Governador discursa em abertura de seminário na Baixada Santista

Governador José Serra: Queria dar o meu boa tarde a todos e a todas, dizer da minha satisfação de voltar aqui à Associação Comercial. São duas primeiras vezes: a primeira […]

qui, 11/03/2010 - 18h17 | Do Portal do Governo

Governador José Serra: Queria dar o meu boa tarde a todos e a todas, dizer da minha satisfação de voltar aqui à Associação Comercial. São duas primeiras vezes: a primeira vez que um governador veio se reunir com o conselho de prefeitos, e agora a primeira vez que o Governo do Estado faz um seminário deste porte, com 10 dos seus secretários para apresentar, debater e revisar as suas ações aqui na Baixada. Eu me lembro na primeira reunião, penso no momento atual e acho que nós avançamos muito. 

Até algum tempo atrás, quando se pensava na Baixada Santista, se pensava basicamente em dois tipos de eixos da atividade econômica: Porto de Santos e turismo. Mas o fato é que o desenvolvimento, ao longo desse período, e a descoberta de jazidas de petróleo, abrem um outro vetor crucial, que é o relacionado com a exploração do petróleo, a expansão da indústria ligada ao petróleo e de todos os serviços. Será um impacto muito grande na região da Baixada e do litoral norte. E nós estamos voltados a essa direção, porque se nós não prepararmos a região toda para este impacto, ele poderá ser negativo. E isto é essencial.

Temos que nos voltar às questões ambientais, às questões de ocupação do solo e às questões econômicas, de como impulsionar o desenvolvimento dentro desse contexto de uma nova atividade. Porque nós temos hoje Cubatão, um pólo, sem dúvida nenhuma, na área petroquímica, temos, inclusive, a indústria do aço, mas mais ligadas à vantagem comparativa proporcionada pela proximidade do Porto. Mas o fato é que nós vamos ter a matéria-prima sendo produzida aqui e isto confere uma característica diferente, tanto aos impactos quanto às possibilidades de desenvolvimento.

Portanto, por isso, inclusive, é que nós desenvolvemos este pino que o (prefeito de Santos, João Paulo) Papa mencionou. O que é pino? Está ligado a Porto, Indústria e Offshore. É uma abreviatura. Estamos fazendo um estudo, que já vai ter logo sua conclusão, o protocolo preliminar, que vai mapear as diferentes possibilidades de desenvolvimento industrial e inclusive da área portuária. É uma medida muito importante, um trabalho muito bem feito, comandado pela secretaria (Estadual )do Desenvolvimento.

Uma outra questão relacionada com isso é a dos estaleiros. Nós adotamos uma medida muito importante que acaba se diluindo no meio de tantas outras, que foi a redução do ICMS (imposto sobre circulação de mercadorias e serviços) para o investimento em estaleiros, de 25 para 7% aqui no litoral de São Paulo, o que deve trazer um estímulo importante para os investimentos nessa área e equalizando, também, com o que já existe em outros estados. São Paulo sempre foi o Estado mais econômico em matéria de incentivos. Mas o fato é que nós temos desenvolvido uma política importante quando a gente detecta áreas estratégicas a serem estimuladas. Esta foi uma medida, eu diria, muito relevante.

Com relação ainda à atividade portuária, todos sabem que no início do Governo eu propus ao Governo Federal que nós, o Estado, administrássemos o porto. Acho que teria sido, sem dúvida nenhuma, a melhor opção. Foi feito recentemente um plano de expansão bastante noticiado aqui em toda a imprensa, do qual o Governo do Estado não participou. Nenhum problema, estamos dispostos a cooperar, mas é importante, também, dizer que temos observações a esse respeito. Da carga que vem para o porto, só 20% é ferroviária e isto é de responsabilidade federal. E, a meu ver, não há outra coisa mais importante para o porto que o investimento no que se refere a fora do porto, à área de fora, não há nada mais importante do que o investimento em ferrovia. Isto é crucial, porque ficar imaginando uma terceira, uma quarta estrada, com todos os problemas ambientais existentes, com tudo o que já existe, é um sonho de quase impossível realização. Enquanto o ferroviário tem todas as vantagens possíveis e imagináveis, e esta é uma questão crucial.

Não ficamos pegando no pé por causa do atraso na dragagem, que só agora está recomeçando, enfim, aí há muitas questões que ficam dando volta. Agora, no que se refere às responsabilidades do Governo (Estadual), fora da área portuária, inclusive, desenvolvemos muito as obras viárias necessárias para o acesso ao porto, que depois eu vou enumerar rapidamente.

