Alckmin anuncia investimentos na Santa Casa de Santos

Santos, 13 de junho de 2013

qui, 13/06/2013 - 22h41 | Do Portal do Governo

Governador Geraldo Alckmin: Boa noite a todas e todos! Saudar o nosso prefeito anfitrião, Paulo Alexandre Barbosa, vice-prefeito dr. Eustázio Alves, nosso anfitrião provedor da Santa Casa de Misericórdia de Santos, Manuel Lourenço das Neves, professor Giovanni Guido Cerri, secretário de Estado da Saúde, Edmur Mesquita, secretário de Desenvolvimento Metropolitano, Rogério Barreto, secretário de Gestão Pública, amigo ex-prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa, secretário municipal dr. Marcos Estevão Calvo, vice-provedor da Santa Casa, Félix Alberto Ballerini, dr. Marco Botteon Neto, diretor regional de Saúde aqui da Baixada Santista. Marcelo Bueno, diretor da AGEM, Erimar Carlos Brehme de Abreu, diretor superintendente da Santa Casa, José Maria Pires Valdívia, presidente do Conselho, major Edson Suezawa, nosso comandante. Quero saudar aqui o grupo de voluntárias e voluntários do hospital, da oncologia, da área geral do hospital, do administrativo e do controle de qualidade, corpo clínico, administrativo, amigas e amigos.

Diz que aparelho de som, Manuel, é a igual gerente de banco, quando a gente mais precisa ele falha. Mas dizer alegria de estar aqui na Santa Casa, um dos maiores hospitais do… Pronto já voltou. Eu estava lembrando aqui… Eu fui anestesista, a Santa Casa de Pinda, que é uma boa Santa Casa, muito boa, tinha quatro salas de cirurgia, 22 salas… Aqui há mais de 700 leitos, um dos grandes hospitais do Brasil além de ser a Santa Casa mais antiga do país, uma referência aqui para a região. E sempre melhorando, a gente vê aqui quanta obra importante, a gente vê aqui a Casamata e mais dois aceleradores lineares, o que há de mais moderno em termos de radiologia, de tratamento de quem precisa. E eles me disseram, “oh, tem uma surpresa”, eu pensei: “ah, vai ver que vai sobrar um dinheirinho né”, falaram não, vai ficar mais caro, mas nós vamos ajudar. Não pode ter obra parada. A obra mais cara é a obra parada, nós vamos ajudar, professor Giovanni já registrou para a gente rapidamente ver a Casamata concluída e esses avanços da ciência, da medicina, a gente poder oferecer gratuitamente a quem precisa através do SUS.

A outra vi aqui o novo prédio que a prefeitura está ajudando, prefeito Paulo Barbosa, para ampliar os leitos de UTI e embaixo vai ser a hemodinâmica, não é isso? Aí a hemodinâmica sai do quarto andar e para o espaço da hemodinâmica vai a nova UTI cirúrgica de cardiologia infantil. Então é isso que nós estamos liberando aqui os R$ 2 milhões para mais dez leitos de cardiologia infantil na área cirúrgica, então o hospital deve ganhar a nova Casamata, os novos aceleradores lineares, mais os novos leitos de UTI adulto, mais o novo espaço da hemodinâmica, os novos aparelhos da hemodinâmica. É impressionante como a cardiologia avançou, antigamente você fazia uma cirurgia… O paciente abria o tórax, tirava um pedaço da veia, da safena ou da mamária, fazia circulação extracorpórea, instalava lá no coração a ponte, costurava tudo, para fazer funcionar, ficava uma semana na UTI. Uma vez eu fui visitar um amigo lá na Beneficência Portuguesa em São Paulo, com o professor Zerbini, ele dizia: olha a sensação que eu tenho é que eu trombei com um Fenemê… E hoje tudo por cateterismo, entra de manhã, põe o cateter, faz a desobstrução, a pessoa fica acordada, assiste a tudo, põe o cateter tratado, desliga, vai assistir à televisão, à novela das oito em casa, impressionante. Mas essa é a tendência moderna, é cada vez mais operar menos, ser menos invasivo, menos intervenção. Você avança na radiologia.

