Reinauguração da Usina de Andradina

Na ocasião, Serra defendeu a expansãp da produção de energia em seu território

sex, 03/10/2008 - 19h53 | Do Portal do Governo

O Estado de São Paulo vai expandir a produção de energia em seu território. Quem defendeu a iniciativa foi o governador José Serra durante a reinauguração da Termoelétrica-Cogeração de Energia Usina Gasa, nesta sexta-feira, 3, em Andradina. Na ocasião, Serra fez o seguinte pronunciamento.

Governador: Vice-governador Alberto Goldman, que é também secretário de Desenvolvimento do estado. Queria cumprimentar o presidente da Assembléia Legislativa, onde é que ele está? Do lado do Goldman. Nosso deputado Vaz de Lima, que é aqui da região. O deputado Vaz de Lima tem a particularidade de ser de todas as regiões do estado, porque ele sempre tem um primo, um cunhado, uma tia. Você é também dessa região. Rubens Ometo, que é o presidente da Cosan. O Marco Janc, que é o presidente da Única. Nosso secretário da Agricultura João Sampaio. Todos os diretores, colaboradores do Grupo Cosan, funcionários da unidade Gasa. Enfim, queria saudar aqui a todos e a todas.

Bem, vim hoje aqui com muita satisfação conhecer uma unidade de produção de energia termoelétrica a partir da cana. Eu não tenho dúvida de que é um empreendimento muito importante, não só para o nosso estado, para o país, mas também para questão do meio-ambiente, ou seja, a importância não é só econômica, é também ambiental.

Como o Marcos Janc disse, nós já temos uma proporção alta de produção de energia elétrica em São Paulo.O potencial é de cinco mil megawatts. Cinco mil megawatts, quanto é um Porto Primavera? É mais, bem mais do que um porto. Em? 1300, ou seja, seria quase quatro vezes mais uma Usina de Porto Primavera. Portanto, é um investimento, um tipo de atividade cujo desenvolvimento interessa a todos nós. São Paulo é o maior estado, que dá maior incentivo, de longe, ao consumo do etanol. As alíquotas de impostos do ICMS sobre o álcool são da ordem de 25% nos estados vizinhos, inclusive

em São Paulo

é de cerca de 12. Cerca não, é 12.

Estamos desenvolvendo um conjunto de ações em parceria com os produtores. Um exemplo já foi mostrado aqui: a questão da queima da cana para a colheita. Essa questão, é importante entender, é uma questão de natureza ambiental e também econômica, porque a queima, ela implica jogar fora energia para poluir, não é. Numa usina como esta, agora muito mais no futuro, isto vai se transformar em energia, além de proteger o meio-ambiente das regiões onde há queimadas. São Paulo tem 25 milhões de hectares de tamanho, a superfície do estado, e 2,5 milhões, o que nós estimávamos, eram queimados, ou seja, 10% do território, provocando, inclusive, reações municipais, como houve em Limeira e tende a haver nos próprios municípios, das próprias câmaras de vereadores.

Então, chegamos a uma solução de entendimento, que vem funcionando bem graças a Única, graças aquela outra entidade que eu não lembro o nome, em? Orplan, e graças a empresas como a Cosan, que estiveram na frente, digamos, nesse processo. A Cosan é uma empresa imensa, basta dizer que é a terceira maior produtora de açúcar do mundo, estou certo? A segunda maior produtora de álcool e exporta 8% do álcool que o Brasil vende para o resto do mundo, ou seja, de cada 12 mil, mais de um, cerca de um, vem da Cosan, não é pouca coisa.

Agora, nós, no nível do estado, empreendemos ou tomamos uma outra iniciativa, recentemente, que foi a do zoneamento para cana-de-açúcar? Por quê? Porque a informação que a Agricultura e o Meio-Ambiente nos deram é que 7/10 das lavouras no Estado de São Paulo estão ocupadas com cana, metade das terras agricultáveis, exceto a pecuária.

Portanto, é um dado da realidade que exige planejamento. Foi um zoneamento feito no atacado. Agora, a gente vai vendo, porque nada é perfeito quando tomado uma decisão global, macro, como essa para questões localizadas. Mas foi outro passo importante, e estamos programando investimentos, sobretudo em pesquisa nessa área. Nós temos um programa através da Fapesp, que é R$150 milhões. Metade Fapesp, metade empresas privadas. Já temos parcerias fixadas com a Goldini e com a Braskem para efeito da alcoolquímica e com a Goldine, para efeito da extração de cana e de produção do etanol. Ou seja, entra dinheiro público e dinheiro privado, o que mostra o nosso empenho, o nosso interesse.

