Governador fala em inauguração de fábrica participante do Pró-Trator

Governador José Serra: Queria dar o meu boa tarde a todos e a todas. O essencial aqui foi dito a respeito da importância deste investimento. E eu tenho sempre uma satisfação muito especial […]

ter, 02/03/2010 - 19h25 | Do Portal do Governo

Governador José Serra: Queria dar o meu boa tarde a todos e a todas. O essencial aqui foi dito a respeito da importância deste investimento. E eu tenho sempre uma satisfação muito especial de acompanhar o desenvolvimento industrial do nosso Estado e do nosso País. Muitas vezes se desenvolvem teorias de que o Brasil venha a ser um País primário, exportador, como era no passado – exporta commodities, matérias-primas, alimentos – e com isso cresce. Ou então, de que o moderno agora, o chique, é a economia de serviços. Mas ambas teses estão erradas, são falaciosas. Nós não vamos conseguir gerar os empregos que um País de 180 milhões de habitantes… e que ainda tem uma grande parte da sua força de trabalho sub-empregada, quando não desempregada…- que este País ofereça os empregos que a população necessita, sem indústria. Da mesma maneira, o setor de serviços pode ser importante em uma economia pequena, que vira um paraíso fiscal ou que se especializa em algumas questões modernas de serviço de telecomunicações e tudo o mais. Mas não para um País continental do tamanho do Brasil. A indústria é e continuará sendo fundamental para o nosso desenvolvimento. 

Eu, pessoalmente, tenho uma identificação com a indústria na minha origem, porque sou de um bairro operário, morava em uma vila operária. Meu pai não era operário, era um pequeno comerciante de frutas, mas todos os meus colegas – e praticamente toda aquela vila – eram trabalhadores, lá do bairro da Mooca, da Metalúrgica Matarazzo e outras indústrias do bairro. Vivi, morei em uma casa que era pegada em uma fábrica, e tinha caldeira vibrando dia e noite. Quando desligavam a caldeira eu não conseguia dormir, estava acostumado com o barulho. De maneira que, na origem, também para mim, a questão da indústria está muito associada à minha infância e ao meu desenvolvimento.

Eu fico muito contende sempre que a gente dá um passo adiante nessa matéria. Aqui vai ser 1 bilhão de reais de investimentos que vão sendo completados. Como foi dito aqui, são 6 mil empregos diretos e indiretos. A maior planta da Fiat New Holland no mundo é a de Sorocaba, e eu tenho certeza que vai ser também a mais eficiente, do ponto de vista físico.

O Governo do Estado (de São Paulo) cooperou para esse investimento. Acredito, segundo os diretores da FIAT, que foi decisivo. Nós incluímos este programa no Programa Pró-veículos do Estado de São Paulo, que utiliza os créditos acumulados do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Na totalidade serão utilizados créditos aqui da ordem de 117 milhões de reais. Já foram utilizados cerca de 47 milhões de reais para esse investimento. É um incentivo fundamental que o Governo do Estado deu aqui. Um incentivo direto. Mas é interessante também mencionar que nós demos incentivos indiretos. Não é só na infraestrutura viária para Sorocaba, que ainda precisa receber mais investimentos. Mas também na formação de recursos humanos. 

Nós temos aqui duas Escolas Técnicas do Centro Paula Souza (ETECs), que é o braço do Estado no Ensino Técnico e Tecnológico (gratuito), e temos uma Faculdade de Tecnologia (FATEC). As ETECs formam alunos que, em geral, estão no Ensino Médio. Um ano e meio de curso, ganham uma profissão. E as FATECs formam tecnólogos de nível superior, com 3 anos de altíssima especialização. E essas ETECs e a FATEC formam alunos em mecatrônica, eletrônica, mecânica e desenvolvimento de sistemas, apoiando o desenvolvimento industrial da região de Sorocaba e desta empresa. É um programa que nós desenvolvemos em todo o Estado de São Paulo. Basta dizer que estamos aumentando em duas vezes e meia os alunos das Escolas Técnicas e duplicando o número de Faculdades de Tecnologia. Encontramos 26 e vamos deixar mais de 52.

Este é o apoio indireto que, por um lado, abre oportunidades de emprego produtivo, bem remunerado para a juventude e, do outro, alavanca o desenvolvimento do nosso Estado e do Brasil. Temos um outro programa que é interessante mencionar, que é o programa chamado Pró-Trator, que não envolve diretamente esta fábrica, mas envolve a New Holland em Curitiba, que é uma das 6 integrantes do nosso programa. O Pró-Trator financia tratores de até 120 cavalos. Isto para produtores que têm até 400 mil reais de faturamento e 80% sendo da Agricultura.