Uma segunda questão, que é vital para o padrão de vida aqui, para o desenvolvimento, é a questão do saneamento. Nós estamos tocando o maior projeto de saneamento do Brasil, que é o Onda Limpa: 1,4 bilhão de reais por conta do Governo do Estado, porque quando a gente pega empréstimo, quem paga somos nós. O empréstimo principal é japonês, deve ser da ordem de dois terços do projeto ou algo do gênero. Temos também financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e dinheiro próprio, sem financiamento da SABESP (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo), um projeto que vai de vento em popa. E para que vocês tenham uma idéia de como estas coisas demoram no Brasil, esse projeto começou na época do Mário Covas, começou a ser negociado e só nós é que pudemos tocar a obra adiante. É tal o cipoal de trâmites burocráticos e aprovações, isto e aquilo, depois concorrência, impugnações e tudo mais. Mas o fato é que este projeto vai ser concluído no ano que vem. Já inauguramos várias estações de pré-condicionamento de esgoto, que é a única estação que eu vi até hoje que não cheira.

Isto vai mudar de tal maneira o perfil da Baixada que eu acho que vai ser antes e depois do Onda Limpa porque hoje, não mais do que 55% do esgoto é tratado. Esse índice vai ser elevado para mais de 95%, impacto na veia de indicadores, por exemplo, em relação à mortalidade infantil. (Será um) impacto na veia da qualidade das praias, impacto na veia do próprio meio ambiente como um todo, porque saneamento é meio ambiente, basicamente. E obras invisíveis, mas com um peso enorme na vida cotidiana das pessoas, porque aí são centenas e centenas de quilômetros de redes coletoras que ninguém mais vai ver, todo mundo vai se habituar, mas que vão ter uma importância grande no cotidiano e que vai ser incorporado como algo natural na vida das pessoas.

Ao lado disso, a captação de água, que é sempre um problema, especialmente na época do verão. Eu nunca tinha sido governador, não estava tão ligado nessa questão da falta d’ água na época do verão. Mas quando eu assumi o Governo já vem para cá, “vai faltar água, não vai faltar água”, é uma questão que sempre passou a me deixar angustiado. Mas nós temos aí um investimento do Mambu-Branco, de R$ 300 milhões de captação, e tem outro também no Guarujá, o Jurubatuba. Também um projeto grande, destinado à água limpa em abundância. Esta é outra variável crucial para a vida cotidiana e para indústria do turismo.

Um quarto aspecto, sendo Porto o primeiro, é o projeto da Serra do Mar – que sempre, pessoalmente, me deixou inconformado. Eu fiquei fora do Brasil 14 anos, de 1964 a 1978, e, quando voltei em 1978, vi como tinha se desenvolvido a ocupação na Serra do Mar, na área de Cubatão, como tinha se ampliado. Começou o Governo (André Franco) Montoro, (eles) estavam lá. Nós fizemos em Cubatão o primeiro programa de despoluição atmosférica importante de São Paulo e do Brasil. E foi feito quando eu era secretário do Planejamento, porque não havia Secretaria do Meio Ambiente na época, havia a CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). E havia um projeto, que tinha sido contratado pelo Governo (Paulo) Maluf com o Banco Mundial, para despoluição na capital. No Estado inteiro eram 40, 50 milhões de dólares. Em dólares atuais deve ser uns 120 milhões. E estava o dinheiro depositado, e nós pagando um custo pelo dinheiro não utilizado, porque o projeto era inviável. Então, a minha idéia foi refazer o projeto e utilizá-lo só em Cubatão. Fizemos a grande concentração, coordenado pelo Barjas Negri, que hoje é prefeito de Piracicaba e depois foi meu secretário. E foi coordenado por ele, e nós conseguimos materializar o projeto que acabou com aquela verdadeira história de terror. Não é que o ar tenha ficado como o de Campos do Jordão, mas realmente quebrou-se aquela atmosfera terrível de Cubatão.

Mas, para mim, sempre foi um compromisso íntimo. Quando tivesse oportunidade, resolver esse problema da Serra do Mar. E nós tocamos em frente. O projeto lá custa, a gente estima, 780 milhões de reais. São cerca de 7.600 famílias, das quais mais de cinco mil terão novas moradias e as outras serão reassentadas no mesmo local, com reurbanização e criação de condições melhores de moradia e de preservação do verde, do meio ambiente; e, acima de tudo, da segurança, porque aquela ocupação da Serra do Mar é candidata, no primeiro transtorno climático grave, a sofrer muito com isso. Não tenham dúvida disso. Por isso, nós estamos enfrentando.

