Alckmin inaugura AME em Ourinhos

Ourinhos, 8 de junho de 2013

sáb, 08/06/2013 - 21h30 | Do Portal do Governo

Governador Geraldo Alckmin: Boa tarde a todos e a todas! Quero saudar a Belkis, nossa prefeita-anfitriã e presidente da UMES, o Gilberto Severino, vice-prefeito, deputado Mauro Bragato, o professor Giovanni Cerri, secretário de Estado da Saúde, doutora Mônika Bergamaschi, secretária da Agricultura, Rogério Barreto, secretário-adjunto de Gestão Pública, Aparecido Bruzarosco, secretário-adjunto de Emprego, o doutor Antônio Rugolo Júnior, diretor-executivo do AME, vice-presidente da Famesp, doutor Caio Chiaradia, o nosso diretor médico aqui do AME, prefeito de Ipaussu, Luizão, de São Pedro do Turvo, Zé Carlos, Salto Grande, Dirceu, Ocauçu, Alessandra, Manduri, Paulo Roberto, Chavantes, o Osmar, Santa Cruz do Rio Pardo, doutor Otacílio, Canitar, o Aníbal, Pederneiras, o Daniel, Ribeirão do Sul, a Eliana, nosso ex-prefeito Toshio Misato, sua esposa, Yoko, o doutor Zé Carlos Costa, delegado seccional, major Cenise Araújo, comandante aqui da região, Fernando Padula, representando o secretário da Educação, o presidente da Codasp, o Jairo Machado, o Edson Rogatti, que preside a Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, o Celso Zanuto, presidente da Santa Casa de Ourinhos, pastor Jodemar, o vereador Vadinho, saudando aí todos os vereadores, amigas e amigos.

É uma alegria voltar a Ourinhos e entregarmos aqui essa bela obra. O AME é um espetáculo porque ele ajuda nas duas pontas. Ele melhora a resolutividade das UBS. Hoje ninguém sabe tudo. A medicina ficou muito complexa, muito sofisticada. Então, nós teremos aqui, para apoiar o atendimento primário, que são as UBSs, a rede dos postos dos bairros, o AME com 23 especialidades. Já tem hoje 13 especialidades. Então nós teremos aqui toda a parte de dermatologia, otorrino, ortopedia, neurologia, cardiologia, oftalmologia, nefrologia, infectologia, mama, mastologia, endocrinologia, pneumo, ginecologia, vascular e com os exames, desde Doppler, os exames mais sofisticados nós faremos aqui. Serviços de endoscopia, mamografia, holter, radiologia. Então, com boa resolutividade. E isso vai, de outro lado, ajudar o atendimento terciário, que é desafogar a Santa Casa, desafogar o hospital. Então melhora a resolutividade da rede básica e desafoga o hospital. O hospital é só para grandes cirurgias – aqui faz também pequenas cirurgias – ou caso de internação. Então, ajuda nas duas pontas. O problema da Saúde é custeio. O custeio é caro. Para ter uma ideia, aqui, o investimento foi de R$ 2,5 milhões da prefeitura – e eu quero aqui, agradecer ao Toshio e à Belkis, à Lúcia, ao André – e R$ 3,5 milhões do Estado. Mas só de custeio por ano, custa, só este ano, R$ 8 milhões.

