Doação de terreno para Museu Rei Pelé

Serra assinou a escritura nesta quarta-feira, 28, em Santos

qua, 28/05/2008 - 20h03 | Do Portal do Governo

O governador José Serra assinou nesta quarta-feira, 29,  a escritura de doação de um prédio em Santos, escolhido para ser o Museu Rei Pelé. Na ocasião, Serra fez o seguinte pronunciamento.

Governador: Queria dar meu boa tarde a todos e a todas. Cumprimentar o nosso prefeito Papa. O nosso Pelé. O vereador Marcos de Rosas, que é presidente da Câmara de Santos, e por intermédio dele cumprimento todos os vereadores. Os deputados Luciano, Paulo Barbosa, Bruno Covas.

Queria dar meu abraço especial – eu que pedi ao Pelé que os chamasse – ao Clodoaldo, ao Pepe, ao Mengálvio e ao Dorval, craques junto com o Pelé. Eu me lembro sempre de uma partida, já falei disso várias vezes ao Pelé, em São Paulo. Rio e São Paulo, decisão no Pacaembu, começo de 60, final de 50, não lembro direito a data. O Santos chegou a ganhar de 5 x 2, o Palmeiras foi para 6 x 5 e o Santos ganhou de 7 x 6.

Lembra disso, Dorval? Hem? Morreu gente do coração. Mas não deu para sair com raiva. Porque parecia um fenômeno da natureza que era impossível evitar.  Eram quatro Peles, na verdade, no ataque: Dorval, Mengalvio, Coutinho, Pelé. E o Pepe era exceção que estava por lá chutando e marcando gols. Mas eram quatro na frente – não dava para distinguir na hora – e era um negócio assim infernal, de 7 x 6 . No Pacaembu.

Na é para querer me gabar, mas o Palmeiras na época era o único time que punha pedrinhas na frente. Ou não? Era o Palmeiras. Eu me lembro também daquela final, quando o Santos ganhou em 55. Ainda não tinha o Pelé, o Pelé devia estar na reserva. Em 55 era um time bom mais cedo, com o Álvaro, Vasconcelos, Tide, Pagão. Em 56 veio o Pelé já titular, o time ganhou de novo. Em 57 ganhou São Paulo, em 58 ganhou o Santos.

E aí veio o Palmeiras em 59, eu lembro que o Romero bateu uma falta que foi decisiva. O Palmeiras na verdade foi o único que colocava um pelinho na frente. O filho do Aníbal Massai que tem pouco coisa do Palmeiras, nós até reclamamos, o Santos não era tão brilhante assim e contra o Corinthians, o que tem mais, que é mais filho do Corinthians. Eu estava olhando agora o Pelé jogar, a minha primeira sensação foi a seguinte: parece fácil, que coisa simples, fazer isso, fazer aquilo, eu me lembrei aqui.

Só os mais velhos se lembram do Fred Astaire, aquele grande dançarino dos filmes de Hollywood. Ele dançava e a gente olhava, parecia elementar, tinha anos de treinamento, de esforço, exatamente para parecer simples. O talento, quando é plenamente realizado, não faz coisa complicada. Ele faz coisa simples e precisa ter muito esforço para chegar até lá. Então, é isso que dá a sensação quando a gente vê aqueles gols, aqueles lances.

Bom queria cumprimentar também os prefeitos de Mongaguá e São Vicente, que estão aqui. Frei André do Santuário Santo Antônio do Valongo. Queria também cumprimentar o arquiteto Ney Calbato, porque ele que é responsável por aquilo que vamos fazer lá.

O negócio é o seguinte: nós demos agora o imóvel para a Prefeitura, para o Museu. Se o Museu der certo, o Governo do Estado é sócio no êxito. Se der errado, se atrasar, a culpa de quem é? Do prefeito e do arquiteto.

Eu queria cumprimentar também os comandantes das Forças Armadas, da Aeronáutica, da Marinha e do Exército aqui presentes. E a todos e a todas.

É com muita alegria que eu vim aqui hoje, e vamos vir também nas outras etapas, porque esse museu tem uma importância em si, pelo que eu vou falar para todo mundo.

Pelo exemplo, o Pelé não é só nosso craque. É alguém que deu um exemplo de como se constrói todo um patrimônio, diante do nosso País e do mundo. Esse Museu, nesse sentido, vai representar – como ele bem disse – a continuação, a perpetuação desse exemplo. Ao mesmo tempo, tem o papel de revitalizar a área antiga de Santos.

