Alckmin discursa na cerimônia em homenagem ao centenário do Prof. Zerbini

São Paulo, 17 de maio de 2012

qui, 17/05/2012 - 13h36 | Do Portal do Governo

Governador Geraldo Alckmin: Bom dia a todas e a todos. Saudar o Prof. Giovanni Cerri, secretário de Estado da Saúde; ministro Adib Jatene; professora Linamara Battistella, secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência; deputados José Anibal, secretário de Energia; Edson Aparecido, secretário de Desenvolvimento Metropolitano; Pedro Tobias, nosso colega, médico, deputado pela região de Bauru, deputado Milton Flávio, nosso colega; professor Marco Antonio Zago, pró-reitor da USP; professor José Otávio Costa Auler, diretor da faculdade; professor Fábio Jatene, presidente do Conselho Diretor do Incor; professor Roberto Kalil, diretor da Divisão Clínica do Incor; professor Marcos Fumio Koyama, superintendente do HC; professor Noedir Stolf, curador aqui da exposição, nos brindou com sua palestra; Ricardo Zerbini, filho do professor Zerbini, na pessoa de quem quero saudar toda a família; professores, corpo clínico, todos os amigos aqui do Incor.

Uma alegria, nos 100 anos da Faculdade de Medicina, no centenário da faculdade, o centenário de nascimento do professor Zerbini. A gente fica muito feliz. A USP é um orgulho paulista. Se existe orgulho justo, esse é um dos orgulhos. Uma universidade mantida exclusivamente com dinheiro da população de São Paulo, que é hoje a melhor universidade do Estado, a melhor do país, a melhor da América Latina e entre as melhores do mundo. E, dentro da Universidade de São Paulo, a Faculdade de Medicina é o top do top, brilha como estrela da maior grandeza. Fez de São Paulo esse grande centro de ciência, de pesquisa, de inovação e de serviços de saúde. E comemorar o centenário, junto com o centenário do professor Zerbini.

Os homens passam, mas as instituições ficam. E aqui está uma grande instituição, que é o Incor. E a melhor homenagem que nós podemos fazer ao professor Zerbini é melhorar, avançar. Então, estão liberados, professor Fábio Jatene, os R$ 69 milhões para a gente ampliar, quase dobrar o terceiro bloco. O terceiro bloco do Incor, toda a área de emergência, toda a área de centros de pesquisa, modernizar o sétimo e o oitavo andar do segundo bloco. Toda a área de ciência e os equipamentos. A coisa é muito rápida, não é? Quer dizer, a cada dia são novas tecnologias, a modernização de todos os equipamentos dessa instituição.

E queria trazer uma palavra, aqui, de carinho ao Ricardo, à família. Eu nasci em Pindamonhangaba, mas a minha família todinha é de Guaratinguetá. Os guaratinguetaenses não são fracos não, viu? Até o primeiro santo brasileiro, Frei Galvão, é de Guaratinguetá. Guaratinguetá tinha um time muito famoso, a Esportiva de Guará. Teve uma época áurea, depois afundou de vez. Aí, há uns cinco, seis anos atrás, a Esportiva andou dando uma recuperada. Então o pessoal diz: Olha, foi o primeiro milagre do Frei Galvão.

Mas o fato é que eu aprendi, desde pequeno, com a minha avó, o carinho que ela tinha pela Dona Ernestina, mãe do professor Zerbini. E o respeito de todos pela família. Aliás, acabei de ler um livro no mês passado, chamado “General Zerbini, Honra e Lealdade”. Um livrinho pequeno, escrito pela sua esposa, Therezinha Zerbini. Mas retrata a formação de caráter… Era um injustiçado… Mas, a formação de caráter do General Zerbini, irmão do nosso professor e grande cirurgião.

E o Prof. Zerbini… O Rubens Cury, que está aqui conosco, fez residência aqui, cardiologista, trabalha conosco no Governo. E ele dizia que eles, residentes, tinham que acordar de madrugada, porque o Zerbini às 6h30 da manhã já estava no hospital para começar a passar visita. E que ele foi incumbido pelos colegas de ir lá, ver se adiava um pouquinho, ver se podia ser um pouquinho mais tarde. Agradou muito, elogiou muito o professor Zerbini e, com jeito, fez o pedido. Aí o Zerbini ouviu, explicou tecnicamente, falou que não podia e depois completou: Olha meu filho, nada resiste ao trabalho. E essa frase ficou como da turma dele, dos cardiologistas aqui do Incor.

Aqui foi dito muito bem da sua disciplina. E o Zerbini era uma pessoa muito cativante, ele tinha uma aura, assim, de santidade, de virtudes concentradas, uma admiração. E me lembro que quando vereador em Pindamonhangaba, olha só, e ele no auge do transplante, fiz um convite despretensioso. “Olha, nós vamos fazer em Pinda a semana Emílio Ribas.” Emílio Ribas nasceu em Pindamonhangaba, Osvaldo Cruz nasceu em São Luiz do Parantinga. “Vamos fazer a Semana Emílio Ribas e você podia dar uma palestra para a gente.” Ele foi. Quando vi, à noite, chega lá o professor Zerbini, cinco minutos antes, na Câmara de Pindamonhangaba, para dar uma palestra. Eu me lembro que ele relatava os momentos heroicos da cirurgia cardíaca. E que estenose mitral era com o dedo, punha um anel, uma laminazinha, enfiava o dedo e alargava a válvula mitral. Olha o quanto a medicina evoluiu. Momentos heroicos.

Me lembro da lei de doação e transplantes de órgãos. Eu fui atrás do professor – eu era deputado federal – para ele me ajudar. Eu era o relator da lei. E ele me disse: Olha, Alckmin, parente de doente não é problema. Esqueça da lei da França, em que o cadáver é do Estado. Não precisa. O problema de transplante são os médicos e os hospitais, não são os parentes. Porque precisa cuidar do órgão. Porque teve morte cerebral, mas precisa manter rim, coração, tudo em perfeitas condições, UTI, terapia, dedicação, para poder não perder os órgãos.

E nós fomos gravar com a Rede Globo, com ele, para a nova lei de doação e transplantes de órgãos. E o Zerbini era amigo do Broca. O Broca Filho foi deputado por Guaratinguetá. E o Broca convenceu o Zerbini a comprar uma fazenda entre Guará e Cunha, em um bairro chamado Rocinha. Fazenda Cachoeira Grande. E realmente era grande a cachoeira. Se você abrisse a porta do terraço da casa ninguém conversava, tal era o barulho da cachoeira. E um grande suinocultor. Então tivemos grande dificuldade em gravar, porque os porcos não paravam de fazer barulho. Dá ração para o porco, vê se acalma o porco…

Figura admirável. Chesterton dizia que há grandes homens, que perto deles todos se sentem pequenos, mas que o verdadeiro grande homem é aquele que, perto dele, todos podem se sentir grandes. Zerbini tinha essa capacidade. Da simplicidade, da humildade, da maneira cativante. E tinha, como aqui foi dito, a paixão pelo tênis. Dizem que ele não gostava de perder. Então ele convidava, em todo congresso de cardiologia, o professor Pablo, que está aqui, que era mais jovem do que ele e craque. Toda vez era o Pablo. Aí ele ganhava todas através do Pablo. Enfim, belíssimos ensinamentos de vida. Belíssima instituição, fruto de um trabalho coletivo. E a gente fica muito feliz de dizer que São Paulo é orgulhoso das instituições e dos homens que a criaram. Muito obrigado.