Alckmin discursa durante aula inaugural na Etec CEPAM

Geraldo Alckmin: Boa noite a todas e a todos. Eu quero saudar aqui o nosso secretário do Planejamento, Emanuel Fernandes, deputado federal; saudar o Deputado Lobbe Neto, que preside aqui […]

qua, 09/02/2011 - 8h30 | Do Portal do Governo

Geraldo Alckmin: Boa noite a todas e a todos. Eu quero saudar aqui o nosso secretário do Planejamento, Emanuel Fernandes, deputado federal; saudar o Deputado Lobbe Neto, que preside aqui a Fundação Faria Lima do CEPAM; saudar a professora Laura Laganá, que dirige uma das instituições que é um orgulho de São Paulo, que é o Centro Paulo Souza; saudar a coordenadora da escola aqui do CEPAM, a Zenaide Sachet; o diretor aqui da ETEC, o Carlos Eduardo Querido; Fernando Montoro, coordenador aqui de políticas públicas; professores, professoras, queridas alunas, alunos, funcionários, uma palavrinha breve.

Mas dizer da alegria, primeiro agradecer ao convite viu, Laura? Eu fiquei muito feliz aqui com o convite em trazer uma palavra bastante telegráfica, mas numa escola que é, como tudo de São Paulo, vanguarda, inovadora, né? Uma ETEC de gestão pública. E como nós precisamos de bons gestores. Se a gente for verificar no Brasil, o que é que a gente ouve? Olha, o Brasil é um dos países do mundo que é o campeão de impostos. A carga tributária brasileira se aproxima aí de 37% do Produto Interno Bruto brasileiro, ou seja, os trabalhadores brasileiros trabalham janeiro, fevereiro, março, abril e maio só para sustentar o governo. São impostos que são pagos, impostos indiretos, porque a gente não percebe. Comprou uma roupa, 30% é imposto, comprou um carro, 35% é imposto, comprou uma bicicleta para o filho, 38% é imposto, pôs gasolina no carro, 40% é imposto. Está tudo embutido, há tributos municipais, estaduais e federais. De outro lado, e um dos problemas para o crescimento mais forte do Brasil, é carga tributária, é a política fiscal, ou seja, o Brasil perde competitividade. Como é que a gente produz aqui um produto e a China consegue colocar, do outro lado do mundo, um produto mais barato que o nosso? E toma conta do mercado, vai tomando conta de tudo? Porque o custo deles é menor. Então o Custo Brasil é um custo mais alto. Tanto é que o que é que está acontecendo mais recentemente? As exportações brasileiras estão em queda e as importações brasileiras estão em subida. Nós estamos tendo dificuldade de exportar. O nosso produto está ficando caro, não só a carga tributária, mas por causa do câmbio. O real está sobrevalorizado. Então uns anos atrás para comprar um dólar eu precisava de quase R$ 4,00, R$ 3,70, hoje para comprar um dólar eu preciso de R$ 1,70, a moeda ficou sobrevalorizada. Isso prejudica a exportação e estimula a importação.

Então vamos dar um exemplo, São Paulo é um grande produtor de automóveis, as principais fábricas de automóvel do país estão aqui no Estado de São Paulo. E as novas agora, a Toyota, vai instalar uma nova fábrica: Sorocaba. O carro Corolla é produzido, fabricado em Indaiatuba. Em Sorocaba vai ser um carro mais compacto, um carro menor; Hyundai. Nova fábrica: Piracicaba; a Chery, chinesa, nova fábrica: Jacareí. Então nós somos grandes produtores de automóveis. Esse ano que passou o Brasil mais importou automóvel do que exportou. Por que? Porque está mais barato você importar do que produzir aqui dentro. Então a carga tributária é alta. De outro lado, o que é que se diz? Falta tudo. Falta infraestrutura, não tem porto, aeroporto, estrada, ferrovia, falta investimento em área pública, escola, hospital, serviços públicos, segurança de melhor qualidade. Então nós vivemos um paradoxo, de um lado a população fala: “Olha, precisa baixar os impostos”. Do outro lado o governo fala: “Olha, precisa aumentar os gastos, precisa investir mais, o país precisa investir mais”. Como é que fecha essa conta? Só tem um caminho, eficiência no gasto público. Fazer mais e fazer melhor, com menos dinheiro. Então a única maneira de nós avançarmos, são que os ganhos de eficiência e produtividade que constituem a marca da iniciativa privada, que se você não tiver custo baixo e não for eficiente você perde concorrência, você sai do mercado, o governo também precisa ser eficiente. Então o Mário Covas dizia o seguinte: “Administração, seja pública, seja privada, primeiro é gente. Segundo é gente. Terceiro é gente”. Se você não tiver a pessoa certa no lugar certo, nem com dinheiro faz. Vai desperdiçar e não vai fazer direito. Então nós precisamos ter bons gestores, profissionalismo no setor público, prestigiar o mérito, pessoas que realmente se preparem. Então eu diria que esse primeiro… Foi o primeiro, não é Laura? O primeiro curso das nossas ETECs, nível pós-médio, um ano e meio, de gestão pública, ele é extremamente precursor, para a gente poder dar um grande passo aí no sentido de ter bons gestores, ter profissionais bem preparados para a área pública, seja Prefeituras Municipais, cada vez são mais importantes, governo local, onde as pessoas vivem, seja no Estado, e o Brasil é uma República Federativa, é importante a presença do Estado, seja em nível Federal. Seja nas estatais, seja no setor privado. Isso aqui são vasos comunicantes, quer dizer, é importante tanto o setor público quanto o privado.

Eu não quero cansá-los, eu preparei aqui meia dúzia de telas, para dar um pouco uma visão do nosso Estado, que tem tamanho de país. São Paulo é do tamanho da Argentina: 42 milhões de paulistas de nascimento ou de adoção, 42 milhões de brasileiros aqui em São Paulo. Economia, renda per capita, PIB. Só que tem uma vantagem sobre a Argentina, está dentro do Brasil. É uma grande vantagem. Então eu preparei aqui algumas questões, para poder deixar para a reflexão aqui de vocês. Então a primeira, falar um pouquinho da escola de vocês. O Centro Paula Souza, nós temos hoje uma das maiores redes de ensino técnico e tecnológico da América Latina. Nós temos 191 Escolas Técnicas (ETECs). Já é mais, não é Laura?