Quando a gente faz um hospital, o primeiro ano, ele já gasta mais que o prédio inteiro. Saúde é isso. É diferente de um viaduto: você entregou o viaduto, acabou a despesa. Saúde começa a despesa. E é uma despesa grande. Mas governar é escolher, porque o dinheiro nunca vai dar para fazer tudo que a gente imagina que seja necessário. Então, é preciso escolher aquilo que é mais importante. E São Paulo escolheu claramente que é a vida das pessoas. Educação: fiquei feliz de passar aqui do lado desta belíssima Fatec, a Faculdade de Tecnologia aqui de Ourinhos, que é uma belíssima escola, e as Etecs também. E a Unesp, que nós trouxemos o campus para cá, não é, Toshio? Há dez anos e hoje vai se consolidando como importante campus da Unesp – universidade pública e gratuita. E hoje, aqui, esse belíssimo AME, para servir à população bem, com qualidade, de forma gratuita, sem cobrar nada. Há um filme do Michael Moore muito interessante. Chama SOS Saúde. Então ele faz uma crítica ao modelo americano de saúde, em que saúde é negocio. Então, o cara perde três dedos em uma máquina. Aí, vai lá o sujeito e fala: “esse dedo aqui custa US$ 16 mil, esse aqui custa US$ 18 mil. Você escolha qual que você quer.” É tudo negócio. Aí, vai para o modelo europeu, do welfare state europeu, em que saúde é direito. Então, ele vai à França e sai o casal com uma criança no colo. A mamãe deu à luz. O casal saindo com a criança do hospital, ele pergunta quanto pagou. E ninguém entende a pergunta, porque não passa pela cabeça de um europeu que alguém precise pagar para nascer, pagar para ser atendido, pagar para morrer. Não passa pela cabeça. Aí ele entra no hospital e fala: “não, alguma coisa deve ser paga”. Aí procura, procura e encontra um caixa. A hora que encontra um caixa, ele corre lá e fala: “agora eu peguei.” O Michael Moore é sempre muito sarcástico. Aí, foi lá, estavam dando dinheiro. Aí, “o que é isso?”. “Não, é que para nós, saúde não é só costura e vai embora. É holística, é o ser humano, é a pessoa. Então, não pode uma senhorinha que operou colo do fêmur, pegar o metrô para ir embora para casa. Então, nós estamos dando dinheiro para o táxi levá-la até a casa dela com segurança.” Então, a Constituição brasileira – fui constituinte em 88 – ela diz que saúde é direito. Claro que a saúde é livre para a iniciativa privada. Então, quem puder ter convênio, ótimo. E é livre à iniciativa privada, hospitais privados, convênios, tudo ótimo. Agora, é direito das pessoas terem saúde gratuita e com qualidade. E é dever dos três níveis de governo – federal, estadual e municipal – assistir, garantir esse direito. Não precisa ser o prestador de serviço. Por exemplo, aqui, quem vai prestar o serviço é uma OS, é a Fundação da Faculdade de Medicina da Unesp. Não é isso?

Aqui é a Famesp, é ela que vai prestar o que há de melhor. Agora, é tudo de graça. Tudo de graça. E com qualidade. E nós pagamos 100% à Famesp para prestar esse serviço à população. E aqui, foi colocada uma coisa importante. A saúde está melhorando, as pessoas estão vivendo mais e a mortalidade infantil está caindo. Então, as crianças morrem menos – graças a Deus – e de outro lado, a gente consegue viver mais. Por exemplo, eu que fiz 60 anos. Hoje, 60 anos é um broto. Diz que idoso é quem tem pelo menos dez anos a mais do que nós. Vocês estão dando risada porque têm 30, então, o idoso é quem tem mais de 40. Quando chegar aos 40, idoso é quem tem mais de 50. Quando fizer 50, idoso é quem tem mais de 60. Quando fizer 60, é quem tem mais de 70. Quando chegar aos 70… E vai empurrando para frente. E estamos subindo. A coisa está subindo. E é bom que suba. O duplo sentido não é de quem fala, é de quem ouve, viu? Mas a boa notícia é essa. Agora, de outro lado, tudo na vida tem um lado difícil. Tudo na vida tem um lado bom e um lado difícil. O lado difícil é que a medicina ficou cara. Quando eu fiz medicina não existia tomografia, ressonância. Então, foi sofisticada e quem é que paga tudo isso? Então, quem tem que pagar? Os três níveis de governo. Por isso o povo paga impostos. O dinheiro não é do governo. O dinheiro é do povo. E olha que o governo suga muito o povo, porque 38% de toda a riqueza que é gerada no país ficam com o governo. A população trabalha janeiro, fevereiro, março, abril e maio só para sustentar governo. E nos níveis de governo, quem fica com 65% é o governo federal. Quarenta e um por cento do que ele arrecada sai de São Paulo. É tirado daqui e levado embora. Nós ficamos com uns 20 e poucos e os municípios, com 18%. O grosso do dinheiro fica na área federal. Então, ele é quem deve financiar mais. O que a gente observa nesses últimos dez anos é que o governo federal está saindo do financiamento do SUS. Ele não corrige a tabela do SUS. Ele participava com 60% do financiamento. Baixou para 58%, 55%, 50%, 48%. Hoje, é 43%, 44%. Vai saindo do financiamento em um momento em que a população está ficando mais velha. O Brasil já não é mais um país jovem. O Brasil é um país maduro, caminhando para ser um país idoso. O que é ótimo, essa é a tendência mundial. Agora, precisa ter recurso para poder fazer frente a essa nova demanda. E saúde é muito bom. Está na vanguarda da ciência. Química, moléculas novas, emprego. Isso é o que mais emprega, o setor de serviços. Pega um hospital, gera mil empregos. O AME aqui, tem mais de 70 empregos. Então, gera muito emprego o setor de saúde.

