Alckmin discursa ao lançar Plano de Despoluição dos Rios da Região Metropolitana de São Paulo

Palácio dos Bandeirantes, 15 de abril de 2013

seg, 15/04/2013 - 19h48 | Do Portal do Governo

Governador Geraldo Alckmin: Boa tarde! Boa tarde a todas e a todos! Quero saudar o diretor do Movimento Brasil Competitivo, dr. Erik Sasdelli Camarano, agradecendo a grande parceria com essa Oscip, que é um exemplo de reunir lideranças para bons projetos, muito obrigado. Agradecer ao Carlos Alberto Sicupira, o fundador e conselheiro da Fundação Brava, também grande parceiro nosso; os nossos secretários de Estado, Edson Aparecido, Bruno Covas, Edson Giriboni, José Aníbal, João Carlos Meirelles, Andrea Calabi e o coronel Marco Aurélio; deputados estaduais Rita Passos, Beto Trícoli e Aldo Demarchi, Ricardo Teixeira, secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, representando o prefeito da Capital; Rodolfo Costa e Silva, coordenador do Comitê Executivo; prefeitos aqui presentes, abraçando o prefeito de Vargem Grande Paulista, o Roberto Rocha, o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, a ABES, o Dante Ragazzi Pauli, Camil Eid, presidente do Instituto de Engenharia, Mário Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Nádia Paterno, diretora da Divisão de Energia e Saneamento da FIESP, Bruna Lombardi, saudando aqui todos os artistas, ativistas ambientais, agradecer aqui à Fundação Brava, à JHSF, à Globo, às parcerias iniciais com o Movimento Brasil Competitivo nesse trabalho e dizer o seguinte: nós pensamos, pensamos, qual seria o projeto mais significativo para São Paulo, para a gente fazer essa parceria com o MBC, no sentido de estabelecermos aqui uma ação conjunta, com metas, objetivos, datas, resultados, cobrança, transparência, e que fosse importante para todo o nosso Estado.

E aí chegamos à conclusão de que é o rio Tietê, esse rio que nasce aqui do lado, ao invés de ir para o mar, não é que ele seja do contra, mas ele vai para o outro lado, vai para o interior de São Paulo porque é a favor de São Paulo, deságua lá no Paranazão. A cidade nasceu em torno do rio, se a gente for ali na 25 de março, tem a ladeira Porto Geral, e não é à toa, é porque ali tinha um porto, né, era o porto, as águas do Tamanduateí, as várzeas ali do Tamanduateí. Aqui no Pinheiros tinha navegação para levar a mercadoria para Santo Amaro, lá no Tamanduateí, para trazer as mercadorias do ABC, a cidade nasceu entre rios, né, e o rio faz parte da cidade. Lamentavelmente, a questão do esgoto, da poluição, e a ocupação desordenada do solo, especialmente das várzeas, fez com que nós tivéssemos o grave problema de enchentes, e de outro lado um rio poluído. Então, o esforço é recuperar. Então, primeiro a questão da enchente, fizemos uma grande obra que terminou em 2005, que foi o rebaixamento da calha do Tietê, desde a barragem da Penha até o Cebolão, são 24 km de aprofundamento de três metros de profundidade, com 14 m de largura, explodimos até rocha lá, e com isso aumentou muito a capacidade de reservação do Tietê. Voltamos à batimetria original agora no fim do ano passado, né, Giriboni, tiramos 5 milhões de m³ de material assoreado do Pinheiros, do Tietê e na circunvalação do Parque Ecológico, e completamos o segundo ano sem enchentes.

