Serra abre exposição de Matisse na Pinacoteca

São Paulo, 4 de setembro de 2009

sex, 04/09/2009 - 23h00 | Do Portal do Governo

Governador José Serra: Queria cumprimentar o nosso secretário (de Estado) da Cultura, João Sayad; nosso secretário (de Estado José) Henrique Reis Lobo (de Relações Institucionais); saudar o diretor da Pinacoteca (do Estado de São Paulo), Marcelo Araújo; o cônsul da França em São Paulo, Jean- Marc Gravier; o comissário-chefe francês do Ano da França no Brasil, Yves Saint-Geours; e o Danilo dos Santos Miranda, que é o comissário-chefe pelo lado brasileiro. A todos e a todas que já foram mencionados aqui nesta noite…

Os portugueses, quando descobriram o Brasil, fizeram registro civil do nosso País em 1.500. Mas, na verdade, a origem do nome ou batizado foi feito pelos franceses, porque eles substituíram a denominação original do Brasil pelo nome definitivo. Isso foi uma obra dos franceses, chamar o Brasil de Brasil. Chamando assim, difundiram a nova denominação para a Europa e para todo o planeta.

Em 2009 nós estamos comemorando o Ano da França no Brasil, como já tivemos o Ano do Brasil na França. Mas talvez fosse mais justo fazer uma aproximação deste evento com o conceito de longa duração da historiografia francesa. Assim, nós iríamos comemorar agora não apenas o Ano da França no Brasil, mas os mais de 500 anos da França no nosso País – porque não houve praticamente nenhum período sem a presença francesa entre nós.

Das relações entre as duas Nações sempre resultaram benefícios bons para ambas as partes. Bem feitas as contas, talvez tenha sido mais vantajoso ainda para os brasileiros, pela transferência de conhecimentos, pela transmissão de hábitos, de ideias e até dessas coisas tão íntimas dos povos, que são as palavras da sua própria língua.

Dos quase 10 mil vocábulos estrangeiros incorporados ao Português, ao Português falado no Brasil, cerca de 5.400 são de origem francesa. Evidentemente, o inglês está avançando aceleradamente, mas a hegemonia é amplamente francesa. E, como se sabe, palavras não viajam sozinhas – as palavras transportam novos conceitos, novos hábitos, novas visões de mundo.

São muitos os exemplos da influência da França sobre a nossa Terra do Pau Brasil. Mas há dois fatos emblemáticos. Por um lado a Missão Francesa, que no início do século retrasado imprimiu novos rumos à arte e à arquitetura brasileiras. Por outro lado, o grupo de professores que, na primeira metade do século 20, mais especificamente a partir dos anos 30, ajudou a implantar a Universidade de São Paulo (USP), no qual se destacaram gente como Roger Bastide, Fernand Braudel, Claude Lévi-Strauss, nomes da maior grandeza intelectual no mundo, na França e no Brasil

Mas tudo isso começou no século 16 com o comércio do Pau-Brasil, também chamado de Pau-Tinta, matéria-prima indispensável à obtenção do tom vermelho para o tingimento de tecidos. Ou seja: o relacionamento franco-brasileiro se iniciou tendo como base a questão da cor – o que torna ainda mais significativa essa mostra de um pintor que foi um grande mestre no uso do pincel e das cores.

Assim, para nós, é uma satisfação imensa receber (no Estado de São Paulo) a primeira exposição individual de (Henri) Matisse no Brasil. São 80 trabalhos que estabelecem um dialogo entre artistas contemporâneos brasileiros com as obras de Matisse, ressaltando sua atualidade e influência.

Por isso tudo eu tomo até a liberdade de discordar também do título dessa mostra, porque ela é a reafirmação do que… “Matisse Hoje, Matisse Aujourd’hui” é, na verdade, ou deveria ser, “Matisse Sempre, Matisse Toujours”.

Muito obrigado!