Governar também é reativar a malha ferroviária!

Nova matriz logística de São Paulo irá organizar e conectar os modais rodoviário, ferroviário e hidroviário

João Octaviano Machado Neto
Secretário de Logística e Transportes do Estado de São Paulo

seg, 14/03/2022 - 16h34 | Do Portal do Governo

Governar não é só abrir estradas e melhorar as atuais. Governar é planejar! E o Governo de SP tem executado a nova matriz logística de São Paulo, sistema organizado para que os modais rodoviário, ferroviário e hidroviário tenham melhor conexão entre si.

Por meio da SLT (Secretaria de Logística e Transportes), acaba de criar o GT (Grupo de Trabalho Ferrovias de SP), sob coordenação do nosso grande especialista no setor ferroviário Luiz Alberto Fioravante, cujo principal objetivo é reativar a malha de trilhos inoperantes nas cidades paulistas e alavancar este setor, que além de ser mais econômico é bem mais sustentável que o tradicional modal rodoviário.

Este GT já nasce com funções nobres: prepara o PEF-SP (Plano Estratégico Ferroviário do Estado de SP), planeja o futuro Departamento Ferroviário do Estado de SP e, como forma de transparência pública, tem realizado reuniões técnicas e audiências com prefeitos e entidades representativas deste modal.

Desde 2019, o Governo de SP tem trabalhado em ações com o objetivo de ampliar o transporte de passageiros e de cargas. Anunciou o PAM-TL, sigla para Plano de Ação de Transporte de Passageiros e Logística de Cargas para a Macrometrópole Paulista (MMP), e vai realizar neste ano a licitação da Linha Verde (rodoferrovia que liga a capital ao Porto de Santos).

Estas ações são necessárias porque o cenário em São Paulo há muitos anos é de predomínio do modal rodoviário (84%) sobre o ferroviário (11%) – no Brasil, a proporção é de 60%/23%. Pior: dos 5,7 mil quilômetros de ferrovias paulistas, mais da metade está inoperante, com baixa capacidade ou ociosa (2.530 kms) e 46% está ativa (2.390 kms).

Se nada for feito, com as previsões de crescimento e populacional e de frota de veículos, o cenário daqui a alguns anos é de gargalo no transporte de passageiros e de cargas nas região metropolitana do Estado. Só que o Governo de SP não vai permitir que isto aconteça! E o GT é o embrião deste plano.

O setor ferroviário ganhou recentemente seu novo marco no Brasil após a aprovação da Lei Federal 14.273/2021, que permite o deslocamento pelas estradas de ferro através de shortlines (linhas de trajeto curto) a custos menores que os atuais e sob responsabilidade também de Estados e municípios (antes, o controle era só da União).

Com base nesta lei federal, o Governo de SP já enviou à Alesp (Assembleia Legislativa de SP) um PL (projeto de lei) sobre o assunto.

Fim das ‘cicatrizes urbanas’

Para acabar com a triste cena de ferrovias abandonadas no meio das cidades, o Governo de SP atua para criar o PEF/SP. Este plano já tem um projeto executivo apresentado recentemente. Trata-se do PAM-TL, que prevê investimento privado da ordem de R$ 70 bilhões – sendo R$ 54,2 bilhões no modal ferroviário – em 5 regiões metropolitanas: São Paulo, Campinas, Sorocaba, Baixada Santista e São José dos Campos. Juntas, concentram cerca de 70% do transporte de cargas do Estado e 32% do PIB nacional.

O PAM-TL apresenta 5 grandes iniciativas até o ano de 2040:

1) Implantação do TIC (Trem Intercidades), ligando São Paulo a Campinas, Sorocaba, Santos e São José dos Campos, com 404 kms de serviços ferroviários divididos em 16 estações e trens double stack (dois andares) a 120 km/h;

2) em sincronia com o TIC, criação do EC (Expresso de Cargas), com 576 kms divididos em 13 plataformas e trens igualmente double stack só que a 90 km/h;

3) Ferroanel na região leste;

4) duplicação do trecho oeste do Rodoanel; e

5) Linha Verde: nova rota de ligação bimodal (rodoviária e ferroviária) entre São Paulo e o Porto de Santos.

No caso da logística de cargas, o plano prevê as 13 plataformas atuando como pátios rodoferroviários com armazenagem para centrais de distribuição. Elas funcionam como pontos de transferência de modais (ferroviário e rodoviário, mesclando o uso de caminhões grandes, fora das cidades, e pequenos, dentro dos municípios) com o objetivo de reduzir o tempo e o custo do transporte, tendo o fator competitividade como referência sistêmica.

Modais carbono zero!

Sobre a Linha Verde, as empresas interessadas em sua criação já apresentaram os projetos iniciais e, no momento, a SLT realiza encontros técnicos para chegar a um modelo viável. O novo corredor será uma alternativa inteligente, sustentável (já que se trata de uma rodoferrovia carbono zero, com possibilidade até de iluminação com energia solar) e moderna para o escoamento de toda a produção nacional.

Com estas ações e, em especial com o PEF/SP, o Governo de SP planeja várias ações, como eliminar os gargalos logísticos, reduzir custos de transporte, aumentar a mobilidade com menos tempo de viagem, ampliar a capacidade do transporte de cargas, com redução da emissão de poluentes. Em resumo: desenvolvimento econômico sustentável!