Esses aceleradores DNA têm uma pontaria, são certeiros! Avança na radiologia, avança na quimioterapia, avança nos recursos hemodinâmicos, esse é o grande avanço. E às vezes sempre pergunta: “a saúde vai bem ou vai mal”? Olha, a saúde vai muito bem: A mortalidade infantil despencou. O Brasil de 80 anos atrás, era comum mamãe dizer: “tive cinco filhos, vingaram três”. Morria muita criança! Morria de mal de sete dias, tétano umbilical, morria de doença infecciosa: pneumonia, gastroenterocolite, diarreia. Hoje a mortalidade infantil em São Paulo – era no Brasil 140 por mil nascidos vivos – no Estado de São Paulo, hoje, é 11. A maioria dos municípios é um dígito, é Europa, raro ocorrer! Expectativa de vida: a expectativa de vida era 43 anos de idade. No Império Romano, era 25 anos de idade. Pessoas com 30 anos já tinham morrido. Hoje a expectativa de vida média em São Paulo é 75 anos de idade. Quem passa dos 30 como nós, vai para mais de 80 e subindo. Mulher então, sete anos, seis anos a mais, então vai subindo. E com qualidade de vida! O Manuel me perguntou: “o senhor chegou hoje de viagem”? Falei: cheguei. Mas eu, não é vantagem. Vantagem é o Fernando Henrique, que tem 82 anos de idade. Aí eu falei: “olha, convida o Fernando Henrique, porque vai ter uma convenção do PSDB em Brasília, se ele quiser, a gente vai junto”. Ele fez uma viagem para a Europa, tinha uma conferência e tal. E no outro dia cedo, fomos para Brasília, fez um discurso de 40 minutos, entusiasmadíssimo! 82. Com namorada nova!

Um dia desses eu vi o Abílio Diniz. O Abílio Diniz entrou como novo sócio da BR Foods. Saiu lá do supermercado e agora é o novo presidente do conselho. Ele falou: “olha, a vida começa aos 76”, então mudou! Então a medicina, a saúde vai bem ou vai mal? Ela vai bem! As pessoas estão vivendo mais e estão vivendo melhor!

A saúde vai bem! A químio avançou, as moléculas, a eficiência… Hoje nós estamos homenageando, estamos saindo daqui para ir a uma grande homenagem a um santista, José Bonifácio de Andrada e Silva, e a família está aqui: deputado Bonifácio de Andrada, seu filho, deputado estadual. E os Andradas, eles com os guias, disputam há 200 anos quase a política de Barbacena, hoje é um Andrada de novo, o prefeito de Barbacena. Aí ele contava como é que os Andradas, que são de Santos, foram parar em Barbacena: Foram porque não tinha remédio para tuberculose, não tinha antibiótico, então um deles – Barbacena está a 1.350 metros de altitude – e aí ele falou: “vá para Barbacena, você pode viver mais, ter maior perspectiva de vida da tuberculose”. Ele saiu de Santos, foi para Barbacena porque não tinha tratamento médico. Isso lá atrás e lá ficou. Então hoje os Andradas estão mais em Minas e Barbacena porque não tinha, não existia antibiótico! Campos do Jordão tinha 16 Sanatórios, lugar alto, frio para poder sobreviver, o que avançou em molécula, químio, fisio, radiologia, cirurgia, é impressionante, o avanço! De outro lado, a medicina ficou cara. No meu tempo de estudante não existia tomógrafo, não existia ressonância magnética, não existia nada! Quem me estimulou a fazer medicina foi um tio-avô que era da Marinha, ele era o médico: uma malinha, no máximo um aparelho de pressão, um estetoscópio, mandava baixar a língua, conversa e olho… E curava com a presença! Minha avó em Pinda, doentinha, idosa, dr. Caio ia em casa, só a presença dele ela já melhorava. Presença, carinho, conforto, confiança. Hoje a medicina é uma máquina de dinheiro brutal.

O maior negócio do Brasil foi a venda da Amil para a Health. Bussiness, o maior negócio do mundo, vai ser o maior PIB do mundo, só grandes corporações. Custo, o que mais se gasta hoje numa família de classe média é saúde, convênio de saúde. Não é alimento, é saúde. Os custos dos aparelhos… Quanto custa uma ressonância magnética de última geração? R$ 3 milhões. Um aparelho! Acabou o médico, acabou a profissão liberal, só as grandes empresas que vão comprando as pequenas. A Amil, que era a maior do Brasil, tinha 5 milhões de vidas, pequenininha, não tinha mais competitividade, a United Health tem 70 milhões de vidas. Grandes estruturas governamentais… O orçamento do Hospital das Clínicas, só o complexo do HC, com sete institutos, ortopedia, pediatria, o Incor é maior do que o Estado de Roraima. Juntar tudo isso dá quase R$ 2 bilhões! Grandes empregadores, têm quase quatro mil funcionários, é uma cidade. Tem município que não tem quatro mil habitantes, é uma cidade, é logística, aqui tem mais câmera de vídeo – eu conheci a central de monitoramento – que a baixada santista inteira aqui nesse… Então são estruturas gigantescas! A medicina ficou mais cara, a população envelheceu.