Laura Laganá, diretora do Centro Paula Souza: 198.

Geraldo Alckmin: 198. Domingo vamos inaugurar mais uma lá em Itararé. Então vamos arredondar: 200 escolas técnicas, 51…

Laura Laganá, diretora do Centro Paula Souza: 49.

Geraldo Alckmin: 49, ainda está nos 49. Quarenta e nove Faculdades de Tecnologia, que é o tecnólogo, e aqui as chamadas classes descentralizadas, município pequeno, a gente não cria uma escola lá. Mas o município maior, município-mãe, ele leva uma classe descentralizada para lá. Ao invés dos alunos todos terem que viajar para a cidade maior, é a escola que vai até ao aluno. Então você não tem diretor, não tem a estrutura toda, mas você tem o professor e tem a classe naquela cidade, são as chamadas classes descentralizadas. Estamos presentes praticamente em 1/3 dos municípios do Estado de São Paulo. Veja que nós temos aqui no técnico, nas ETECs, perto de praticamente 150 mil alunos, no tecnológico 1/3 disso – 46 mil alunos, temos no ensino médio 50 mil alunos, e aqui, das escolas públicas, o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), ele mede… aliás, o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), o ENEM, ele mede as escolas de ensino médio. Quem avalia é o MEC. Então das escolas de ensino médio, das 50 melhores escolas públicas estaduais do Estado de São Paulo…

Laura Laganá, diretora do Centro Paula Souza: 35 são do Centro Paula Souza.

Geraldo Alckmin: 35 são do Centro Paula Souza.

Laura Laganá, diretora do Centro Paula Souza: Do Brasil.

Geraldo Alckmin: Aliás, eu estava mais modesto. O ENEM fez um ranqueamento por nota de aluno, as 50 melhores escolas de ensino médio, públicas estaduais, do Brasil, 35 ETECs de São Paulo, do Estado de São Paulo. E ainda temos pós-graduação aqui, 191 alunos.

Aqui um outro fato importante, que é a inclusão: 80% praticamente dos nossos alunos de ETEC, 79%, são oriundos de escola pública. E 73% das FATECs são oriundos de escola pública. Afro-descendentes, 28% ETEC, 24% FATEC, sem cota. Ação afirmativa não é só cota. Nós temos pontuação acrescida, então os alunos de escola pública e afro-descendentes têm uma pontuação acrescida, você dá lá uns pontinhos a mais, mas tudo prova. Não passou, não entra no vestibulinho ou no vestibular. Então tem uma ação afirmativa por pontuação acrescida, mas não tem cota. Aqui, a renda familiar, é importante também porque nós estamos atendendo famílias de renda familiar não tão alta, e possibilitando curso técnico pós-médio e curso superior. A faixa etária é bastante jovem, metade praticamente dos nossos alunos tem até 17 anos de idade; 30%, 18 a 23 anos; mas nós temos também os brotos aqui dos 40. Aqui a empregabilidade. Vamos dar um exemplo prático: nós poderíamos dizer o seguinte, tem uma placa assim: “Faltam empregos”. A gente anda na rua, volta com o bolso do paletó cheio de bilhete: “Mamãe pediu para lhe dar essa cartinha”; “Minha irmã pediu para lhe dar esse bilhetinho”. Aí você vai abrir os bilhetes, cada dez, oito (é) emprego. “Fulano está desempregado, meu filho, minha filha, irmão, irmã e tal”. Uma placa seria assim: “Faltam empregos”. A outra placa seria: “Sobram vagas”. Vagas não são preenchidas por falta de qualificação profissional. Então você não tem uma série de atividades, falta mão-de-obra. Então qual a lógica das ETECs e FATECs? É fazer esse bom casamento entre as necessidades do mercado de trabalho e a formação profissional. Tanto é que o nosso curso, ele não é eterno. Você faz o curso de eletrotécnica, agrícola, soldagem, depois se precisar você acaba e faz outro, quer dizer, há um processo dinâmico. Então a marca é a empregabilidade. No caso das FATECs, de cada dez, nove já são empregados no primeiro ano de formatura. E no caso das ETECs, de cada cinco, já estão empregados também no primeiro ano. De cada cinco, quatro estão empregados no primeiro ano. Na realidade, já estudando, já estão empregados. A FATEC lá de Sorocaba, no primeiro ano já está todo mundo praticamente contratado. Então tem empregabilidade muito alta. Aliás, o bônus que a gente paga para os professores, funcionários, diretores, um dos itens do bônus é a empregabilidade. Porque nós fazemos uma pesquisa: “Olha, você que saiu da ETEC, que saiu da Fatec, você conseguiu emprego? O curso foi importante para a sua ascensão profissional?” Então nós acompanhamos o egresso (do ensino técnico), para vir acompanhar a qualidade do trabalho que é feito. Aqui cursos de altíssima empregabilidade, Eletrotécnica, Segurança do Trabalho, Açúcar e Álcool, Mecânica, enfim, cursos de grande empregabilidade.