No momento em que esse museu estiver funcionando, vai ser um impulso, mesmo antes para toda a região, essas duas torres, para a restauração, para a recuperação. E Santos tem um patrimônio que é o único de São Paulo, e um dos poucos do Brasil nessa matéria. Eu lembro, quando conheci Recife, o que fizeram lá. A primeira coisa que veio foi: Por que não faz em Santos? Eu vi no Pará, em Belém do Pará, também. Por que não faz em Santos?

Por isso quando o Papa me falou, eu disse: Vamos embarcar neste nosso projeto. Nós criamos um incentivo do ICMS que é complicado de explicar, mas muito importante, para investimento na recuperação de áreas urbanas degradadas, que só serve em São Paulo.

É um incentivo estadual, só serve para São Paulo e para Santos. Para a cidade de São Paulo e para Santos. E que é muito poderoso. Precisa fazer deslanchar na iniciativa privada, porque é conveniente, até do ponto de vista empresarial.

O empresário que investir aqui na região pode, se for gastar cem, representar  para ele um custo de oitenta, com esse incentivo. Realmente é um desconto imenso, e que precisa caminhar. No momento em que começar a caminhar, vai pegar, quer dizer, vai se espalhar. Isso é importantíssimo para a região e para o próprio Museu. Ali realmente tem toda a vocação para ser um Puerto Madero santista.

Ou seja, vocês estão aqui em um dia histórico. Nós vamos lembrar o dia de hoje, quando tudo isso aqui for diferente. Quando tiver a linda escultura do Niemeyer, que na verdade é um pé levantando a bola. Figuradamente é uma haste, como se fosse um pé levantando. Um monumento em homenagem ao Pelé que – segundo o prefeito – vai estar ali, não é? Naquele primeiro poste ali. E aqui vai ser outra coisa.

O prefeito me dizia que a Petrobrás vai construir três prédios aqui numa área que ele (inaudível) comprou da rede, vai ter seis mil funcionários, então vocês imaginam a revitalização para essa região que tem que se preparar, toda a Baixada, junto com o litoral norte, para o boom que nós vamos ter do petróleo. Porque o boom do petróleo pode ser uma bênção ou pode ser uma desgraça, se não houver preparação, em matéria ambiental, em matéria social, num país que tem tanto desemprego, o pessoal atraído para cá.

Isso traz demanda de habitação, saúde, isso e aquilo. É preciso, é muito importante que a região toda se prepare nesse sentido. Mas a renda vai aumentar. Nós podemos imaginar o que vai acontecer com Santos que é uma cidade – eu diria – mais completa. Santos não tem nem por onde se expandir, de maneira que ela foi resolvendo problemas de calçamento, disso, daquilo, e neste sentido este Museu vai ser um marco diferenciador digamos do desenvolvimento de Santos e evidentemente da Baixada.

Na Baixada, eu acho que há três problemas essenciais. Entre vários outros, saneamento, habitação e saúde. Então essas três coisas mais importantes. Nós estamos investindo aqui, Pelé – na área de saneamento, na Baixada toda – um milhão e trezentos mil reais para saneamento. Vamos recuperar todas as praias, todas, e dar saneamento para onde não tem. Esse é um problema critico na Baixada, que leva a uma situação de uma mortalidade infantil mais alta que a média do Estado. Portanto, saneamento é muito importante.

Esse é um projeto do Estado, que foi concebido pelo Mário Covas, outro dia eu citei aqui quando estava o Lula. Entenderam que eu estava criticando o Alckmin porque começou no Mário Covas a idealização do projeto, e as obras só começaram agora. Mas não era isso. Eu estava enfatizando as dificuldades que tem na área de financiamento. Tem que pegar dinheiro do Japão, tem que aprovar, é um calvário para aprovar, há limites no endividamento. Depois o Ministério Público, depois isso, depois aquilo. Só agora nós conseguimos começar. Mas vai mudar inteiramente a região toda.