No Brasil, sempre a gente ouvia: “o Brasil é um país jovem!” Pirâmide de base larga, pouca gente idosa e muita criança. Mudou. O Brasil não é mais jovem, Brasil é um país maduro caminhando para ser um país idoso, como é o mundo inteiro desenvolvido, o que é ótimo, ótimo! Vai na Suíça, você não vê criança em lugar nenhum, as populações até diminuem. Nós reduzimos 2% ao ano o número de alunos. Minha sogra teve 11 filhos e pegou mais um para criar; 12. Hoje, qual família tem três filhos? Só engravida depois dos 30, mudou tudo! Então, nós vivemos um outro momento: medicina cara, médicos mal formados, todo mundo tem medo de processo, então “empurroterapia”, não resolvem mais nada, só pedir exame, empurrar para o especialista. Aumento de doenças iatrogênicas, ocasionadas pela intervenção médica, pela cirurgia que não deveria ter sido feita, pelo exame que não deveria ter sido feito, por excesso de intervenção, pouco cuidado com a saúde, excesso de cuidado com as doenças. Envelhecimento é normal, não é doença! Doença é desequilíbrio! Em um hospital chiquérrimo em Campinas, morrem três pessoas fazendo ressonância magnética. Nenhuma delas precisava ter morrido. Só morreram porque foram ao hospital fazer exame indevido. Morreram três! Se não tivessem feito o exame… Isso se chama doença iatrogênica. Passou dos 50 todo mundo precisa fazer colonoscopia, ao invés de educar as pessoas: precisa comer fibra, precisa comer fruta, precisa comer verdura, verdura, fruta, precisa comer fibra. Não, precisa fazer exame, precisamos descobrir, vamos descobrir… Todo mundo ganha dinheiro.

Um dia desses a minha secretária falou: “eu vou operar a tireoide”. Mas, por que é que você vai operar a tireoide. “Não, eu vou operar, é de graça, eu não vou pagar nada”. Ela ganha, o hospital ganha, o cirurgião ganha, o auxiliar ganha, o anestesista ganha, o laboratório vai ganhar a vida inteira porque ela vai ter que fazer exame a vida inteira, a indústria farmacêutica ganha, porque ela vai ter que tomar remédio o resto da vida; todo mundo ganha. Cirurgia, um dia desses eu fui, eu estive com o professor, o maior anestesista brasileiro, Rui Vaz Gomide do Amaral, grande anestesista. Oitenta e seis anos de idade, o homem que introduziu a circulação extracorpórea no Brasil. O professor Ruy, 86 aos, foi pedir para eu fazer o prefácio do livro dele, a história da anestesia brasileira. Fez a anestesia, meu primeiro transplante de coração no Brasil. Anestesia do primeiro transplante de rim do Brasil; anestesia do primeiro transplante de fígado do Brasil; é um anestesista, o professor Ruy. “Dr. Geraldo, quanta cirurgia, né, desnecessária”. Nós precisamos cuidar mais de saúde, saúde, saúde. A maioria das doenças nós contraímos por maus hábitos, maus hábitos. E não tem dinheiro e hospital para corrigir maus hábitos. Envelhecimento é normal, não é doença. Enxergamos de uma maneira equivocada essas coisas. Então, eu acho que nós precisamos primeiro repensar a questão médica de maneira mais ampla…

