Estado inaugura Unidade Móvel de Reabilitação

O governador José Serra apresentou nesta segunda-feira, 19, a Unidade Móvel de Reabilitação do Instituto Rede Lucy Montoro. Inédita no país, a unidade móvel vai percorrer municípios do interior para […]

seg, 19/01/2009 - 17h46 | Do Portal do Governo

O governador José Serra apresentou nesta segunda-feira, 19, a Unidade Móvel de Reabilitação do Instituto Rede Lucy Montoro. Inédita no país, a unidade móvel vai percorrer municípios do interior para fazer avaliações médicas e fornecer órteses, próteses e cadeiras de rodas.

Governador: Meu boa tarde a todos e a todas. Cumprimentar o prefeito Kassab, cujas palavras agradeço. A Linamara, que é a nossa secretária. Doutor Barradas, que é o secretário da Saúde, parceiro da Linamara nesse trabalho. O deputado Arnaldo Faria de Sá, a respeito de quem a Linamara me dizia que todo ano faz uma emenda ao orçamento para recursos de reabilitação do Hospital das Clínicas. É um reconhecimento público, portanto, Arnaldo, a esse seu gesto repetido.

Nossa deputada Célia Leão. O Estêvão Galvão, deputado estadual que, evidentemente, conseguiu que a carreta, já no primeiro lance, fosse para Suzano. Na volta, mas (…). O diretor-geral da Scania, Christopher Podigorsky. A Scania vendeu a carreta, mas pela metade do preço, e vai fazer a manutenção por um ano. Christopher, bota mais tempo aí para a manutenção porque isso é o que dá mais trabalho. Um ano é pouco, está bom?

Voz: Dois anos?

Governador: Dois anos. Então, já está, começa com dois anos. Desculpe pressionar desse jeito, aqui no meio de (…).

Mas tem um dado que eu queria dar, aqui, muito importante. É uma pena que não tenha vindo ninguém do Ministério Público do Trabalho, porque o Ministério Público do Trabalho deu R$ 1 milhão para este programa. Dinheiro de onde? Das empresas que pagam multas por não empregarem pessoas com deficiência.

Então, o Ministério deu R$ 1 milhão. Parabéns ao Ministério e à Linamara, que soube arrancar o dinheiro também. É interessante, eu mesmo fiquei surpreso com a (…). É uma utilização inteligentíssima do recurso.

Queria saudar o secretário municipal da área, o Marcos Belizário. O Ricardo Montoro, que é o secretário municipal de Participação e Parceria e deputado estadual. A Mariana Montoro, nossa coordenadora para a juventude. Eu vi a Mariana um pouco mais gordinha hoje, mas a gente nunca pergunta para uma mulher porque pode ser uma tragédia. Eu achei que ela deve estar grávida, mas imagina se não fosse. Ela, realmente, confirmou que está esperando gêmeos. Portanto, (…).

Queria também cumprimentar o Fernando Montoro, que é o mais novo dos filhos da dona Lucy e do Franco Montoro. É muito importante que eles estejam aqui, mais uma vez, porque nós designamos com o nome da dona Lucy esta rede de reabilitação em homenagem a ela. Ao que ela foi, ao que ela fez e ao que ela gostaria de que a gente fizesse no governo também. Tenho certeza de que ela vibraria com um programa desse tipo.

Queria cumprimentar também a Márcia Gori, presidente do Conselho Estadual de Assuntos da Pessoa com Deficiência. O Eduardo Dias de Souza, que representa o procurador geral de Justiça, o Fernando Grella. A Sonia Francine, que não é mais vereadora, é a subprefeita da Lapa e aqui está na Lapa. De maneira que ela é, depois do prefeito Kassab, autoridade aqui.

E os presidentes de fundações, autarquias. O ex-secretário da Cultura, que fez um trabalho tão importante na Cultura de São Paulo, Marcos Mendonça. Presidentes de fundações, autarquias, como eu dizia, médicos e profissionais da saúde. Nosso diretor do Hospital das Clínicas, o Álvaro. A todos e a todas.

Para o trabalho relacionado às pessoas com deficiência avançar, nós precisamos de três coisas fundamentais. Uma é ação concreta do Governo do Estado e, principalmente, da Prefeitura de São Paulo. Ação essa que já existe. Nós criamos uma Secretaria, na minha época, com atenção voltada às pessoas com deficiência. Na ocasião, comandada pela Mara. O Kassab, na verdade, comandou a maior parte do tempo e teve um papel muito importante na cidade de São Paulo, principalmente voltado para a acessibilidade. E o Governo do Estado criou a Secretaria, está fazendo a rede e está, agora, fazendo este hospital móvel. Poderá fazer outros. Enfim, ações concretas, este é um ponto fundamental.

