Governador enfatiza ampliação do ensino técnico no aniversário de 40 anos do Centro Paula Souza

São Paulo, 17 de setembro de 2009

sex, 18/09/2009 - 19h47 | Do Portal do Governo

Governador José Serra: Queria cumprimentar a todos e a todas. Saudar nosso vice-governador Alberto Goldman, que foi secretário de Desenvolvimento (do Estado); o nosso ex-governador, e atualmente secretário de Desenvolvimento (do Estado), Geraldo Alckmin. Queria cumprimentar também os secretários (estaduais) aqui presentes: o Sidney Beraldo (da Gestão Pública), o Paulo Renato (de Souza, da Educação), o Carlos Vogt (de Ensino Superior), a Rita Passos, que é nossa secretária de Assistência e Desenvolvimento Social. Queria cumprimentar também os deputados aqui presentes: os (federais) Antonio Carlos Pannunzio – como disse o (Geraldo) Alckmin, oriundo do sistema Paula Souza, da primeira unidade, que era de Sorocaba – o William Woo, Júlio Semeghini, o Silvio Torres e a deputada (estadual) Célia Leão. Queria cumprimentar aqui, através do Marcos Monteiro, que é secretário-adjunto de Gestão, e foi superintendente do Centro (Paula Souza), a todos os superintendentes aqui presentes. Saudar também a diretoria, os funcionários do Centro Paula Souza, os prefeitos que aqui vieram e a nossa Laura Laganá, atual (diretora) superintendente (do Centro Paula Souza), que tem sido um fator fundamental para o sucesso desta verdadeira revolução que nós temos feito, nos últimos anos, com relação à expansão do ensino técnico e tecnológico (gratuito) em São Paulo.

O mais importante é que realmente nós fixamos uma meta ambiciosa. Eu me lembro que estava numa casa que servia para reuniões de campanha e para discussões a respeito de programa de campanha quando, numa reunião, eu disse: “Qual é o número de FATECs (Faculdades de Tecnologia) que nós temos? Temos 26, vão estar em funcionamento até o fim do ano”. Até aquele momento nem tinha 26, caminhava para em 2006 completar esse número. Eu falei: “Então vamos botar no programa duplicar as FATECs” – e (foi) uma espécie de intuição a respeito da possibilidade de fazê-lo. Hoje nós atingimos 90% dessa meta.

Com relação ao ensino técnico, as metas também eram até mais ambiciosas – naturalmente, mais difícil, porque é mais fácil crescer quando se parte de um nível mais modesto, e já havia um número substancial de alunos de escolas técnicas. Mas as duas coisas deram certo. Deram certo graças a uma espécie de obsessão, não apenas minha – que sou bastante obsessivo, precisaria até tomar remédio para às vezes segurar a obsessividade – mas uma obsessividade que foi do Governo, de todo o nosso time, inclusive das próprias Secretarias de (Economia e) Planejamento e da Fazenda, que sempre foram muito cooperativas na procura de recursos para essa expansão.

O orçamento deve ter aumentado de quanto pra quanto? Pois é, elevamos para mais de 1 bilhão de reais um orçamento que era da ordem de 300 milhões (de reais), num período curto, relativamente, de praticamente menos de três anos, com a consciência de que estamos fazendo uma coisa certa. Certa para a nossa juventude, que passa a ter um horizonte de oportunidades muito mais amplo. Eu fico sempre com o coração cortado quando vejo alunos… já tive casos na minha família… alunos de Direito, a família paga o curso numa faculdade particular, a garotada estuda, às vezes de noite ou de dia, termina e não passa no exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). 80% dos alunos que se formam em Direito não conseguem exercer a profissão de advogado porque não passam no exame da OAB, que é um exame pertinente, correto, bem feito. Este é um exemplo de tremendo desperdício. Eu sempre fui a favor de oferecer oportunidades de ensino profissional pré-universitário, porque ele não fecha o caminho da universidade. Pelo contrário, abre um horizonte maior, os jovens passam a ter uma ideia mais clara a respeito do que querem na vida.

E houve, durante muito tempo, na área da Educação, um certo preconceito com relação ao chamado ensino profissionalizante. Eu assisti esse preconceito se desenvolver, não vou nem entrar aqui na análise das conseqüências que provocou. Mas houve um preconceito muito grande na área educacional a esse respeito, de maneira muito equivocada. Quando a gente vê experiências de outros países bem-sucedidos em matéria de desenvolvimento material, como é o caso da Alemanha, nós constatamos o peso que o ensino… que proporciona uma profissão antes mesmo da universidade – tem um papel chave nesse desenvolvimento.