Segundo, habitação. Nós estamos com um projeto de habitação grande aqui, são cerca de 22 mil novas moradias e 4 mil quilômetros que vão ser urbanizados. 26 moradias para o horizonte de 2010. É o maior investimento concentrado que já se fez na Baixada de moradia, e o principal parceiro é o Estado que vai aplicar R$ 1 bilhão nesse investimento. Tem também o Governo Federal com uma parte menor, tem também uma cooperação importante das Prefeituras. Isso vai pegar aqui em Santos a Alemoa, México 70, Vila Gilda, tem em São Vicente, tem no Guarujá, em Vicente de Carvalho. Enfim, investimentos muito grandes.

Na área da saúde, nós já incorporamos o Hospital de Itanhaem, que foi estadualizado, estamos investindo no da Praia Grande e vamos fazer três Ambulatórios Médicos de Especialidades: um em Santos, outro em São Vicente e o terceiro em Praia Grande. São centros de consulta onde a gente vai ter trinta especialidades, até acupuntura, fazem até 15 mil consultas por mês e cinco mil exames. Com isso, a gente desafoga os hospitais que hoje têm que ficar atendendo coisas que não são de hospitais, trata uma coisa mais séria, no entanto fica sobrecarregado porque não tem opção para a população.

Esses são alguns exemplos nessas três áreas criticas. Depois tem as coisas que nós já estamos tocando. Por exemplo, o Metrô leve, viu Papa, a gente tem que chamar de Metrô leve, é um VLT, mas um Metrô Leve sobre Trilhos Santos – São Vicente por trás. Nós já temos o projeto executivo próximo da conclusão. E isto vai significar uma facilidade imensa para deslocamento da população entre Santos e São Vicente.

Outra é o túnel do Guarujá. Temos um pré-projeto preparado. Vamos fazer um túnel e nos livrar da escravização da balsa. Quer dizer, a comunicação vai ficar infinitamente mais fácil, mais barata, mais confortável. Nós estamos dando R$ 55 milhões para a Prefeitura de São Vicente investir nas obras. Trens, viadutos e três passagens subterrâneas na Imigrantes. E o prefeito não é do meu partido não, o prefeito é do PSD. Nós não olhamos cor partidária, nós olhamos o interesse da população, porque do contrário as coisas ficariam paradas. E a população é que fica sofrendo. Estamos fazendo aqui em Cubatão também.

Enfim, é muita coisa. Nós estamos trabalhando pela Baixada exatamente por causa daquilo que o Papa falou: entendemos a importância estratégica dessa região para o desenvolvimento de São Paulo e para o desenvolvimento do Brasil.

Nós queríamos, aliás, ter pegado o porto para o Governo do Estado, porque aceleraria a modernização, os investimentos que seriam necessários. O Governo Federal preferiu manter, mas nós estamos cooperando também porque fizeram uma opção que não era a melhor. Mas nós não vamos ficar boicotando agora, ficar fazendo birra. Estamos cooperando também, porque é importante que esse porto possa romper os seus estrangulamentos para multiplicar as suas exportações e diminuir especialmente os custos do comércio exterior. Enfim, estamos aqui nesse empreendimento de cooperação com a Baixada.

Pessoalmente eu tenho uma ligação afetiva, sentimental com Santos. Eu sai de da Capital de São Paulo pela primeira vez, com 17 anos. Nunca tinha saído, mas Santos eu já conhecia desde criança. É a única outra cidade, fora da cidade de São Paulo, que eu conhecia. Não tinha viagem, nada disso. Mas a gente conhecia Santos e vinha para cá. Para mim, é como se fosse uma segunda cidade, e eu aprendi a conhecer a alma da Baixada, do povo, desse porto, de toda essa região e me considero até proprietário, compartilhando uma partezinha dessa alma.

Portanto, além das minhas obrigações de governador, vocês podem contar comigo como pessoa. Como cidadão.

Descobrimos que no Pacaembu tem sete mil metros quadrados de área do lado direito das arquibancadas. Vai ter visão para o gramado, porque tem uma parte onde será instalado um vidro pelo qual se vai poder ver o gramado. Vai ser inaugurado em agosto, mas já vai ter uma exposição do Pelé. Vai ter o Museu itinerante, quando estiver pronto aqui e lá, nós vamos ficar intercambiando. Aqui tem uma área de exposições, numa época virão coisas para cá. Vamos levar coisa para lá. De maneira que nós vamos ter um circuito turístico e esportivo para a nossa população, num estádio tão tradicional quanto o Pacaembu. Apenas como informação.

Muito obrigado.