Governador discursa em lançamento de linha de produção de motores

Capacidade produtiva do complexo automobilístico ultrapassará 500 mil motores por ano

qui, 17/12/2009 - 16h57 | Do Portal do Governo

Governador José Serra: Queria dar meu boa tarde a todos e a todas. Eu cheguei hoje de Copenhague, onde estava fazendo zero grau, e vim aqui para essa quentura. Trouxe um resfriado da viagem, mas vim. É muito importante para Taubaté, para São Paulo e para o Brasil. Nós temos aqui a criação de uma nova linha de motores, aliás, muito ajustado à necessidade de desenvolvimento sustentável. O que é isso? É um tipo de desenvolvimento que agride menos a natureza, é um desenvolvimento que não vai matar a fonte das nossas riquezas, que é a natureza.

É um motor leve, de alumínio, deve pesar, segundo ouvi, 76 quilos. Fiquei até pensando que eu consigo tirar do chão – quem diria, não é? Um motor que a gente se sente capaz pelo menos de empurrar… E com consumo baixo de combustível, para os padrões médios no mundo. Um motor flex que permite a utilização do etanol como combustível, melhor ajustado, muito caprichado do ponto de vista tecnológico, com geração de empregos diretos.

São mais de 2 milhões de reais por trabalhador contratado diretamente neste projeto, pouco mais de 2 milhões. Mas temos que medir os empregos para diante e para trás, não é? Porque compra-se coisa para produzir e, ao vender, também amplia-se o número de empregos para a frente. Portanto, tem efeitos diretos e indiretos muito superiores aos empregos diretos.

E nós do Governo de São Paulo somos parceiros deste projeto. Há um programa que foi criado pelo então governador Geraldo Alckmin, em 2004 – o Pró-Veículo – que incentiva, do ponto de vista tributário, o investimento. Nós estamos repassando, eu creio que hoje 17 milhões de reais por mês de créditos de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), que é o que nós fazemos quando a empresa investe em São Paulo, porque isto é muito importante.

Ao mesmo tempo que somos sócios atuais, graças a este programa que o Alckmin criou, e que deu muito certo – não só com a Ford, diga-se de passagem, mas especialmente com a Ford – no começo do Governo do presidente Fernando Henrique (Cardoso), quando eu era ministro do Planejamento, nós adotamos uma política para a indústria automotiva brasileira. Naquele momento, a Ford estava já pegando as malas para arrumar e ir embora do Brasil. Essa é a realidade. Ia embora por causa das condições de competitividade: sobrevalorização da moeda, redução dos impostos de importação… A indústria automobilística estava sendo esvaziada.

Nós fizemos então – devo dizer que eu fui o principal impulsionador – nós fizemos uma medida provisória que criou um novo regime de incentivos ao setor (automobilístico), do ponto de vista tributário e de comércio exterior. Teve muita resistência no Brasil. Muita. Mas conseguimos… Resistência – eu me refiro – ideológica, que é interferir no mercado, nisso, naquilo… Mas nós estávamos fazendo uma medida de incentivo à competitividade, de aumento da eficiência. Não era uma proteção, algum favor paternalista. E com isso a Ford ficou no Brasil.

Este foi um episódio importante, que data de 1995, (19)96. Portanto, eu me sinto também, não só como governador, mas como homem público, sócio deste projeto. A empresa aqui exporta para a Argentina, os motores, (e também os envia) para a planta da Bahia e para a planta de São Bernardo. Ou seja: Taubaté é um centro nervoso, hoje, das plantas da Ford, porque produz o que é o mais importante para o carro, que é o motor. Como estava se dizendo, o automóvel pode andar com muitas coisas quebradas, não funcionando bem, menos com o motor. O motor é o coração do automóvel. Vocês são fabricantes de corações de automóveis – mais de uma variedade, inclusive.

Quero dizer que nós estamos criando aqui uma Faculdade de Tecnologia (FATEC), que forma tecnólogos que estudam 3 anos de curso superior. E esta FATEC vai ter como orientação principal formar pessoal de nível técnico elevado, inclusive para a indústria automobilística, beneficiando a região e beneficiando o Estado de São Paulo. E temos uma ETEC (Escola Técnica) com mais de mil alunos, que também forma gente que se prepara para a indústria automobilística. A FATEC será, imaginem vocês, a Faculdade de Tecnologia de eletrônica de automóveis – Autotrônica, como se diz. Portanto, nós estamos também apoiando o desenvolvimento do Vale, o desenvolvimento da Ford e outras empresas da região formando recursos humanos.

Há um programa, que é o mais vasto do Brasil, em São Paulo, de Escolas Técnicas, para a garotada de menos de 20 anos, de nível médio. Para vocês terem uma idéia, nós encontramos 77 mil alunos. Vamos elevar para 177 mil alunos até o ano que vem – 100 mil a mais no Estado de São Paulo inteiro. Técnicos formados segundo especialidades que interessam ao desenvolvimento de cada região. De Faculdades de Tecnologia, FATECs, nós encontramos 26. No Governo do Alckmin foram feitas 17, porque ele encontrou 9 e deixou 26. Portanto, 17 FATECs. Nós encontramos 26, vamos deixar mais de 52, inclusive aqui no Vale do Paraíba. Temos a de Taubaté, que vamos inaugurar no ano que vem. Tem em São José (dos Campos). Sem falar das ETECs que fizemos pelo Vale afora, inclusive em Caraguatatuba. Portanto, estamos equipando esta região, que é um orgulho para São Paulo e um orgulho para o País. É uma região bem situada, do ponto de vista geográfico, entre São Paulo e o Rio de Janeiro, mas que antigamente era agricultura, muito no passado café e leite. E, no entanto, acabou se transformando em um pólo de desenvolvimento tecnológico no Brasil. Lá em São José dos Campos nós temos inclusive um grande Parque Tecnológico, que o Estado e a Prefeitura estão fazendo, e que beneficia o conjunto da região, inclusive com a participação de empresas privadas.

Por isso tudo eu quis vir aqui. Isso significa emprego, significa progresso, que é o que o Brasil precisa. Nós somos a favor e temos vários programas… Aliás, a própria Ford, para ganhar o incentivo, tem que cooperar com o programa Jovem Cidadão, Primeiro Emprego, que nós subsidiamos, Também somos a favor de programas de transferência de renda às famílias que não tem condição de se manter e tudo mais… Mas todo mundo aqui vai concordar: o básico para cada família é ter emprego para os seus filhos, é ter renda que venha do trabalho. Esta é a melhor coisa, é a mais importante de todas, é o que o nosso Estado e o nosso País precisam. E para isso nós nos aliamos àqueles que investem e àqueles que trabalham, porque em última análise todos esses motores, toda a atividade dessa empresa é feita por vocês que estão aqui de roupa azul. São os azuis os responsáveis pela criação de mais essa riqueza no nosso Estado, que gera impostos, gera recursos para a gente impulsionar o desenvolvimento do conjunto da região e do nosso Estado.

Muito obrigado, de coração, aos trabalhadores. Meus parabéns à Ford e meus cumprimentos à FIESP (Federação das Indústrias do Estados de São Paulo), meus cumprimentos ao prefeito (Roberto Pereira Peixoto), que direta ou indiretamente são parceiros também deste projeto. Muito obrigado!