Anúncio do Instituto de Reabilitação Rede Lucy Montoro

Lançamento da pedra fundamental aconteceu neste sábado, 11

sáb, 11/10/2008 - 20h00 | Do Portal do Governo

O governador José Serra fez, neste sábado, 11, Dia do Deficiente Físico, o lançamento da pedra fundamental e assinou decreto de regulamentação do Instituto de Reabilitação Rede Lucy Montoro, que pretende dar uma nova perspectiva aos cerca de três milhões de paulistas com deficiência física e dificuldades de locomoção. Na ocasião, Serra fez o seguinte pronunciamento.

Governador: Queria dar o meu boa tarde a todos e a todas. Cumprimentar minha esposa Monica, presidente do Fussesp. O governador Orestes Quércia e a Alaíde, que faz aqui sua presença. 

O deputado Arnaldo Faria de Sá, que, não sei se alguns lembram aqui, foi durante anos meu colega no Jornal da Tosse. Lembram? A deputada Célia Leão, que é uma grande batalhadora de toda a causa das pessoas com deficiência física em São Paulo, a quem nós devemos, também, ter sido aprovada a criação da Secretaria Especial Extraordinária na Assembléia Legislativa.

A Linamara, que é a secretária. O nome da Secretaria, exato, é dos Direitos da Pessoa com Deficiência. O doutor Barradas, que é o nosso grande secretário de Estado da Saúde. O Ricardo Montoro, que é o secretário municipal de Participação e Parceria, que representa aqui, junto com a Mariana, a família Montoro. Os dois, eu posso falar porque são os meus preferidos, o Ricardo entre os homens e a Mariana entre as mulheres, da família Montoro. E deu-se a coincidência de que os dois vieram aqui hoje. Hein? Não, não. Eu digo dentro da família Montoro. Eu gosto de todos, mas (…). E a Mariana é nossa coordenadora da juventude do Estado.

O secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, o Eduardo Jorge, cadê ele? Hoje eu tive aquela felicidade mórbida, porque o Eduardo Jorge, para mim, é o exemplo da vida saudável. Foi meu secretário da Prefeitura, continuou com o Kassab, é um grande secretário do Verde e do Meio Ambiente. Aí eu vi a Linamara dando bronca nele, porque ele não estava andando demais de bicicleta, está fazendo isso, aquilo. Como eu não ando de bicicleta, eu fiquei aliviado.

Queria cumprimentar o doutor Marcos Boulos, que é presidente do Conselho Deliberativo do Hospital das Clínicas, nosso grande parceiro nessa realização. O Zé Manuel, que é o nosso superintendente do Hospital das Clínicas. Um grande superintendente de um hospital que tem aquele tamanho e aquela complexidade. A Márcia, que é presidente do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa com Deficiência. Cadê a Márcia?

Queria cumprimentar, também, o Giovanni Cerri, que é diretor do Instituto do Câncer de São Paulo Octávio Frias de Oliveira, que também nos dá a honra de sua presença. Os membros do Conselho, da Diretoria, do corpo clínico, voluntários, colaboradores. Uma saudação minha, muito especial, a elas, pois a grande maioria são mulheres que têm uma profissão que, eu acho, é importantíssima e que vai ser componente principal da estrutura de recursos humanos da nossa rede. São as fisioterapeutas.

Quando fui ministro da Saúde, nós introduzimos os centros de reabilitação no SUS. Esta foi uma medida muito importante à época, que significou que redes como esta possam integrar o SUS. Possibilitou ao SUS fornecer, de forma organizada, órteses, próteses e assistência em todo o Brasil. Isso foi feito durante a nossa gestão. Nós estávamos começando a dar uma virada no atendimento que se faz, no Brasil, das pessoas que têm problemas que exigem reabilitação.  Eu não poderia deixar, aqui em São Paulo, de dar seqüência a isso.

A minha idéia, logo no início, foi criar essa Secretaria Especial. Não para criar uma burocracia a mais, para acomodar camaradas de partido, nem nada parecido. Nós criamos a Secretaria para ela ser a ponta de lança, de animação e de organização desta rede de muitas outras coisas aqui em São Paulo.

Anteriormente, na Prefeitura, já tínhamos criado uma Secretaria Extraordinária  inicialmente comandada pela Mara Gabrilli, que se voltou para outra coisa – a questão da acessibilidade – já que tem muito mais a ver com o município. E a Mara fez um grande trabalho. A prova é que foi a segunda vereadora mais votada. Eu acho dever ser um orgulho, para todo esse setor, o reconhecimento pela sociedade do peso de uma vereadora que é tetraplégica e fez tanto por essa causa aqui em São Paulo. O número de votos da Mara já é um indicador disso. Infelizmente, ela está com problema de saúde e não pôde vir hoje. Mas queria, aqui, expressar essa minha alegria – eu não tinha feito ainda publicamente – pela votação que ela teve. Mais que para a pessoa dela, tem um significado para todos nós. Além de que a Mara, como diz a Linamara, é paciente aqui também.

