vocês que nós estamos abertos para outras parcerias, é só vocês proporem, sendo o núcleo espírita sério, de trabalho responsável, que a gente topa. Está bom?

Muito obrigado!