Segundo, é mobilizar todo o aparato administrativo do poder público no Estado. Não adianta nada o Governo do Estado fazer, a Prefeitura da Capital fazer, se os outros 650 municípios não trabalharem nessa direção também. Por isso é que outro dia nós fizemos uma reunião – devia ter uns 500 prefeitos – para falar de estrada vicinal, dos nossos programas. E eu dediquei acho que 20%, 30% do meu tempo a falar sobre a questão dos deficientes físicos com os prefeitos, pedindo a eles que criem órgãos nas suas Prefeituras, em todo o Estado, para cuidar do assunto. Se numa Prefeitura pequena, de cinco mil habitantes, houver uma pessoa, não precisa ter duas, uma pessoa ligada no assunto, será um avanço enorme, porque hoje não tem nenhuma. Uma Prefeitura maior pode até criar um departamento.

Enfim, cada uma vai saber como regular, mas queremos todos engajados. A própria Linamara já disse que vários já procuraram, e nós vamos ficar insistindo nisso porque só assim a luta pela causa vai avançar. Não adianta estar superconcentrado numa ou outra esfera de governo, num ou outro governo.

Um terceiro aspecto fundamental é o da consciência da sociedade. Sem isso, também não vai avançar. É preciso que a gente transforme esta causa da cidadania plena para as pessoas com deficiência de mobilidade numa causa consensual.

Voz: (Inaudível)

Governador: Olha aí. Já foi criado em Rio Preto? Agora. Puxa vida, é a Regina. Está vendo?

Em Rio Preto, que é uma cidade grande, pode caber uma Secretaria.

Eu dizia, é a questão da consciência. O que tem que ter é uma consciência a esse respeito. Na hora em que a sociedade, as pessoas, a população se conscientizar da importância desta luta, a luta vai ser ganha, já vai ser ganha logo.

Isto é fundamental, que todo mundo tome conhecimento. Tem que introjetar no comportamento da sociedade. Botar uma rampa como essa é trivial, mas isso aí não se fazia nunca. Eu, pelo menos, nunca via isso. São certas coisas, não custam tanto dinheiro. Algumas custam. Nós estamos investindo, no Metrô, mais de R$ 80 milhões para a questão da acessibilidade. É caro, mas é necessário. Mas a maior parte das coisas não são caras, é atenção.

Vocês podem ir ao Museu do Futebol, não sei quem foi aqui já. Quem foi, aliás? Ninguém? Podem ir ao Museu do Futebol, que é um espetáculo. Vocês vão ver que está totalmente equipado para a mobilidade das pessoas.

Nós vamos inaugurar em fim de fevereiro, em março, o Museu da Criança Cata-vento. Na verdade, é um museu de ciência e tecnologia, super-atualizado, vai ser um espetáculo. Já está pronto, é que nós estamos, agora, na fase de preparação, porque é muita coisa, como é que circula, como é que não circula, quem vai, quem não vai, etc. Este museu está feito desde o (…). Num prédio antigo, porque num prédio novo é mais fácil, mas é o prédio que é da Prefeitura, lá no Parque Dom Pedro.

Ele está impecável, e tem alguns programas que são feitos para pessoas com deficiência visual, por exemplo. Tem lá, que pode fazer mediante o toque. Isso não acrescentou muito custo no museu. Deu algum trabalho, mas na medida em que o cumprimento da obrigação vai se tornando uma rotina, fica tudo muito mais fácil.

Portanto, nós temos também o dever de trabalhar nesta esfera, da disseminação da idéia da cidadania para todo mundo. Que todas as pessoas   tenham possibilidade de realizar o seu potencial de vida, independentemente das suas condições de mobilidade.

Aliás, nós vimos aqui as duas medalhas e eu fiquei abismado, porque o campeão, que luta é? Judô. Um músculo tremendo. A gente aqui, com todos os cinco sentidos alertas, não sou capaz de derrubar um poste de madeira parado. O rapaz, fortíssimo. E o outro, campeão de natação. Eu fiquei olhando, eu que não sei nadar direito, como é que ele faz. E ganha medalha ano após ano.

