Serra assina parceria entre a Sabesp e a Companhia de Saneamento de Alagoas

Maceió, 14 de agosto de 2009

sex, 14/08/2009 - 23h00 | Do Portal do Governo

Governador José Serra: Queria dar o meu boa tarde a todos e a todas. Cumprimentar o meu querido amigo – amigo de verdade – Téo Vilela (Teotônio Vilela, governador de Alagoas); o deputado Alberto Sextafeira, líder do Governo na Assembléia Legislativa (do Estado de Alagoas), que representa aqui o presidente da Assembléia; os secretários Marcos Fireman (Infraestrutura), Regis Cavalcante (Trabalho) e Herbert Motta (Saúde), do Estado (de Alagoas); o Mauro Ricardo Costa, nosso secretário da Fazenda em São Paulo; Jessé (Motta), presidente da Casal (Companhia de Saneamento de Alagoas); o Gesner (Oliveira), presidente da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo); o desembargador Antonio Sapucaia, diretor-presidente do DETRAN (Departamento Estadual de Trânsito) de Alagoas. Queria saudar os diretores, técnicos e colaboradores da Casal e os integrantes do Coro Águas que Cantam.

Nós estamos agora aqui fazendo um contrato que é o mais importante que a Sabesp tem feito. Nós já temos esquema de cooperação com vários Estados (e cidades) do Brasil: Santa Catarina, Espírito Santo, Cuiabá, Blumenau, Rio Grande do Sul. Mas este é o mais importante. Na verdade, este é um empreendimento de risco… em termos de que investimento? É diminuir perda de água. Existe no setor público brasileiro uma tradição – falta água, o pessoal quer investir em produzir mais água. Isso é o normal. Está faltando água, precisamos aumentar a captação. A pergunta de que é possível aumentar a oferta de água diminuindo perdas, ela é secundaria no Brasil. Na verdade, as perdas são muito altas. No Brasil – olha que coisa incrível – 40% da água produzida para abastecimento humano e industrial é perdida. Imaginem uma fábrica de automóveis que, de cada dez veículos (produzidos), quatro são perdidos. Imaginem um setor operar desta maneira.

Essa é a média brasileira – aqui em Alagoas é mais alto. Em São Paulo é mais baixo, mas mesmo assim muito alto. Nós encontramos 32% da água perdida (em São Paulo). Hoje deve estar (em) 29%, 27%. No ano que vem vai estar uns 25%, 24%. Quer dizer, nós encontramos mais de 30%, vamos deixar 24% e, ao longo da década, reduzir a 13%. Por quê não zera? Porque é muito difícil, não é trivial a redução de perda de água, senão já estaria tudo resolvido.

Mas esse (contrato da Sabesp e da Casal) é um grande investimento. A essência da colaboração, ela tem várias coisas, mas a essência da nossa cooperação é nesse sentido: diminuir a perda de água e, portanto, oferecer mais água e ter uma oferta mais estável, o que é muito importante para empreendimentos como hotelaria, por exemplo, que precisam ter uma fonte estável, permanente e garantida de abastecimento. É o jogo de somas positivas. Ninguém perde, todo mundo ganha reduzindo as perdas. Num País em que a água não é tão abundante… água é abundante na Amazônia… Por exemplo, em São Paulo nós temos 23% da população brasileira, um terço do PIB (Produto Interno Bruto), e temos menos de 2% da água, não é isso? Menos de 2% da água.

Água é uma coisa escassa, não é só no Nordeste não. Há uma ilusão a esse respeito. Água no Brasil é escassa. Claro que na hora que puser a região Norte fica uma abundancia a toda prova. Mas essa água (da Amazônia) não vem para o Sul nem vai para o Nordeste. Portanto, temos que aprimorar, porque os investimentos aí supõem conhecimento, tecnologia. É uma coisa demorada, inclusive. Eu estive no Japão vendo isso, e vou de novo, porque nós estamos buscando um financiamento bem volumoso, japonês, com juros bons, para continuar investindo nessa área, da perda de água. E é um trabalho de cooperação que nós fazemos. Estamos trabalhando juntos agora, a Sabesp e a Casal. A Casal foi criada quando o pai do Teotônio era vice-governador. Se eu não me engano, foi em 1962. É uma empresa que sofreu muito ao longo dos anos e que nesse governo está atravessando um processo de modernização.

