Olimpíada de astronomia e astronáutica desperta interesse de alunos do Estado

Objetivo é fazer das ciências objetos de informação, formação e interação entre estudantes

sáb, 09/06/2007 - 10h40 | Do Portal do Governo

Alunos, diretora e professores da EE Inah Jacy de Castro Aguiar, no Jardim Tietê, viveram momentos de ansiedade e euforia por conta da participação de mais de 70 alunos na 10ª Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), realizada no mês de maio. As provas foram antecedidas de intensa concentração, de quase três meses, nos estudos da origem da Terra, nas fases da lua, nas leis de Kepler, na formação das estrelas e dos buracos negros, sondas espaciais, satélites, foguetes e no programa espacial brasileiro.

O professor de Biologia e Ciências, Gilmar Viana dos Santos, conta que o objetivo não é tirar grandes notas, mas, principalmente, estudar a astronomia e participar do projeto de Inclusão e Inovação Educacional, dentro do qual a olimpíada está inserida.

Segundo o professor, além da prova escrita com dez questões parecidas com as dos vestibulares, preparadas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a cada ano é sugerido um item prático que os alunos pesquisam fora da escola. “Em 2007, a meninada tirou grande proveito com a construção do relógio do sol, que permitiu a eles ampliar os conhecimentos de matemática, geografia, história, geometria e ciências. No ano passado, tiveram a idéia de fazer uma réplica do 14 Bis, o avião construído por Santos Dumont, durante as aulas de astronáutica. Saíram pelas ruas do bairro em busca de parcerias para a aquisição de papel, tinta, enfim, de todo o material necessário.”

Temas interessantes

Para a diretora Maria Arlinda Gomes Natalício, a escola, construída em 1988, e hoje com 1.875 alunos no ensino fundamental e médio, tem experimentado progresso com os diversos projetos sociais e ambientais em andamento, além de participar da olimpíada há três anos.  Em 2006, foram mais de 40 inscritos. Um avanço, segundo a diretora, em relação ao primeiro evento, quando 30 alunos se inscreveram.

No ano passado, outra alegria com a classificação da aluna Laís Pinheiro Lopes, que conquistou a medalha de prata.“Com esse resultado, a escola veio abaixo”, conta a professora de História, Rita de Cássia Rocha. Aos 14 anos, Laís considera importante competir na olimpíada. “As razões são muitas, mas a principal delas é o acesso a temas interessantes presentes em quase todas as matérias nem sempre discutidos com profundidade. Sempre gostei de matemática, mas o evento me permite enxergar mais longe, desperta meu interesse por áreas como a geografia e história. Agora, por exemplo, tenho certeza de que meu futuro profissional passa pelo que estudei no torneio.”

Para obter a primeira colocação naquele ano, Laís não só estudou as estrelas, os planetas e a atmosfera. Recorreu a outras fontes de pesquisa – livros, revistas, jornais, além da Internet. “Devorava tudo que me caía nas mãos.”

Extensão do universo

A olimpíada transformou também o pensamento de Alison Luiz Siqueira, 17 anos. “Mudei de idéia, pensava cursar computação, agora me imagino cientista, desenvolvendo pesquisas de robótica. Trabalho numa loja de autopeças, mexo com cálculos e percebo o quanto a Física me ajuda no dia-a-dia.”

Bárbara Bruno Ferreira de Jesus, Aline de Lima Benevides e Danilo dos Santos, 16 anos, 2º e 3º anos do ensino médio, também fazem parte dos apaixonados pela olimpíada diferente, que “nos coloca em contato com as maravilhas da ciência”, segundo Bárbara. “Ver estrelas todo mundo vê, mas ninguém faz idéia da extensão do universo.” Aline enumera mais vantagens no processo. “Ajuda no Enem, no vestibular e nos enunciados de Física.”

O professor Gilmar explica que o projeto de Inclusão é a raiz e, graças a ele, “temos conseguido não só fazer parte da OBA como firmar parcerias com empresas para levar adiante os projetos da escola – mais de dez”, diz.

O Telecentro, por exemplo, é uma dessas conquistas. Está sendo montado por meio de parceria com o Banco do Brasil, Fundação Glicksmanis e a Ponto.Com, que já doaram 21 computadores à escola. No momento, buscam parcerias para formar monitores e ajudar na manutenção dos micros. “A grande maioria dos alunos não tem computador. Nem lan house existe no bairro. Por isso, o Telecentro surge como superferramenta destinada a pesquisas na Internet, com a utilização de softwares livres.”

Destaques

A OBA é realizada anualmente pela Sociedade Astronômica Brasileira e  Agência Espacial Brasileira (AEB), em território nacional, entre alunos de todas as séries do ensino fundamental e médio das escolas públicas e privadas. Neste ano, agrupou mais de 13 mil instituições de ensino cadastradas, e perto de 500 mil participantes. Em 2003, reuniu cerca de 80 mil alunos e no ano passado, o número chegou a 300 mil. As participantes recebem certificado, medalhas, kits de material didático com livro, CD, folder e revistas.

Os melhores colocados em astronomia são convidados a participar da reunião anual da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB). Já os destaques em astronáutica ganham viagem de uma semana para o Complexo Aeroespacial Brasileiro, em São José dos Campos. A olimpíada é promovida pela AEB, com apoio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA).

Da Agência Imprensa Oficial