Nós montamos um programa que alavanca ainda mais o do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o Moderfrota, que vende há muitos anos, e que vocês inclusive recentemente reduziram ainda mais o juro, que foi fundamental para o desenvolvimento da indústria e para a modernização da Agricultura. O Pró-Trator financia esses tratores em 5 anos, pode chegar até 3 de carência, e o Governo paga os juros de maneira que o juro é zero. Nós já temos inscritos 4 mil agricultores, 1.400 já foram liberados, 2.500 já estão aprovados. Eu, quando fizemos o programa, fui verificar de onde vinham os tratores. Verifiquei que vêm principalmente do Paraná e do Rio Grande do Sul, esse tipo de trator. Inclusive a New Holland, que é associada a esse projeto do Estado, é uma das 6 produtoras que participam do projeto. E tem mais uma coisa: como é o Estado o instrumento de compra, nós conseguimos um desconto de 20%. Quando eu digo que participam do programa, é porque topam fazer uma redução do preço de compra da ordem de 20%. 

Então, o pequeno agricultor pode comprar com 5 anos, segundo as condições, até 3 de carência, sem juros e até 20% mais barato. Isso impulsiona a produção industrial – e impulsiona a modernização agrícola lá do pequeno e médio agricultor. Mas eu não preciso me alongar sobre a importância que tem todo esse setor automotivo, chamemos assim, dentro da economia brasileira. Ele vem vindo muito bem, é um setor que se modernizou. Eu, pessoalmente, participei dessa modernização em 1995, quando muitas fábricas, inclusive a Ford, estavam para deixar o Brasil, em função da valorização cambial, em função dos juros, em função da retirada de tarifas.

Nós fizemos um programa de modernização que impulsionou bastante o setor, e ele veio se expandido em condições de muito boa qualidade e de boa produtividade. Nos preocupa hoje em dia – é uma preocupação compartilhada pelo ministro Miguel Jorge (do Desenvolvimento) – a questão das exportações do setor. No ano passado nós tivemos um déficit de 3 bilhões e 700 milhões de reais nessa área, incluindo autopeças. E é importante que a indústria se desenvolva também exportando, não apenas atendendo – embora seja o seu motor principal – o mercado interno. É uma preocupação que nós partilhamos com o Governo Federal, e estamos dispostos a apoiar medidas que produzam uma inversão, uma inflexão nessa tendência. 

Quero dizer que, em relação à crise econômica, o Governo Federal atuou corretamente nas reduções de impostos e nas ações do BNDES para impulsionar a nossa economia. E que aqui de São Paulo nós cooperamos com isso quando tínhamos a Nossa Caixa com margens de crédito elevadas, não só para compra de automóveis como também para todo o sindicato de máquinas (Sindicato Nacional da Indústria de Máquinas – Sindimaq), todas as empresas representadas no sindicato de máquinas. E, por outro lado, conseguimos manter um nível de investimentos, em 2009, que foi o mais elevado da nossa história por parte do Governo do Estado, que ajudou, e muito, a manutenção do nível de emprego e de ocupação em todo o território paulista.

Por último, quero mencionar uma questão relacionada com Sorocaba. Na origem, Sorocaba era uma região e uma cidade, um povoado, que ligava o Sul com o Sudeste do Brasil. Aqui havia anualmente um evento chamado Feira de Burros de Sorocaba, que era onde era feita a grande comercialização de burros no Brasil. Os burros da época são as máquinas de hoje. É interessante que Sorocaba foi um centro de comercialização daquele que era o instrumento básico da Agricultura da época colonial, e logo nos anos posteriores, para agora ser um centro novamente das máquinas para a Agricultura, agora as máquinas de alta tecnologia. É a vocação – viu, Vitor Lippi (prefeito de Sorocaba)… A vocação é Sorocaba apoiar o investimento na Agricultura, nas épocas primitivas com os animais, nas épocas modernas com o que tem de mais avançado na tecnologia.

Sorocaba é a cidade que mais se industrializou em São Paulo dos anos 90 para cá. Basta dizer que o emprego aqui aumentou em 65 mil pessoas nos últimos 10 anos. É uma cidade de progresso, que arrasta toda esta região. Um motivo de orgulho para São Paulo e um motivo de orgulho para o nosso País. 

Muito obrigado! E um grande abraço a todos e a todas.