Durante dois meses, o Centro de Inteligência da Economia do Turismo (CIET), da Secretaria de Turismo e Viagens do Estado, manteve contato com os 645 municípios paulistas em busca de uma informação pouco comum para o planejamento turístico: a opinião dos moradores.
Normalmente as pesquisas reúnem a opinião dos turistas sobre um determinado destino ou qual é o impacto econômico da realização de um evento. Desta vez, não. Procuramos saber como os paulistas avaliam os impactos do desenvolvimento turístico em suas cidades, em suas vidas.
Essa mudança de perspectiva é fundamental. Ninguém duvida da importância econômica do setor, da criação de empregos em hotéis, restaurantes, parques ou atrativos, da arrecadação de impostos. Todos sabem que shows, feiras, festas e exposições são fortes indutores, atraem milhares de visitantes até uma cidade em curto espaço de tempo. Porém, os moradores estão satisfeitos?
Os resultados foram surpreendentes. Primeiro, pela participação: recebemos respostas de cidadãos de 287 municípios, cobertura de 44,5% do estado. Foram mais de 14 mil formulários. É bastante significativo e permite uma visão geral, ao mesmo tempo ampla e específica: um retrato do estado e, para as cidades que atingiram um número mínimo de respostas, um zoom com a opinião de seus moradores.
Os principais resultados positivos: 93,8% consideram total ou parcialmente que o turismo é bom para a cidade; 96,4% que é bom para a economia local; e 92,3,3% que é importante para os empregos.
Os pontos de atenção não podem ser negados: 59% concordam total ou parcialmente que o turismo aumenta a geração de lixo; 46% que gera trânsito; 35% que aumenta a violência.
Ou seja, os paulistas entendem que o turismo é importante, porém sinalizam o que não agrada. Para que o turismo possa continuar crescendo, portanto, além de novos atrativos, pousadas, eventos e promoção, é importante dar atenção à limpeza urbana, à engenharia de tráfego, à iluminação pública e ao policiamento.
De modo geral, os moradores do interior são mais receptivos que os das cidades praianas: índices mais elevados de aprovação, menor impacto negativo e expectativa de crescimento pelos próximos dez anos. Os moradores do litoral, que recebem grandes volumes de visitantes no verão e concentrados nos feriados, são mais críticos sobre os reflexos negativos, mesmo reconhecendo que os resultados econômicos e sociais (emprego) são importantes.
Um viés que nos surpreendeu, para o bem, foi a adesão de moradores de cidades que não são consideradas destinos turísticos. Isso mostra o quanto o paulista está atento e quer o desenvolvimento do setor. Dá força ao potencial não explorado e incentivo às administrações municipais.
Os dados da pesquisa são particularmente importantes pois as viagens voltarão com força na medida em que a pandemia da covid-19 vai sendo controlada. O turismo tem um futuro promissor em São Paulo – e os paulistas querem justamente isso.
