Governador discursa em inauguração da Empresa Paulista de Turismo e Eventos

Governador José Serra: Queria cumprimentar a todos e a todas. Eu quero dizer aqui que nós vamos apresentar (dia 26 de março) a regulamentação da lei de incentivo ao esporte […]

qui, 18/03/2010 - 19h10 | Do Portal do Governo

Governador José Serra: Queria cumprimentar a todos e a todas. Eu quero dizer aqui que nós vamos apresentar (dia 26 de março) a regulamentação da lei de incentivo ao esporte que vai trazer para o esporte 60 milhões de reais por ano através dos incentivos (tributários) que nós estamos dando. Eu acho que os deputados nem sabem disso, mas foi uma lei aprovada no fim do ano e nós estamos fazendo a regulamentação.Vai ser um elemento de impulso, atividade esportiva, não apenas futebolística, nem principalmente, mas também dos esportes olímpicos e de toda a variedade que tem no Estado de São Paulo.

Já vai ser uma alavanca para o Brasil se preparar para 2016, fora as outras coisas que a gente tem feito nessa área, inclusive de bolsas para atletas olímpicos, aqueles que disputam torneios internacionais, e aqueles que não disputam por apenas difusão do esporte.

Bem, a criação desta empresa, a gente quando está no Governo, boa parte das idéias novas que tem vem de outros, mas a criação dessa empresa realmente foi idéia minha. Para nós termos no Estado de São Paulo um órgão, uma empresa que pudesse coordenar, que pudesse preparar, que pudesse organizar o setor de turismo no Estado de São Paulo de maneira mais concentrada e mais flexível que é o que uma empresa permite em lugar da administração direta. São Paulo tem potencial de turismo muito grande. Amazônia tem a floresta, o nordeste tem as praias e nós temos a rua 25 de Março, para dizer de maneira simbólica, a variedade das regiões do Estado, tesouros ecológicos, equipamentos culturais. Eu dou um exemplo de um equipamento que nós criamos, eu, na Prefeitura (de São Paulo), depois o (Gilberto) Kassab, depois eu no Governo do Estado, que é o museu do futebol, que é talvez hoje o principal espaço turístico cultural visitado em São Paulo, na minha impressão. Vão 30 mil pessoas (por mês) e vão muitos estrangeiros.

Bem, mas (o Estado São Paulo) tem um potencial grande, e tem também um elemento que os economistas chamariam de economias externas para o turismo, porque o turismo de negócios aqui é o maior do Brasil e um dos maiores do mundo. Tendo grande turismo de negócios, fomentar o turismo de lazer, é uma extensão disso. É algo que as pessoas já vêem, está presente.
Nós olhamos uma cidade como Nova Iorque, lá não tem beleza natural nenhuma, no entanto tem um turismo intenso que decorre dos negócios e também de compras, de turismo cultural também, que é facilitado pelo turismo de negócios. Eu acho que essa é a fórmula para São Paulo, sem dúvida nenhuma, é unir esses dois lados. A oferta de hotelaria é excepcional, a meu ver, inclusive porque São Paulo acabou ficando com um tipo de empreendimento imobiliário que não deu certo do ponto de vista econômico, mas deu certo do ponto de vista da hospedagem, que foram os apart hotéis. Muita gente investiu dinheiro imaginando ganhar dinheiro com os aparte hotéis. Como houve demais, de investimentos, ficaram muitos como reserva de valor apenas. E que hoje são, fazem parte da disponibilidade de hotelaria indiretamente, no caso, da capital de São Paulo e com a abrangência, inclusive, para outros lugares do Estado.

Portanto, o nosso potencial é muito grande. Antes uma consideração econômica: O turismo é um fator econômico crucial. O turismo foi o instrumento de desenvolvimento da Espanha, até a época do Franco e depois, o que alavancou a Espanha foi o turismo. Depois eles deram outros saltos. Não preciso falar da importância que ele (turismo) tem para toda a Europa Ocidental, principalmente.

Em um país como o México, é bem verdade que tem fronteiras imensas com os Estados Unidos, mas eu não acho que todo mundo entra por terra pela fronteira. O México tem mais de três vezes o movimento turístico do Brasil em pessoas por ano. E, portanto, tem uma importância econômica enorme. Mesmo a Argentina, tem um pouco menos de turistas que o Brasil, mas tem um terço do PIB brasileiro. Portanto, o turismo lá tem uma importância praticamente três vezes maior do que aqui. E, nesse sentido, o potencial para ser aproveitado é enorme. E turismo é exportação, turismo é exportação basicamente, com frete pago. Quem paga o frete é o importador, que é aquele que vem visitar.