Vamos fazer, também, um centro de pesquisas de transformação de celulose em etanol, de biomassa em etanol. Vamoscolocar de investimento do estado, diretamente, R$120 milhões em dois anos, sem contar o da Fapesp, que vai mais ou menos por esse montante, e isso vai ser desenvolvido nas três universidades do estado. Vai ser o centro mais importante de São Paulo, do Brasil, da América Latina e um dos mais importantes do mundo nesse assunto. São Paulo tem que estar à frente nessa matéria, porque nós somos os maiores produtores do mundo. Aqui é onde a cana-de-açúcar tem a maior produtividade do planeta por questões de natureza, não apenas da terra, como de clima e temos que corresponder a essa posição de liderança no valor adicionado, ou seja, na pesquisa e no desenvolvimento daquilo que em inglês se diz, dos foreing linkages, dos encadeamentos para diante dessa produção. Está certo? Que a energia elétrica é um caso típico, e vários outros no plano da alcoolquímica também são.

Portanto, vamos investir, essa é uma novidade. Eu já falei outro dia, mas isso está em pleno andamento fazendo junto Fapesp, que é instituição pública, Fapesp fica com uma fração de 1% do nosso ICMS por ano, é uma fortuna, não é, a fundo perdido, voltado a pesquisa. Então, é justo também que uma parte desses recursos vão diretamente para pesquisas aplicada, quer dizer, voltada e de parceria com a indústria, de parceria com os produtores. Eu acho que esta é talvez a coisa mais importante que eu tenho para anunciar nessa área.

Nós criamos uma comissão estadual secretariada pelo professor Goldemberg, de Energia da Biomassa, e estamos, enfim, engajados nesse processo e prezamos muito a parceria que pode vir, não só a que já sendo feita como a que pode vir a ser feita no futuro.

Enfim, são essas as palavras que eu queria transmitir aqui, mas antes, já que eu estou em Andradina, deixa eu falar algumas cosias a respeito de investimentos do governo aqui na região. Nós vamos lançar editais, isso já está decidido, para 13 importantes obras em rodovias da região. A SP-563, em Andradina. Vocêsdevem saber o que é, porque eu não tenho idéia quando vem SP número este, aquele, mas deve ser coisa importante. A SP-18, em Araçatuba, e a SP-461, em Birigui. Sãoinvestimentos de mais de R$120 milhões nessas estradas.Quero dizer também que nas duas primeiras fases do Pró-Vicinais nós contemplamos 49 trechos nesta região. É a região campeã nessa matéria. São 405 kmem investimentos de R$60 milhões, custa caro remodelar vicinais. Só em Andradina, são duas dessas todas da região.

O que nós queremos, inclusive, é nas novas concessões. Essa foi uma inovação que introduzimos nas novas concessões que virão. Marechal Rondon, Raposo Tavares, Ayrton Senna, Carvalho Pinto, Dom Pedro, qual é a quinta? São cinco. Tamoios. Não, não é Tamoios. É que são dois trechos da Rondon. Dois da Rondon, Raposo Tavares, Ayrton Senna, Dom Pedro. As vicinais próximas a essas estradas vão entrar na concessão. Entendeu? De maneira que nós vamos ter a vicinal permanentemente mantida pela concessionária que, para ela, vai custar baratíssimo, que ela já vai ter todo o sistema de manutenção da estrada tronco e na vicinal não vai ter pedágio. Entra como um custo envolvido na concessão. A minha idéia, depois de feitas as concessões, é negociar com as concessionárias que estão em outros lugares para ver se a gente inclui as vicinais. Isso facilitaria. Não resolve, mas facilitaria.

A cooperação que o Marco Janc menciona é muito importante no caso de vicinais, porque os caminhões de cana, me disseram, tem três vezes o peso de um caminhão normal. Eu não consigo entender por que, mas o fato é que tem, talvez pela perecibilidade de cana tenha que transportar um volume muito grande.

Essa cooperação, ela tem sido feita no Estado de São Paulo, mas não é por todo mundo. O que a gente quer é que todo mundo entre nela e precisamos das entidades para isso, porque me refiro não apenas as vicinais que estamos refazendo, estão ficando como novas, mas as vicinais que vamos fazer, que são estradas de terra, hoje, e que também vamos fazer um programa grande, em? E sem falar do programa Melhor Caminho, embora eu ache que a estrada do Melhor Caminho agüenta mais o caminhão pesado do que a estrada asfaltada, porque ela é mais flexível. Em? 300 km do Melhor Caminho aqui na região, não é, eu não sei quem já andou numa estrada do Melhor Caminho. É mais gostoso do que numa estrada asfaltada, porque a aderência é maior e o carro flui, não sai poeira, nada, é uma coisa realmente muito bem feita.

