Governador discursa no evento que dá início às obras do Complexo Cultural – Teatro da Dança

Governador José Serra: Queria dar meu boa tarde a todos e a todas. Este é um lugar histórico em São Paulo, porque aqui era a Estação Rodoviária, criada pelo Carlos […]

ter, 23/03/2010 - 20h30 | Do Portal do Governo

Governador José Serra: Queria dar meu boa tarde a todos e a todas. Este é um lugar histórico em São Paulo, porque aqui era a Estação Rodoviária, criada pelo Carlos Caldeira e o Octavio Frias (de Oliveira, empresários proprietários da Folha de S. Paulo), e que permaneceu durante décadas. Eu sou tão antigo que eu vi a estação rodoviária nascer, porque antigamente São Paulo não tinha, (a “rodoviária”) era na avenida Ipiranga, era em diferentes lugares que os ônibus chegavam. Depois foi feita uma outra rodoviária e teve alguns usos aí no meio, não sei, mas ultimamente era um shopping, inclusive interditado. E nós fizemos a desapropriação, exatamente em frente à Sala São Paulo, a desapropriação do shopping e do que tem do lado também, porque a área será bastante maior. E vai implicar também revitalização da praça Santa Isabel. Enfim, vai haver uma obra urbana aqui no entorno.

A altura do Teatro da Dança vai ser a mesma da estação ou da Sala São Paulo: 23 metros, a compor dentro da praça. E vai, na verdade, completar o maior pólo cultural, não só do Brasil, como da América Latina. Aqui nós temos o Museu de Arte Sacra, o Museu da Língua Portuguesa, a Pinacoteca, a Estação Pinacoteca, a Sala São Paulo, o Palácio dos Campos Elíseos, que já tem uma parte recuperada e deve ser concluído ainda neste ano, a recuperação, o Parque da Luz, a escola Tom Jobim, e o Teatro da Dança. E (tem também) a São Paulo Companhia de Dança, e o Museu da Energia (de São Paulo, mantido pela Fundação Energia e Saneamento, com o apoio das empresas AES Eletropaulo, ISA CTEEP, Sabesp e Cesp).Ainda há o TAIB, que era o Teatro de Arte Israelita Brasileiro, que nós negociamos em uma certa circunstancia até para trazer e reativar para o Estado. Fica perto lá da antiga Poli, (Escola) Politécnica (da Universidade de São Paulo). E tem também a oficina, hoje, a Oswald de Andrade, criada ainda no Governo (de André Franco) Montoro. Na verdade essa foi idéia minha. Era a antiga Faculdade de Odontologia e Farmácia. Na época nós negociamos (para) construir o prédio deles na Cidade Universitária e em troca de cederem esse espaço para uma oficina cultural. Portanto, é um complexo de natureza cultural e artística incrível.

Não é preciso me alongar sobre o papel que (a obra) terá na famosa recuperação dessa região que, como o comandante (da Policia Militar, Álvaro Batista Camilo) nosso aqui da capital sabe, não depende, exige, mas não depende só da ação policial. Depende da vida que a região tenha. Eu sou muito partidário da tese de uma autora americana feita no começo dos (anos) 60, que é sumamente verdadeira: “A cidade segura é aquela que tem vida”. Eu mesmo moro em um bairro que não dá para andar a noite, no alto de Pinheiros, por quê? Porque não tem nada, só tem casas. Não tem comércio, não tem atividades de outra natureza, não tem vida, a noite não tem ninguém na rua. É muito importante que a vida urbana vá se reproduzindo nas diferentes regiões da cidade. E aqui, nós vamos ter cinco mil alunos, uma estimativa, por dia, freqüentando a escola, de ballet e de música. Portanto, isto vai ser um elemento de revitalização incrível, vão ser três salas de espetáculos diferentes, sem contar as salas de ensaio, no caso de ballet há uma exigência muito grande. No caso de dança desta sala, da mesma maneira que para a música. Vai ser um espaço realmente fenomenal.