O Brasil infelizmente não tem sido craque em turismo. Craque no sentido de futebol. Não tem sido craque em turismo, por quê? Porque nós temos um déficit para ficarmos abismados. Nós recebemos por ano, uns cinco e tanto bilhões de dólares, 5,3 bilhões de dólares de turistas, sabe quanto nós exportamos? Onze bi. Nós temos um déficit no país como o Brasil de mais de 5 bilhões de dólares. O Governo Federal em geral quando apresenta estatística, ele apresenta o crescimento do volume de ingresso em dólar, só que, compara com (o ano) 2000. Só que teve uma sob valorização de aula, grande.

Se a gente pegar em reais, fica mais ou menos constante. Aliás, o número de turistas de (ano) 2.000 até hoje, é praticamente constante. Não cresceu o turismo externo no Brasil, é meio surpreendente, não sei se vocês sabiam disso, não cresceu. E estamos importando mais do que exportamos turismo, mais de U$ 5 bilhões. Importar turismo é mandar turista para o exterior, e exportar turismo é turista vir para cá, é um sinal diferente do ponto de vista da análise econômica. Só de argentinos por exemplo, nós tínhamos 1,6 milhões de argentinos em 2.000, mais ou menos, no começo da década, hoje temos 600 mil. É incrível isso, por que? Bom, para começo a política cambial, o câmbio mega, hiper valorizado que torna o turismo no Brasil caro, muito caro. E torna o turismo do brasileiro no exterior muito barato, quer dizer, comprando desde roupa, tudo, é um pretexto maior: “Vou comprar roupa em Buenos Aires e vou comprar roupa em Nova York.”.Também tem as despesas da viagem, tem claro, só que a pessoa vai viajar, vai fazer turismo e aproveita para fazer isso. Qualquer produto manufaturado é muitíssimo mais barato em Nova York, em Buenos Aires, em qualquer outra região, inclusive na América do Sul.

Fora, a política mesmo de turismo que não se faz com números que não expressam nenhuma realidade boa, mas são apresentados como tais. Política de turismo não se faz assim, se faz com ação, com empreendimento, com investimentos.

O Caio (Luiz de Carvalho, presidente da São Paulo Turismo, SPTuris) citou aqui uma coisa que eu nem me lembrava, eu não teria mencionado, que foi o PRODETUR (Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo) que foi um programa importante. Sabe quem esteve na origem do PRODETUR? O Paulo Renato. Porque o nosso secretário da educação, depois de ser reitor da UNICAMP, foi para o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), onde foi gerente. E o BID, quem atua são os gerentes, não é diretor, é gerente. E ele cuidou de projetos, teve idéias de projetos importantes como o projeto de saneamento aqui de São Paulo, de despoluição da Baía da Guanabara (no Rio de Janeiro) etc. e o outro foi o PRODETUR para o desenvolvimento do turismo.

Quando eu fui ministro do planejamento (governo André Franco Montoro), o PRODETUR estava encalacrado porque o Governo Federal pegava metade do recurso e o Estado metade do recurso. Ou seja, de cada dólar que o BID dava, meio era do Governo Federal no sentido de pagar no futuro, e meio era do Governo Estadual. Mas os Governos do nordeste não tinham dinheiro. Então nós pusemos o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para financiar a parte dos Governos Estaduais, que foi o que deslanchou o PRODETUR que fez muita coisa na área viária e nos aeroportos. Todos esses aeroportos bonitos, grandes, bons, que tem no nordeste brasileiro, praticamente todos vieram do PRODETUR e dessa iniciativa.

Bem, por falar em aeroporto, e aqui está o nosso superintendente da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Portuária) aqui em São Paulo, eu quero aqui publicamente manifestar a minha preocupação a respeito dos aeroportos, este sim um tremendo ponto de estrangulamento em São Paulo, não apenas para o turismo de lazer, mas para o turismo de negócios também, quem usa (o aeroporto Internacional de) Cumbica sabe disso. Nós estamos com um projeto para fazer o trem para Cumbica, o Expresso (Aeroporto), e isso aí não anda, porque não temos garantia do Terminal 3, que é dada pelo Governo Federal. Em Cumbica não dá para fazer outra pista, mas tem que ter um terminal a mais, que é um empreendimento meio hoteleiro, do shopping. Porque tem a parte dos vôos, mas o resto é restaurante, sala para descansar, compras, são serviços. Mas nós não temos essa segurança e isso prejudica a parceria público-privada (PPP). Da mesma maneira, as obras de ampliação.

