Alckmin discursa em repasse de verbas ao Hospital Stella Maris

Geraldo Alckmin: Bom dia. Bom dia a todas e a todos. Quero cumprimentar o prefeito anfitrião, prefeito de Guarulhos, Sebastião Almeida, a presidente do Fundo Social de Solidariedade, Maria Alves […]

sáb, 01/10/2011 - 19h00 | Do Portal do Governo

Geraldo Alckmin: Bom dia. Bom dia a todas e a todos. Quero cumprimentar o prefeito anfitrião, prefeito de Guarulhos, Sebastião Almeida, a presidente do Fundo Social de Solidariedade, Maria Alves de Almeida, vice-prefeito, secretário de Saúde Carlos Derman, deputados federais, Janete Pietá, o Carlos Roberto, o Jorge Tadeu Mudalém; a sua esposa, a vereadora Sandra, aqui da capital que está conosco; deputados estaduais doutor Luiz Carlos Gondim, nosso colega médico, o André Soares, cadê o André? Dá um passinho para o pessoal te ver aqui, André. O André Soares, que é deputado estadual, o Alencar Santana, dá um passinho aqui Alencar, O Alencar Santana, deputado estadual, o Paulo Sérgio, cadê o Paulo Sérgio? Foi deputado conosco; professor Giovanni Guido Cerri, secretário de Estado da Saúde, dom Luiz Bergonzini, Bispo da Diocese e presidente do Conselho Administrativo do hospital; querida irmã Bernadete, presidente do hospital e da Congregação das Filhas de Nossa Senhora; Iramaia Colaiacovo, diretora da Regional de Saúde aqui da região do Estado, doutor Moisés Goldbaum, superintendente da FURP; prefeito de Mairiporã, o Aiacyda, vereadores aqui presentes, o Eduardo, José Mário, a Luísa, Silvana, Vítor da Farmácia, o Jonas, Romildo, Allan Neto, equipe aqui do hospital, funcionários, colegas da área da saúde, profissionais todos, amigos e amigas, uma palavra breve.

Mas dizer da alegria, primeiro, de estarmos juntos aqui, irmã, no Hospital Stela Maris. Quarenta e seis anos, né? Uma bela história, uma referência. Esse aqui é o quarteirão da vida, é o quarteirão do amor, quarteirão da saúde e um hospital de ponta na área da cardiologia, da cirurgia cardíaca, um grande hospital. Quantos leitos têm aqui? Duzentos e trinta leitos. É do tamanho do Hospital Geral, do nosso Hospital do Estado, maior que o Padre Bento. É um grande hospital e atende o SUS, quer dizer, atende quem precisa, quem não tem convênio, não é particular – e atende com qualidade e passa por dificuldade na questão do custeio para manter folha, manter custeio, manter tudo isso.

Então, como aqui é gestão plena, nós estamos passando R$ 7,2 milhões para a Prefeitura – R$ 1,2 milhão será depositado segunda-feira, para dar uma ajuda aqui no custeio. O nosso hospital geral, nós vamos fazer um serviço novo de oncologia, nós temos o melhor… nós temos um… A revista The Economist do mês passado trouxe uma matéria sobre a crise da saúde no Brasil, mostrando todas as dificuldades. E aí falou: “Olha, tem aqui um caso especial, que é o ICESP, o Instituto de Câncer do Estado de São Paulo, referência internacional, é o melhor serviço, pode pegar os hospitais mais chiques aí, que o nosso está acima”. E esse protocolo do ICESP vem aqui para o nosso hospital de Guarulhos. Então, todo o serviço de oncologia, quimio, rádio, cirurgia, todo, todo serviço vai ser implantado aqui.

