Entrevista do governador José Serra sobre o cadastro estadual de áreas para reflorestamento

Entrevista concedida em Lorena, em 5 de junho

qua, 06/06/2007 - 20h07 | Do Portal do Governo

Leia abaixo a entrevista coletiva do governador José Serra concedida após visita a projeto de reflorestamento em Lorena, na quarta-feira, 6. Serra assinou resolução que cria o cadastro estadual de áreas disponíveis para reflorestamento. O cadastro faz parte do Programa Mata Ciliar, um dos 21 projetos ambientais prioritários do Governo, lançado em abril.

José Serra –  Este projeto visa recuperar 1,7 milhão de hectares de matas ciliares. Matas ciliares são aquelas que estão na beira de rios, riachos e córregos. São muito importantes para a proteção da água e para o aumento da superfície verde no estado de São Paulo. Isso combate a emissão de carbono, melhora a qualidade da água e as condições ambientais e de vida. Nós vamos organizar um banco de matas ciliares em São Paulo. O registro das propriedades com mais de 500 hectares, inicialmente, será obrigatório. E nós, acima de tudo, vamos dar assistência técnica para que a recomposição das matas possa ser feita. É uma meta bastante ambiciosa, mas é necessária para São Paulo. Com 1,7 milhão de hectares aumentaria em 50% a mata atlântica em São Paulo. E mata atlântica significa meio ambiente de boa qualidade, com melhor qualidade de vida para a nossa população. Eu vim aqui hoje, a esta fazenda, a esta ONG Oikos, do Paulo von Sohsten, que é um engenheiro que veio para cá, para criar uma fazenda modelar em matéria ambiental, no que se refere à recuperação da mata ciliar, na maneira de tratar o gado, extrair o leite, no que se refere à forma de tratar com a natureza. Constitui um bom exemplo a ser seguido no estado.

Repórter – O senhor veio tratar do meio ambiente, mas é evidente que nós temos que tratar de outros assuntos também. Um deles é com relação aos professores da USP, greve, protesto. O que o senhor pretende fazer efetivamente contra isso?

José Serra – Olha, eu quero dizer o seguinte: esse movimento já está cansando todo mundo. Ninguém agüenta mais. Eu queria lembrar que o orçamento da USP deste ano é de R$ 2,2 bilhões. Isso significa R$ 11 milhões por dia, em impostos que a população paga, nos dias letivos. Se dividir o dinheiro do orçamento pelo número de dias do ano letivo dá R$ 11 milhões, ou R$ 6 milhões por dia se incluir os fins de semana e a época em que não tem aula. Que não podem ser desperdiçados dessa maneira. Já é um movimento de violência, porque ocupação é uma violência, que já cansou todo mundo. O ideal é que isso se resolva realmente logo, com a desocupação.

Repórter – O senhor falou da USP  em São Paulo, mas a questão de Lorena, que parece mais burocrática do que financeira, que é a inclusão dos funcionários nesse pólo de Lorena…

José Serra – Desculpa, eu estou tomando conhecimento recentemente. Mas nós vamos examinar.

Repórter – O grande problema do Vale do Paraíba, que está sendo muito discutido essa semana, é a instalação da Fundação Casa. Qual a sua posição a respeito disso, já que muitos prefeitos se mostraram contrários?

José Serra – É, mas esses prefeitos estão errados. Não existe em São Paulo nenhum território, nenhum pedaço de território, que não esteja dentro de municípios, você concorda? Só se você for colocar em alto mar, mesmo assim tem os municípios do litoral. Por outro lado, é muito melhor tratar os adolescentes que cometeram infração em unidades descentralizadas, próximas dos municípios de onde eles vêm. Porque aí eles ficam perto das famílias, em unidades descentralizadas. Porque unidades muito grandes conspiram contra um tratamento adequado desses adolescentes. Portanto, nós temos que ter um planejamento e fazer, sim, não é em todos os municípios, mas temos que fazer em alguns municípios. O que não tem cabimento é fazer em uns e em outros não querem que façam e empurram para terceiros lugares. Isso não tem cabimento. E eu estou falando em geral, mas essa é uma coisa que precisa ser bem examinada.

Repórter – A centralização da CAT, que foi anunciada hoje, como o senhor pretende fazer? Levar para São José dos Campos os hospitais que eram de Pindamonhangaba e Guaratinguetá?

José Serra – Tudo visa cortar gasto inútil e melhorar o serviço; o importante da ação do governo são os serviços que ele presta, não é? Não é manter escritório. É multiplicado às vezes com desperdício, desperdiçando dinheiro que vem dos impostos. É só isso, trata-se de melhorar o serviço, mais nada.