Portanto, esta é uma outra cooperação necessária. Ainda em Andradina, nessa região, nós vamos fazer. Bom, primeiro estamos comprando um acelerador linear para radioterapia lá em Araçatuba, que dá muita reclamação. Aqui, em Araçatuba, nós vamos instalar um AME. O que é um AME? É Ambulatório Médico de Especialidade. 30 especialidade, tem até acupuntura. Eu, pessoalmente, sou doente, paciente de acupuntura, eu faço acupuntura. Não como médico, como receptor da acupuntura.

A idéia é ter 15 mil consultas/mês e cinco mil exames. Com isso, a gente desafoga os hospitais. O sistema hospitalar do SUS em São Pauloé muito bom. O índice de satisfação das pessoas é muito alto. O problema está na entrada e na entrada a obstrução é feita pelos atendimentos que não são hospitalares, que podem ser feitos num consultório, e que sobrecarregam os hospitais por que o pessoal não tem para onde ir.

Este AME, aqui em Andradina, vai resolver o problema de consultas aqui na região. Não vai ter mais demora para ortopedia, por exemplo, que é um suplício. Para neurologia, que não se consegue. Portanto, esses ambulatórios no estado inteiro vão desafogar muito o sistema de saúde. Nós estamos fazendo 40 em cooperação com as prefeituras, apenas na área do prédio, não é, na concessão do prédio e tudo mais, porque o custeio mesmo, que é alto, vai ser bancado pelo estado. Vocês sabem que saúde, o mais barato é o investimento. Um hospital, a gente gasta em custeio em um ou dois anos o que custou para construir e equipar o hospital, não é, o que vale aí é o custeio.

Portanto, Andradina vai ter o seu AME ao lado de Araçatuba. E, finalmente, eu quero lembrar que nós instalamos em Araçatuba uma Fatec, e outra Fatec em Jales, faculdades de tecnologia.

Temos feito, no estado inteiro, parcerias no setor sucroalcooleiro no que se refere à Etecs e Fatecs, escolas técnicas e faculdades de tecnologia, formando mão-de-obra, força de trabalho para esse setor. Estamos inteiramente abertos para todo tipo de parceria aí.

Nós queremos cooperação. Muitas vezes é o equipamento, assistência técnica, não é, para, enfim, para os cursos mesmos que os alunos vão receber. Isso tem uma importância incalculável, não é, porque mão-de-obra qualificada é a condição de tudo no mundo de hoje, já não é mais como antigamente que a mão-de-obra ia se formando, learning by doing, aprendendo fazendo. Isso ainda existe, mas é preciso, hoje, ter, realmente, uma formação prévia, inclusive, técnica e numa Etec, para vocês terem idéia, 80, 85% dos alunos que se formam têm emprego na hora, e é de nível médio.

Numa faculdade de tecnologia, isso eleva para 90%. Esse é o melhor indicador de que nós temos que fazer muito. No nosso governo, a pretensão é duplicar o número de Fatecs, de faculdades de tecnologia, de 26 para 52, e nós já temos 49, ou seja, estamos já cumprindo e meta antes. O que me deixa preocupado, porque depois nós vamos ter prefeito em cima por que ter Fatec, agora, virou sinônimo de status no interior. Então, uma cidade que não tem fica furioso, inclusive Andradina. Não adiante ter perto, o sujeito quer dentro e, em matéria de Etecs, nós estamos com uma programação que vai aumentar 2,5 vezes as disponíveis. De cerca de 70 para 150 mil. É o maior programa do Brasil, nós investimos mais do que o governo federal nesta área só aqui em São Paulo.É um programa coordenado pela secretária do Goldman e que tem como braço executivo o Centro Paula Souza. Centro Paula Souza é do estado, porque, às vezes, aparece Centro Paula Souza e os alunos pensam que alguma tia Paula, muito boazinha, que está fazendo as escolas técnicas e deram nome por causa da rua Paula Souza, lá na Poli. Paula Souza é um engenheiro importante, mas, na verdade, é o estado que banca do começo ao fim e nós esperamos que ao dar esse salto São Paulo vai estar muito mais preparado para continuar na sua posição de vanguarda no desenvolvimento brasileiro, no sucroalcooleiro e nos outros setores.

Quero agradecer ao convite, eu aprendi bastante hoje, aqui. É uma experiência que eu vou transmitir em outros lugares, noutros estados. Muito obrigado.