Protocolo de conduta médica para o SUS

Serra discursou nesta quinta-feira, 18, após anunciar programa de diretrizes médicas

qui, 18/10/2007 - 18h48 | Do Portal do Governo

O governo do Estado de São Paulo iniciou nesta quinta-feira, 18, o mais ousado programa de diretrizes médicas do país. Em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB) e com a Associação Paulista de Medicina (APM), a Secretaria Estadual da Saúde vai criar protocolos clínicos de conduta médica para diversas patologias. Na ocasião, o governador José Serra fez o seguinte pronunciamento.

Queria dar o meu boa tarde a todos e a todas.

Cumprimentar o secretário Luiz Roberto Barradas; o José Luís Gomes do Amaral, que é presidente da AMB; o Jorge Carlos Machado Curi, que é presidente da APM; o Gilberto Natalini, vereador aqui de São Paulo que nos falou, que é o  recordista brasileiro de vasectomias; ele é o médico brasileiro que mais fez vasectomias. Dez mil, não é? Nove? Quantas, afinal? Oito mil e novecentas. Convenhamos … O Eleuses Paiva, que foi presidente da AMB, na maior parte do tempo, quando eu fui ministro da Saúde; os presidentes de sociedades de especialidades; a todos e a todas.

Bem, eu vim aqui hoje mais como uma atitude de homenagem aos médicos no Dia dos Médicos, para assinar um convênio bastante simples. Mas muito importante, para desenvolver o que é chamado aqui programa de diretriz – na verdade, protocolo – para as diferentes especialidades, as diferentes doenças. Isto nós já tínhamos feito na época do Ministério da Saúde com a AMB.

Aliás, tivemos, ao longo daqueles anos, um trabalho estreito de cooperação. Não apenas no que se refere a esses protocolos, mas também em questões  referentes a planos de saúde, às nossas principais campanhas – na época – os mutirões, campanha anti-tabagista, campanha contra a AIDS,  a introdução dos genéricos. A AMB sempre foi nossa parceira nessas lutas e caberia aqui, aliás,  fazer esse agradecimento em meu nome, do Ministério da Saúde da época – do qual aqui está o Enilson, que foi meu braço direito na gestão do Ministério da Saúde.

A AMB sempre foi parceira das ações de saúde no nosso País e isso deve ser reconhecido de maneira muito enfática. E, por outro lado, também assinamos aqui um convênio para instalação do programa de educação médica continuada, objetivando tornar disponíveis aos médicos relatórios de conteúdos científicos, inclusive diretrizes clínicas.

Eu aprendi no Ministério que isso tinha uma importância enorme. Por exemplo, quando nós introduzimos as cirurgias de encolhimento do estômago – Qual é o nome? Como? Bariátrica? Que complicação! Cirurgia bariátrica é encolher o estômago para emagrecer, e é isso. Mas, quando introduzimos dentro do SUS, foi necessário elaborar um protocolo de como é que essa cirurgia deveria ser feita. Inclusive, montar uma equipe que passaria para o Ministério o parecer a respeito de quem poderia fazer no Brasil essa cirurgia. Essas coisas quem está fora da profissão muitas vezes não domina. Mas tem uma importância enorme para o desenvolvimento da qualidade da Medicina no nosso País.

O Natalini disse que eu sou quase médico. Não é fato. Realmente, o meu conhecimento está restrito apenas aos meus problemas. Os meus eu realmente consigo me auto … Não, no meu caso eu conheço todas as doenças. Sei tudo direitinho, o que deve e o que não deve fazer. Mas me permito – embora não seja médico – levantar outras questões que, a meu ver, são importantes para a questão da qualidade da profissão.

Uma delas é a questão de que eu sempre estive próximo da AMB nessa avaliação da proliferação dos cursos de Medicina no Brasil, sem qualidade. Isto não serve ao nosso País.

Essa é uma batalha que, a meu ver, vocês deveriam enfatizar mais. Há muitas faculdades, que nem têm residência clínica, nem têm relação com um hospital. Isso não contribui para melhorar a qualidade da Medicina no nosso País. Essa é uma batalha que tem que ser feita, e o ideal era fixar em algum tipo de solução, algum tipo de encaminhamento. Que poderia ser desde restrições maiores aos cursos. Ou exame, como faz a OAB.

Eu não estou propondo exatamente isso. Estou apenas listando as possibilidades. O exame estilo OAB, no caso de Direito, funciona. Não sei no caso de Medicina. Mas eu acho que a gente tinha que concretizar uma meta e uma proposta que possa condensar as soluções para esse problema, e mobilizar também em torno disso.

Uma outra questão é a da humanização do atendimento médico. Eu me lembro de que no Ministério nós fazíamos pesquisas, e o problema número um que aparecia sempre não é o problema da falta de médicos, que é, aparentemente, o mais freqüente; mas também a questão do atendimento, da humanização do atendimento, que não envolve o médico ou a médica, especificamente.

Envolve todo o sistema, desde a portaria, as condições físicas do local. Todo o pessoal que participa, em algum momento, do atendimento às pessoas, que chegam sempre ao atendimento de saúde mais vulneráveis do que são na vida cotidiana. Eu acho que essa é uma batalha que a gente devia impulsionar e o governo está disposto a investir, digamos, nessa questão.

Mas, como eu disse, hoje é um dia de comemoração. Queria trazer o meu abraço e uma reclamação: não tem médica na diretoria da AMB. Está certo? O que eu via nas faculdades, quando ia fazer palestra, é que tinha mais alunas do que alunos. Hoje as mulheres já são maioria, e no futuro vão ser cada vez mais. Não vou dizer que vai chegar como as enfermeiras, que são 95 %.

O fato é que está crescendo isso, mas ainda não está projetado das entidades de classe. O fato também de que a saúde seja uma atividade cada vez mais feminina é uma boa notícia, para muitas das especialidades. Por outro lado, o Natalini deu aqui um dado muito interessante quando ao exit, o abandono da profissão, que deve ser a mais baixa de todas. Eu mesmo estudei Engenharia e virei economista. É interessante ver.

Eu não tenho os dados com relação às outras profissões, mas tenho certeza de que a Medicina tem maior adesão ao longo da vida. Realmente, eu não conheço ex-médico, só o Antônio Carlos Magalhães e o Juscelino, mas o Juscelino ainda tinha exercido a profissão durante um bom tempo. Essa é uma demonstração, aliás, positiva a respeito da dedicação e da transformação da profissão em um compromisso de vida.

E é por isso que eu quero parabenizá-los.

Muito obrigado.