Depois no caso das Fatecs, olha informática lá em cima… Informática, soldagem, 100%, então não vai empregar porque não quer. Praticamente 100% de empregabilidade. Depois, a boa distribuição, praticamente no Estado inteiro, nós temos uma rede, tanto na região metropolitana, litoral e interior, uma boa rede de distribuição nos cursos técnicos, Etec/Fatec. Eu trouxe mais algumas telas aqui para vocês, eu peguei uma de cada área, só para dar uma visão mais geral. Porque o gestor público, ele tem que ter uma visão mais ampla, na questão da administração. Então a questão da saúde. Primeira pergunta: A saúde no Brasil vai bem ou vai mal? Mal, muito mal. Então, veja bem, esse dado aqui é interessante, isso aqui é 1935. Aqui é o coeficiente de mortalidade infantil. O que é mortalidade infantil? É o número crianças, nascidas vivas, que morrem no primeiro ano de vida, para cada mil crianças. Cada mil crianças que nascem vivas, quantas morrem no primeiro ano de vida? Esse é o coeficiente de mortalidade infantil. Então no Brasil de 70 anos atrás, 80 anos atrás era 160 a mortalidade infantil. De cada mil, 160, era praticamente uma criança de seis. Então era comum uma mamãe dizer: tive sete filhos vingaram cinco, vingaram quatro, morria muita criança. Mal de sete dias, tétano umbilical; morria de diarréia, morria de gastroenterocolite aguda, morria de desidratação, pneumonia, moléstias infecto-contagiosas, falta de educação, higiene. Uma das causas frequentes, que o Programa Saúde da Família ajudou muito, foi ensinar lavar mamadeira, porque não lavar direito a mamadeira ou deixar o restinho de leite na mamadeira era uma das principais causa de gastroenterocolite aguda. Uma criança desnutrida, uma criança enfraquecida, pega uma gastroenterocolite daquela, tinha uma septicemia e morria. Então só higiene, evitar infecção intestinal, já ajudou muito na queda da mortalidade infantil. Isso é Brasil. Hoje no Brasil é 26, então melhorou. Um índice de saúde é a mortalidade infantil, 26.

Existe uma relação direta entre saúde e dinheiro. Então quando a gente fala 26, estado rico é 12, estado pobre é 50. Existe uma relação direta, condições de moradia, alimentação, educação, então nós vamos ver isso em seguida. Aqui um segundo dado, a saúde vai bem ou vai mal? As crianças estão morrendo menos, e as pessoas estão vivendo mais. Antigamente a vovó era uma coroa, hoje a vovó é sexy, quer dizer… É diferente. Então nós estamos avançando, estamos longe ainda, olha os países ricos, olha a Itália e o Japão, tudo acima de 80, expectativa de vida média. Quando você fala 85 anos, 84 anos média, a turma está tudo acima de 100. Então nós estamos aqui no 74, mas o 74 no Brasil, quem passou dos 30 vai para 80, porque sai da vulnerabilidade juvenil. Morre muito jovem fim de semana, sexta à noite, sábado a noite. Não é de doença, morre de causa externa. Desastre de automóvel, tiro, droga, violência. Então, passou dos 30 vai para 80. Aqui as famílias hoje, as mulheres têm mais ou menos filhos? Menos. Os países ricos já tinham menos, mas olha o Brasil. A média de fecundidade era 6,3 por mulher. Hoje é praticamente 2… 1,8 já, abaixou mais ainda. A Europa, Japão e Europa, as populações vão diminuir, quer dizer, países que vão encolher. Então no Brasil, a expectativa de vida disparou, as pessoas estão vivendo mais, mortalidade infantil caiu e as famílias têm menos filhos… taxa de fecundidade. Digo isso por quê? Porque surgiu, demograficamente, um grande momento para melhorar a economia do Brasil. Os técnicos chamam aí de bônus demográfico. O que é esse bônus demográfico? Tem menos criança, ainda não tem tanto velho, nós estamos no auge da capacidade produtiva, é o chamado bônus demográfico. Já não tem sete filhos cada mulher, também não tem uma população toda idosa. Você está no melhor momento do chamado bônus demográfico. Aqui mostra bem a mortalidade infantil, onde é que é menor a mortalidade infantil? Cidades, capitais, não é? Qual a cidade mais rica das capitais do Brasil? Qual a mais rica?

Oradores não identificados: São Paulo.

Geraldo Alckmin: Ih, São Paulo é pobrezinha…

Orador não identificado: Brasília.

Geraldo Alckmin: Brasília, é a maior renda per capita do país. Então a cidade mais rica sob o ponto de vista de renda per capita é Brasília. Qual é a menor mortalidade infantil? Brasília. Olha aí, capitais. Vitória, Campo Grande, São Paulo é a quarta. Quais são as piores mortalidades infantis, olha 25, 22? Porto Velho – norte, Natal – nordeste. Aqui mostra bem a queda da mortalidade infantil, agora veja como o nordeste, ele está melhorando. O nordeste tinha 70 mortes por mil nascidos vivos, deu uma despencada, estão se aproximando, isso é um sinal de que está havendo melhor distribuição de renda, já não há essas disparidades regionais tão grandes, era muito grande. Então é sinal que o nordeste está melhorando seus índices sociais. Aqui mostra bem, olha, nordeste 36, o norte 28, sul e sudeste, maravilha, 16 e 18, Brasil, 25. A tendência disso é ir se igualando mais. E a tendência é de queda, cair mais.

Do que os bebês morriam na década de 70? Era infecção, era a dor de barriga, era o Jeca, gastroenterocolite aguda, pneumonia, doenças parasitárias, diarréia, desidratação. Apareceu a penicilina, Alexander Fleming, não é? Descobriu a penicilina através do fungo e o antibiótico. Mudou a medicina no mundo. Então as pessoas antigamente morriam de tuberculose, morriam de gripe, a gripe espanhola, em 1918 matou 300 mil brasileiros, e um presidente da República, o Rodrigues Alves, morreu de gripe espanhola. Ele foi duas vezes presidente. No segundo mandato morreu que nem o Tancredo, ele foi eleito, mas não tomou posse, morreu entre a eleição e a posse. Morreu do que? De gripe espanhola, porque não existia antibiótico. Aí, a partir da década de 90, o que as crianças hoje têm problemas, os bebês? São doenças pré-natais e congêneres, mas aquela questão com o antibiótico mudou o perfil.

