Coletiva de José Serra no anúncio do mutirão da saúde

A coletiva aconteceu em São Paulo, em 13 de abril de 2007, no Hospital Infantil Darcy Vargas, no bairro do Morumbi

sex, 13/04/2007 - 17h00 | Do Portal do Governo

A coletiva aconteceu em São Paulo, em 13 de abril de 2007, no Hospital Infantil Darcy Vargas, no bairro do Morumbi

José Serra: Nós estamos aqui, hoje, para anunciar o megamutirão que haverá nos hospitais: o mutirão para exames e o mutirão para as cirurgias. Os exames são de glicemia, colesterol, papa-nicolau, mamografia e ultra-som. As cirurgias, são as chamadas eletivas, como próstata, hérnia, varizes, fimose e algumas cirurgias ginecológicas. A expectativa é de atender 100 mil pessoas no estado de São Paulo. Isso não exclui futuros, como por exemplo, outro (mutirão) de mamografia, que será feito conjuntamente com a prefeitura de São Paulo. Esses mutirões estão concentrados nos hospitais estaduais, para tirarem o atraso, para diminuir as filas existentes. Eu creio que os mutirões são um procedimento legítimo e importante dentro do sistema de saúde brasileiro. Evidente que sempre é melhor atender todo mundo na rotina, mas como os atrasos vão se acumulando por razões diversas, inclusive financeiras e repasses do SUS que não agüentam o ritmo da demanda, nós resolvemos fazer esse mutirão e vamos fazer outros. Aliás, esse é um procedimento que eu adotei quando era ministro da Saúde, de fazer mutirões periódicos. Não foi só o da catarata, foi também de próstata, de exame de câncer de colo do útero, etc. Deram muito certo. Isso é o que nós estamos começando a fazer aqui em São Paulo, pelos hospitais estaduais. As pessoas que vão fazer esses exames ou cirurgias estão sendo chamadas pelo sistema de saúde. Aquelas que não estiverem entre essas pessoas e que quiserem fazer uma consulta devem ligar para o número 150, onde serão orientadas a respeito da unidade de saúde que devem procurar ou mesmo se o exame está incluído neste grande mutirão. De resto, como eu dizia, as pessoas estão sendo chamadas pelos hospitais, em geral, já estão avisadas. Quem vai fazer a cirurgia já tem isso claro, até porque os procedimentos de cirurgia demandam preparação. Mas como eu dizia, também, este é o primeiro de muitos mutirões que nós daremos seqüência no estado, inclusive em parceria com os municípios. Então, caso haja perguntas sobre isso, estou aqui para responder junto com o nosso secretário, doutor Barradas (Luiz Roberto Barradas, Secretário Estadual da Saúde). Aqui no Darcy Vargas, nós estamos aqui com o  Dr. Sérgio Barroso (diretor do hospital) , serão feitas cirurgias de (…)

Dr. Sérgio: Nós começamos na segunda-feira a realização de cirurgias, não centramos todas as cirurgias no sábado, até hoje nós já realizamos 38, sendo que amanhã terminaremos mais seis cirurgias. São cirurgias de hipofágia, fimose e hérnias. 

José Serra: O que é hipofágia?

José Serra: É uma má formação no pênis do garoto e requer uma cirurgia. E posteriormente continuará amanhã em atendimento médico com atividades (inaudível), enfim, de atendimento médico voltado para a criança, diversas especialidades pediátricas. E, também, aproveitando a oportunidade, informações de prevenção e orientação em saúde bucal, higiene alimentar, corporal, que fazem parte da nossa atividade também.

Repórter: Bom dia governador, um Megamutirão não dá a impressão de uma necessidade muito grande, de um estado de emergência mesmo no sistema de saúde do estado? Foi assim que o senhor o encontrou? O volume de pessoas esperando é muito grande?

