Coletiva do governador José Serra no município de Paulínia

Pronunciamento aconteceu após entrega da primeira estação de tratamento de esgoto da região

qui, 14/06/2007 - 16h17 | Do Portal do Governo

Serra entregou na quarta-feira, 13, a primeira estação de tratamento de esgoto de Paulínia, município da região metropolitana de Campinas. Com a obra, o índice de tratamento de esgoto no município alcança 100%. Trata-se, portanto, de um significativo avanço da qualidade de vida, sobretudo em termos de saneamento, saúde pública e meio ambiente.

 José Serra – Viemos inaugurar essa estação de tratamento de esgoto, que custou R$ 13,2 milhões. É uma estação que vai atender 50 mil pessoas. 100% do esgoto coletado será tratado, isso ajuda a melhorar o meio ambiente e ajuda a saúde das pessoas e também protege o maior aqüífero do mundo, que está nesse solo. Aqui nós temos a maior reserva subterrânea de água do mundo, e ela precisa ser protegida com o tratamento de esgoto, do contrário essa tremenda riqueza, cada vez mais escassa, poderá ser contaminada. É um trabalho da SABESP em parceria com a prefeitura, que muito nos orgulha e vai contribuir bastante para o avanço da qualidade de vida na cidade e na região.

Governador, o senhor foi enfático quando disse que o governo é de São Paulo e não é partidário. Há algum problema partidário, hoje, impedindo o relacionamento entre o Governo do Estado e a prefeitura de Campinas?

José Serra – Nenhum. Do nosso lado, nenhum, tanto que fizemos, por exemplo, a Virada Cultural em Campinas, como fizemos em nove outras cidades do Estado. Nem sabia de que partido era a prefeitura. Fizemos, inclusive, em prefeitura do PT, com o  Governo do Estado pagando artistas, organizando etc. Nós estamos abertos para todos os municípios para cooperação.

Há um contingenciamento de verbas, hoje, na área do transporte e possivelmente pode prejudicar a ampliação do corredor noroeste. Queria que o senhor comentasse isso.

José Serra – Não, não há mais. Não há esse contingenciamento, ele foi suspenso, e nós vamos liberando os recursos na medida em que os projetos estejam prontos. Você sabe que o dinheiro é pouco, então é preciso gastar bem e isso a gente tem feito.

Repórter – Há risco das obras não serem concluídas?

José Serra – Não.

Repórter – Em relação à educação básica brasileira, qual é a sua avaliação, e também em relação ao estado de São Paulo, como governador?

José Serra – Bom, houve uma inclusão muito grande no Brasil, especialmente a partir do governo Fernando Henrique. Mas nós precisamos enfatizar a qualidade. O principal problema da educação básica em São Paulo está na Grande São Paulo, nas grandes regiões metropolitanas. No interior, em geral, o padrão da educação é melhor, até porque os prefeitos estão mais próximos e nós estamos começando agora o programa de colocar duas professoras em sala de aula. Uma professora titular, chefe, e uma professora auxiliar em geral e um estudante universitário de pedagogia. Isso vai melhorar muito o aprendizado inicial, que é a alfabetização, crucial no 1º e no 2º ano. Também estamos encurtando a progressão continuada e um programa curricular mais detalhado para que os professores e as professoras tenham melhor orientação. Vamos enfatizar isso, combater o absenteísmo, que é um grande problema que temos na área da educação, e efetuar parceria com as prefeituras. Você sabe que o ensino municipal, na média, tem qualidade melhor que o ensino estadual, porque está mais próximo da administração, o prefeito acompanha mais de perto.

Repórter – O senhor falou que não há contingenciamento. Eu queria saber sobre aquele trem que vai ligar Campinas a São Paulo, se é um projeto engavetado ou não.

José Serra – Isso está ligado à área privada, não é um projeto engavetado. Ele tem que ser um projeto rentável para a iniciativa privada. Nós estamos trabalhando nesse projeto, da mesma maneira que o trem para Cumbica, o trem para o Rio de Janeiro e o trem Campinas – São Paulo. São projetos que envolvem a área privada, com parcerias, e nós estamos apoiando e torcendo para que dê certo no futuro.

Repórter – Governador, o representante do setor têxtil aqui da região foi hoje a Brasília para tentar implementar os regimentos e, principalmente, diminuir as alíquotas de importação e de exportação. Como é que o governo pode ajudar nessa questão?

José Serra – Veja, o governo de São Paulo já reduziu o ICMS do setor têxtil, mas o fato é o seguinte: com essa taxa de câmbio, com o dólar barato do jeito que está,  todo o setor produtivo brasileiro, não é só o setor têxtil, o de calçados também, está sentindo muito, está sofrendo muito. Nós temos uma política econômica nacional que vai contra esses setores, e o Governo do Estado, através da minha pessoa, tem apoiado as reivindicações desses setores. Eu não sou contra agora dar outros incentivos fiscais, como São Paulo já dá há muito mais tempo, nós baixamos o ICMS para 12%, no caso desses dois setores, mas não tenhamos ilusão. Nós temos que ter uma política monetária cambial diferente, do contrário essas compensações não vão ser suficientes e isso tem muito a ver com São Paulo. O desemprego aqui atingiu centenas de milhares de pessoas. Eu não sou contra essas medidas de maior taxação de importações para compensar a sobrevalorização cambial, dos incentivos fiscais para apoiar os exportadores. Eu não sou contra nada disso. Eu apoio, só acho que não vai resolver se não houver uma mudança mais fundamental na política de juros e de câmbio no Brasil.