Já outro dia, na Praia Grande, tivemos a oportunidade de inaugurar um conjunto habitacional para famílias que saíram de lá. O grosso vai ficar em Cubatão mesmo, mas também haverá moradias em outros municípios para o pessoal – é voluntário – para o pessoal que deseje se deslocar. Nós já temos em andamento 3.600 moradias em diferentes etapas neste projeto. Desses R$ 700 milhões, a rigor são R$ 788 milhões, temos, inclusive, uma contribuição do Governo Federal da ordem de R$ 96 milhões, que é muito bem vinda porque um oitavo é um oitavo. Um oitavo vale, a gente sabe, em matéria financeira, qualquer prefeito sabe disso, tem sempre um papel complementar muito importante.

Um outro aspecto mais amplo é o da própria moradia. Os projetos que estão rolando em diferentes etapas somam R$ 1,2 bilhão para 8.800 atendimentos, que inclui naturalmente o de Cubatão. São 6 mil novas moradias no conjunto, 6,1 mil novas moradias. E o principal aqui é o de Santos, o principal projeto habitacional é da (vila) Alemoa. Bem, uma outra questão importante, que é um sinônimo da maior modernidade em matéria de administração pública, foi o Poupatempo. E aqui (em Santos) eu posso falar, espero que a mídia não dê destaque a isso para não causar ciumeira, é o Poupatempo mais bonito que nós temos no Estado. Dá gosto aquele Poupatempo que fizemos em parceria com a Prefeitura. O prédio muito bem restaurado, é o antigo CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), com coisas originais preservadas, realmente é uma beleza de Poupatempo na estética e também no funcionamento. Porque nós testamos, vários serviços do Estado são testados junto aos usuários, e a avaliação no caso de Santos é altíssima, muito positiva. E que atende, naturalmente, ao conjunto da Baixada, porque o potencial do Poupatempo ultrapassa a (demanda) da própria população de Santos.

Na área do Ensino Técnico, nós fizemos aqui quatro Escolas Técnicas novas na Baixada. Eu nem sei direito, nem me lembro os quatro lugares direito, os prefeitos sabem: São Vicente, Praia Grande, Peruíbe, Itanhaém. E, no total já temos oito aqui, oito Escolas Técnicas. O número de alunos duplicou com relação ao que se tinha antes e isto está ligado à questão do progresso, do progresso econômico, à mão de obra qualificada e, ao mesmo tempo, oportunidades para os jovens, porque Escola Técnica é para a garotada. Não é que não têm adultos, gente com mais idade, mas o grosso é a garotada que está no Ensino Médio, é de nível médio, um ano e meio de curso. O garoto ou a garota ganha uma profissão, isso vai ajudar na vida até a saber o que quer na vida, porque sempre é um problema saber qual é a vocação. Eu, no meu caso, tinha 17 anos, entrei na faculdade de engenharia só porque eu era bom de matemática. Quando eu comecei a estudar mecânica: polias, tornos, fresas, etc, eu vi que não era o meu talento. Depois, eletricidade, eu entendia porque eu era excelente aluno em física, mas para engenharia eu nunca entendi como é que uma luz acende o motor, parece meio impossível que um negócio invisível tenha essa potência energética. Não era a minha vocação, eu acabei fazendo economia, que eu comecei a estudar com 24 anos. Quer dizer, de alguma maneira tive que queimar etapas. Claro que com 24 anos a gente é mais caxias e não perde tempo, procurando recuperar aquele que perdeu.

Mas uma Escola Técnica dá uma perspectiva melhor, esta é que é a verdade. E nós estamos aumentando em São Paulo de 70 e poucos mil alunos para mais de 170 mil. No final deste ano teremos, com relação a 2006, mais de 170 mil vagas, tínhamos mais de 70 mil antes. Isso dá uma idéia da potência que tem esse tipo de investimento. No caso das FATECs (Faculdades de Tecnologia), que aqui tem duas na região, nós ampliamos as vagas, e no Estado estamos multiplicando por mais de dois o número de FATECs. O Alckmin levou de nove para 26, se eu não me engano. O (deputado federal) José Aníbal deve ter feito algumas, porque foi secretário (do Desenvolvimento) do (ex-governador, Mário)  Covas e do (ex-governador Geraldo) Alckmin, (fez) cinco. A partir daí, nós duplicamos.

