Alckmin discursa ao receber condecoração em Belo Horizonte

Geraldo Alckmin: Presidente da Câmara de Vereadores de Belo Horizonte, vereador Léo Castro, carinhosamente Léo Burguês; governador do estado, professor Antônio Anastasia, grande governador de Minas Gerais; vice-governador, doutor Alberto […]

seg, 19/09/2011 - 21h00 | Do Portal do Governo

Geraldo Alckmin: Presidente da Câmara de Vereadores de Belo Horizonte, vereador Léo Castro, carinhosamente Léo Burguês; governador do estado, professor Antônio Anastasia, grande governador de Minas Gerais; vice-governador, doutor Alberto Pinto Coelho; prefeito de Belo Horizonte, doutor Marcio Lacerda; governador Eduardo Azeredo; ministro Patrus Ananias; senadores da República, Clésio Andrade, Álvaro Dias, Arlindo Porto; doutor Antônio Gomes da Silva Filho, Maria das Graças; deputados federais, permitam saudá-los abraçando o deputado Roberto Freire; deputados estaduais, autoridades aqui já nominadas, aqui no estado da República, senhoras e senhores homenageados, senhoras e senhores vereadores, amigas e amigos.

Tancredo Neves certa vez disse que o homem público deve fugir como o diabo da cruz da vaidade, do ressentimento e da bajulação. Sempre coloquei a missão pública a frente de qualquer vaidade pessoal, e ressentimento e bajulação nunca foram ou serão combustíveis de minha ação política.

Confesso, no entanto, que fica difícil, presidente Léo Burguês, não sentir-me lisonjeado nesta noite. Receber um Grande Colar do Mérito Legislativo de Belo Horizonte, a maior honraria concedida por esta Casa, já seria relevante para comover-me bastante. Afinal, se São Paulo e Minas são estados irmãos, na região onde nasci, no Vale do Paraíba, essa proximidade é ainda mais evidente.

E minha família, Anastasia, é toda mineira, meu avô nasceu em Cruzilia, São Sebastião da Encruzilhada, batizado Baependi, terra da querida Chica… Então, é para mim uma alegria redobrada, com a minha esposa, com a Lu, voltar aqui às Minas Gerais para, pela generosidade dos belorizontinos, receber esta homenagem.

Mas a emoção é ainda maior ao receber o Grande Colar do Mérito Legislativo na oportunidade em que se homenageia o ex-presidente da República, José Alencar, morto em 29 de março deste ano vítima de falência múltipla de órgãos, depois de lutar historicamente por 14 anos contra sua doença. Abre-se aqui a oportunidade de exaltar o povo de Minas Gerais pelo exemplo histórico de perseverança, de fé inquebrantável e de força extrema em momentos de provação ao dizer que não tinha medo da morte, ao pedir a Deus que não lhe desse nenhum tempo de vida a mais. José Alencar não falou por si só, mas por uma legião de mineiros que enchem o Brasil de gratidão.

Na noite de 23 de agosto de 1954, o então jovem Tancredo Neves lembrou as Forças Armadas que elas estavam constitucionalmente obrigadas a defender o mandato do presidente Getúlio Vargas, que deveriam reagir contra qualquer tentativa de golpe. Após ser desaconselhado por um então receoso ministro da Guerra, segundo o qual seriam todos massacrados, do Palácio do Catete Tancredo respondeu: “Poucos homens tëm durante a vida a oportunidade de morrer por uma grande causa. Por que não aproveitamos esta?”.

Houve depois, Juscelino, então governador de Minas, pressionado por certa elite a não candidatar-se a presidência, disse em um célebre discurso, que Deus o poupara do sentimento do medo. Todas as palavras o jornalista Mauro Santayana, lembranças de que a coragem é patrimônio da alma, e não pode ser desperdiçada. Aliás, Churchill dizia que a primeira das virtudes de um estadista é a coragem, porque sem ela, na hora do perigo, todas as demais desaparecem.

Sim, Deus parece ter poupado os mineiros do sentimento do medo. Não só do medo de morrer, como do medo de construir alicerces institucionais, e exemplos morais; que permaneçam na base do que há de melhor no Brasil.

Se hoje escolhemos a liberdade, a tolerância e a igualdade como valores fundamentais, devemos ao legado da Nova República, montado, em grande parte, pelo caráter democrático de Tancredo Neves. Sorte do Brasil, que este estado, geograficamente situado para localizar os sentimentos de todos os Brasis, mantém-se prolífero na área de produzir exemplos de homens públicos. O senador Aécio Neves veio a tornar-se o grande herdeiro político de seu avô, com seus próprios méritos. Hábil negociador, democrata, líder natural, simboliza o que há de melhor na política brasileira e o que há de mais eficiente na gestão pública. Minas conta com Aécio; São Paulo conta com Aécio; o Brasil conta com Aécio.

Meu colega de Governo, professor Antônio Anastasia, outra revelação política mineira. Revolucionou a arte de gerir o dinheiro do povo, para o povo, e com o povo. Ser mineiro não é escolha, ou se nasce mineiro, ou se é adotado por Minas. Por isso, não tenho como agradecer tanta honra nesta homenagem. A partir de hoje, ser mineiro, passa a fazer parte do meu currículo, e isso é muito.

Minas tem a força do seu povo, da sua economia, do seu território, mas acima de tudo, Minas tem criatividade, fantasia. Minas deu de tudo ao Brasil; sabor com a sua comida, pujança com sua economia, cultura com Guimarães Rosa, Drummond, Milton Nascimento, Fernando Brant, Fernando Sabino, Olegário Mariano, e tantos outros. Na vida pública, nos deu Juscelino, nos deu Tancredo, Minas é exemplo.

Eu, como governador de São Paulo, venho receber essa homenagem em nome de todos os paulistas, e garantir trabalho em parceria, lado a lado, em favor do nosso povo. Ser mineiro é mais do que uma honra, é ganhar uma nova identidade. Poucos estados no Brasil tëm a identidade tão definida como Minas Gerais. As Minas Gerais não são apenas histórias, elas são presente, com todas as suas tradições, da cultura popular à literatura de excelência. Sem Minas, o Brasil seria menos Brasil, porque aqui passaram os melhores valores, que hoje formam a nossa nacionalidade.

Muito obrigado.