E não vou dizer que nós não teremos mais enchente mantendo a batimetria, mas o prazo de recorrência é 100 anos. O Tietê, mantida a batimetria, limpo na batimetria do rebaixamento da calha, só sairá da calha com uma enchente a cada 100 anos, do ponto de vista histórico e do ponto de vista de engenharia. Nunca se faz uma obra para não dizer que não há hipótese, mas o prazo de recorrência é de extrema garantia, e uma obra de extrema importância. E os piscinões, que são as várzeas modernas, porque a várzea foi ocupada, todo mundo sabe que no verão o rio sobe e alaga a várzea, não tem mais várzea, vai alagar a pista; marginal, a casa das pessoas, indústria, comércio; vai alagando tudo. Então, piscinão é a várzea moderna, é uma “gambiarra” muito cara, mas que ajuda, porque naquele pico da chuva segura a água, depois que passa a tempestade, bombeia a água de volta ao rio. Nós não tínhamos nenhum piscinão, hoje temos 31 piscinões e estamos fazendo uma PPP, uma Parceria Público-Privada, para fazer mais piscinões e a manutenção dos piscinões, manter limpo: máquinas em dia, bomba, segurança, manutenção e os novos piscinões.

Depois as eclusas, todo mundo lembra, não todo mundo, mas os carecas como eu lembram que quando se passava na marginal do rio Tietê, tinha aquelas montanhas de lama e pneu na beira da margem do rio. Por quê? Tem que tirar todo ano 500 a 600 mil m³ de material assoreado, vai tudo para dentro do rio: sofá, motocicleta, pneu; aí tem que tirar. E areia, porque muita energia, a água chega muito depressa pelo asfalto e arrasta tudo isso. Tira, põe na margem do rio, e de madrugada caminhão levando embora, nunca mais se viu caminhão e nem aquelas montanhas, e a cidade ganhou um jardinzinho, estreitinho ali, meio apertadinho, mas ganhou. Então, quem passar na marginal vê que tem vedélias, flores e pequenas árvores da Mata Atlântica. Por quê? Porque hoje todo o material assoreado é tirado por barcaça. Tem uma eclusa no Cebolão que foi feita, então a barcaça vem, faz a eclusagem e vai embora para Carapicuíba, e de lá para o destino do material assoreado, inclusive a areia é reaproveitada. Nós vamos fazer agora a segunda eclusa, que é na Penha, e vamos prolongar a hidrovia lá para Itaquaquecetuba: só com o que nós vamos economizar de transporte do desassoreamento da circunvalação do Parque Ecológico, que vai ser um piscinão natural, nós vamos pagar a eclusa… Então já está sendo licitada a eclusa, vamos ter a segunda eclusa, estamos fazendo gradativamente uma hidrovia aqui, e tornar a enchente mais difícil.

Depois, recompor a várzea que pertence ao rio, então, Parque Várzeas do Tietê, já está licitado pelo BID, financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento, da barragem da Penha até o rio Três Pontes, divisa com Itaquaquecetuba, ali vamos remover duas mil casas, que estão em área de risco, e vamos tirar o aterramento para voltar o rio natural. E teremos ciclovia, campos de futebol, áreas de lazer, áreas de convivência, áreas verdes, no Parque Várzeas do Tietê, na segunda etapa vai até Suzano, e na terceira etapa vai até a nascente do rio em Salesópolis. E aqui, junto com essas ciclovias aqui no Pinheiros, a ligação da USP com o Parque Villa-Lobos. A ciclopassarela que o Edson e o Rodolfo falaram, uma gigantesca ciclopassarela, que vai interligar a USP com o Parque Villa-Lobos, inclusive, derrubar o muro da USP para integrar melhor a USP ao rio Pinheiros. De outro lado, estamos ampliando a ciclovia pela primeira vez na margem esquerda do Pinheiros, junto com a Bayer, que nos financiou, nos deu, totalmente paga por ela, uma ponte sobre o canal do Guarapiranga, e nós vamos então ter uma grande ciclovia, inclusive os trabalhadores da fábrica vão poder ir de bicicleta e na margem esquerda, na margem de cá do rio Pinheiros.