O aeroporto mais óbvio para se fazer isso (obras) é Viracopos. Viracopos tem um potencial de 50, 60 milhões de passageiros, hoje deve transportar três milhões. Nós até estamos fazendo o anel viário de Campinas chegar até Viracopos, para resolver imediatamente, tem que fazer ferrovia? Tem, mas imediatamente teria o anel viário, que já permitiria ao aeroporto ir sendo ampliado, porque a (rodovia) Bandeirantes é uma via boa, logo tem acesso à Bandeirantes, à (rodovia) Anhanguera, etc. Mas não se fez concessão. E sem concessão não vai funcionar. Esta é, aliás, a minha posição, a posição do prefeito de Campinas (Hélio de Oliveira dos Santos), e era a posição do ministro da Defesa (Nelson Jobim), que cuida dessa área de aeroportos. Não se avançou nada em Viracopos. Essas são duas preocupações, Viracopos e Cumbica, que a gente tem, que tem a ver com a atividade econômica, com o conforto dos passageiros, mas atividade econômica, com o turismo de negócios e de turismo de lazer.

Bem, quero ainda mencionar a respeito de números, que dos cinco e meio milhões de estrangeiros que visitaram o Brasil recentemente, por ano, 2,3 vem aqui para São Paulo. O que ilustra aquilo que eu dizia enquanto as economias externas, que se tiver coisas para fazer aqui, o pessoal vai acabar ficando mais, trazendo parentes e etc. Temos boa parte, por incrível que pareça, do fluxo turístico doméstico, são 29% desse fluxo. O que se estima, gera 30 bilhões em receitas, em 40 cidades, não é só a capital não. Dos 30 principais destinos brasileiros no Brasil, cinco estão aqui. Que é a capital, Santos, Praia Grande, Ubatuba e Caraguatatuba.

O porto de Santos é o de maior volume de embarque e desembarque de cruzeiros marítimos, não sei se vocês sabiam disso. Com tráfego de quase de 200 navios na temporada passada. E nós temos aqui também o maior volume de aeroportos. São 31 que a gente administra como concessão federal, que aeroporto é de natureza federal. Nós fizemos um plano para conceder esses aeroportos. Por exemplo, Ribeirão Preto é o aeroporto que tem um potencial econômico enorme. O Estado não tem dinheiro para investir centenas de milhões de reais em cada aeroporto, não sua função. Nós precisamos cuidar da saúde, do transporte viário, temos que cuidar da hidrovia, temos que cuidar de uma série de outros investimentos. Mas a iniciativa privada tem interesse, nós fizemos o modelo para concessão, mas não foi aprovado pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), está empatado. Isso podia já estar sendo feito há um ano. Porque nós não somos os titulares, nós somos os concessionários, o Estado de São Paulo.

Então, a gente vai fazendo investimentos pequenos para habilitar o aeroporto, para aumentar o terminal de passageiros do outro, etc. Isso precisa de um investimento mais massivo, que a iniciativa privada esta totalmente disposta a fazer, porque são aeroportos economicamente sustentáveis, com a cooperação nossa naturalmente. Mas isso infelizmente não foi aprovado. Mas de todo o modo é uma rede significativa de acesso no Estado de São Paulo inteiro, que hoje funciona, e tem inclusive um potencial para absorver uma movimentação maior.

E além do mais os dados aqui, nós temos no Estado, mais de um quarto das agências de turismo, mais de 50% dos parques temáticos do Brasil, perto de 30% das feiras, 50% das instituições de ensino em turismo, e deve ter nas ETECs (Escolas Técnicas) também, e cursos superiores até, e 40% dos cursos de guia de turismo de todo o Brasil. Portanto, é um potencial grande e que eu espero que essa empresa possa, com a condução competente da Luciane (Leite), e a orientação do secretário de Esportes, Turismo e Lazer (Claury Alves da Silva), materializar esse potencial. Esse é o meu desejo. Todo o bem de São Paulo, do emprego aqui, e do Brasil, porque evidentemente nós não queremos tirar turismo de outro lugar. Nós queremos ampliar o turismo em todas as partes.

Muito obrigado!