Aqui mostra São Paulo, olha que beleza, de 95 para hoje são só 15 anos, é muito pouco tempo sob o ponto de vista histórico, e olha que beleza: 24 veio a cair e hoje nós estamos em 12. Só os obstetras ajudarem um pouco, isso aqui cai mais depressa. Por que os obstetras ajudarem um pouco? Hoje é mais normal nascer de parto normal ou de cesariana? Dia desses eu fui em um hospital e perguntei: “Qual a taxa aqui de cesariana?” Nunca deve passar de 20%. 18%, 19%. (Estava em) “99%”. “Por que não é 100%?” “Não, porque o elevador quebrou, não deu tempo de chegar no centro cirúrgico e nasceu antes. Qual o problema disso? O problema é que quando você faz um parto cirúrgico, você está calculando, que dia que fecundou? Faz aquela tabelinha lá: “Olha, parou de menstruar no dia tal, calcula 15 dias para trás, o período fértil deve ter sido esse, então está aqui, tantas semanas e tal. Com nove meses vai estar em tal data”. Mas vai meio… O que é que tem acontecido às vezes? As crianças prematuras. Então, o bebezinho nasce antes da hora com imaturidade pulmonar, síndrome de membrana hialina. Falta de uma enzima chamada hialuronidase. Aí tem que ficar lá no aparelhinho de respiração artificial ventilando, ventilando uns dias até o que pulmãozinho amadureça e produza a enzima, que vai fazer dilatar e voltar o alvéolo. Então, se a gente não tiver tanta cesariana, isso vai ajudar a cair mais depressa ainda, porque hoje um dos problemas é prematuridade.

Aqui mostra os melhores índices: região de Barretos, Ribeirão Preto, Campinas. Qual a característica aqui dessas cidades? São cidades ricas. Olha aí de novo o dinheiro. Campinas: capital da tecnologia, terra da Unicamp, tecnologia de informação. Ribeirão Preto: as melhores terras do Brasil, terra roxa, terra vermelha de Ribeirão Preto. Barretos: capital da agricultura, o mais forte município do agronegócio do Estado. Qual a característica aqui? Região Metropolitana, Baixada Santista… A miséria, ela está na periferia das mega cidades e das Regiões Metropolitanas. Aqui, não é Sorocaba, não, mas é o Alto Ribeira, está administrativamente, e o Vale do Paraíba é a serra, a região… Não é São José dos Campos e nem Taubaté, mas é o alto da serra.

Aqui é o contrário. Olha a expectativa de vida do Brasil em 1940: 41 anos de idade. Com 41 anos já foi. Olha agora: 73 (anos). Olha aí, 73. Lá em Paraibuna tinha um cemitério, ainda tem até hoje. Eu era criança e às vezes ia com o meu pai, a gente parava lá no leite da vaca preta, em frente ao cemitério, para ir para Caraguatatuba. Tinha assim no portão do cemitério: “Nós que aqui estamos, por vós esperamos”. A expectativa de vida média é 74, mas nos homens é 68. E nas mulheres é 76. Por que é que as mulheres vivem mais do que os homens? Qual será a razão? São mais inteligentes, mais cuidadosas. Quais são as principais causas de morbimortalidade no Brasil? Do que é que se morre no Brasil? Primeira causa: coração e grandes vasos. Segunda causa: câncer. Terceira causa: acidente, não é doença. Então, a gente pode dizer o seguinte: velho vai morrer do coração e de câncer e moço morre de desastre. O resumo é isso, está certo? O moço não vai morrer de doença, a não ser casos excepcionais, e as pessoas de idade vão morrer ou de coração e grandes vasos ou de câncer. O fato é que as mulheres… Quem tem mais acidentes, homem ou mulher? Quem morre nos finais de semana são os rapazes: motocicleta, tiro, violência. Quem está mais exposto à violência: homem ou mulher? Homem. O Estado de São Paulo tem 173 mil presos. Quantos presos são homens e quantos são mulheres? 93% são homens, as mulheres só 7%, e ainda é a má companhia dos homens.

Olha, aqui mostra bem as melhores médias. Onde é que se vive mais no Brasil? Brasília. Qual é o Estado mais rico? É o Distrito Federal. Depois Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas e São Paulo, só os mais ricos. Agora, onde é que se vive menos? Alagoas, Maranhão, Pernambuco, Piauí. Tudo 68, 67. Então, mostra de novo uma relação direta entre renda e saúde. Aqui mostra o que aconteceu nos últimos 80 anos. Do que se morria antigamente, em 1930? Doenças parasitárias, infecciosas. Olha, despencou. Era tuberculose, era diarréia, pneumonia, tuberculose, hanseníase, tudo infecciosa e parasitária. Isso despencou em razão do antibiótico, química, a eficiência dos fármacos, é impressionante. De outro lado, o que é que aumentou brutalmente? Doenças do coração e grandes vasos. Então, a pessoa morre quando o coração pára. Então, olha aqui, disparou. De outro lado, o que aconteceu com as causas externas? Também aumentaram. Automóvel, moto, violência das grandes cidades, droga. E o aumentou também? Câncer. Por que o câncer aumentou e vai aumentar muito mais? Exatamente, porque as pessoas vivem mais. Câncer é doença de velho. Pode jovem ter câncer? Pode, mas é raro. O câncer é ligado diretamente à expectativa de vida. Com 80 anos de idade, de cada dez homens, oito terão câncer de próstata, 80 anos de idade. Então, as pessoas antigamente morriam antes de ter câncer, morriam mais cedo. Agora vivem mais, aumenta a expectativa.