Se fosse usar imagens como outros usam, eu diria, “fizemos tantas quantas foram feitas desde o descobrimento”. E mais o número de alunos aumentando mais de duas vezes porque expandimos muitas FATECs, no Estado inteiro. O número de alunos, por exemplo, em Bauru, em cada lugar a gente foi fazendo expansões. E algumas FATECs vão ser bem maiores, como a de Osasco, que está prestes a ser concluída, uma outra na zona leste, que vai ser iniciada, enfim, multiplicamos muito. FATEC é três anos, especialistas chamados tecnólogos.  Com três anos de ensino superior, viram especialistas. Por exemplo, em Sertãozinho, eu mesmo fiquei surpreso, a FATEC de lá é solda. Eu achava que solda era botar a máscara e derreter um pouco de chumbo para grudar duas peças, mas, na verdade, o sujeito estuda três anos solda, sai um especialista de nível internacional para atividade econômica, e (cursos) sempre ligados às vocações da região, como são as ETECs (Escolas Técnicas) e FATECs daqui.

Bem, este é outro investimento, aí é na área humana, de qualificação, que é crucial. E a gente sempre tem tido, quando possível, parceria das Prefeituras. Não é no custeio, nem no ambulatório, nem no Poupatempo, nem nas escolas, que é o Estado que mantém, e essa é a parte mais cara. Mas a parceria da Prefeitura na instalação é sempre muito relevante até porque, também, torna a instalação mais rápida. Outra área e que aqui tem sido, aqui na Baixada, com correção, é correto isso, motivo de muita preocupação, se refere à saúde,à saúde pública, à saúde do SUS (Sistema Único de Saúde) aqui. Nós criamos dois AMEs, Ambulatórios Médicos de Especialidades, que fazem parte de um programa estadual nessa matéria, um programa voltado a romper o que, no nosso entendimento, era o ponto de estrangulamento principal da saúde pública em São Paulo, que é a consulta. Consulta de ginecologia, consulta de ortopedia, que demorava meses, e coisas desse tipo. Então nós bolamos, criamos a idéia do Ambulatório Médico, que funciona muito bem. O (prefeito de Santos, João Paulo)   Papa pode dar o testemunho, e ,quem tiver usado pode dar o testemunho.

Fizemos dois, um em Santos, um em Praia Grande. E os dois têm ido muito bem, são milhares de consultas, eu não vou parar aqui para olhar o número. Mas, em geral, nos AMEs são mais de 15 mil, em torno a 15 mil consultas médicas, 20 e tantas especialidades, e mais de 30, 40 mil exames laboratoriais e de imagem feitos mensalmente. Isto atende a região, atende a região como um todo, até porque são os prefeitos que administram o encaminhamento das pessoas para o atendimento, os prefeitos vizinhos encaminham. Agora, outra questão importante aqui é o investimento que nós fizemos na área hospitalar. Em Itanhaém, onde nós estadualizamos um hospital, e a Câmara de Vereadores está dando autorização no terreno do lado para nós duplicarmos o hospital, na Praia Grande, onde investimos bastante no hospital mais importante do município, aqui em Santos, neste Hospital Guilherme Álvaro, onde temos programado 18 milhões de investimentos, inclusive com construção de uma nova ala, que liberará área existente para que lá seja ampliado o número de leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) que trata-se de uma carência importante.

Ao mesmo tempo, programamos aqui a instalação de uma unidade da Rede Lucy Montoro, é o nome da mulher do (governador André) Franco Montoro, Dona Lucy. É uma rede que nós criamos em São Paulo de reabilitação, cerca de quatro milhões ou mais de paulistas tem problemas de deficiência física, de todo o tipo, que prejudicam sua mobilidade. Nós resolvemos criar uma rede de reabilitação, porque este é um problema que tem que ser encarado. Quando eu estive na Prefeitura de São Paulo, nós fizemos um grande programa de acessibilidade, que é o que a Prefeitura, em geral, tem condições de fazer e deve continuar fazendo. Mas no Estado nós criamos também uma Secretaria, que é a Doutora Linamara (Rizzo Battistella, secretária estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência) que é quem cuida do assunto no Hospital das Clínicas de São Paulo, para a reabilitação. Que é um trabalho de médicos fisiatras, mas, sobretudo, de fisioterapeutas, de enfermeiras especializadas, de psicólogos, enfim, de um conjunto de profissões da saúde que vão ver o seu mercado de trabalho expandindo muito, porque é um trabalho que envolve, basicamente, gente. Embora nós tenhamos a preocupação de ter os equipamentos mais atualizados do mundo nessa matéria, já tem uma unidade funcionando lá em São Paulo, que é entre Santo Amaro e Morumbi, que ficou pronta primeiro só por um motivo: é que nós descobrimos que lá tinha um hospital que quebrou, e aí negociamos bem, compramos por um preço bom, eu não quero insistir muito nisso para não perturbar os que eram os donos, mas foi um bom negócio. Então, conseguimos botar para funcionar rapidamente. Nós estamos construindo um outro (hospital) em São Paulo, um em Campinas, enfim, pelo Estado inteiro. E aqui em Santos vamos ligado ao AME e que vai ser um avanço grande.