Aliás, uma coisa em que a Linamara sempre insiste é sobre o rendimento desse trabalho. É um trabalho que rende. Quer dizer, o tratamento rende, faz diferença, tem uma produtividade muito alta: este é outro fator, porque é uma coisa que tem retorno. O retorno é palpável, não é uma causa perdida, que a gente faz só para ficar em paz com a consciência. Não, é algo que tem um efeito, realmente, de impacto, tem importância.

Bem, nós estamos, como já foi dito, embarcados no projeto de ter seis hospitais de reabilitação. Já tem lá em parceria com o Boldrini, que foi lançado. Aqui, na Vergueiro, foi lançado. Em Marília também foi lançado. E ainda vamos ter em três lugares mais, espalhados pelo Estado para diminuir as distâncias. Já vi que o Estêvão vai querer um em Suzano, mas não dá, porque tem que fazer primeiro nas regiões mais distantes do Estado. Hem?

Voz: (Inaudível)

Governador: E (…). Por agora, por agora. Mas não temos nos limitado a isso. Há várias outras coisas, há um programa educativo que a Linamara e o Barradas organizaram: é o programa Sinal Verde, Sinal de Passagem, é educativo, um programa educativo. Eu dou uma importância enorme para a educação, como no caso do meio ambiente. Sem educação ambiental, sem treinamento, etc., fica difícil, também, as coisas avançarem.

Esta unidade móvel eu acho que tem que atender mais de 100 pessoas por mês, porque aqui é um problema de economista. Um consultório médico, sala de espera, oficina ortopédica, elevador hidráulico, banheiro, dois médicos fisiatras, dois técnicos de órtese e prótese, um fisioterapeuta, um terapeuta ocupacional, um enfermeiro. Três, cinco, sete. Sete para 100 é pouco. Concorda? Então, a Linamara diz que a culpa é do Barradas, por causa do custeio, mas nós vamos ver como fazer isso.

Mas, em todo caso, vai ser uma grande novidade que ajuda também os municípios a se mexerem e ajuda o pessoal a tomar consciência. E nós vamos ver agora, eu não vi por dentro. Esse filme, de duas, uma: ou foi obra de autor de algum publicitário, ou tinha algum defeito, porque pareciam cinema mudo as coisas correndo. Os publicitários, às vezes, têm mania de obra de autor, talvez alguém tenha querido fazer um negócio diferente, ou é erro do filme mesmo.

Mas o espaço, a gente vê claramente, porque isso aí não tem mais do que 30, 40 metros quadrados, pela área. E cabe muita coisa dentro. Realmente, é um negócio que pode ter um efeito multiplicador. Uma Prefeitura grande, como de Campinas, pode fazer isso. Uma prefeitura grande, como Santos. Nós vamos agora cobrar os prefeitos, e a Scania pode se preparar, no ABC, etc., para também fazer isso.

Outra questão que eu queria sublinhar, eu já falei, a questão do Metrô. Nós estamos investindo R$ 82 milhões. É um investimento pesado, mas ao mesmo tempo, dá gosto de ver. Por exemplo, as pessoas com problema de visão têm um negócio para andar, vocês imaginem a liberdade que é isso, poder andar no túnel de uma estação, de um embarque para outro, se orientando pelo solo. O que é mais complicado são os elevadores, mas nós estamos fazendo e vamos fazer pouco a pouco, também para que toda a rede da CPTM tenha.

Outra questão é a da empregabilidade das pessoas com deficiência. Estamos com uma parceria com a Serasa, lançada em outubro passado. São cursos de qualificação profissional para portadores de deficiência, com a garantia de que os formandos possam ter uma oportunidade de trabalho.

Eu me lembro uma vez – acho que foi a Mara quem me disse – é que muitas empresas não cumprem porque também não há oferta de pessoas treinadas e qualificadas. Não tem demanda. Quer dizer, a empresa demanda e não tem no mercado de trabalho. Então, essa é uma questão fundamental.

O Instituto de Reabilitação do HC já é algo que existe previamente, mas nós criamos agora, formalmente, por decreto, o instituto. Quer dizer, já existia a área dentro do HC. O que não há – não é, João Manuel? – é uma cadeira, como se dizia antigamente. Hoje não se diz mais cadeira, não?

Voz: (Inaudível)

Governador: Hem?

Voz: (Inaudível)

Governador: Quê?

Voz: Disciplina.

Governador: Disciplina. A Linamara é livre-docente, mas tem um chefe em cima, que é o de ortopedia, não é?

Voz: Nem pensar, nem pensar.