Todo o empenho aqui para melhorar a saúde da região. Acabamos de inaugurar o AME de Assis, agora, o AME aqui em Ourinhos. Marília, estamos investindo R$ 60 milhões no Hospital das Clínicas, que é um hospital universitário. Vamos ter a nova rede Lucy Montoro para pessoas com deficiência. Bauru, nós ficamos com o sexto hospital, que é o Hospital de Base. Acabamos de assumir porque quebrou. Quer dizer, as entidades filantrópicas não aguentam. Quanto mais uma Santa Casa atende o SUS, mais prejuízo ela tem. Nós estamos ajudando do jeito que a gente pode. Ourinhos é um importante pólo regional, não é, Belkis? O que é muito bom. A cidade tem mais de 100 mil habitantes. Então, o AME é para a região, o Poupatempo é para a região, consolidando esse importante pólo de serviços de qualidade. Poupatempo é qualidade, AME é qualidade. Uma boa notícia: o entroncamento da BR 153 com a Raposo Tavares era para ficar pronto em março do ano que vem. Deve ser entregue em julho. Daqui a 60 dias, deve estar pronta a obra. Havia um empurra-empurra. Nós fizemos um entendimento da concessionária do Estado e da concessionária federal, dividimos “fifty-fifty” o custo, R$ 16 milhões, R$ 8 milhões para cada um. Em julho deve estar pronta essa grande obra.

E também queria dizer que é a maior obra do Estado – em termos rodoviários, claro, tirando o rodoanel, essas grandes duplicações -, a maior do interior vai ser a Raposo Tavares, entre Ourinhos e Itapetininga: R$ 410 milhões em 204 km, trechos de duplicação, trechos de terceira faixa, todas elas com acostamento, recapeamento, obras de arte, segurança. A terceira causa de morte hoje não é doença, é causa externa. É acidente. E entre os acidentes, era homicídio, era arma de fogo. Hoje, não é mais. Nós tínhamos 13 mil homicídios. Hoje, tem 4 mil por ano, 1/3 do que tinha há 10 anos. Hoje, é acidente rodoviário: motocicleta, atropelamento, carro e, principalmente, fim de semana. Ingerir álcool. Não pode álcool e dirigir, é impossível isso. Nós temos que ser muito duros nessa questão. Então, nós vamos ter um grande investimento, Bragato, aqui para a região, que é a Raposo Tavares entre Ourinhos e Itapetininga. E de Itapetininga até Sorocaba, até março do ano que vem, vai estar inteirinha duplicada. Itapetininga-Sorocaba, e depois, para São Paulo. Temos também uma escola aqui no bairro Itamarati, uma escola importante que estamos fazendo. Temos aqui a creche-escola. Nós vamos fazer uma creche para as mamães. Nós vamos fazer mil creches. Estamos liberando uma creche para cada município, 150 vagas: R$ 1,5 milhão. E temos aqui também os investimentos no aeroporto. Já voltou a funcionar à noite, a Anac já homologou, e nós estamos fazendo investimentos lá no aeroporto também. E a prefeita fez questão de, no caminho, pedir para o motorista para que ele procurasse todos os buracos. Ele foi ali e não escapou de nenhum. E ela ali no ouvido: olha, precisa de um dinheirinho para recapear.