Eu estou dizendo tudo isso por quê? Porque o Brasil, a gente aprendeu lá atrás, que era um país jovem. Hoje o Brasil é um país maduro, e vai ser um país idoso. Nós temos que preparar para isso: previdência social, saúde, turismo, economia, lazer, emprego, cuidadores de idosos, geriatria, enfim, enfermagem, saúde. Você muda… Mobilidade, acessibilidade. As pessoas vão ter a mobilidade reduzida. Então, você tem uma outra perspectiva, um outro quadro. Aqui mostra bem, olha: Coração e grandes vasos; segundo, neoplasias, que é câncer, e esse é um outro dado importante, porque o câncer é uma doença curável. Veja bem, amanhã vocês são gestores públicos aí. Coração e grandes vasos. Se uma Prefeitura Municipal fizer um programa de tirar pressão, só isso, tirar a pressão nas praças públicas, controlar hipertensão arterial, só hipertensão, ensinar a se alimentar melhor, obesidade hoje é um problema epidemiológico. Então, balança de impedância e ginástica, ora, mexer o corpo, criar programas de ginástica. O Dr. Zerbini dizia que a saúde começa pelo pé. Quem não anda, quem não faz ginástica, não tem saúde. Nem física e nem mental, que vai ter pouco neurormônio, vai ter pouco transmissor na sinapse dos impulsos nervosos. Qual é a doença do nosso tempo? Stress, ansiedade e depressão. Stress, como é que eu vou fazer? E o futuro, e o amanhã, e a ansiedade em relação ao amanhã? E depressão. O melhor remédio para isso é mexer o corpo. Isso é provado cientificamente, é o chamado “barato do corredor”, e ele se sente bem, porque ele produz neurotransmissores, que agem no cérebro. Dopamina, histamina, endorfina, neuropeptídios de cadeia longa. Então, o sujeito suporta mais as adversidades da vida. Você pega uma pessoa que faz ginástica e uma que não faz ginástica. Ela tem os maiores problemas: morreu alguém muito querido, uma perda muito forte, uma separação. Aquele que faz ginástica consegue suportar mais, e há uma relação direta entre depressão e doença.

A medicina chinesa, que tem quatro mil anos, ela diz que envelhecimento é normal, todo mundo vai envelhecer, isso é normal. Doença é desequilíbrio. Desequilibrou… Por que um pega hepatite e o outro não pega? Por que um tem câncer e o outro não tem? Por que um enfarta e o outro não enfarta? O que aconteceu? Desequilibrou. Eu tenho um colega, eu fiz anestesia. Então, em Pinda (Pindamonhagaba), eu trabalhei 15 anos lá na Santa Casa e nós éramos quatro colegas: uma moça, uma japonesa, e mais dois e eu. Éramos quatro, tocando dois hospitais, a Santa Casa e um hospital particular, Hospital Pindamonhangaba. Ontem, um desses nossos colegas, um pouco mais velho do que eu, faleceu. Um bom anestesista, um grande médico, muito querido na cidade. O que aconteceu? Aconteceu que há um ano, menos até, dez, oito meses atrás, o filho teve uma discussão em uma cidade vizinha, discussão de trânsito. E aí ele saiu em perseguição. O cara tentou fugir e ele perseguiu o camarada, pegaram a estrada ali de Campos do Jordão, e lá perto de uma saída de Tremembé ele se perdeu perseguindo o outro, bateu em uma pessoa em uma bicicleta, que não tinha nada a ver com a história, e a pessoa morreu. E ele foi preso. Muitos falam: “isso aí, mandado de segurança, habeas corpus, tira em 24 horas e tal”, preso. O que aconteceu com o pai? Drama, família… Faleceu ontem. Então, é óbvio que isso deu impacto. Então, eu digo isso por que? Porque se a gente pegar, olha quanta coisa dá para fazer em termos de prevenção. Coração: Ginástica, balança de impedância para alimentação correta, controlar hipertensão e diabete, pronto, você já reduz isso aqui brutalmente. Câncer: Qual o principal câncer hoje no Brasil? Homem, próstata, mulher, mama, mas qual o outro? Pele, nós somos um pais tropical, pele, pele, então, na realidade, só evitar esse sol do meio dia nós já vamos reduzir brutalmente as neoplasias de pele.

Aqui, os Arranjos Produtivos Locais, as vocações econômicas. Aqui todos são de São Paulo ou não? Quem não é da capital? Vocês são de onde? Cotia, Embu-Guaçu, Araraquara, Itapevi, Carapicuíba, Osasco. Então vamos lá. O que é o Arranjo Produtivo Local? O chamado cluster. É o seguinte: vamos dar um exemplo. Diadema, aqui pertinho. O que Diadema produz, assim, em grande quantidade? Cosméticos. Então, Diadema é a capital do cosmético. Indústria farmacêutica, indústria química. Você tem uma quantidade de fábrica de cosmético impressionante. Isso é um Arranjo Produtivo Local. Franca, o que é que Franca fabrica, assim, em grande quantidade? Tem mil fábricas fazendo a mesma coisa. Calçado masculino. O que São José dos Campos fabrica? Avião. O que São Bernardo do Campo fabrica? Automóvel, carro. Araraquara, era ferrovia, vagão, indústria ferroviária, hoje diversifica mais. Mas o fato é o seguinte: você tem as vocações econômicas. Uma cidade produz feijão; a outra avião; a outra, sapato. Ibitinga produz bordado: 70% da economia da cidade é bordado. Então, o chamado arranjo produtivo local é concentração de empresa que faz a mesma coisa. Então, em Franca, você tem frigorífico, que mata o boi; você tem curtume, que trabalha o couro; você tem mil fábricas de sapato: desde fundo de quintal até as grandes indústrias, de alta tecnologia; você tem moda; você tem design; você tem quem faz o cadarço; você tem quem faz a sola; tem quem faz o salto; tem a logística; tem a Francal para vender, você tem todo um… Então, esses são os chamados Arranjos Produtivos Locais. Olha como é bem distribuído no Estado, as vocações. Americana, qual o arranjo produtivo de Americana? Têxtil, indústria da confecção têxtil. Você tem um monte de fábrica, desde o algodão até a confecção e a moda. Então, você tem Americana, têxtil e confecção. Birigui, calçado de criança, aquele tênis que apita, acende luz, enfim, que a criançada adora. Diadema, cosméticos. Franca, calçado. Grande ABC é plástico. Holambra, flor. Ibitinga, bordado de cama, mesa e banho. Então, você tem os vários Arranjos Produtivos Locais. Isso é importante para você fortalecer a vocação econômica da região. Antigamente, uma cidade, para crescer, ela queria atrair indústria, não é isso? O sonho de todo prefeito era trazer uma indústria lá para a cidade. Então, o que é que fazia? Pegava um terreno na beira de uma autoestrada, dividia em um monte de pedacinho, fazia um loteamento industrial e vendiam os terrenos. Hoje mudou o conceito.