Aquilo que o (deputado estadual) Paulo Barbosa falou da cadeira que chega até a água, na verdade, foi uma idéia que eu tive quando o Papa me levou para mostrar uma plataforma que ele construiu ao lado de um canal, em uma das vezes que eu vim, para o pessoal cadeirante poder chegar até a água. E me ocorreu (que) era importante também ter uma cadeira adaptada pra poder entrar na água. Em um mês e pouco, a secretária Linamara projetou essa cadeira, foi uma rapidez incrível. Eu vim à Praia Grande, olhei aquela cadeira e falei, “esse troço não vai funcionar”, para mim mesmo. Pois não é que funciona? E muito bem. Porque elas são basicamente duas coisas, ela não afunda, e segundo, ela tende a flutuar pelo tipo de assento que tem. É uma coisa pequena, mas nós vamos fornecer mil cadeiras dessa para todas as prefeituras aqui da Baixada e do litoral norte. E as prefeituras tem que cuidar do acesso. Mas isso vale, não é pelo dinheiro, isso vale pelo carinho, pela dedicação, pela importância que se dá às pessoas que estão nessa condição.

Eu sempre tenho dito, não há obra pequena. Obra pequena, que parece pequena, sempre é muito grande para o bairro, para a rua, ou para a pessoa, ou para o município que recebe. Então, a gente tem que andar, no Governo, sobre duas pernas: a das grandes obras e a das obras relevantes, independentemente do seu tamanho. E este instituto, esse centro de reabilitação (Lucy Montoro) vai marcar época aqui, e eu queria, inclusive, incentivar as prefeituras a que se integrassem no trabalho com a secretaria da Linamara nessa área do deficiente físico, porque eles têm condição de ajudar, de orientar. Ou cria uma secretaria, ou uma coordenadoria ou deixa uma pessoa, dependendo do tamanho da prefeitura não vai criar burocracia, para ficar ligada neste assunto.

Nós conseguimos fazer, por exemplo, Cata-vento, que é uma coisa importantíssima, fizemos lá no Parque Dom Pedro em São Paulo, onde era, originalmente, o Palácio das Indústrias (antiga prefeitura da capital paulista) e depois a Assembléia Legislativa, depois virou Detran (Departamento Estadual de Transito de São Paulo), depois virou prefeitura e finalmente agora é o Cata-vento, museu de ciências e tecnologia para crianças e adolescentes. Quem não conheceu devia ir porque é um dos melhores do mundo nessa matéria.  Nós fizemos lá em um prédio antigo, a acessibilidade é 100%.

O museu do futebol, que foi feito dentro do Pacaembu, a acessibilidade é 100%, há até lugares para cegos poderem pelas mãos, pelos ouvidos, receber as sensações do futebol, e olha, custou quase nada, porque quando vem na origem não custa nada. Agora, botar um elevador no metrô que não tem elevador sai caríssimo, em uma estação de metrô, põe em uma estação nova, feito junto, não custa praticamente nada. Então, é um problema de estar ligado nisso. Eu queria insistir nesse ponto porque o que a gente quer fazer, na verdade, é contaminar toda a sociedade com relação à preocupação do problema dos deficientes físicos. Mas, ainda mais, em relação à saúde, o (secretário estadual da Saúde, Luiz Roberto) Barradas vem aqui, eu tenho conversado com os prefeitos e estamos abertos para discutir soluções que envolve muito de perto também as prefeituras, e envolve o dinheiro dos SUS, porque o Estado de São Paulo ultrapassou o percentual da emenda constitucional que eu mesmo fiz aprovar quando eu era ministro.