José Serra: Não é uma situação de emergência, mas um volume grande de pessoas esperando o atendimento. São Paulo, para estar em dia com o SUS, para o SUS estar em dia com São Paulo, devia mandar por ano pelo menos R$ 300 milhões, é o que nós precisaríamos para manter o sistema funcionando a plena carga, como isso não está acontecendo, porque estamos em um debate sobre a emenda constitucional da saúde, o estado vem cumprindo, mas o governo federal não. Mas nós não podemos ficar simplesmente de braços cruzados. A idéia é: se tem atrasos, vamos trabalhar para vencer o atraso.  

Repórter: De quanto tem sido essa diferença?

José Serra: R$ 300 milhões anuais. 

Repórter: Então com o número de 100 mil que devem ser atendidas, qual é a demanda total? Tem uma idéia?

José Serra: A demanda total é muito difícil de calcular. Esses 100 mil é o potencial que nós vamos poder atender agora no sábado. E isso vai contribuir para diminuir o tempo de espera dessas pessoas, por exemplo, nesse hospital existiam 40 crianças que estavam aguardando para marcar cirurgia, na medida em que a gente antecipou essas 40 cirurgias, as outras crianças vão poder ser operadas em um menor prazo de tempo. Quando elas chegarem aqui, em um semana, quinze dias no máximo vão estar marcando a cirurgia. Então a idéia deste mutirão é tirar o atraso, a fila de espera, a demora de atendimento nos 60 hospitais dos governo do estado de São Paulo. 

José Serra: Agora, vamos ter presente o seguinte, as cirurgias quando são eletivas, ou seja, não são de emergência que a pessoa não tem escolha, sempre toma tempo. Na Inglaterra, operar o menisco do joelho leva pelo menos seis meses. No Canadá, para cirurgia de catarata demora seis meses. Mesmo nos países, eu estou citando dois que tem os melhores sistemas de saúde pública do mundo, pel  no Canadá não há dúvidas a esse respeito, então tem demora, tem espera. Eu me lembro que no Canadá para ponte de safena, é coisa de um ano.

Barradas:  Aqui em São Paulo, não dá um mês

José Serra: Aqui em São Paulo é muito mais rápido. Tem um paradoxo, pelo tipo de remuneração do SUS hoje, o sistema tem mais estímulo para fazer cirurgias de alta complexidade do que de média ou baixa complexidade. É mais fácil você fazer uma cirurgia do coração do que de hérnia, pela estrutura de remunerações, que no nosso entendimento deveria ser corrigido. 

Repórter: Governador, quando que foi feito o último mutirão desse tipo no estado?

José Serra: No ano passado. No primeiro semestre, se eu bem me lembro.

Barradas: Foi no primeiro semestre do ano passado. 

Repórter: E era amplo dessa forma ou era restrito a algumas (..)

Barradas: Não, a gente ampliou o número de unidades, mas também a gente fez um mutirão semelhante ao que está sendo feito hoje, só que o deste ano tem alguns procedimentos a mais e alguns hospitais que entraram nesse mutirão e que não entraram no mutirão do ano passado.

José Serra: Então é importante dizer que os mutirões são dos hospitais estaduais, para a clientela deles, são para os atrasos deles. O que não significa que uma pessoa que não esteja sendo atendida num hospital estadual, não possa vir, ligando pelo telefone para fazer o exame determinado. Porque é também de exame, isso aqui não é só cirurgia. 

Repórter: Com relação ao atendimento, hoje qual é o tempo que se espera para fazer os exames? O quanto vocês esperam reduzir? Eu gostaria de mais detalhes desse mutirão.

Barradas: De fato depende do tipo de procedimento, do hospital e da região do estado. Por exemplo, se você escolher câncer de mama, nódulo de mama, para fazer mamografia aqui na capital não tem espera. Mas se você for fazer o mesmo procedimento em um cidade do interior a espera pode ser de 60 a 90 dias. Então isso é muito relativo, não dá para fazer uma conta exata para você  e dizer que o tempo médio de espera era de (…)

José Serra: O próprio tempo médio não tem muito significado, dada a heterogeneidade.

Barradas: (…) porque tem três pessoas esperando um ano por uma cirurgia de prótese de joelho, e tem 500 pessoas esperando 90 dias para fazer uma mamografia, por exemplo. 

Repórter: A demanda hoje é em área?