Governador: Ela está dizendo que, “nem pensar”, o sujeito é chefe. Mas o que tinha que criar é uma disciplina no HC. Você não acha, Linamara?

Voz: (Inaudível)

Governador: Não é, para ter um professor titular lá de (…). Eu acho que,  com a expansão da rede, com tudo, agora, seria importante. Ele também não vai poder falar não agora e (…).

Voz: (Inaudível)

Governador: Hem?

Voz: (Inaudível)

Governador: É. Não, não, porque tem que fazer concurso. Claro que, provavelmente, ela ganharia, mas tem que fazer concurso.

Bem, enfim, são múltiplas iniciativas, muitas coisas. Mas eu quero voltar a insistir num ponto: nós temos que trabalhar na conscientização. Conscientização é fundamental. Com ela, a gente vai ter a garantia da vitória.

E, no caso de São Paulo, é muita gente. A estatística que a Linamara me dá é de 11% da população do Estado que tem algum problema de mobilidade. Onze por cento, não é brincadeira, é muita coisa, muitas áreas.

Aliás, vocês vêem até pela questão, pela composição dos profissionais do ônibus, como esta atividade amplia o mercado de trabalho, incrivelmente. Tem médico fisiatra, tem fisioterapeuta, tem enfermeira, tem psicólogo, tem serviço social. Que mais, eu não quero falhar? Terapeuta ocupacional.

Voz: Enfermeira.

Governador: Já falei. Enfermeira. Na verdade, tem um efeito multiplicador sobre o emprego enorme. Aliás, a área da saúde é a que mais emprega na economia brasileira, não em termos absolutos, porque ela não tem o tamanho. Mas por unidade de investimento, é a que mais emprega, porque ela é basicamente formada por gente trabalhando. Pode ter equipamento, tudo isso é muito importante, mas é basicamente gente, emprega muita gente. E nós estamos dando abertura para essas outras profissões que são essenciais para a saúde, para o bem estar da nossa população.

Portanto, este é um efeito derivado, uma conseqüência que acaba tendo um impacto grande. Aliás, pensando exatamente em recursos humanos é que nós esquematizamos, agora, um curso imenso. Do que é Barradas, o curso que você estava preparando com o Biazotto?

Voz: (Inaudível)

Governador: Para técnicos de enfermagem. Quando eu estava no Ministério da Saúde, nós fizemos um programa gigantesco de auxiliares de enfermagem. Formamos mais de 200 mil no Brasil, numa parceria com o BID, com o Banco Interamericano. Me lembro, custava US$ 1.000 por aluno, tivemos cooperação de toda a rede hospitalar pública e privada. Em dois anos, nós formamos centenas de milhares de técnicos.

E agora vamos fazer, em São Paulo, um programa para 60 mil técnicos de enfermagem. Nós vamos fazer de graça, o governo vai pagar.

Naturalmente, vai precisar da cooperação também das diferentes unidades de saúde. Mas formar maciçamente, mesmo que vão trabalhar na área privada. Não há exigência de que depois venha trabalhar na área pública, porque se a gente for começar a colocar exigência, vai emperrando tudo.

O importante é que isso vai melhorar a qualidade – que já é boa – de todo o sistema de saúde, público e privado no Estado. Recursos humanos, na saúde, é uma questão crucial. É uma área que eu conheço bem, pela experiência que eu tive não só na vida acadêmica, mas especialmente no Ministério da Saúde. E logo, logo, nós vamos ter falta de profissionais nesta área aqui da reabilitação.

Assim, é importante que a gente já comece fazendo treinamento e motivando, também, as escolas de psicologia, de fisioterapia, de enfermagem, de serviço social. Enfim, todas elas para trabalhar também nessa área de formação de profissionais.

Esses profissionais todos têm que de ter sempre uma dose extra de solidariedade com as pessoas. Quem não tiver é melhor nem entrar na área. Vai ser economista, vai ser engenheiro, eu estou à vontade para falar porque eu sou economista e estudei engenharia. Então, não estou falando mal da profissão.

Mas se não tiver um espírito muito forte de querer cuidar do outro, não dá certo. Porque a doação que tem que ser feita e a paciência que tem que ter, a persistência são muito grandes. Quando a gente fala que o processo de recuperação exige muita persistência, muito trabalho para o paciente, imaginem para o profissional que está lá, que nem tem o problema ele. Ele precisa querer resolver o problema do outro. Portanto, é uma área muito especial e a gente quer dar muito apoio para essa área.

Muito obrigado.