Quero também dizer ao prefeito Sebastião, que está aqui o presidente da FURP, nós já autorizamos, tem uma área do lado da FURP que é do Estado, então nós vamos passar a área para a Prefeitura, para fazer um parque e a FURP não pode nem reclamar, porque a área é do Estado, não é deles, né? Então, ver se a semana que vem a gente assina o decreto aí. Depois, dia 14, hoje é dia primeiro, dia 14 nós temos o lançamento já do edital para o projeto básico, o projeto funcional e o projeto executivo do Expresso Guarulhos, do trem aqui para Guarulhos, mas eu queria aqui agradecer ao professor Giovanni Cerri, toda a sua equipe lá na área da Saúde, agradecer aos nossos deputados estaduais, o doutor Gondim. Gondim é um grande médico, viu? Posso contar, Gondim?

Luiz Carlos Gondim, deputado estadual: Pode.

Geraldo Alckmin: Pode? Giovanni, não sei se você conhece, dom Luís, lá em Salesópolis, tinha um prefeito chamado Kiko. Prefeito meio… Ex-prefeito, agora não é mais prefeito e o Kiko, eu, quando eu fui governador da outra vez, fui lá num sábado assinar um convênio, porque Salesópolis é estância turística. Um convênio do DADE, lá para a estância, onde nasce o Rio Tietê. Cheguei lá, entramos numa Van, o prefeito do meu lado, o prefeito falou pra mim, o Kiko: “Olha, doutor Geraldo, eu estava na UTI e eu saí da UTI para vir receber o senhor aqui”. Aí eu fiquei apavorado, né? Falei: “Pelo amor de Deus, vai morrer”. Eu falei: “Mas prefeito, devia ter me falado. Eu marcaria outra semana, não tinha pressa”. “Não, não, o senhor fique tranquilo. O senhor indo embora, eu volto para a UTI”. Aí eu falei: “Mas o que aconteceu”? Falou: “Não, eu fui num casamento em Mogi e me senti mal, caí lá, tal, me levaram para a unidade coronariana, me internaram, mas eu assinei um documento de responsabilidade e o senhor indo embora, eu volto”.

Aí eu fiquei apavorado, falei: Olha… Fomos para a praça, janeiro, calor insuportável, meio dia, puseram em cima do coreto um plástico. Aquilo virou uma estufa. Tinha uns oito deputados lá, pedi para ninguém falar, nem eu falei, assinamos rápido o convênio e tal, acabou tudo, eu ouço alguém falar: “O prefeito caiu”. Aí eu corri na “gradinha” ali do coreto, olhei no chão, ele estava esticado. Falei: “Nossa Senhora”. E ali tem uma retransmissora da Globo, lá em Mogi. A Globo já, “pá”, ligou todos os holofotes. Aí eu desci correndo, está lá o Gondim. O Gondim, ginecologista; aí ele subiu em cima do Kikão e “pá”, massagem cardíaca, duas massagens e um sorriso para a televisão. Aí eu peguei o pulso do Kiko, estava melhor que o meu. Falei: “Gondim, para aí. Vai quebrar uma costela”, mas um grande ginecologista; viu?

Mas quero agradecer aqui os deputados federais, o Carlos Roberto, a Janete Pietá, o Jorge Tadeu Mudalém, agradecer aqui o secretário municipal de Saúde, agradecer o Sebastião, prefeito aqui da cidade, essa bela e grande cidade e dizer o seguinte: Por que o hospital tem dificuldade? Até uma criança enxerga, tem uma razão é porque ele atende o SUS. Se ele só atendesse convênio, ele não tinha déficit. A culpa não é do hospital. O hospital está sendo punido, porque está cumprindo um dever de atender quem precisa. Então não é o hospital, eu fui essa semana à cidade de Socorro. Cheguei lá, a prefeita Marisa falou: “Ó doutor, estamos com um problemão aqui. Não tem ortopedista, não tem anestesista e não tem obstetra. O pessoal não quer mais trabalhar”. Tabela do SUS. Então não tem.