Nós fizemos arquitetura, eu e o Barjas, do que era a emenda, e é 12% da receita do Estado. Neste ano, nós estamos ultrapassando, nós estamos com 600 milhões a mais de despesas comparativamente ao que seria o teto constitucional. Dinheiro para hospital é sempre o dinheiro do SUS que é repassado, arrecadado e repassado pelo Ministério da Saúde, que fixa tetos. Se eu tirar para pôr em um lugar, eu tenho que tirar do outro, não tem muita flexibilidade nisso. Portanto, mais leitos em grande quantidade, além daquilo que é programado, demanda também reajuste no teto do SUS para os diferentes municípios, para as diferentes regiões, e aí nós temos que somar, em política sempre é assim. Nem sempre as coisas se resolvem só pelos números ou pela administração, tem que ter também pressão política. Para isso nós estamos dispostos a nos somar a este projeto, e sempre em parceria com as prefeituras, que são vitais nessa matéria.

Agora, mesmo em relação, por exemplo, a  dengue, que hoje é um problema aqui. Dengue é o tipo de doença que envolve comportamento, é como a AIDS. De outra natureza, evidentemente, muito menos maligna, mas envolve comportamento, envolve comportamento. No caso da dengue é moradias, porque 80% dos mosquitos vem das casas. É incrível, 80%. De cada cinco mosquitos infectados, quatro vem das casas. Então, é um trabalho complexo, porque envolve cada um cuidar do seu lugar, envolve as visitas, envolve uma série de fatores. Dengue não tem vacina e não tem uma terapia: tomou tal coisa, passou, como tem o caso de outras doenças. Portanto, um exemplo. Tuberculose: pegou, tem remédio que funciona. Mas, nós treinamos aqui 500 pessoas das prefeituras antes do fim do ano. Inclusive onde tinha mais perigo, pusemos um Mosquitão lá para alertar sobre a necessidade de intensificação do trabalho. Mandamos gente também para ajudar, enfim, estamos fazendo o enfrentamento.

Agora, a dengue do ano n é causada pelo ano n-1, sempre é assim. Tem o ciclo. Por exemplo, a dengue do ano que vem depende do que for feito neste ano. Não vamos ter ilusão, porque aquele diabo daquela larva tem uma capacidade imensa de sobrevivência. Em lugares como a Baixada, Praia Grande, por exemplo, que tem muito prédio, o mosquito quer uma água limpinha e de superfície pequena. Então, por exemplo, os banheiros, os vasos sanitários são um criadouro excepcional quando ficam meses e meses parados, porque não tem gente morando, não tem quem puxe a descarga. São coisas desse tipo. Cemitério é um problema grave. Aquela flor, meio flor, meio planta, bromélia, é uma tragédia porque ela tem direitinho lugar para guardar água para o mosquito. O mosquito adora o diabo da bromélia, desculpe falar assim da bromélia, mas, olhando do ponto de vista médico, a gente fica preocupado. Quem tem bromélia vai ter que estar limpando sempre. Cemitérios têm aqueles vasinhos. Eu me tornei um especialista em dengue logo que eu assumi o Ministério da Saúde porque tinha uma quase epidemia em algumas regiões do Brasil. E vou dizer, São Paulo ainda tem a capital e a região metropolitana, uma sorte, que é o frio, porque o mosquito detesta o frio. E, de repente, nós já tivemos uns dias frios aí, isso daí ajuda a combater. Mas nos lugares mais quentes como no interior, ou mesmo aqui, essa proteção climática não existe. A dengue, quando vai para o sul, ela sempre diminui, no sul do Brasil.

Bem, mas voltando às questões de obras, já caminhando para a conclusão. Uma área importantíssima, é o Rodoanel, o Rodoanel trecho sul. Não há nada mais exasperante do que olhar a avenida dos Bandeirantes, é tudo para o litoral. Às vezes vinham produtores: “Não, a exportação de açúcar vai aumentar, vai ter isso, vai aquilo e etc.” Eu ficava pensado: “mais entupimento na Bandeirantes”. Não chega aqui. Este Rodoanel, esse trecho vai resolver isto. Caminhão que vier do interior vai passar direto para a estrada do litoral. Isto é o mais importante. Caminhão que vai para o Paraná vai poder ir para o Paraná sem passar por dentro da Grande São Paulo, ou pelo menos dentro da cidade, passa pelo Rodoanel, é Grande São Paulo, mas de uma forma que não cruza com o trânsito. Uma obra incrível. Para vocês terem uma idéia, o trecho sul do Rodoanel movimentou, eu creio que uns 60 milhões de metros cúbicos de terra. São 130, em torno de 130 obras de arte. Obras de arte eu nunca tinha isso na ponta da língua, obra de arte é viaduto e ponte, que os engenheiros gostam de chamar obra de arte. E pensam que a população sabe o que é. Então você vai me botar o nome obra de arte e tem gente que pensa, “você está jogando o meu dinheiro fora fazendo obra de arte em uma estrada”. Mas na verdade é viaduto e ponte.

