Governador discursa durante liberação de recursos para a Santa Casa de Lins

Governador Geraldo Alckmin: Bom dia a todas e a todos. Dizer da alegria de estarmos aqui juntos hoje. Cumprimentar o nosso prefeito anfitrião, o meu amigo Waldemar Casadei, a sua […]

seg, 14/11/2011 - 14h00 | Do Portal do Governo

Governador Geraldo Alckmin: Bom dia a todas e a todos. Dizer da alegria de estarmos aqui juntos hoje. Cumprimentar o nosso prefeito anfitrião, o meu amigo Waldemar Casadei, a sua esposa, a Rejane. Eu fui prefeito junto com o Casadei. Saudar o vereador Edgar de Souza, presidente da Câmara Municipal; cumprimentando a todos os vereadores. O Dr. Antônio Bittencourt Leão, Juiz Diretor do Fórum da Comarca de Lins. Dom Irineu Danelon, Bispo Diocesano aqui de Lins. Deputado Federal Abelardo Camarinha, aqui da nossa região, representante de São Paulo no Congresso Nacional. Deputados Estaduais Pedro Tobias, médico, um grande cirurgião de mama; Vinícius Camarinha, vice-líder do governo na Assembleia Legislativa. Cumprimentar o Itamar Borges, que não pode estar aqui presente, mas saudá-lo. O Dilador Borges, o Dilador que está aqui conosco, que se Deus quiser logo, logo está assumindo lá a Assembleia Legislativa de São Paulo. O professor Giovanni Guido Cerri, Secretário de Saúde. Marco Antônio Castelo Branco, o nosso secretário particular. Frei Francisco, que preside a Associação Lar São Francisco de Assis na Providência de Deus, e que assume aqui a gestão. O Gilson Bolsonaro, presidente do Conselho de Administração da Santa Casa. Dr. Luiz Roberto Bertozo, Delegado Seccional. Coronel Leonardo Cardoso, Comandante. O prefeito de Guaiçara, o Vadinho. Getulina, o Rogério. Pongaí, a Maria Helena. Pirajuí, o Jardel. Braúna, o Heitor. Bilac, o Beto. Guarantã, o China. O Frei Josias, responsável aqui pela Capela do Sagrado Coração de Jesus. Dra. Doroti Ferreira, Diretora Técnica da Saúde. Quero cumprimentar aqui também um grande empreendedor, que é o Reinaldo Bertin. O corpo clínico aqui da Santa Casa; colegas médicos, profissionais de saúde, área administrativa, todos os funcionários. Lideranças aqui da comunidade.

Dizer da alegria de vir hoje aqui com a Lu, a minha esposa. Eu estive aqui há dois anos como paciente. Não é isso, Casadei? Eu era secretário do Serra, e nós viemos pousar aqui em Lins, e eu comecei a me sentir mal, ânsia de vomito, enjoo. Aí liguei para o Pedro e falei: “Pedro, não dá para eu ir, eu estou com a pressão baixa, eu acho que está 5 por 2”. Aí vi que ele ficou tão frustrado, tão triste, Frei, que eu falei: “Não, eu vou tomar uma Coca-Cola aqui, dou uma hidratada, dá para eu aguentar”. Aí eu vim. Ah, para que? Quando eu desci aqui em Lins, quase fui para a maca, não é? E fui muito bem atendido aqui na Santa Casa de Misericórdia. Muito bem atendido. Mas vi que a Santa Casa estava precisando de um empurrão. Precisava de uma ajuda. Então eu falei: “Puxa vida, se eu voltar a ser governador, a primeira Santa Casa que nós vamos arrumar vai ser a de Lins. Vamos fazer um esforço para recuperar”.

E hoje é um dia feliz, pois nós estamos aqui exatamente assinando esse convênio. É preciso entender a dificuldade. Quem atende o SUS tem prejuízo. A tabela do SUS não cobre 50% do custo do paciente. Faz uma cirurgia, custa R$ 300,00, mas recebe R$ 150,00 do SUS. Acumulou um déficit de R$ 150,00. Realizou outro atendimento, custou R$ 400,00, recebe R$ 200,00. Fica com um déficit de mais R$ 200,00. Então os hospitais, como a Beneficência Portuguesa, em São Paulo, grandes hospitais que têm 60% SUS e 40% de convênio ou particular, cobrem o déficit do SUS com esses 40% de convênio e particular. A Santa Casa de São Paulo, que é um dos grandes hospitais do Brasil, deve ter hoje um déficit, um prejuízo de mais de R$ 180.000.000,00 (cento e oitenta milhões de reais). Quanto mais atende o SUS, mais vai se endividando. Então isso é uma coisa grave, porque como a tabela não é corrigida e os déficits vão se acumulando, as Santas Casas estão aumentando o seu déficit e aumentando o endividamento. Chega num ponto, não tem mais quem forneça crédito. Aí começa a entrar em colapso. Vale tanto para a Santa Casa de São Paulo até uma pequena Santa Casa do interior. Então, a primeira questão a ser colocada é que é fundamental a correção da tabela do SUS. Se nós não corrigirmos essa situação ela vai se agravar. E a gente vai correndo atrás. Um dia desses o Hospital Stella Maris, lá em Guarulhos, estava fechando. O hospital tem 70 anos. Aí corremos lá e ajudamos.