José Serra: Ortopedia e vascular.

Barradas: Para cirurgias, já para as consultas por oftalmologia além de ortopedia. Essas duas especialidades tem muita demanda, muita procura. 

Repórter: E algum exame de diagnóstico?

Barradas: Os exames de diagnósticos são: ultra-som, a tomografia e a ressonância. 

Repórter: Todos estes estão contemplados no mutirão?

Barradas: Para os pacientes que estavam aguardando estes exames no hospital. Agora nós vamos fazer em maio o mutirão da mamografia, que serão nos hospitais dos estado, nos municípios, nas Santas Casa, clínicas privadas.

José Serra: Será em todo o sistema SUS, fora o extra de hospitais privados. Esse será muito mais massivo, mais completo.

Barradas: Será um mutirão para cobrir aquele atraso que ele tem. Porque como disse o Governador, as pessoas são chamadas para vir ao mutirão. As crianças que serão operadas amanha foram chamadas semana passada, os pais foram avisados e elas terão que vir amanhã pela manhã em jejum para fazer a anestesia e serem operadas amanhã no período da manhã e terem alta no período da tarde. O hospital daqui 6 meses verá, se tiver fila de novo, se tiver gente esperando para ser atendida o hospital vai programar e nós vamos fazer um segundo Megamutirão do ano de 2007. 

Repórter: Governador, ontem o Ministério da Fazenda anunciou algumas mudanças na nova proposta (inaudível)

Serra: É você já havia perguntado ontem. É muito genérico, não dá para entender ainda o que significa.

Repórter: O senhor chegou a ler o que saiu hoje?

Serra: Não, hoje eu não li o jornal, mas eu vi o que você pediu ontem, dando a declaração do Ministro da Fazenda, realmente é muito genérico.

Repórter: O senhor acha que, com a sua experiência na área, é possível um diálogo do governo federal com esses estados que praticam a guerra fiscal?

Serra: Eu acho que diálogo nunca é demais. Acho bom ter o diálogo. Agora, eu não entendi direito do que se trata, o enunciado é muito geral. A tese é meritória, agora precisa ver o conteúdo.

Repórter: O senhor acha que há clima, hoje, para a aprovação de uma reforma tributária no congresso e para o seu debate?

Serra: Não é fácil. O próprio governo já disse que a proposta que está lá, e que foi discutida tanto tempo, já não vale. Nós estamos no aguardo. São Paulo não se recusa a apoiar a reforma tributária, sendo que ela obedeça a critérios mínimos de justiça fiscal no Brasil.

Repórter: Esse assunto foi tratado pelos governadores naquela reunião, em março?

Serra: Não. Houve uma exposição do (inaudível) genérica, mas não houve debate, nem nada.

Repórter: E essa questão do pacto do fim da reeleição?

Serra: Eu vi uma matéria grande, etc, mas diretamente não tive nenhuma conversação com ninguém do governo federal a esse respeito, nem com o PT também. Eu tenho uma posição antiga, já tem muitos anos, que eu preferia que não houvesse reeleição no Brasil. Mas eu não participei de nenhuma tratativa.

Repórter: Governador, existe uma informação sobre um acordo entre o governo federal e o governo de São Paulo, para que estivesse prevista no PAC uma verba de aproximadamente R$ 630 milhões para despoluição das represas Guarapiranga e Billings, essa informação está correta?

Serra: Em partes. Nós apresentamos para o governo federal as demandas de São Paulo em relação à Urbanização e ao Meio Ambiente, às ocupações urbanas. Apresentamos nossas propostas e eles estão examinando. Os municípios também apresentaram. No caso da capital, o governo do estado apresentou junto com a prefeitura, e isso está começando a ser examinado.

Repórter: Está dentro daquele pacote de verbas para o estado?

Serra: Claro, nós apresentamos todos os projetos nossos para eventual complementação ou suplementação federal. Não tem dificuldade, depois nós podemos passar a lista de tudo o que foi apresentado, se vocês quiserem. Eu posso fazer isso segunda-feira.