Um terço do Rodoanel, um terço é de obras de arte, viadutos e pontes. Vocês imaginam o peso que isso tem. Só diretamente no Rodoanel foram 10 mil pessoas trabalhando. Eu tive a oportunidade, eu já fui várias vezes lá olhar sem imprensa. Mas o Rodoanel então vai ser um encurtamento tremendo. No futuro, isso não é Rodoanel, nós estávamos fazendo na prefeitura e depois eu peguei para o Governo do Estado a Jacu Pêssego, que liga Mauá a Guarulhos. Então, nós começamos também a esticar o Rodoanel para chegar até a Jacu Pêssego. Porque a Baixada vai estar ligada com (o aeroporto internacional de) Cumbica diretamente, com Cumbica, porque aí pega a Jacu-Pêssego, pega por Mauá e aí pega a Imigrantes ou a Anchieta. Isso não é parte do Rodoanel, é uma obra complementar, até porque nós estamos tocando também a Jacu-Pêssego, mas a Jacu-Pêssego só fica pronta mais adiante, no segundo semestre eu espero.

Esta é talvez a obra viária mais importante, mas aqui todos sabem, o trecho, a terceira faixa na (rodovia) Padre Manoel da Nóbrega entre Cubatão e Praia Grande, recuperação de 13 quilômetros no trecho urbano da Praia Grande em Mongaguá, três viadutos São Vicente-Cubatão. Inclusive para enfrentar esse engarrafamento nos próprios trechos urbanos, e nas rodovias Imigrantes, Padre Manoel da Nóbrega e (rodovia) Cônego Domenico Rangoni, que eu tenho esperança de até sair do Governo e lembrar do nome. Eu tenho duas dificuldades, é o Guilherme Álvaro e Cônego Domenico Rangoni, de lembrar sempre assim de maneira fluente, de memória. Mas, nessa área viária, eu creio que avançamos bastante, inclusive, nos dispusemos a passar para a prefeitura de São Vicente R$ 50 milhões para outras obras, a chegada da (rodovia dos) Imigrantes, e ficou por conta da prefeitura, mas nós dispusemos dos recursos, coisa que é rara de se fazer, quando uma entidade governamental tem dinheiro passar para outra fazer em vez de fazer diretamente.

Por último, a questão do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e da ponte. Ontem foi aprovado no Governo, no Conselho para parcerias público-privadas (PPP), o projeto do VLT, que vai implicar um aporte considerável de recursos também da parte do Governo, porque não tenhamos ilusão, nada que envolve trilho é econômico para iniciativa privada, nada, nunca é. Quer dizer, o que pode ser é a operação, por isso nós vamos bancar parte do investimento, isso é fundamental. Agora, o VLT vai depender, principalmente, eu diria, essencialmente, do transporte municipal, de Santos e de São Vicente, que precisa estar integrado. Se não estiver integrado ele não vai ter viabilidade econômica. Os prefeitos querem essa integração, mas isso passa por Câmara de Vereadores, isso passa por uma mexida no sistema do transporte intermunicipal.E é essencial que isso possa acontecer logo. O importante é que a PPP está deflagrada agora, e a peteca está na mão do pessoal aqui e nós vamos poder começar a fazer rolar o projeto na prática ainda neste ano.

Por último, dentro deste ponto, a questão da ponte Santos – Guarujá. Olha, são 24 mil veículos por dia, o problema não é a trajetória, a gente sabe que é questão de poucos minutos. O problema é a espera, é o transtorno, é uma coisa muito atrasada para qualquer região do país ou do mundo. A minha idéia inicial era o túnel, mas o túnel se revelou, depois de estudos, um projeto muito incerto, muito incerto quanto à profundidade, quanto o que iria ser encontrado. E de repente correríamos um risco de embarcar em uma coisa, sabe, desses projetos que entram na história como poço sem fundo, do ponto de vista financeiro e do ponto de vista do cronograma. Por isso optarmos pela ponte, por um projeto bonito. O que eu vim aqui fazer outro dia foi fazer o anúncio do entendimento que nós concluímos com a prefeitura de Santos e do Guarujá. Porque as prefeituras, com muita legitimidade, têm as suas demandas. Se você entregar só para o Estado, o Estado faz e as demandas municipais que ficam para trás, é porque é da natureza, cada esfera pensa no seu projeto, nos seus condicionantes. Então, tivemos uma negociação longa, especialmente com a prefeitura do Guarujá.