Como eu dizia, tinha a ver mais com acessibilidade. Aliás, nós fizemos uma coisa aqui em São Paulo – eu não sei se todo mundo já foi visitar – que é o Museu do Futebol. O Museu do Futebol está destinado a ser o lugar de lazer mais freqüentado de São Paulo, porque, realmente, modéstia à parte, é espetacular. Ele serve como prova da nossa disposição de dar pleno acesso àqueles que tenham alguma deficiência, porque até para pessoas com deficiência visual há toques que podem expressar aquilo que as pessoas estão vendo. É perfeito nessa matéria. Acho que no mundo não há lugar tão preparado para acolher todas as pessoas, inclusive aquelas que têm algum tipo de deficiência, quanto este nosso museu. É um exemplo prático. Sempre se pode dizer: “Não, mas muitos lugares não são assim”.

Claro, mas a gente vai avançando na vida econômico-social através dos exemplos e das referências. Por exemplo, agora, no Instituto do Câncer, cujo diretor, o Giovanni está aqui, nós, ao criarmos o Instituto do Câncer, no começo, já designamos uma psicóloga que me ajudou na época do Ministério da Saúde, para cuidar da humanização do hospital, do atendimento. Ou seja, vai fazer parte constitutiva do Instituto. O Instituto já vai começar a funcionar assim. Nós não vamos ficar correndo atrás do prejuízo. Eu lembro, quando era ministro, que nós fazíamos pesquisas mensais sobre saúde – para saber como as coisas andam – e o problema número um que aparecia, sempre, não era falta de médico, como pode se imaginar. Falta de remédio, nada disso. O problema número um era a falta de carinho, de acolhimento no atendimento das pessoas. Por incrível que pareça. Esse é um problema sempre número um, que é citado.

Então, quando a gente faz isso no hospital, pode-se dizer: “Bom, mas outros hospitais não têm”. Claro, mas estamos criando uma referência, porque ao criar, a Medicina avança com base em referências. Sempre é assim. Quando nós introduzimos a cirurgia para encolher estômago de pessoas obesas, o que é que nós fizemos? Nós pegamos o que tinha de melhor que era o Artur Garrido no Hospital das Clínicas. E fizemos, com ele, o protocolo. O HC era referência e  passou a autorizar que outros hospitais no Brasil possam fazer isso.

Esse foi o avanço. O avanço se faz pela ponta, pelo que tem de melhor. Aliás, a partir daí é que vai se difundir. Portanto, essa questão da qualidade, da vanguarda, é muito importante no atendimento de toda a população. Principalmente, das pessoas mais carentes.

Mas eu tinha a idéia, quando convidei a Linamara para ser secretária, de ter um grande hospital de reabilitação. Um enorme, aqui em São Paulo.

Mas ela contrapropôs. “Não, em vez disso, vamos fazer vários hospitais”. Por quê? Porque isso facilita o acesso. Esta idéia foi dela: em vez de fazermos um único prédio grande, enorme, nós fazemos vários no Estado de São Paulo. Outro dia, em Campinas, já lançamos o Centro de Reabilitação que vai funcionar, em Campinas, para toda a região, lá junto ao Instituto Boldrini, que é um instituto privado, filantrópico, que cuida do câncer e sempre foi meu aliado, quando foi ministro da Saúde.

Então, nós vamos ter em Campinas, vamos ter em Santos, não é, Linamara? Vamos ter mais, em Marília. Esses sãos os lugares já escolhidos. Naturalmente, vai ter muita briga, pelo Interior afora, para saber para onde vão os outros. Isso vai ter que ser resolvido tecnicamente, de maneira a minimizar o deslocamento. E de forma, também, a poder atrair os profissionais. Este vai ser o critério, que não é político, no sentido tradicional do termo. Claro que uma vez escolhendo o lugar, a gente mobiliza os políticos da região para que até anunciem, para tudo. Mas o critério tem que ser de distribuição por todo o Estado de São Paulo. Para, como eu disse, minimizar o deslocamento. O problema de deslocamento incomoda todo mundo na área da saúde. Mas hão de convir que incomoda muito mais aqueles que têm problema, exatamente, de mobilidade.