O que é que é o parque tecnológico? Parque tecnológico? São Carlos, terra do Lobbe Neto, onde dizem que tem mais doutor e mestre do país, capital da alta tecnologia. O parque tecnológico você une no mesmo lócus, no mesmo lugar, as indústrias, você une ali a universidade. Então, São José dos Campos, parque tecnológico: o ITA, a universidade, o ITA, o Instituto de Tecnologia Aeronáutica, os laboratórios de pesquisa, IPT, grandes laboratórios, ETEC, FATEC, cursos técnicos, tecnológicos, institutos de pesquisa, EMBRAER e a empresa privada. Você traz as empresas: “Vamos todo mundo ficar junto aqui, que nós vamos ter uma sinergia melhor”. Então, exemplos aqui: Piracicaba, Piracicaba é a terra da cana de açúcar. O parque tecnológico é voltado à bioenergia. A cana, ela produz a garapa, produz a pinga, produz o açúcar e produz o álcool, e o bagaço ainda gera energia elétrica. Aí foram estudando: “Olha, mas essa cana também produz um aminoácido”. Aminoácido vai grudando no outro e formam as proteínas, então, a lisina é um aminoácido da cana que vai servir para as fábricas de ração animal. Então, você vai tirando, olha quanta coisa você vai tirando. Agora vai ter o álcool de segunda geração. Você tira o álcool não da cana, mas do bagaço da cana, um outro processo químico que vai levar ao álcool. Aqui em Jaguaré, aqui pertinho, olha aqui do lado. O que nós temos aqui do lado? USP, IPT, ETEC, (Instituto) Butantan, IPEN, energia nuclear, um do lado do outro. Então, o Parque do Jaguaré, farmácia, química, novos fármacos, pesquisa, inovação tecnológica, equipamentos. Unicamp, Campinas, qual a marca de Campinas? Software, hardware, computadores, tecnologia, Unicamp. Sempre o conhecimento junto. Campinas, Unicamp. São José, ITA, Piracicaba, ESALQ, agronomia. São Paulo, tudo aqui: USP, IPT, ETEC, Butantan, IPEN. Então, olha, São José dos Campos, tudo isso está pronto já. Aqui em São Carlos tem a UFSCAR e tem a USP, USP e Federal, duas universidades muito conceituadas.

Então, a ideia qual é? São Paulo está na vanguarda do conhecimento. Por exemplo, foi feito um laboratório em São José dos Campos a 1 km de distância, laboratório para estudar estruturas de materiais leves. Se a gente conseguir fabricar um avião mais leve, olha quanto ele vai economizar de combustível. Então, esse laboratório de estruturas leves beneficia a indústria aeronáutica, indústria automotiva, indústria de petróleo, indústria de saneamento, tubos, água, esgoto. Então, parques tecnológicos. Aqui em Sorocaba, Sorocaba é metal mecânico, são as grandes fábricas (de) metal-mecânico, automóvel, elétrica, eletrônica, farmacêutica.

Aqui uma palavrinha sobre infraestrutura. Comércio exterior é muito importante, porque agora a gente está em um mundo que é globalizado, então você não está competindo com a indústria vizinha, você está competindo com o cara que está do outro lado do mundo. A China, como é que a China cresce 10%, 12% do PIB ao ano? Comércio exterior, é made in China. Exporta para o mundo. Como é que você exporta? É porto. Você não tem porto, como é que você vai fazer para exportar? Então nós temos em São Paulo o maior porto da América do Sul, que é Santos; aqui está (a cidade de) Santos; aqui, São Vicente. Então essa é a ilha de São Vicente, tem Santos e São Vicente. São Vicente é primeiro município do Brasil, ele fez aniversário na semana passada, São Vicente. E eles têm lá um teatro na praia, que é o teatro ao ar livre, que é uma coisa belíssima, eu fui lá assistir esse ano; lotado, tinha 10 mil pessoas, ninguém queria ver o Martin Afonso de Souza, só a índia, não é? [risos] A filha do cacique Tibiriçá, e pouco vestida, a índia. Mas aqui nós temos… Acho que eu mexi no trecho. Olha, Santos, e aqui do lado de cá Guarujá, aqui é a entrada do canal. Então grandes investimentos aqui no porto de Santos, fundamentais para o desenvolvimento do Estado de São Paulo. Aqui o outro porto, que é São Sebastião. Nós temos um grande porto, que é Santos, e um porto menor, que é São Sebastião, mas ele é importante porque esse canal aqui, entre São Sebastião e Ilhabela, canal de Toque-Toque, ele é muito profundo, por isso que a Petrobras está lá. Os grandes petroleiros podem entrar, porque o canal é muito profundo, enquanto que em Santos o estuário é mais raso.

Rodovias. Só para… Uma só, aqui o Rodoanel. Nós somos a quarta metrópole do mundo, 22 milhões de pessoas, em oito mil quilômetros quadrados, os outros 20 milhões, em 250 mil quilômetros quadrados. Então o Estado de São Paulo, está tudo espaçoso, mas aqui na Região Metropolitana é apertadinho; oito mil quilômetros quadrados só 22 milhões de pessoas. Só tem quatro regiões no mundo que têm essa concentração metropolitana: Tóquio, a grande Tóquio, 30 milhões de pessoas; grande Cidade do México; Nova Iorque e São Paulo. As outras três meio embaralhadas. E essa é uma tendência mundial, de megacidades: Xangai, na China, Mumbai, na Índia, vai ter megacidades. Qual o problema das mega cidades? Mobilidade, você não consegue andar. Então o Rodoanel, ele… Qual a lógica? É tirar o trânsito que não se destina ao centro da metrópole, você tirar fora. Então nós tínhamos feito aqui a asa oeste do Rodoanel, ligando (as rodovias) Bandeirantes, Anhanguera, Castelo Branco, Raposo Tavares e Régis Bittencourt. Agora, o (José) Serra fez o trecho sul, chegou na Imigrantes e na Anchieta, portanto chegou no porto de Santos. Está parado aqui em Mauá. Mês que vem, agora em março, a gente assina o contrato para a asa leste, aí você chega na Ayrton Senna, Carvalho Pinto, chega na Dutra e na Fernão Dias, e ligou o maior aeroporto brasileiro, que é Cumbica, ao maior porto brasileiro, que é Santos, uma grande logística, tirando o caminhão da cidade. Aqui, mostrando aqui a Tamoios, uma rodovia muito importante; aqui está a São José dos Campos; aqui Caraguatatuba; aqui São Sebastião, o Porto; aqui é Ilhabela, essa ilha aqui é Ilhabela; aqui em frente é São Sebastião; aqui Caragua; aqui a Tamoio. Isso aqui vai ser duplicado. Por quê? É o acesso aqui do Vale com o litoral, e Caraguatatuba é a maior unidade de tratamento de gás natural em razão do pré-sal, retirada de gás.