Um dia desses, eu fui num grande hospital filantrópico aqui de São Paulo e perguntei: Quantos por cento vocês atendem de SUS? O pessoal disfarçou e tal, ninguém respondeu, eu fiquei quieto. Na hora de saída, um sujeito chegou e falou: “Doutor, não atende mais SUS. É 100% convênio e particular. Não atendo mais”. Então o que está acontecendo? A tabela do SUS precisa ser corrigida. A Santa Casa de São Paulo está devendo R$ 200 milhões e não fechou o mês passado porque nós corremos lá e o Ministério da Saúde também, emergência, colocamos, senão tinha fechado. A Santa Marcelina não tem mais aonde fazer dívida. Rola de um banco para o outro. Todos estão em crise. Quando o hospital é do Governo, falta dinheiro, o Governo complementa, injeta. Nós vamos ter que, esse mês, suplementar para o professor Giovanni, R$ 800 milhões. Estourou a verba. Estão fazendo um cata-cata de tudo quanto é secretaria. Pega dez aqui, vinte ali, trinta ali, para poder cobrir o déficit.

Então, o que nós precisamos fazer? Nós precisamos corrigir a tabela do SUS, ao menos um pouquinho, porque senão começo do ano vai ter problema de novo. Quando é que é o dissídio aqui?

Oradora não identificada: Maio.

Geraldo Alckmin: Maio? Então, não tem jeito de não corrigir a tabela. Eu me lembro, eu fiz a anestesia na minha cidade natal, foi um grupo de médicos lá, eu não fazia parte, montou um hospital. Então disseram: “se a gente não conseguir convênio com o INAMPS, o hospital não para de pé”. Então, todo mundo queria prestar serviço para o INAMPS. Hoje a tabela ficou tão pequena que quem prestar serviço, vai acumulando um déficit. Então a Beneficência Portuguesa de São Paulo sobrevive porque ela tem 30%, 40% de convênios muito altos, particulares, convênios caros, então cobre o prejuízo do SUS. Agora, quando você tem mais SUS e menos convênios, você acumula um déficit mensal. Esse não é um problema fácil de resolver, é o subfinanciamento da Saúde, mas acho que nós temos que nos dar as mãos, todo mundo. Achar um mix aí, que a gente consiga corrigir um pouquinho a tabela do SUS e outra coisa, é muito bom que a filantropia continue.

A Santa Casa de Santos é de 1534, vai fazer, daqui a pouco, 500 anos. Santa Casa de São Paulo, 1558, da minha cidade, 170 anos, Santa Casa de Pindamonhangaba. E é interessante, esse é o modelo de Portugal, nós herdamos o modelo lusitano, dos portugueses. Houve uma… Olha como nasceu esse modelo em Portugal. Houve no século XV, na época das grandes navegações e Portugal era muito poderosa, uma rainha chamada Leonor de Avis, era uma das mulheres mais ricas da Europa, e ela ajudou a conceber esse modelo de hospitais do povo. Não tem dono. Quem é o dono aqui do Stella Maris? É da comunidade, é para servir a comunidade.

Então contam que a rainha Leonor de Avis dizia, quando morresse ela queria ser enterrada num local de passagem, para que todos pisassem sobre a sua tumba, para lembrar a pequenez das coisas materiais, frente à grandeza da eternidade. Essa foi a mulher que inspirou e continua inspirando. Quantas irmãs Bernadetes no Brasil todo, em outros países, para a gente fazer de uma casa de saúde, uma casa de solidariedade, de amor às pessoas.

A medicina ficou cara, complexa, cara. É muito bom, trouxe muitos avanços, nós, agora, o Brasil, aquele Brasil do século passado, rural, expectativa de vida ao nascer, 43 anos. Hoje, 74. Passou dos trinta, sai da vulnerabilidade juvenil, oitenta. Logo, logo nós vamos chegar a 100 anos. As mulheres, então, não morrerão mais. Agora, precisamos de recurso, então vamos fazer um grande esforço municipal, estadual e federal para a gente melhorar a tabela do SUS, para ajudar esses queridos hospitais beneficentes que amam a população.

Parabéns!