Entrega da Medalha Oswaldo Cruz

Este ano a honraria foi entregue ao cardiologista Roberto Kalil Filho e ao empresário Antônio Ermírio de Moraes

ter, 10/06/2008 - 20h02 | Do Portal do Governo

Dois expoentes na luta pela melhoria da saúde pública brasileira foram homenageados nesta terça-feira, 10, durante a cerimônia de entrega da Medalha de Mérito Oswaldo Cruz, que contou com a presença do governador José Serra. Este ano a honraria foi entregue ao cardiologista Roberto Kalil Filho e ao empresário Antônio Ermírio de Moraes. A iniciativa é do Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde. Na ocasião, Serra fez o seguinte pronunciamento.

Governador: Queria dar o meu bom dia a todos e a todas. Cumprimentar o presidente Lula. Os ministros aqui presentes: o Temporão, Miguel Jorge. O prefeito Kassab. Os senadores Romeu Tuma e Eduardo Suplicy. O ex–senador Pedro Piva. Os deputados federais Michel Temer e Milton Monte.

O nosso secretário da Saúde, que hoje está com o braço operado, o Luiz Roberto Barradas. O Marcos Boulos, que é o diretor da Faculdade. O José Manuel, que é o superintendente do Hospital das Clínicas.

Os homenageados Roberto Kalil Filho. E quem representa o homenageado, o Rubens Ermírio de Moraes, que representa seu pai, Antônio Ermírio.

Queria saudar também os professores e alunos da Faculdade de Medicina. O corpo clínico e o administrativo de vários hospitais aqui da região. Os familiares dos homenageados, eu não fui apresentado, mas acho que essas duas meninas bonitas que estão aí na frente devem ser filhas do Kalil. Estou certo ou estou errado? As duas? Enfim, queria aqui me associar a esta homenagem.

Eu convivi e tenho convivido com os dois homenageados. Com o Antônio Ermírio há muito tempo, inclusive na política. Mas depois também quando ministro da Saúde, porque ele dirigia e dirige o Hospital Beneficência Portuguesa, que transformou em um hospital cinco estrelas que atende o SUS. Pelo menos 60% dos leitos são do SUS. Trata-se de um hospital não governamental que mais atende com qualidade o SUS no Brasil, e faz um subsídio cruzado.

Porque o Antônio Ermírio gosta de números e eu também. Quando eu era ministro, vira e mexe ele vinha lá para reclamar as remunerações, fazíamos as contas e ele tinha mais ou menos 25% da receita do hospital vinda do SUS. Como atende 60% dos leitos, é óbvio o subsídio feito pelo tratamento privado ao tratamento público. É bem interessante, talvez o caso mais acabado, o melhor exemplo que a gente pode dar no Brasil.

E – realmente – um hospital de cinco estrelas. Um hospital de grande categoria. Não estou aqui diminuindo os outros que não tenham papel tão importante na saúde brasileira. O Beneficência é um hospital de referência.

O Antônio Ermírio faz isso pessoalmente. Quantas e quantas vezes eu tive que ouvir não entediado – mas, ao contrário, curioso – quantos metros de papel higiênico o hospital consumia, quantos clipes, exagerando, quanto de eletricidade.

E ele cuidando – Presidente Lula – de tudo. Não é dizer que manda alguém, não. Ele controlando realmente a economia do hospital, os investimentos. Vindo resolver, quando eu era prefeito, a questão da rua, do acesso, da falta de acesso. Enfim, não é que ele como homem – como grande empresário, maior grupo industrial do Brasil – se limitou a fazer aporte que eu acho muito importante e estimulo a todos que façam aportes financeiros ao sistema de saúde. Não. Mas fazendo administração direta.

Chegou até a escrever uma peça de teatro sobre saúde. Ele fez uma sobre burguesia nacional, desenvolvimento, tudo mais. Chegou a fazer outra sobre saúde, tal foi seu envolvimento e tem sido com o setor.

É uma pena que como Ministro da Saúde – apesar de que eu ter ficado quatro anos – nunca ninguém me deu a idéia da existência da Medalha Oswaldo Cruz. Senão, eu teria já feito algumas homenagens. Eu só soube agora, pelo fato também de eu não ser médico, eu não conhecia isso.

Mas as duas homenagens são heterodoxas. O Antônio Ermírio, porque ele não é médico. Quem sabe, quando eu for um pouquinho mais velho, eu também ganhe uma dessa. Eu me contentaria com uma de bronze.

Ao mesmo tempo, é uma homenagem heterodoxa também ao Roberto Kalil, que é um médico em meio de carreira. Não é um médico concluindo a sua carreira, estando em um ponto máximo. É um médico que está em pleno processo de desenvolvimento, como atividade múltipla. Como foi dito aqui, uma capacidade imensa de trabalho, uma dedicação às pessoas.

Eu sempre dizia – quando ministro da Saúde tinha que fazer palestras nas faculdades sem entender do assunto – dizia que para ser médico precisa ter uma dedicação especial. O sujeito pode ser economista, engenheiro. Pode ser outra coisa, trabalhar direitinho e cumprir direito com os seus deveres profissionais, com seus juramentos profissionais. Mas o profissional da saúde – e eu não incluo apenas o médico, mas o corpo de funcionários – tem que ter uma dedicação extra. Tem que ter um plus, um mais na relação com as pessoas. Senão, não funciona.

O Kalil tem isto à mostra. A gente vê isso, não apenas pelo fato também de que ele acompanha meu quadro de saúde, embora meus problemas sejam mais no aparelho digestivo do que nas questões cardiológicas. Mas não é apenas a partir daí que eu constato, não.

Nem acordando o Kalil, como provavelmente eu acordo à noite, quando costumo telefonar tarde para as pessoas. E ele sempre diz que está acordado. No máximo: Não, agora eu estou lendo aqui na cama. Mas também pela dedicação que ele presta às pessoas que não podem pagar e precisam de uma emergência, que precisam de conforto, porque as pessoas estão sempre fragilizadas quando procuram um médico.

Todo mundo está fragilizado sempre, quando tem um problema de saúde. E, nessa hora, o médico, a enfermeira, a auxiliar de enfermagem – até a parte administrativa, o porteiro da instituição – têm uma importância enorme.

Eu acho que o Kalil encarna, como poucos, essa virtude que é da solidariedade, e, portanto se enquadra também muito bem no mérito da homenagem de hoje.

Eu queria dizer que certas instituições valem não apenas pelas pessoas que elas têm, mas valem também pelas pessoas que elas homenageiam. Nesse sentido,  eu queria cumprimentar o ministro da Saúde e o presidente pela homenagem que hoje fazem. Isso é um sinônimo de qualidade da sua gestão, Temporão, não apenas das pessoas homenageadas. Você poder escolher gente assim já é um testemunho a seu favor.

Muito obrigado.