Diz que governar é ter o olhar para o alto e o olhar para o chão. Então, o olhar para o alto é a universidade, a Fatec, o AME, as rodovias, a infraestrutura, o emprego, o desenvolvimento. O olhar para o chão é o cuidar do dia-a-dia. Por exemplo, não cair no buraco. Então, claro que não vai resolver tudo, mas eu calculei aqui – o Toshio é um bom engenheiro – R$ 22,00 o metro quadrado. Se a gente recapear na cidade 5 km, 5 mil vezes 8 m de largura, dá 40 mil m². Quarenta mil metros quadrados a R$ 22, dá R$ 880 mil. Então, nós vamos liberar R$ 1 milhão. Eu já fui prefeito e sei que prefeito é cobrado. É cobrado dia e noite. Eu, no tempo que eu fui prefeito, eu fazia anestesia, Giovanni. E aí, dava plantão uma noite por semana na Santa Casa de Misericórdia de Pindamonhangaba – que, aliás, vai fazer agora em agosto, 150 anos, Rogatti. A primeira Santa de Casa, de Santos, é de 1543 – e aí eu operava na Santa Casa e fui chamado em uma noite para fazer uma cesariana à uma hora da madrugada. Fui lá, fiz uma “raquizinha”, tranquilo. Passei, eles já estavam no finzinho da cirurgia. E eu de gorro, máscara, controlando o pulso, perfusão, pressão, pressão. Aí, a paciente virou para mim e falou: “doutor, e no bairro do Jardim Rezende, quando é que o senhor vai pôr rede de esgoto, hein?”. Aquela cirurgia foi séria.

Isso mostra que o governo mais importante é o governo local. Não funcionam as coisas que são centralizadas. Os grandes exemplos de federação no mundo, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, são federações fortes, estados fortes e governo local – local! – forte. Perto do povo, sabe onde mora, padrão de vida, honestidade, fiscaliza, acompanha. Você está sob os olhos da população. É um erro o Brasil. Você liga a televisão o dia inteiro: Brasília, Brasília, Brasília. Nós precisamos de menos centralização e mais descentralização. Em um país que é o quinto maior do mundo em extensão continental. A América espanhola se dividiu em 14, 15 países. A América portuguesa se manteve unida em um país continental. Não funciona governo centralizado, não funciona. Tem que descentralizar e nós temos que ser parceiros. Conte conosco aqui, viu, Belkis? Ela já veio e me fez uma lista no carro, e nós vamos, sim, ajudar, fazer uma boa pareceria. Não a do doutor Lessa. Em “Pinda”, tinha um médico – não é aqui, não, é em Pindamonhangaba -, o doutor Lessa, que tinha fama de muito mão fechada. Era um sujeito rico, mas muito mão fechada. Então um alfaiate, de nome Pascoal, vai ao médico, ao doutor. Aí, foi lá, fez a consulta. Aí falou para o doutor: “doutor, eu não tenho como pagá-lo, mas eu sou alfaiate. Se um dia o senhor precisar que eu pregue um botão, eu estou a seu dispor.” O doutor Lessa agradeceu e tal. No outro dia, mandou um envelope para ele com um botão dentro e um bilhete: “Pascoal, prega um paletó neste botão.” Então, a nossa parceria vai ser boa.

Mas quero aqui agradecer ao Bragato, agradecer ao professor Giovanni, agradecer a todos vocês, e que essa casa traga aqui muita saúde, muita alegria, para todas as famílias. Bom trabalho!