Nós estamos tentando, ou tocando isso desde o ano passado, desde primeiro ano de governo, vencendo numerosíssimos obstáculos e até discutindo detalhadamente o projeto. Para que se tenha uma idéia, inicialmente uma firma Londrina, uma empresa de Londres especializada em salas de espetáculos fez o projeto interno. Os arquitetos recebem, já traz pronto a distribuição dos espaços e dos tamanhos dentro, porque este sempre é um problema: Se fazerem salas que acabam não dando certo. Há a um teatro novo aqui em São Paulo que custou, (para) acertar o som dele, custou quase tanto quanto construir. Este problema foi resolvido na origem do projeto, porque o arquiteto já recebe pronta a distribuição dos espaços, as proporções e a forma interna para que se faça realmente uma obra definitiva. Nessa matéria, uma obra exemplar. Vão ser 95 mil metros quadrados de área construída, em três andares. Portanto é uma obra para valer e vai complementar todo espaço cultura, inclusive aquele que está na frente da sala São Paulo, e todo o espaço cultural aqui da região que tem essa vocação indiscutivelmente.

E eu vim aqui hoje com muita alegria para até olhar a estação rodoviária e ver o começo do trabalho. Estamos no começo do começo, mas logo vamos estar no fim do começo, e logo as coisas vão caminhar.

Eu tenho dito sempre que a área da cultura foi a área que nos mais expandimos em São Paulo, mais do que de qualquer outra. O orçamento da cultura neste ano é três vezes o de 2007. Realmente é uma expansão muito, muito grande. Entre as coisas novas que fizemos estão precisamente a São Paulo Companhia de Dança, que nasceu boa, em geral as escolas não nascem boa, mas nasceu boa, é incrível, mas nasceu boa. Eu não achava que ia nascer boa, porque custa não é? E com matéria de recursos humanos, de bailarinos extraordinários, gente com futuro imenso pela frente, muita qualidade. Criamos também a São Paulo Companhia de Teatro, que já está funcionando em uma escola Mazzaropi no Brás, aguardando a conclusão da reforma do prédio que está sendo feito na Praça Roosevelt, que deve se concluir neste ano. Mas apenas para abrigar, porque a escola já está funcionando, já teve aula inaugural, e vai formar gente não apenas como se pode imaginar inicialmente para representar, de atuação, ou mesmo dramaturgia, isso vai estar evidentemente contemplado, mas também, todas as profissões que estão ligadas a produção teatral. As mais óbvias são cenografia, iluminação, mas há (cursos) de sistema de som. Mas na verdade eu vi lá que há uma quantidade incrível de funções no teatro e que até hoje não foram objetos de cursos sistemáticos. Portanto essa escola, na prática, vai melhorar o teatro e vai gerar empregos também.

Nas áreas de museus, nós fizemos coisas novas como o Museu do Futebol que vinha da época da prefeitura, o Museu Catavento, da criança. Na verdade um espaço de educação cientifica e tecnológica para a garotada de dois até 16-17 anos e para adultos também. Pelo menos quando eu fui acabei me envolvendo, aprendendo e até fazendo alguns dos jogos lá presentes. A transferência do MAC, que significará uma refundação do Museu de Arte Contemporânea, que hoje está na Universidade de São Paulo, para o antigo prédio do Detran, que foi feito como museu e nunca foi usado como museu, era usado como Departamento de trânsito. O que significará praticamente ter um museu novo, porque o museu, o MAC é pouco frequentado, até porque obedece aos horários da universidade, até de fim de semana e tudo mais. Além disso, contemplarmos a expansão da Pinacoteca, que ficou travada por causa de questões de patrimônio, em uma escola que tinha lá que é considerada uma relíquia, ao meu ver não é, mas uma relíquia arquitetônica, etc. Mas essas coisas foram sendo descascadas, porque a Pinacoteca tem um acervo que exigiria um espaço permanente bastante maior do que é hoje.