E olha como as coisas mudaram. Eu era prefeito em Pinda, Casadei, e eu fazia anestesia. Em Pindamonhangaba tinha uma Santa Casa de Misericórdia, que existe até hoje, e ela tem 160 anos, e o hospital particular de um grupo de médicos da cidade. Eu não fazia parte, mas ele era dos médicos, o Hospital Pindamonhangaba. Eu fazia anestesia nos dois hospitais. Já estava terminando o meu mandato, era do MDB, no tempo do nosso “manda brasa”, tempo do período militar, quando havia apenas a Arena e MDB. Aí vou fazer uma cesariana no Hospital Pindamonhangaba, um dia bem cedinho, vejo uma placa lá: “Os médicos e funcionários deste hospital apóiam: deputado federal, fulano de tal”. Naquele tempo era o Salvador Júlia Nelly, eu acho, da Arena. “Deputado Estadual fulano de tal”, também da Arena. Entrei, achei estranho aquilo, mas entrei quietinho, fui lá para o centro cirúrgico, fiz a anestesia e acabou tudo. Estava saindo para ir embora e um colega, diretor do hospital, me chamou e falou: “Dr. Geraldo, o senhor está vendo aquela placa lá? Não se preocupe. Aquilo ali é o seguinte: se nós não conseguirmos o convênio do INAMPS, o hospital fecha. Então nós precisamos desesperadamente o convênio do INAMPS, porque só particular e convênio não mantém o hospital. Então é a única maneira de conseguir o convênio do INAMPS, é política lá na área federal”. Eu falei: “Não se preocupe, o importante é que o hospital continue e tal”. Mas você vê a luta que era para conseguir um credenciamento para poder atender os pacientes do INAMPS, que eram os pacientes do SUS da na época. Hoje é ao contrário, não tem mais ninguém que quer atender o SUS. Vejo até entidades filantrópicas. Quanto atende de SUS? Zero. Só convênio e particular. Então aqueles hospitais que atendem, como as Santas Casas de Misericórdia, vão ficando totalmente inadimplentes. Eu acho que a primeira questão, nós temos que no Brasil fazer um movimento para dizer: olha, a questão da Saúde está na Constituição brasileira. É direito do cidadão e é dever do Poder Público. Agora não dá para ter Saúde sem dinheiro. Não tem jeito, não tem como fazer. Então os municípios têm que investir no mínimo 15% em saúde. Quanto investe o município de Lins? Os municípios têm que investir no mínimo 15% em saúde. Quanto investe Lins? Mais de 20%? Os estados, 12%. Nós passamos os estados em muito. E o governo federal? Não foi definido. Então todo ano vai diminuindo um pouquinho, diminuindo, diminuindo, diminuindo. E o sistema hoje, a crise da Saúde, é do Oiapoque ao Chuí. Antigamente qualquer pesquisa que se fazia, primeiro vinha a questão do desemprego. Segundo era Segurança. Lá atrás vinha a Saúde. Hoje pode pegar Rio Branco, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Brasília. Em todos os lugares, em primeiro lugar disparado é Saúde.

Eu fui candidato à Presidência da República. Rodei o Brasil inteiro. Fora de São Paulo a situação é muito mais dramática. É dramática mesmo. Então eu acho que nós temos que fazer um mutirão e dizer: Olha, governar é escolher. Dinheiro nunca vai dar para fazer tudo. Não tem jeito. Governar é escolher. Você tem que ter prioridades e a Saúde é a prioridade absoluta como direito de cidadania. Quem tem dinheiro faz convênio, é atendido, se vira. Nós temos que garantir o SUS. Então a primeira coisa é segurar o hospital. Nós vamos repassar R$ 400 mil por mês para a prefeitura, que fez o contrato de gestão com o Frei Francisco. Todo mês, para segurar o prejuízo. A outra é recuperar. Então, Giovanni, você está autorizado. Então nós vamos fazer um programa de recuperaçãoE nós temos que unir três, um tripé. Comunidade. A comunidade precisa participar. Três governos: o municipal, estadual e federal.

