Goldman discursa no lançamento da Campanha Consciência Negra 2010

Governador Alberto Goldman: Quero cumprimentar a todos vocês aqui presentes. Teve um tempo que era preciso dizer que eram afro-descendentes. Eu nunca entendia muito esse negócio. Na África do Sul […]

qui, 13/05/2010 - 16h00 | Do Portal do Governo

Governador Alberto Goldman: Quero cumprimentar a todos vocês aqui presentes. Teve um tempo que era preciso dizer que eram afro-descendentes. Eu nunca entendia muito esse negócio. Na África do Sul tem inglês, tem holandês, branquíssimos, loiros, e que são afro-descendentes. Se eles vieram para cá, como é que eu faço? Então por que não chamar negro? Branco? Qual a diferença, o que importa? Amarelo. O que nós queremos exatamente é identificar pessoas, identificar pelos nomes, mas o que é importante é que quando você use essas expressões, essas denominações, (a outra pessoa) não sinta que isso seja uma expressão de racismo. Eu convivi a minha vida inteira, escola e tal, não senti isso,devo confessar que não senti (o preconceito).

E muitas vezes eu vi dizer assim “olha o judeuzinho aí”. “Quem é o líder da bancada agora? É o judeu”. Eu fui líder da bancada, fui uma série de coisas, tantas coisas que eu fui, eu nunca senti nem esse tipo de problema, eu não senti.Os turquinhos também, brinca-se e tal, mas também não sentiram muito. (Mas) eu acho que no caso do negro é diferente, foi diferente, na história e na cultura brasileira. Discriminação, sim, houve e há. Há! E o que nós estamos fazendo aqui é lutar exatamente para que todos os seres humanos sejam tratados igualmente, independentemente de cor, de raça, de condição religiosa, de condição social. Porque isso é algo importante para a vida das pessoas, da humanidade.

Uma das coisas mais importantes é todas as pessoas se sentirem, serem e se sentirem absolutamente iguais umas às outras. Independentemente da modelagem que ela tem, da modelagem que ela vem ou de onde ela veio. Todos nós, no fim, (somos) originários do mesmo processo de evolução. Alguns dizem de um jeito, outros imaginam do outro (como se deu) o nascimento do mundo, como é que nasceu, cada um tem a sua concepção à respeito disso, mas na evolução humana, nós temos um histórico da evolução humana, milhares e milhares de anos, esse é para todos nós absolutamente igual, todos nós somos uma coisa só. Então, eu acho que campanhas que são feitas (são insuficientes). Evidentemente é estranhamente insuficiente (para se combater o problema).

A gente fica feliz quando 15 mil cartas são enviadas em função de uma campanha de um ano (contra o preconceito), mas o quê  são 15 mil cartas em um Estado de 41 milhões de habitantes? Evidentemente ainda é muito pouca coisa. De qualquer forma, é uma ação do Estado que mobiliza entidades, mobiliza pessoas, mobiliza associações. Esse é um processo cultural, nós temos que encontrar as formas, cada vez mais, de enfrentar essa perversidade na sociedade, que é separar as pessoas por alguma característica específica pessoal. Somos todos absolutamente iguais e assim temos que ser tratados. Portanto, uma campanha desse tipo, ainda que seja uma gota no oceano (é uma iniciativa louvável). Parabéns a vocês por levar isso adiante, parabéns ao Estado, e parabéns ao João (Sayad, secretário estadual da Cultura) e à (equipe da) secretaria por esse trabalho. Obrigado!