Ainda na área de museus, nós temos em pleno andamento o museu da história de São Paulo, que ficará em frente ao Cata Vento, lá no Parque Dom Pedro, na Casa das Retortas. Esta foi uma idéia minha, mas na prática quem está fazendo o museu ou pelo menos tocando inclusive o formato, o estilo, é o João Sayad (secretário estadual de Cultura) com uma equipe de primeiríssimo nível. Isto é para dar exemplos, isto na área de museus. Na área ainda de espetáculos, nós tocamos o projeto Fábrica de Cultura, que está voltado para os jovens da periferia da região de São Paulo. É um programa artístico pedagógico focalizado na música, no teatro e na dança. São nove equipes e são nove espaços também que estão sendo construídos com recursos do Banco Interamericano de Cultura. São 22 oficinas culturais no Estado. São festivais, além do tradicional de Campos do Jordão, festivas de literatura, na Mantiqueira, todas ações na área de literatura e na área do livro. Esta biblioteca extraordinária que é a Biblioteca São Paulo, que merece ser conhecida por todo mundo, porque é uma biblioteca nova, inclusive em padrões mundiais, em matéria de acessibilidade e de organização de funcionamento, porque é uma biblioteca que funciona na base, entre aspas da venda de livros, ou seja: as pessoas são orientadas pelos bibliotecários a respeito da leitura, inclusive recebem sugestões. E é uma biblioteca perfeitamente adaptada a pessoa com deficiência. Tem até máquinas que traduzem instantaneamente para o braile qualquer texto, qualquer livro que esteja sendo objeto de leitura, basta ir pondo as páginas. Mais do que isso faz a leitura em voz alta. Não é uma Cacilda Becker, uma Maria Della Costa (atrizes consagradas) lendo, é um computador, mas em um português, em um ritmo razoável que chega a ser suportável especialmente para quem está interessado mais no conteúdo do livro, do que se trata.

A Virada Cultural, que eu comecei como prefeito na cidade de São Paulo e que de fato foi consolidada pelo (atual prefeito) Gilberto Kassab, nós expandimos para o Estado de São Paulo. Este ano vão ser 30 cidades do interior, aquela virada de 24 horas. Nós ajudamos as prefeituras, isso é uma coisa típica da prefeitura, mas nós ajudamos com recursos, inclusive, e com trabalho burocráticos de convites, artistas e tudo mais. E o que é também uma, paralelamente, além do lazer e dos bons momentos que proporciona a população, uma maneira de dinamizar o mercado de trabalho na área cultural e na área artística.

Eu tenho certeza que há várias coisas aqui que eu vou acabar saltando, e uma delas, por exemplo, que eu ia saltar é a Escola de Circo de São Paulo, que funcionará em uma área de aproximadamente um hectare, lá na antiga Febem (Fundação Estadual do Bem Estar do Menor) no Tatuapé, basicamente Tatuapé, entre o Belém e o Tatuapé, na área da antiga Febem que, aliás, também vai ser um espaço cultural e educacional muito importante. Vai ter Escola Técnica (ETEC), vão ter várias atividades dessa natureza, entre elas, a Escola de Circo. Isso para não falar no projeto Guri, que nós herdamos desde a época do (ex-governador) Mário Covas e que expandimos muito, inclusive na área da grande São Paulo. Porque o Guri era (feito) no interior, então era mais fácil de organizar, e com as Irmãs (de Santa) Marcelina merecendo, cuidando, dando uma dinamização muito importante para esse projeto que envolve 60 mil de crianças no Estado, que aprendem música e os instrumentos de música clássica.

Mas, enfim, muita coisa. E eu fico muito satisfeito de, ao longo deste período, ter participado. Não fui o ator principal, mas participei, dei condições de viabilizar esta tremenda expansão na área cultural de São Paulo que é uma área que tem um potencial no nosso Estado, na nossa cidade, na grande São Paulo, muito grande. O que nós estamos fazendo é apenas permitir a realização maior deste potencial. Queria agradecer aqui publicamente ao João Sayad e a toda sua equipe, não vou nomear aqui porque acabaria cometendo faltas e depois não tem mais microfone para voltar, para corrigir. Mas queria que todos aqui se sentissem homenageados.

Muito obrigado!