No final prevaleceu a opção apontada pela prefeitura do Guarujá, que era chegar na Santos Dumont. Elas tinham uma proposta que não dava certo, tinha outra que não dava certo, e no final chegamos numa terceira que deu certo. E o importante é uma obra com começo, meio e fim, estruturada. Quero lembrar que a altura dela na maré alta é de 80 metros, o que é perfeitamente ajustado ao calado do porto, porque o porto também tem um determinado calado. E, portanto, eu não vejo problemas nessa área. E o secretário (estadual) do Meio Ambiente (Xico Graziano), porque eu o consultei antes eu disse, “vocês não vão me armar aqui uma confusão, e nós vamos lançar o projeto”. Ele disse, “não, pelo projeto tal como está, as questões ambientais são de pequena monta, portanto, não vai ter problemas”. Foi o palpite dele, então vocês sabem que se houver problema ambiental, a culpa de quem é? Xico Graziano, anote esse nome, com “x”. E aí vocês convidam ele. 

Bem, nós temos também, regularizamos uma coisa que era muito importante, é muito importante, especialmente aqui na Baixada. É importante para todos os municípios de estância. Aqui na Baixada, os municípios são estância de verdade, eu não vou dizer os que não são no Estado de São Paulo. Vocês ficariam surpresos se vissem que municípios são considerados estâncias, evidentemente, eu não vou dar nenhum exemplo jamais, nem amarrado. Mas, aqui são, aqui são, autenticamente. E sempre isso aí no passado era difícil, os repasses atrasados, etc. Portanto, quando nós entramos, como diria em espanhol: Borron y cuenta nueva, apaga, começa de novo, e daqui em diante vai funcionar impecavelmente. Os prefeitos são testemunhas disso. Nós já repassamos para investimentos na Baixada, para as prefeituras, R$ 226 milhões até o final do ano passado. Neste ano vão ser mais R$ 95 milhões, o que vai fazer com que nos quatro anos de Governo tenha se repassado R$ 321 milhões para as prefeituras.

Outro dia, não é, Papa, nós fomos lá ao Jardim Botânico, o Orquidário, que você está fazendo lá com o dinheiro do DADE (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento as Estâncias). E tem vários exemplos, cita só um ou dois. Enfim, são investimentos em cada município, em geral, muito estratégico. Quero dizer também que os prefeitos, independentemente de partido, isso e aquilo, tem usado bem o dinheiro. Tem o dinheiro, nós temos que aprovar o investimento e ninguém faz loucura com isso. O pessoal, em geral, vai no investimento necessário. Quando tem algo errado, paralisa, porque tem que prestar conta. Aí não dá, se não presta conta a responsabilidade passa a ser do Governo. Mas, em geral, as prioridades escolhidas são muito adequadas.

Bem, essas eram as palavras que eu queria dizer aqui, agradecendo muito a organização do seminário, ao Papa, ao Alexandre, a Associação Comercial, e aos prefeitos que aqui vieram, aos reitores que se dispuseram a intermediar os debates que acontecerão, o que é uma prova da seriedade desse seminário, contar com os magníficos reitores como participantes, também foi uma bela idéia esta.Uma maneira de ligar as universidades à problemática local na prática, através do debate. Do aplauso e da crítica também. Um seminário como este também é para apontar problemas, não é só para mostrar o que foi resolvido, mas também para mostrar o que está pendente, o que é necessário fazer. E a gente espera também tirar muito proveito de uma reunião como essa para a equipe de Governo.

Quando os problemas adentram no Governo, eles tendem a permanecer inclusive ao longo das administrações, e a médio e longo prazo serem resolvidos. Portanto, desejo nesse momento um debate muito frutífero e dar aqui o meu muito obrigado pela atenção. E não vai esgotar na 39ª visita, ainda há mais, temos que ir a Peruíbe, tem outras coisas aqui para vir. De maneira que nós vamos passar a coisa dos 40, mas eu confesso que fiquei surpreso, porque 39 é bastante. E eu nem sinto isso. Significa que eu me sinto em casa. Quando a gente vai para casa a gente não fica contando número. É o que acontece comigo aqui na Baixada.

Muito obrigado!