Aqui é a questão aeroportuária. Aqui, Congonhas, Cumbica e Viracopos. Os três grandes aeroportos de São Paulo, todos federais. Congonhas está aqui no meio da cidade, Cumbica está aqui em Guarulhos, e Viracopos está lá em Campinas. Então, um dos problemas, hoje, nosso é o gargalo aeroportuário porque todos os modais de transporte estão crescendo, só que o que mais cresce é a aerovia. Então, é impressionante o aumento. Cresce 20% ao ano – de pessoas que usam o avião, porque está ficando mais barato, e acesso maior: a renda das pessoas está aumentando. Então, é preciso o terceiro terminal de Cumbica ser construído e o segundo terminal e a segunda pista de Viracopos, e já está se estudando o novo aeroporto na Região Metropolitana de São Paulo. Aqui, os 31 aeroportos que o Estado tem, esses três são federais. O maior deles é Ribeirão Preto, depois nós temos aqui Rio Preto, São Carlos, Presidente Prudente, uma rede de 31 aeroportos estaduais. Ferrovia está crescendo. Carga cresce enormemente. É uma boa notícia. Então, qual o problema? O problema é de novo passar por dentro de São Paulo. Então como tem o Rodoanel, aqui já está previsto o Ferroanel tramo Sul, do lado do Rodoanel, para você facilitar a chegada do trem ao porto de Santos. Então, projeto importante.

Aqui as dutovias. O estado de São Paulo é o maior produtor de álcool do mundo. Maior produtor de álcool. Então nós exportamos álcool. Como é que o álcool chega no porto para exportar? Tudo caminhão. Não tem um litro de álcool que não vá de caminhão. Não é possível. Então a Rede Paulista de Polidutos, uma rede de dutos já está sendo construída. Saindo aqui de Araçatuba, Ribeirão Preto, para chegar aqui em Paulínia e vir para o Porto de Santos e o Porto de São Sebastião, tirar os caminhões das estradas, e vem tudo por dutovia. Você põe o álcool lá em Araçatuba, ele sai dentro do navio. Aliás, o navio num precisa nem chegar no Cais, ele fica a dois quilômetros do Cais e por bombeamento você põe dentro do navio, num precisa nem chegar até o Cais. Aqui, hidrovia; Montoro, pai aqui do Fernando, era um grande entusiasta e trabalhou muito. Nós temos hoje dois mil e quatrocentos quilômetros da hidrovia Tietê-Paraná, então é preciso integrar esses vários modais, né? Hidrovia com ferrovia, com aerovia… Enfim os vários modais de transporte.

Aqui uma palavrinha sobre agronegócio. A gente já sabe que São Paulo é um estado forte industrialmente, serviços, né? Capital financeira… Mas é bom chamar atenção para uma coisa que passa despercebida. Nós somos o maior produtor agrícola do país. Maior produtor agrícola. São Paulo responde por 1/3 do agronegócio brasileiro e ¼ das exportações do agronegócio brasileiro. Ele responde sozinho por quase 20% do que é produzido no campo, e o agronegócio, 1/3. Primeiro do país, o Estado de São Paulo, segundo Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Minas e Santa Catarina. Aqui nós somos o maior produtor do mundo de cana de açúcar. Açúcar e álcool, maior produtor mundial de açúcar e álcool. Nós somos o maior produtor mundial de carne bovina, não temos o maior rebanho, mas temos os frigoríficos. Então a carne vem para cá e é trabalhada para ser exportada, maior exportador mundial de carne bovina. O Brasil é o maior produtor mundial, passou Estados Unidos e a Austrália em termos de carne bovina. Aqui fruta e suco de laranja, o Estado de São Paulo é o maior pomar cítrico do mundo, nós ganhamos da Flórida, maior produtor mundial de suco de laranja. Produtos florestais, um dos grandes produtores, São Paulo é o maior produtor de borracha do Brasil. A gente imaginava borracha no Acre, Chico Mendes, né? As florestas, né? Hoje é tudo produzido, não tem floresta é tudo na agricultura, nós somos o maior produtor de seringa do país, maior produtor de flor no Brasil, maior produtor de fruta do Brasil e o maior produtor de máquinas agrícolas.