E, por outro lado, as FATECs, na minha opinião, são um achado. Um achado porque são cursos menores, mais concentrados, altamente especializados e mais baratos também. Nós inauguramos uma FATEC em Barueri há menos de um mês, que a Prefeitura proporcionou o prédio – é uma Prefeitura mais rica do que a média do Estado, um belo prédio – e o custo por aluno vai ser da ordem 4 mil reais, de 4 mil reais por ano. Para vocês terem uma ideia, nas universidades estaduais, na USP (Universidade de São Paulo), por exemplo, o custo por aluno vai de 25 (mil reais) a 40 mil (reais) por ano, dependendo se introduz ou não pós-graduação no cálculo. Este não é um critério economicista, mas é óbvio que se eu posso proporcionar um ensino de grande qualidade, que assegura emprego para 9 em cada 10 que se formam, a esse custo, eu tenho perfeita condição de expandir muito mais a oferta de oportunidades para os nossos jovens. Quer dizer: economizar não é para pôr notatividade; economizar é para intensificar ainda mais essa atividade.

Mas, eu dizia: abertura de oportunidades de vida para a nossa juventude, que é a coisa fundamental no Brasil de hoje e, por outro lado, também alavancar o desenvolvimento de São Paulo, porque nós passamos a ter um contingente de força de trabalho qualificada cada vez mais preparado. E, nesse sentido, eu quero insistir num ponto: nós nunca podemos perder o padrão de qualidade, o padrão de qualidade do ensino da Paula Souza. Isto é fundamental porque… E foi objeto também da nossa preocupação inicial: será que o Centro tinha a possibilidade administrativa e pedagógica de sofrer uma expansão como a que sofreu? Na verdade, tinha e está demonstrado que isso funcionou.

O outro grande desafio foi acelerar a implantação. Não basta ter dinheiro, eu preciso ter os prédios, eu preciso ter as instalações. E aí tivemos também uma aliança muito importante com as Prefeituras, porque na grande maioria dos casos as Prefeituras têm proporcionado o terreno ou o prédio, dependendo da sua condição financeira. E isso ajuda, envolve também a Prefeitura, envolve o Município no assunto do ensino (técnico), porque ele se sente co-participante.

Toda essa expansão só gerou um problema. Antes, a moda era, para a grande maioria dos prefeitos, querer campus da UNESP (Universidade Estadual Paulista). Prestígio era ter campus na UNESP – ou, (para) quem tinha campus da UNESP, expandir o campus da UNESP, tem que expandir o campus da UNESP. Agora, ter uma FATEC e ter uma ETEC já dão até de barato. Isso é natural dentro da política. Mas, ao mesmo tempo, mostra o prestígio que a instituição ganha, a ponto de substituir a demanda por ter mais UNESP. Não que não queiram mais UNESP, evidente. Mas, de toda maneira, se preencheu, digamos, um outro tipo de expectativa em todo o nosso interior, com a ideia do ensino técnico e do ensino tecnológico.

E nós estamos reforçando também uma área muito fundamental, que é a área da Grande São Paulo. A Grande São Paulo devia ter 13% de todo o Centro Paula Souza. Por isso, é onde está crescendo mais agora. Não é que não está crescendo no interior, mas é onde nós estamos dando um impulso maior. Não é por coincidência, aliás, que a Grande São Paulo é onde está concentrado o desemprego, e, principalmente, o desemprego dos jovens. E é a região mais difícil de São Paulo. São Paulo tem duas macrorregiões: o interior, inclusive o litoral, e a Grande São Paulo. Cada um tem metade da população. Os grandes desafios sociais que nós temos são na área da Grande São Paulo. No interior, a prosperidade chegou e vai continuar chegando de maneira muito mais fácil do que nessa região (da Grande São Paulo).

