A partir de agora, os médicos dispõem de uma segunda opinião sobre exames de imagem para elaborar diagnósticos. A ajuda vem do computador, por meio de um sistema que armazena imagens de exames de várias pessoas para que o doutor possa comparar com as de seu paciente. A ferramenta, desenvolvida por pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP de São Carlos, está instalada no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, na análise de tomografia da cabeça e mamografia.
“No padrão normal, as imagens dos exames são apenas distribuídas para os médicos pelo computador”, informa o coordenador da pesquisa, Caetano Traina Júnior, professor do ICMC. “O nosso sistema identifica características físicas das imagens, extraindo parâmetros que podem ser usados na comparação com outros exames.”
A imagem é introduzida num banco de dados como caso já diagnosticado, para ser pesquisada pelo profissional de saúde, por similaridade, quando novas situações aparecerem. No consultório, o médico obtém imagens parecidas em alguns segundos, a partir de coleções com 80 mil a 100 mil fotografias. O professor Traina ressalta que o sistema é uma ferramenta de Diagnóstico Auxiliado por Computador (Computer Aided Dyagnostics). No HC de Ribeirão Preto, há 20 mil imagens de mamografia armazenadas, sendo quatro por pessoa, e 40 mil de tomografia, equivalente a quase uma centena por paciente.
Diretamente do banco de dados, o sistema fornece também informações que ajudam a produção de laudos médicos. “Existem termos padronizados para a classificação de doenças”, diz Traina. Uma pesquisa nos laudos associados às imagens gera as frases mais freqüentes usadas em diagnósticos similares, as quais são reaproveitadas pelo médico.
Apoio à pesquisa – O professor assegura que a técnica de utilização de imagens não exige grande aumento na capacidade dos computadores, e adapta-se aos sistemas de informática existentes. Na área de ensino de Radiologia, informa, o aluno entende os processos de análise utilizados pelo médico para chegar ao diagnóstico.
A pesquisa reúne 40 pessoas, entre pesquisadores e alunos de graduação, mestrado e doutorado. O apoio vem da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
A idéia do projeto surgiu no final da década de 90, quando Traina e sua esposa, Agma Juci Machado Traina, especialista em computação no ICMC, fizeram doutorado na Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos. Entre 2000 e 2004, trabalharam no sistema com outros professores de São Carlos e tiveram também o apoio técnico e financeiro da entidade americana e do CNPq. A pesquisa continua até hoje, com os atuais financiadores.
O professor Traina explica que o ICMC de São Carlos fornece a tecnologia para hospitais interessados. O recurso, no entanto, é feito com base no sistema de informática adotado pelo hospital e de acordo com as necessidades locais. A idéia é estender, futuramente, a tecnologia para outros exames médicos por imagens.
Da Agência Imprensa Oficial
SERVIÇO
Interessados devem entrar em contato com os pesquisadores pelos e-mails caetano@icmc.usp.br ou pmarques@fmrp.usp.br