Repórter: Como estão as negociações com a prefeitura para as questões do sem-teto?

Serra: Não tem negociação com a prefeitura, nós estamos cooperando. Naquilo que for possível nós cooperamos.

Repórter: Mas esse repasse de verba?

Serra: Não. Por exemplo, a questão do centro, o Lair (Alberto Soares Krähenbühl, secretário da Habitação) falou com a Secretária Nacional da Habitação porque o governo federal não tem recursos, não tem programas para moradias de até três salários mínimos. Então procuramos manter um entrosamento maior com a esfera federal nessa área.

Repórter: Governador, na questão do funcionalismo, não sei se o senhor já tomou conhecimento, mas a CUT está organizando e está planejando (…)

Serra: Você já viu a CUT não estar planejando alguma greve ou alguma coisa assim.

Repórter: (…) a intenção é pressionar para que haja aumento nos salários dos servidores estadual…

Serra: A CUT não vai fazer nada diferente sempre, eu não vou ficar repercutindo a CUT.

Repórter: O senhor tem algum plano de melhoria ou aumento para os servidores?

Serra: Eu não vou (…). Isso é uma coisa a médio prazo. E, evidentemente, a CUT está sempre programando greve para tudo e qualquer coisa, inclusive, com prejuízo para a população. É o “kit CUT”, até rima.

Repórter: Governador, como está a negociação com a Assembléia para aquele projeto que remunera o funcionalismo público de acordo com o desempenho?

Serra: Não tem esse projeto. E isso nós vamos tratar de forma setorial, não vai ser uma agregada, porque cada área é uma área. Na educação, por exemplo, vai ser feito de uma maneira que avalie as salas, só que você precisa de um método, e para fazer isso, é necessário fazer isso ainda este ano, para poder comparar já no ano que vem e dar a gratificação para as escolas segundo a evolução disto. Não dá para fazer um corte horizontal, de querer dizer que esta escola está melhor e por isso terá a gratificação e a outra não. Isso tem que ser ao longo do tempo, o rendimento relativo de cada história.

Repórter: Já que o senhor falou em educação. O senhor já agendou com as prefeituras de fazer algumas visitas em escolas?

Serra: Eu já fiz isso.

Repórter: Quando?

Serra: Ontem.

Repórter: E o que o senhor encontrou?

Serra: Os alunos ótimos, porque eu dei uma bela aula, modéstia à parte, e as escolas com carências de natureza material, prédio, cobertura de galpão, coisas desse tipo, nós pegamos tudo isso para poder olhar.

Repórter: O senhor falava quando estava na prefeitura, eu me lembro, uma vez que os alunos não decoravam a tabuada e que (…)

Serra: É verdade, eu tenho visto isto. Em algumas escolas eles sabem, outras não, por exemplo, na de ontem mais ou menos. Mas é método, acho que precisa fazer torneio de tabuadas, tem que memorizar. Quando eu pergunto quanto é nove vezes o sete, você vai ficar fazendo a construção disso na cabeça? Tem que memorizar. Suponha que você esteja vendendo tomates, você precisa de 12 tomates, não sei, depois vão dizer que eu não sei o preço do tomate, vou dar uma de Suplicy, com o pãozinho, mas digamos que seja R$ 0,35 cada tomate, eu sei que isso vai dar gozação, você tem lá 8 tomates, aí você vai ficar vendo como é que se constrói isso? Está certo é R$ 2,80, mas entende-se que tudo bem você fazer o método, entender porque 9×7 é 63 e tal, mas você tem que memorizar também. Aqui muitas jornalistas devem ter estudado pelo método construtivo, então eu não vou perguntar quanto é 9×7. Eu tenho um assessor do primeiro time, que estudou pelo método construtivista, se você pergunta, ele pensa. Você também, Silvia tem que pensar? No tempo que eu estudei não era assim, mas era tudo memorizado. Agora, quer entender a construção tudo bem, mas tem que memorizar. Eu memorizei os quadrados até 30, 40. Sabia cada número ao quadrado, eu não vou querer que as crianças saibam isto, mas pelo menos a tabuada até 10 é importante.

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