Petróleo e gás: uma palavrinha, nós vamos encerrar com mais um… O Criador foi generoso, ou seja, nós encontramos aqui petróleo e gás. O quê que é pré-sal? Pré-sal… imagine o seguinte: a África e a América do Sul era um continente só. Grudado. Aí vai morrendo animais. O corpo humano o que tem? Matéria orgânica. Matéria orgânica é carbono. O que é química orgânica? É a química do carbono. Morre animal, deposita carbono. Morre vegetal, deposita carbono. Vai depositando carbono. Aí começou a separar, milhões de anos atrás, começa a separar a África da América. A água do mar entra, é o (Oceano) Atlântico. O mar tem sal, então sobre o carbono se depositou sal, e acima do sal terra, rocha, pedra e depois a água. Então nós extraíamos petróleo e gás no Brasil acima da camada de sal. Então o nosso petróleo e gás, ele era pós-sal. Acima do sal. Então ele não era tão profundo, era mais fácil de você encontrar e tirar. E mais perto da praia, mais perto do continente. O que nós tirávamos estava aqui, há 150… Mexilhão, olha aqui, 140 km da costa, pertinho, e mais superficial. O pré-sal está aqui Tupi, Guará, Carioca, João, Bem-te-vi, tudo nome de pássaro, eles estão longe da costa, 200 km, 300 km de distância, muito mais difícil, você ir tirar petróleo a 300 km mar adentro. E profundidade, olha. Aqui está a linha da água. Vamos imaginar que você tenha aqui 1 km. Vamos dizer 1 km de água, depois você tem mais 1 km de rocha, então 2 mil metros, 3 mil metros abaixo você encontra o sal. Aí você fura o sal e a 5 km de profundidade está a camada de pré-sal. Ela está mais distante da costa, ela está mais profunda, mas como ela está envelopada pelo sal, ela tem melhor qualidade. É o óleo de melhor qualidade. Então, o Estado de São Paulo, a chamada Bacia de Santos, ela vai de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Ela chama Bacia de Santos, mas ela pega cinco Estados. Vai lá do sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Mas o grosso de petróleo e gás está em São Paulo. Então nós fomos privilegiados. Para ter uma ideia, a Petrobras vai ter em Santos, oito mil funcionários. Só em Santos. As torres já estão sendo levantadas. Aqui mostra bem as camadas, aqui o que nós levamos 54 anos para produzir, em termos de milhões de barris de petróleo, isso pode ser conseguido em 16 anos. Claro que é muito mais caro tirar esse petróleo, depende do momento econômico tirar o gás.

Uma palavrinha sobre Copa do Mundo, e aí a gente encerra. Nós vamos ter uma grande oportunidade. O seguinte: 2013, Copa das Confederações, 2014, Copa do Mundo; 2015 Copa das Américas, 2016, Olimpíada. Então nós temos quatro eventos mundiais em quatro anos, praticamente. O setor primário da economia é a agricultura, correto? Ela mecaniza, nós somos o maior produtor de cana do Brasil. Como é que a cana era tirada? É o famoso cortador de cana. Como é que se colhe a cana? Toca fogo, o sujeito não vai lá pegar a cana para cortar com o facão e pegar uma urutu, uma cobra. Toca fogo, fica mais fácil, aí ele vem cortando a cana. Acabou. Não vai mais existir mais essa profissão. Porque para você cortar cana precisa queimar, para queimar, você polui o meio ambiente. E olha as mudanças climáticas aí, olha o calor. Então está proibido queimar. 2014 pá, acabou. O que vai acontecer então? Tudo mecanizado, não existe mais essa profissão. Em compensação essas máquinas são impressionantes. Então a Paula Souza criou lá em Pompéia, do lado de Marília, um curso, uma FATEC, o chamado tecnólogo em mecânica de agricultura de precisão. Olha a sofisticação. Só tem em Oklahoma esse curso, nos Estados Unidos.

Então veja como o mundo moderno é rápido. As profissões somem, desaparecem. E eu estudei datilografia, bater à máquina. Virou peça de museu, em compensação novas atividades são computador. Eu era deputado estadual, Emanuel, na década de 1980, aí chegou uma notícia lá na Assembleia. O deputado Fernando Morais – esse escritor famoso, Fernando Morais, ele era deputado estadual comigo – ele tem um computador na sala dele. Nós fomos todos olhar, de longe. Ficar olhando… que bonito. Você pode mandar uma carta, põe o endereço aqui e tal… Olhava, não acreditava muito. Faz 20 anos. Quem tinha um celular há 15 anos atrás? Ninguém tinha. E quem tinha, se caísse no pé, quebrava o pé. Vejam como é rápido. Então na realidade, a velocidade é muito grande, mas eu estou dizendo isso porque o setor primário, que é a agricultura, ele tende a mecanizar. Vou dar um exemplo: café. Café é mão-de-obra intensiva. Você, para colher café, mamãe, papai, compadre, mutirão, família, vizinho. Hoje, passa uma máquina, chacoalha o pé de café e tem uma rede embaixo e colhe. Não precisa mais ninguém. Ainda seleciona. É impressionante.

Indústria: a Volkswagen, quando o Lula trabalhava em São Bernardo, tinha 42 mil funcionários, produzia pouco carro. Quantos funcionários têm hoje a Volkswagen de São Bernardo? 12 mil, 13 mil, e produz três vezes mais carro. Tudo mecanizado, robotizado. Você repete os procedimentos tudo com robô. Então, o setor primário, agricultura, mecaniza. Setor secundário, automatiza. O emprego do mundo moderno é o setor terciário: serviços, educação, saúde, turismo, prestação de serviço. Por isso que o mundo moderno é urbano. As pessoas vêm para as cidades, porque o emprego está nos serviços. Então nós vamos ter uma grande oportunidade, porque com Copa do Mundo, com essas… São Paulo, uma capital mundial, você imagine: o congresso da FIFA, 208 países; Centro internacional de transmissão para o mundo inteiro. E eu me cerco com uma segunda palavrinha para vocês, que a Laura tem pedido para a gente caprichar. Duas coisas chamaram minha atenção: uma, língua portuguesa: hoje, quem sabe escrever direito, já está lá na frente, porque é difícil. Eu mesmo tenho dificuldade às vezes. Difícil, os pais que… “Opa, isso aqui tem acento, não tem acento, tem crase ou não tem crase, tem vírgula?” Então, língua portuguesa. A outra, inglês. Então, quem souber uma (segunda língua)… E aí eu encerro com uma historinha para vocês.

Diz que tinha um ratinho correndo e o gato grandão ia devorá-lo, chegou no canto da sala, o ratinho não tinha mais escapatória, o gato ia comê-lo. O que o ratinho fez? Começou a latir. A hora que ele começou a latir, o gato fugiu. Moral da história: se ele não soubesse uma segunda língua estava morto.

Bons estudos!