Coletiva de José Serra na Academia do Barro Branco, em SP

A entrevista foi concedida após a formatura da turma de cadetes na Academia do Barro Branco, na zona norte da Capital

sex, 25/05/2007 - 17h30 | Do Portal do Governo

A entrevista foi concedida nesta sexta-feira, 25, após a formatura da turma de cadetes na Academia do Barro Branco, na zona norte da Capital

Repórter – Qual a importância dos 180 novos cadetes da Polícia Militar?

José Serra – Enorme, não é? Esses serão os futuros dirigentes da Polícia Militar de São Paulo. Foi daqui que saíram o comandante geral, todos os comandantes, chefes de batalhão. Enfim, é o futuro da nossa PM, uma força que orgulha São Paulo. Dedicada à segurança do cidadão e, ao mesmo tempo, à defesa do estado de direito. Porque esta é sempre a combinação fundamental que o governo deseja das forças policiais. O estado de direito respeita os indivíduos e a segurança coletiva. Eu quero sublinhar que estes jovens fizeram o exame da Fuvest, para o qual havia 21 candidatos para cada vaga. Tem curso de quatro anos e em nenhum lugar do Brasil a formação é tão sólida. É uma formação para as tarefas da polícia e uma formação para a defesa do estado de direito. É uma formação múltipla, o que para mim é motivo de muito orgulho ter comparecido, aqui hoje, na cerimônia de entrega do espadim, que posteriormente será sucedido pela entrega da espada.

Repórter – Governador, e com relação às tentativas de negociação com os estudantes da USP, que até agora não tiveram sucesso. Qual que deve ser a postura do governo em relação à invasão da reitoria?

José Serra – Nós não fizemos tentativas porque se trata de uma violação, de uma quebra do estado de direito, porque impede o acesso da reitora à sua sala, ao seu gabinete, dos seus funcionários, prejudicando a própria universidade. De fato, o que nós esperamos é que possa haver uma solução pacífica. A reitora foi à justiça, a justiça concedeu a reintegração da posse; isso não depende do governo do estado, esta é uma ordem de natureza judicial. Como o próprio juiz recomendou, a PM está procurando, com cautela, estudando a situação, para que possa haver uma desocupação pacífica.

Repórter – O senhor considera que houve uma politização, uma partidarização, que vai além da instituição USP?

José Serra – Sem dúvida nenhuma. Não da parte da maioria dos estudantes, mas, sem dúvida, há um grupo que tem motivação política e alguns outros até motivação político-eleitoral. Não se trata de reivindicações, pura e simplesmente. Até porque elas mudam a cada dia, a cada dia aparece uma coisa nova. A reitora, apesar de sua capacidade de diálogo, não conseguiu equacionar a situação, porque a cada dia aparecem coisas diferentes. Sem dúvida nenhuma há uma exploração política. O que o governo quer é o seguinte, nós em nenhum momento ferimos a autonomia, nós queremos uma universidade autônoma, na sua gestão, nas suas pesquisas, na sua docência. Em nenhum momento, não há nada do ponto de vista de decretos, leis, etc, que fira ou seja contraditório com essa autonomia. A autonomia existe, o que nós queremos também é transparência. O que, como autoridade governamental, eu desejo, não apenas para a universidade, mas para o Ministério Público, a Justiça, a Assembléia Legislativa, que são poderes independentes. O que nós queremos de todos é a transparência na utilização dos seus recursos. Transparência significa que todos possam ter conhecimento, como os jornalistas, os estudantes, os outros setores do funcionalismo, que todos tenham conhecimento de como são utilizados os recursos dos impostos. Nenhuma instituição pública do estado vive por conta própria, vive dos recursos recolhidos dos contribuintes e dos consumidores. Esta é uma posição fundamental do nosso governo, mas que em absoluto é contraditória com a autonomia de quaisquer desses outros poderes ou da própria universidade. Tanto é assim que a Assembléia Legislativa, que é o poder legislativo, um poder independente do executivo, e o poder judiciário, o Ministério Público, têm total autonomia. E, no entanto, apresentam as suas contas dentro do Siafem, que é um sistema para todo o estado de São Paulo, um sistema democrático de transparência. Nesta matéria nós temos uma posição muito firme: transparência. Essa é a questão fundamental, que muitos agora se opõem a ela, outros não. Mas alguns se opõem, muitos devido a informação e outros como mero pretexto político.