E por que é que não existe pediatra? Porque os procedimentos clínicos também não valorizam, não tem clínico, não tem pediatra, só têm especialistas. Quantidade de exames que são solicitados, de intervenções, então é preciso também repensar a saúde, valorizando saúde ao invés de só a doença, doença, doença, no sentido de valorização da saúde. Mas, quero deixar aqui um grande abraço a todo o time aqui da Santa Casa, um agradecimento. Hoje nós estávamos com uma greve, acabou agora, uma greve de trem, da CPTM. Oferecemos 5% mais dois, 7% de reajuste, tomamos greve; 7%. Todo ano tem isso, você dá a inflação, dá alguma coisa a mais e tem problema. O Metrô quase parou São Paulo. Estou saindo agora da França, para ajudar a defender São Paulo para a Expo Universal, que é um dos maiores eventos do mundo, quase não volto porque tinha greve de controladores de voo, envolvendo a União Europeia, França e Alemanha, razão da legislação da União Europeia. E o SUS não corrige a tabela há quase 10 anos, então todo ano você tem que dar aumento, tem dissídio. Sobe remédio; alimento foram dois dígitos, foi mais de 10%. Como é que pode? Então, as Santas Casas acumularam uma dívida de R$ 15 bilhões, as Santas Casas do Brasil inteiro, uma dívida somada de R$ 15 bilhões. E quanto mais atende mais déficit faz, você é punido porque você atende. Eu sou do tempo que o INAMPS tinha uma briga para conseguir um convênio, todo mundo queria prestar serviço para o INAMPS, era uma luta você conseguir um convênio. Hoje, olha, são raros os hospitais, até religiosos, que querem atender o SUS. Um dia desses eu fui no hospital e perguntei: quantos por cento de SUS? Enrolaram, enrolaram, enrolaram, aí o sujeito me chamou de lado e falou: “olha, aqui não tem mais SUS, só convênio, 100%; SUS, zero”. Não é possível. Governar é escolher, a população envelhece e o governo tira o dinheiro para a saúde. O governo federal participava com 60% do financiamento do SUS, Paulo, 60%. Que é lá que fica o dinheiro, é em Brasília, não é nos Estados e municípios. Não corrige a tabela do SUS, vai cair no fórum, isso aí não é problema mais meu, isso aí é Estado e prefeitura. Foi saindo do financiamento, 59, 58, 57, hoje está em 44%. Se nós não corrigirmos a tabela a inflação vai comendo os valores e você vai enfrentando dificuldade. E ainda, em alguns lugares, têm a petulância de dizer: “é problema de gestão”. Não tem problema de gestão, não tem milagre: uma coisa que custa R$ 100,00 você paga R$ 60,00 e vem dizer que é problema de gestão? Não é problema de gestão, é problema de falta de prioridade, o dinheiro nunca vai dar para tudo, nunca.

Aliás, eu vi pesquisas recentes. O que as pessoas querem? E foi mais ou menos traduzido assim “ser feliz”. O que é ser feliz? Primeira coisa, saúde, se não tem saúde já começa a ter problema. Então saúde é uma prioridade. Amizade: ter pessoas em quem você confia, laços de afeto, você pode abrir o coração, sabe que você pode contar com ela. Família, família… Então, saúde é hoje uma absoluta prioridade. Nós estamos raspando lá o fundo do tacho, aqui no Guarujá acabamos de inaugurar agora às 15 horas o hospital Emílio Ribas, que é o que há de mais moderno em moléstia infectocontagiosa, AIDS, tuberculose, hepatites, gripes, todos os tipos de H, de N, todos os tipos de vírus, o corpo é uma porta de entrada, vem gente do mundo inteiro para cá, dengue, leptospirose, enfim, todas as moléstias infectocontagiosas. Um serviço de referência com 17 leitos, aliás, é uma beleza o hospital. E a outra é apoiar as Santas Casas. É hoje uma alegria, vamos poder agregar aqui mais dez leitos de UTI para ala cirúrgica para crianças, e vamos ajudar você a resolver rapidamente a casamata para poder implantar, o mais rápido possível, os aparelhos todos, os equipamentos; e a hemodinâmica, mudando lá para o prédio novo dá para a gente já, o professor Giovanni já vai acelerar o convênio para a gente ter mais uma terapia intensiva.

Eu quero deixar um grande abraço, o Mario Covas dizia o seguinte: “hospital bom não é aquele que tem aparelho chique, é onde tem trabalho voluntário, esse é bom, onde a sociedade participa, onde tem calor humano”. Diz que o médico cura às vezes, melhora muitas, consola sempre, sempre. Calor humano, carinho, a presença. Eu me lembro de um amigo em Aparecida, Giovanni, com problema vascular grave, amputou uma perna, amputou a outra, o rapaz foi cheio de problema de saúde, e aí eu tinha um colega de escola, o Valadão, José Benedito Ramos Valadão, ele chamou lá o Robson: “olha, eu vou morrer hoje, você pode cobrar, mas não saia do meu lado”. Disse: “e o que tem que fazer?” “Passa o dia comigo”, e realmente ele não pediu para o médico salvá-lo, ele pediu para que ficasse do lado dele, e ele realmente morreu naquele dia, mas a presença, o Valadão me contando essa história, nós… Os ocidentais precisam enxergar a vida aprendendo um pouco com o mundo oriental. E a Santa Casa é onde a gente começa a vida e termina a vida, e isso nos faz ser melhores nessa corrida da existência. Parabéns pelo trabalho! Quero encerrar lembrando aqui Churchill. Quando terminou a Segunda Guerra Mundial, disse sobre os heróicos pilotos da RAF, tiveram quase que mudar a Segunda Guerra, ele disse sobre os heróicos pilotos da Força Aérea Inglesa: “nunca tantos deveram tanto a tão poucos” e como a comunidade deve tanto a tão poucos que estão, às vezes, no seu anonimato, fazendo a diferença em benefício daqueles que mais precisam. Parabéns! Bom trabalho!