Então, esse é outro critério importante que nós estamos preenchendo por toda a região. Eu já nem me lembro, não seria capaz de dizer aqui todas as cidades, nós estamos multiplicando FATECs, ETECs, inclusive nos CEUs (Centros Educacionais Unificados) na Capital. Junto com isso, como já se sublinhou, tem também o curso Teletec, que vai agora entrando em outros Estados. Mas tem também outras coisas que o Estado está fazendo. que não são inclusive da área da Paula Souza. Por exemplo: na área da Medicina, na área de técnicos de enfermagem… Para vocês terem uma idéia, nós organizamos agora um curso que, em três anos, vai formar 100 mil técnicos de enfermagem, 100 mil no Estado de São Paulo, 100 mil não é pouca coisa. Isso vai proporcionar um salto no sistema de Saúde incrível no nosso Estado e acaba beneficiando o Brasil no seu conjunto.

E, para que se tenha uma ideia, quando eu era ministro da Saúde, nós fizemos um programa para formar 200 mil auxiliares de enfermagem – e as metas foram, inclusive, ultrapassadas. Conseguimos isso com dinheiro do Banco Interamericano (de Desenvolvimento), mil dólares por aluno, e incluímos também um pessoal da área privada. Como também o curso de técnico de enfermagem não é exclusivo para quem trabalha na área pública, porque na área da Saúde acaba tudo se transmitindo, quem trabalha na área privada também trabalha na pública – e nós melhoramos o sistema no seu conjunto.

Estou dando esse exemplo para mostrar a importância que nós atribuímos a esse tipo de formação. Eu me lembro, em meados dos anos (19)80, quando fiz um par de cirurgias num hospital aqui de São Paulo, um hospital bom, de grande qualidade, não tinha… o atendimento nos quartos era feito por atendentes, que é o eufemismo para gente que não tinha nenhum estudo. Chamava atendente, mas não tinha nenhum estudo… às vezes até com talento, com vocação, mas não tinha base nenhuma. Na verdade, a ideia do curso nacional de auxiliar de enfermagem minha veio daí, porque era uma situação sem cabimento. Isso se multiplica por todas as áreas.

Quantas e quantas pessoas acabam adquirindo sua formação técnica trabalhando numa empresa, sem uma formação prévia? O que nós estamos fazendo é aumentar a oferta de gente já previamente qualificada. Daí, inclusive, o apoio que as empresas também têm dado, quando é pertinente, no caso do funcionamento, dos equipamentos, palestras e tudo o mais em toda a nossa rede. Portanto, esta foi uma meta ambiciosa que, graças a Deus, deu certo e vai ser mais do que ultrapassada até o final do ano que vem.

Nós também, paralelamente, como requisito para que o programa funcionasse, nós fizemos uma chamada reestruturação de carreira dentro de todo o Centro Paula Souza. Reestruturação de carreira é um eufemismo para dizer aumento salarial. Toda vez que tem alguém que fala carreira, na verdade, fala “eu quero aumento salarial”. Em vez de falar aumento salarial, fala-se carreira. Mas nós fizemos um plano de expansão que prevê triplicar o número de docentes e de auxiliares de docência, e duplicar o pessoal administrativo, o que também é um indicador de aumento de produtividade, porque aumentará 50% a produtividade do pessoal administrativo. Porque se eu triplico um e duplico outro, mantendo o mesmo padrão de funcionamento, significa que eu estou com um padrão administrativo mais eficiente.

Enfim, eu quero dizer que para mim hoje é um dia muito feliz. Realmente estou muito satisfeito e tenho só duas infelicidades num dia como este. Primeiro, porque embora eu tivesse estudado Engenharia, acabei não me formando. Eu não virei um técnico e depois acabei indo para a Economia. E quando cheguei ao Brasil, depois de 14 anos de exílio, eu fui dar uma olhada na antiga (Escola) Politécnica (da USP) e vi que tinha lá o Centro Paula Souza e me deu um certo ciúmes de ver aqueles prédios onde eu tinha estudado com outra coisa que eu não sabia do que se tratava. E, eu digo, a infelicidade é que, de fato, eu nunca consegui me formar na área de Engenharia, porque no exterior acabei estudando Economia.

 Bem, é isso. Queria, então, dizer que eu compartilho com todos aqui, com todas, esta nossa noite aqui de comemoração e de alegria. Nossas metas certamente vão ser ultrapassadas… que os prefeitos não ouçam, porque dizer que a meta é 52 é uma maneira de encerrar o assunto. Se o sujeito perceber que pode ter mais é… inegavelmente… a demanda crescerá. Mas nós vamos ultrapassar essas metas para o bem do nosso Estado e da nossa juventude – e do nosso futuro.

Muito obrigado!