Por outro lado, eu não preciso falar do saneamento, no que se refere à sua importância para a saúde. O saneamento representa anos de vida a mais, e representa melhor qualidade de vida nos anos em que se vive. São duas coisas: o saneamento reduz a mortalidade infantil e o saneamento dá mais qualidade de vida para as pessoas. Por quê? Porque dá uma vida mais saudável. O importante não é só taxa de mortalidade quando a gente olha o sistema de saúde. O importante também é a qualidade de vida. E o saneamento economiza dinheiro, porque o gasto em saúde para combater as doenças que decorrem da falta de saneamento é muito elevado. O saneamento tem um rendimento direto em matéria de bem-estar e de economia – inclusive para os investimentos governamentais.

Nós agora, por exemplo, na Baixada Santista… A Baixada Santista é o grosso do Litoral Sul de São Paulo, que pega a cidade de Santos e várias outras… Elas têm o coeficiente de mortalidade infantil superior à média do Estado. Por quê? Pouco saneamento. Pouca rede de captação e de tratamento de esgoto – e isto eleva a mortalidade. Então nós concentramos… Hoje o maior projeto de saneamento do Brasil está sendo feito na Baixada Santista. Para vocês terem uma ideia, só na Baixada (o investimento) é (de) 1,3 bilhão de reais – só na Baixada, sem contar o Litoral Norte (de São Paulo). Não é um investimento que renda votos, não rende voto proporcionalmente ao que custa, mas é um investimento que rende futuro. Futuro de saúde e de qualidade de vida – e a gente tem a obrigação, no Governo, de fazer as coisas que são de longo prazo também. Porque senão o curto prazo de amanhã vai representar um sacrifício para as pessoas.

Quando eu estava no Ministério da Saúde, nós fortalecemos muito a área de saneamento do Ministério. Inclusive realizamos um programa, que foi o projeto Alvorada de Saneamento, que envolveu 3 bilhões de reais, basicamente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Por coincidência ou não, o Mauro Ricardo, nosso secretário da Fazenda (em São Paulo), era o presidente da Funasa (Fundação Nacional da Saúde), numa época em que a Funasa funcionava direitinho, e organizou esse programa, inclusive por IDH, por Índice de Desenvolvimento Humano. Alagoas recebeu investimentos em todos os Municípios do Estado. Naquela época, a Fundo Perdido, sem muito lero-lero, com rapidez e sem muita propaganda também, porque a gente não era bom em propaganda – mas, modéstia à parte, éramos bons para fazer o investimento acontecer.

Mas ainda nós precisamos investir muito mais. Outro dia eu estive na Bahia conversando com o governador (Jaques Wagner). Ele me deu um quadro muito preocupante a respeito de sua fonte de saneamento, inclusive de água potável do Estado da Bahia. E essa é a prioridade básica. Não tem nada mais prioritário, em matéria de investimento, do que ter água limpa para as pessoas, e do que ter um sistema de esgoto que melhore o meio ambiente onde as pessoas vivem. Portanto, estamos aqui neste trabalho. Esta é uma das cooperações que estamos fazendo com o Estado de Alagoas.

Queria agradecer essa acolhida bastante calorosa, do ponto de vista humano e do ponto de vista também da temperatura. É gostoso chegar numa cidade morninha assim, saindo do frio e da umidade de São Paulo. E é muito mais gostoso estar participando de uma cerimônia como esta que, podem acreditar, é uma cerimônia histórica pelo caminho que abre pela frente.

Muito obrigado!