Pareceu-nos, também, que a grande homenagem desta Rede devia ser a dona Lucy Montoro. Há uma rede nacional mais restrita do que a nossa, do ponto de vista geográfico, com a qual eu aprendi a lidar no Ministério da Saúde. Uma rede complicada, mas muito positiva, que é a Rede Sarah Kubitschek. Então, na verdade, nós estamos fazendo a rede paulista, e nos pareceu que a homenagem que cabia era à dona Lucy, fundadora da rede do Fundo Social de Solidariedade no Estado de São Paulo. Alguém dedicou a sua vida, ao lado do marido, a fazer o bem. Portanto, nos pareceu, aqui, um nome muito adequado, além também, de sonoro. Rede Lucy Montoro é mais fácil do que Sarah Kubistchek para falar. Também tem sonoridade.

Nós vamos fazer um investimento aqui de 25 milhões por meio de convênios entre a Secretaria da Saúde e a Divisão de Medicina e Reabilitação do Hospital das Clínicas. Esperamos concluí-lo em abril de 2010. Olha, não é porque eu possa ser candidato – eu não estou trabalhando como candidato – mas você vai me fazer o favor de inaugurar antes de 1º de Abril de 2010, porque não dá para ser em abril. Então, tem que antecipar pelo menos uma semana para que seja em março. Assim… Com toda a certeza.

A previsão é de atendimento nas áreas dos portadores de deficiência física, sensório-motora, transitória ou definitiva, que precisam atendimento de reabilitação para desenvolver todo seu potencial. Ao mesmo tempo, ser o centro de referência. Formar e desenvolver recursos humanos, que é a questão chave. Saúde é recurso humano, o resto é firula. Tem progresso tecnológico, tem que ter equipamentos, tem que ter tudo o que tem de melhor, mas a base é o recurso humano. É o profissional. É uma peça essencial que nós precisamos desenvolver a partir desse Instituto. A peça, o componente do recurso humano bem treinado para atender deficientes.

Ao mesmo tempo, coordenar todas as ações de reabilitação no complexo no Hospital das Clínicas. Não apenas no ensino, mas também na pesquisa, que é outro lado importante do nosso trabalho.

Aqui, o atendimento previsto vai ser de 10 mil consultas ou atendimentos/mês. Vai haver, também, um centro cirúrgico e de diagnóstico. Pequeno, mas vai poder fazer as coisas mais leves nessa matéria. Oficinas terapêuticas e profissionalizantes, oficinas de órteses e próteses, piscina especial de hidroterapia, laboratório de função pulmonar e análise do movimento. Terapias complementares, espaço para condicionamento físico, espaço para atendimento em grupo, quadra poliesportiva, salas de RPG. Se eu acordasse cedo, eu me candidataria a vir aqui também. Meu problema é que eu não consigo. RPG sempre é de manhã. Vamos ver. Salas para terapia ocupacional.

Teremos 200 profissionais aqui. Muita gente. Médicos, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais – que é outra coisa fundamental – nutricionistas especializados em reabilitação.

Portanto, esta vai ser, na verdade, a cabeça da Rede Lucy Montoro. Realmente, alguém disse isso aqui hoje e é verdade. É um dia histórico. Nós estamos dando o pontapé inicial. O passo inicial de uma coisa que, no futuro, vai marcar o atendimento às pessoas, uma ação de solidariedade no nosso Estado. E é um trabalho difícil dos profissionais de saúde.

Minha mãe teve um derrame – ficou dez anos vivendo com deficiência de movimento. A cada semana, três vezes ia uma fisioterapeuta para atendê-la. Tem que ter uma paciência infinita quem faz fisioterapia. O que significa ter um tipo extra de solidariedade, de carinho, de amor pelo próximo. Do contrário, não se consegue fazer esse trabalho.

Nós estamos dando o ponto de partida para uma grande rede, organizada em todo o Estado para que todas as pessoas tenham a possibilidade de acesso ao SUS para tratar dos seus problemas nesta área. Por isso, este é um dia histórico e um dia, para mim, pessoalmente, de muita felicidade. Até porque eu tenho certeza de que as coisas vão caminhar.

Eu costumo – quando vamos inaugurar algo ou lançar algo – dizer o seguinte: “Se der certo, é mérito do governador. Se der errado, é culpa da pessoa encarregada”. Em geral, do Barradas, na área da saúde. Tudo o que der errado é culpa dele. Agora, aqui eu não posso nem dizer isso, porque não vai nada dar errado com a Linamara e o vigor. Ela é uma força da natureza, uma pessoa complexa, muito dinâmica e boa executiva.

Muito obrigado. Um grande abraço a todos vocês. Nós contamos com vocês. Quero que saibam que podem contar com o nosso governo e comigo pessoalmente.

Muito obrigado.