O governo federal é tabela do SUS. E se precisar nós vamos colocar mais recurso, além dos R$ 400 mil por mês. Então vamos fazer um programa. Recupera a cozinha, lavanderia, enfermarias, centro cirúrgico. Vamos por partes. Mas nós vamos, se Deus quiser, em poucos anos, dizer: Olha, tem um novo hospital para atender com excelente padrão de qualidade a população que tem direito à saúde aqui em Lins. Aqui nós temos ETEC e FATEC. E, agora, vem o Via Rápida. Uma boa notícia: quem estiver desempregado, nós trouxemos aqui cursos de eletricista, instalador, e vamos fazendo outros cursos. Quem está desempregado, nós pagamos. R$ 330 só para fazer o curso. Curso rápido de um mês, de oitenta horas, cem horas. É cozinheiro, é confeiteiro, pizzaiolo, eletricista, encanador, operador de máquina, motorista, costureira. A gente vai rodando os cursos de acordo com a necessidade. E quem está desempregado, para poder se dedicar um mês ao curso, ainda recebe uma bolsa se precisar, e não receber o seguro-desemprego. Temos a ETEC, que é uma boa escola técnica aqui. E temos também a FATEC aqui em Lins. Reformamos aqui cinco escolas: a Minervina Santana Carneiro, a Jorge Americano, Genoveva Junqueira, Henrique Mourão e Décia Lourdes Machado dos Santos. Três vicinais foram recuperadas: Lins, Rio Feio, Guaimbê. Vou verificar essa questão aqui do parque tecnológico e do centro dos idosos. Mas a questão mais importante aqui é a Saúde do município e a Santa Casa. Nós vamos caprichar aqui para realmente fazer um trabalho excepcional. O Frei Francisco é um craque, não é? Ele une esse espírito de doação franciscana. E de outro lado a expertise, que nós precisamos de gestão. O Mário Covas dizia: “Um dos grandes problemas da administração pública ou privada: primeiro, gestão. Segundo, gestão. Terceiro, gestão”. Aprimorar gestão para a gente poder avançar. E resolutividade. O Pedro Tobias colocou bem: muita coisa que hoje é feito fora, se a gente puder fazer aqui, melhora também a produção e ajuda a população a resolver na própria cidade.

O poeta Menotti Del Picchia, num poema muito bonito chamado “Juca Mulato”, diz que a própria dor na terra natal dói menos. Quando somos atendidos perto da família, das pessoas que nos conhecem, na nossa comunidade, a dor dói menos. Porque você vira número em grandes cidades, longe das pessoas que lhe são caras.Eu quero agradecer aqui ao professor Giovanni Cerri, que eu tenho certeza está muito feliz hoje também. Ele que dirigiu a melhor faculdade de medicina desse país, que é a Faculdade de Medicina da USP, ainda é o diretor afastado, e não há nada melhor do que a gente proporcionar bom atendimento à população. Toda a sua equipe. Agradecer ao Frei Francisco, que eu tenho certeza Deus vai abençoar e proteger muito para ele fazer um grande trabalho. Agradecer aqui aos vereadores, ao presidente da Câmara, aos nossos deputados. A gente não trabalha sozinho. O Pedro Tobias e o Vinícius têm sido grandes companheiros na Assembleia Legislativa de São Paulo. O Vinícius Camarinha, lá na Câmara Federal. O Abelardo Camarinha. Já estou promovendo o Vinícius a federal, olha aí. O Abelardo Camarinha, Deputado Federal, defendendo São Paulo lá em Brasília. Agradecer aqui ao Casadei. Mas, em especial, cumprimentar os prefeitos, que a Santa Casa atende toda a região. Mas, em especial, dizer o seguinte: nós não podemos deixar morrer a Santa Casa. É um equívoco achar que tudo deve ser estatal. Não. A Santa Casa é um modelo maravilhoso. Quem é o dono da Santa Casa? É o povo. Ela não é do governo, ela não é de um médico. Ela é do povo. Santa Casa é uma herança lusitana, nós herdamos de Portugal. A Santa Casa de Santos é de 1543. É Brás Cubas. Então tem 400, 500 anos. A Santa Casa da minha cidade tem 180 anos. E uma das pessoas que mais impulsionou os Hospitais Beneficentes e as Santas Casas de Misericórdia foi uma rainha de Portugal, na época das grandes navegações do Século XVI, Século 15, rainha Leonor de Aviz. Ela era uma das mulheres mais ricas da Europa naquele tempo. Ela está enterrada num mosteiro em Lisboa, Frei Francisco, nosso querido bispo. E essa rainha dizia o seguinte: quando ela morresse, queria ser enterrada num local de passagem para que todos pisassem sobre a sua campa, para lembrar a pequenez das coisas materiais frente à grandeza da eternidade. Essa foi a rainha Leonor de Aviz, que inspirou esse modelo de misericórdia de Santa Casa Comunitária, de Hospital Beneficente. Parabéns. Bom trabalho a todos.