E o grande desafio nosso é esgoto. Eu estava verificando aqui os estudos da CETESB: o rio nasce em Salesópolis, qualidade da água, ótima, até Biritiba; Salesópolis e Biritiba. Aí, Mogi das Cruzes e Suzano, já recebe uma carga brutal de esgoto “in natura”, não tratado, e já cai para ruim. Aí vêm Itaquaquecetuba e Guarulhos. Guarulhos tem 1,2 milhão de pessoas, e aí quando entra em São Paulo, péssima; aí, vem péssima até Pirapora do Bom Jesus, então durante as várias tomadas aqui de São Paulo, está péssima. Quando chega aqui a Barueri, quando chega a Pirapora – acho que o santo também é forte, né? Em Bom Jesus de Pirapora passa de péssimo para ruim, e vai ruim; Pirapora, Salto, Tietê, Laranjal. Em Botucatu a água já está boa, em Botucatu. Aí Botucatu, São Manuel, Barra Bonita, Ibitinga; ótima. E aí, ela vai ótima até a Bacia do Prata. Eu coloco isso porque o grande desafio nosso está aqui na região metropolitana, onde o rio tem pouquíssima água, pouquíssima água, é rio de cabeceira, nós estamos a 700m de altura, com 22 milhões de pessoas.

Então quando comparam ao Sena, ao Tâmisa, é uma comparação inadequada, porque o Tâmisa e o Sena são rios de foz, beira, pertinho do mar, muita água, então dilui tudo. Se São Paulo estivesse lá em Panorama, na beira do rio, no baixo Tietê, não tinha poluição, estava tudo diluído. Acontece que tem uma terceira metrópole do mundo a 700m de altura do mundo sem água, o rio Tietê quando passa aqui é um córrego quase, muito pouca água para diluir todo o esgoto. Então o trabalho é redobrado, nós estamos avançando bastante, passamos de 24% de esgoto tratado na região metropolitana para 70%, e agora a meta é chegar a 100% de esgoto coletado, 100% de esgoto tratado. O Estado de São Paulo, eu estava vendo uma matéria no Globo Ecologia de sábado, bem cedinho, às 6h30 da manhã. Então estava lá no Globo Ecologia, uma matéria. O Brasil no ritmo que vai, ele terá o saneamento universalizado, no ritmo atual, em 2196. O Estado de São Paulo terá universalizado o saneamento no interior, os municípios operados pela Sabesp, a maioria esmagadora, no ano que vem, 2014. Em 2016, o litoral de São Paulo e 2019 a Região Metropolitana de São Paulo. Em seis anos, se Deus quiser, nós teremos o Estado 300%: 100% de água tratada, 100% do esgoto coletado e 100% de esgoto tratado. Então, é um esforço grande, nós queremos ser cobrados, queremos eficiência e queremos transparência.

Então, tivemos a humildade e a sabedoria também de ir buscar um grande parceiro que é o Movimento Brasil Competitivo, quero agradecer aqui todos os que colaboram, patrocinam essa Oscip, para trabalhar conosco, dizendo: “olha, isso aqui precisa acelerar, isso aqui não está cumprindo, isso aqui está indo bem”… E a gente fazer um acompanhamento permanente desse trabalho. O rio é maravilhoso, todas as cidades nossas nasceram, a vida se deu em torno dos rios, Piracicaba, a grande cidade; Pindamonhangaba, em tupi-guarani quer dizer “local que se fabricam anzóis”, os rios os índios viviam da pesca. Tem um filme muito bonito, um filme de animação para adultos, que foi lançado agora há uma semana, chamado “Uma história de amor e fúria”, então conta um pouco a História do Brasil, começa com uma briga entre tupinambás e tupiniquins, depois passa pela balaiada no Maranhão, passa pelo período a ditadura militar e vai indo, e chega a 2100, e a briga é pela água. O problema é água, água.

Então nós temos que recuperar as nossas bacias, os nossos recursos hídricos… Pensar em sustentabilidade, meio ambiente e essa é uma tarefa de todos. Começou lá atrás, um projeto de mais de 20 anos, mas que se nós perseverarmos, tivermos bons parceiros, nós vamos avançar. Então eu quero agradecer aqui a todos os secretários, cumprimentando o Edson, o Rodolfo, e especialmente o Movimento Brasil Competitivo, e principalmente a presença de vocês! Quem tem um feeling como esse aqui de São Paulo vai marcar gol e eu quero acrescentar que esse é o ano do Peixe, né? Um abração!